Fanfic: Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada
Em três ou quatro anos, com produtos farmacêuticos, lábia e simpatia, esse grosseirão obtivera automóvel, era sócio do Bahiano de Tênis, intimo de políticos e ricaços, um fidalgo, meus senhores, cheio de empáfia, o rei na barriga! Dona Marichelo rangia os dentes, e o toleirão do Gil?
Ah! Gil vegetava a pé ou de bonde, com suas amostras de atilhos, suspensórios, colarinhos e punhos duros, especialista em produtos fora de moda, reduzido a uma pequena freguesia de lojas suburbanas, de antiquados armarinhos. Não saía disso, marcando passo a vida inteira. Ninguém acreditava em sua capacidade, nem ele próprio.
Um dia cansou-se de tanta queixa e reclamação, de tanto se esforçar sem resultado nem alegria. Porto, cunhado de sua mulher, marido de Lita, irmã de Marichelo, dava ele também um murro safado para viver, ensinando desenho e matemática a rapazes num estabelecimento estadual para artesãos, nas lonjuras de Paripe. De trem, todos os dias, de manha cedinho, levantando-se com o sol, regressando ao fim da tarde. Mas aos domingos, saía pelas ruas da cidade com uma caixa de tintas e pinceis a pintar coloridos casarios e tirava daquela ocupação tanta alegria a ponto de jamais ter sido visto de mau humor ou melancólico. Também se casara com Lita e não com Marichelo, e Lita, o oposto da irmã, era uma santa mulher, cuja boca jamais se abrira para falar mal de vivente ou criatura.
Gil nem mesmo no jogo de damas ou de gamão obtinha progressos, e Antenor Lima só o aceitava de parceiro quando outro mais forte não aparecia; quanto a seu Zeca Serra, campeão da Ladeira, nem assim, nem para matar o tempo – não tinha graça disputar com um tabuleiro tão medíocre, descuidado e desatento. E ainda por cima dona Marichelo exigira sua definitiva ruptura com Cazuza Funil, quando o amigo – muito por baixo, recém-saído do xilindró, perseguido e processado como contraventor – mais carecias de solidariedade. E lele, Gil, calhorda completo, cortava esquinas para evitá-lo, submisso às ordens da esposa.
Concluiu de nada adiantar sua sacrificada labuta, aproveitou uns dias de inverno mais úmido para adquirir uma pneumonia barata – nem sequer uma pneumonia dupla, ironizou dr. Carlos Passos – e emigrou para o astral. Silenciosamente, numa tosse discreta e tímida. Fosse outro e poderia ter escapado, ter vencido a doença, pouco mais de uma gripe. Gil, porém, estava cansado, tão cansado? Não se dispunha a esperar doença seria e grave. Alem do mais, não tinha ilusões: doença de qualidade, importante, moléstia da moda, cara, falada nos jornais, não chegaria a ele, o melhor era mesmo contentar-se com sua mesquinha pneumonia. Assim o fez e, sem se despedir, faltou com o corpo, descansou.
Autor(a): Bela
Este autor(a) escreve mais 37 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
4 DE HÁ MUITO DONA MARICHELO CONTROLAVA COM MÃO DE FERRO O PARCO dinheiro das comissões, entregando semanalmente ao representante comercial os estritos níqueis para o bonde e para o maço de cigarros Aromáticos – um maço a cada dois dias. Pois, ainda assim, o dinheiro economizado mal deu para as despesas do enter ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 6
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
bela Postado em 08/09/2009 - 11:57:21
Postei em Dona Any e Seus Dois Maridos ....
comentem por favor sim....
bjinhoss -
anacarolinaa Postado em 30/08/2009 - 20:53:01
oii! será que você pode conferir minha mini web De Repente ?
Ah! Adorei sua web!
Obg!
Bjooo -
millarbd Postado em 26/08/2009 - 20:26:27
ADOREIIIIIIIIIIIIII... POSTA MAIS...., PLIS....
-
marcos00 Postado em 26/08/2009 - 20:24:41
2 leitorr
kkk -
bela Postado em 26/08/2009 - 19:54:13
eba !!!! primera leitora... q bom q gostou ... espere q goste do resto...rsrsrs
-
millarbd Postado em 26/08/2009 - 17:00:25
1 leitora... ja gostei.. posta logo!