Fanfics Brasil - Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada

Fanfic: Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada


Capítulo: 16? Capítulo

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SÓ NA TERÇA-FEIRA DE CARNAVAL, À NOITE, A NOTICIA DA MORTE DE PONCHO alcançara Nazareth das Farinhas onde dona Marichelo habitava em companhia do filho casado e funcionário da Estrada De Ferro, amargurando a vida da nora, escrava a seu mando ditatorial. Sem perder tempo, transportou-se para  a Bahia na quarta – feira de cinzas, um dia parecido com ela, acreditar-se em outro genro seu, Antonio Morais: Aquilo não é uma mulher, é uma quarta-feira de cinzas, termina com a alegria de qualquer um. O desejo de situar a maior distância possível entre sua casa e sua sogra era, sem duvida, um dos motivos por que esse Morais residia, há vários anos, num subúrbio do Rio de Janeiro. Hábil mecânico aceitou convite de um amigo e fora tentar a vida no Sul, onde prosperara. Recusava-se a voltar á Bahia mesmo a passeio enquanto a megera empestasse o ambiente.


Dona Marichelo, no entanto, não detestava Antônio Morais como não detestava tão pouco a nora. Detestava, sim, a Poncho, e jamais perdoara a Any aquele casamento, resultado de vil conspiração contra sua autoridade e decisões. No casamento de Morais com Rosália, a filha mais velha, se não fizera gosto, tampouco dificultara o namoro, não opusera objeções ao noivado. Não se dava bem com ele ou com nora, porque natureza de dona Marichelo era mesmo consagrada a infernar o próximo. Quando não estava contrariando alguém, sentia-se vazia e infeliz.


Com Poncho era diferente: tinha-lhe aversão desde os tempos de namoro com Any, quando descobrira a rede de logros e engodos em que a enleara o indesejável pretendente. Tomara-lhe ódio para sempre, não podia ouvir-lhe o nome. Houvesse policia nessa terra e aquele canalha estaria na cadeia, repetia, se lhe falavam no genro, se lhe pediam noticias do valdevinos ou mandavam-lhe lembranças.


Quando visitava dona Any, de raro em raro, era pra infernar-lhe o dia, não tendo outro assunto senão as trampolinagens de Poncho, sua existência libertina, sua vergonhosa crônica, escândalo quotidiano e permanente.


Ainda da amurada do navio desatava a boca de azedumes aos gritos para dona Maite no cais da Bahiana a esperá-la, a pedido de dona Any:


- enfim o excomungado bateu as botas, hein!


O paquete estava atracado, repleto de uma impaciente população de viajantes atravancados de pacotes, de cestas, de sacolas, de embrulhos os mais diversos, contendo frutas, farinha de mandioca, inhame e aipim, carne-de-sol, chuchu e aboboras. Dona Marichelo desembarcava a vociferar:


- Levou a breca, já devia ter estourado há muito tempo!


Dona Maite sentia-se derrotada, dona Marichelo possuía aquela capacidade de deixá-la sem ação, num desanimo completo. Amanhecera a prestativa vizinha no pequeno cais, transpirando consolação no rosto bondoso, pronta para animar uma sogra em luto e em lagrimas, para em dueto lastimarem a precariedade das coisas desse mundo: hoje se está vivo e saltitante, amanhã num caixão de defuntos. Recolheria as lamúrias de dona Marichelo, sevir-lhe-ia o lenitivo da resignação à vontade de Deus, ele sabe o que faz! Juntas debateriam, a mãe e a amiga intima, a propósito da nova condição de dona Any, viúva, só no mundo e ainda tão jovem. Para isso viera dona Maite preparada: gestos, palavras, atitudes, e tudo sincero e sentido, não havia jamais em sua maneira de ser e agir a menor parcela de representação. Dona Maite sentia-se um pouco responsável por todo mundo, era a providencia do bairro, uma espécie de pronto socorro das imediações.  De toda a vizinhança acudiam á porta de sua casa – a melhor casa da rua, só a dos argentinos da fabrica de cerâmica, a dos Bernabós, podia comparar-se, talvez um pouco mais luxuosa -, vinham por empréstimos, do sal e da pimenta à louça para almoços e jantares e as peças de vestuário para festas:


 - Dona Maite, mamãe mandou perguntar se a senhora podia emprestar uma xícara de farinha-do-reino é para um bolo que ela está fazendo. Depois manda pagar...


Era Aninha a filha mais jovem do Dr. Ives, vizinho próximo, cuja esposa,dona Êmina, cantava canções árabes acompanhando-se ao piano.


- Mas, menina, sua mãe não  foi ao mercado ontem? Eta1 Mulher mais esquecida, uma xícara basta? Diga a ela que, se quiser mais, mande buscar...


Ou bem era moleque da residência de dona Amélia, com sua voz esganiçada:


- Dona Maite, a patroa mandou pedir a gravata de seu Christian, a de laço de borboleta, que a de seu Ruas a traça roeu...


Quando não aparecia dona Risoleta, dramática, com seu ar de macerada:


- Maitezinha, acuda pelo amor de Deus...


- O que é mulher?


- Um bêbado se plantou na porta de casa, não há jeito de sair, o que é que eu vou fazer?


Lá ia dona Maite, reconhecia sorridente:


- Ora, é Bastião Cachaça, gente minha,,, Vam’bora, Bastião, saia daí, vá tirar uma soneca na garagem lá de casa...


E assim o dia inteiro, bilhetes pedindo dinheiro emprestado, chamado urgente para acudir um doido, atender um enfermo, e os fregueses das injeções – dona Maite fazia concorrência gratuita aos médicos a às farmácias, sem falar nos veterinário pois todas as gatas das cercanias vinham dar cria nos fundos de sua casa, ali não lhes faltando jamais assistência e alimento. Distribuía amostras de remédios – fornecidos pelo Dr., Ives -, cortava vestidos e moldes – era diplomada em corte e costura -, escrevia cartas o pessoal domestico, dava conselhos, ouvia lamentações, secundava projetos matrimoniais, chocava namoros, resolvia os mais diferentes problemas, sempre alvoroçada, levando  Christian a concluir:


-É uma caga voando, não tem paciência nem para sentar no aparelho... – e metia o dedo grande na boca, resignado.



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Autor(a): Bela

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Preparara-se a boa vizinhança para acolher uma lastimosa dona Marichelo, em seu peito a abrigar e confortar. E a outra lhe saía com aquele contra-senso absurdo, como se a morte do genro fosse noticia festiva. Lá vinha ela descendo a escada, numa das mãos o clássico embrulho de farinha de Nazareth, bem torrada e olorosa, além de uma c ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 6



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  • bela Postado em 08/09/2009 - 11:57:21

    Postei em Dona Any e Seus Dois Maridos ....
    comentem por favor sim....
    bjinhoss

  • anacarolinaa Postado em 30/08/2009 - 20:53:01

    oii! será que você pode conferir minha mini web De Repente ?
    Ah! Adorei sua web!
    Obg!
    Bjooo

  • millarbd Postado em 26/08/2009 - 20:26:27

    ADOREIIIIIIIIIIIIII... POSTA MAIS...., PLIS....

  • marcos00 Postado em 26/08/2009 - 20:24:41

    2 leitorr

    kkk

  • bela Postado em 26/08/2009 - 19:54:13

    eba !!!! primera leitora... q bom q gostou ... espere q goste do resto...rsrsrs

  • millarbd Postado em 26/08/2009 - 17:00:25

    1 leitora... ja gostei.. posta logo!


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