Fanfics Brasil - Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada

Fanfic: Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada


Capítulo: 22? Capítulo

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Não contava mais, no entanto, com o título de doutor - o anel de formatura a rebrilhar, esmeralda, rubi ou safira - para atingir as sonhadas alturas. Uma lástima, não tinha jeito a dar, mais uma vez o bosta do marido arruinara seus projetos com aquela morte idiota.


Já não mais podia ele, porém, arruinar seus reformulados planos, amadurecidos nos dias de nojo. Nesses novos projetos a chave mestra, a abrir as portas do conforto e do bem estar, era o matrimônio, o de Rosália e o de Any. Casá-las ("colocá-las", dizia dona Marichelo) o melhor possível, com moços de nome, rebentos de famílias distintas, filhos de coronéis fazendeiros, ou com senhores do comércio – de preferência do atacadista -, estabelecidos, com dinheiro e crédito nos Bancos. Se era esta a meta a alcançar, como expor as meninas em empregos vagabundos, como exibi-las pobretonas, cuja graça e juventude mal vestidas iriam despertar nos ricos e importantes apenas os baixos instintos, os pecaminosos desejos, merecendo-lhes propostas, certamente, mas outras que não as honestas de noivado e casamento?


Dona Marichelo queria as filhas em casa, recatadas, ajudando-a, com o trabalho e com o comportamento, a manter aquela aparência de conforto, a afivelar aquela máscara de gente senão opulenta pelo menos remediada e de boa educação. Quando as moças saíam para visitas a famílias conhecidas, para matinês dominicais, para alguma festinha em casa amiga, iam nos trinques, bem vestidas, no ilusório aspecto de herdeiras de fino trato. Dona Marichelo era econômica, contando os vinténs na tentativa de equilibrar as finanças domésticas e seguir adiante, mas não tolerava desmazelo das filhas no vestir, nem mesmo na intimidade do lar. Exigia-as impecáveis, dignas de acolher a qualquer momento o príncipe encantado quando ele de repente surgisse. Para isso dona Marichelo não media esforço.


Certa vez Rosália foi convidada para uma dancinha no aniversário da menina mais velha do Dr. João Falcão, um graúdo: palacete, lustres de cristal, talheres de prata, garçons a rigor. Os outros convivas, tudo gente fina, podre de rica, da melhor sociedade, uma lordeza, só vendo. Pois bem: Rosália fez sensação, era a mais bem apresentada, a mais chique, a ponto de louvá-la dona Detinha, a bondosa anfitrioa:


- A mais linda de todas. . . Rosália, um mimo, uma boneca. . .


Parecia, sim, a mais rica e aristocrática. No entanto, lá estavam às meninas mais afortunadas e mais nobres da nobreza local, sangue-azul de bacharéis e médicos, de funcionários e banqueiros, de lojistas e comerciantes. Com sua tez mate de cabo-verde, suave e pálida, era a branca mais autêntica entre todas aquelas finíssimas brancas baianas apuradas em todos os tons do moreno; aqui entre nós, que ninguém nos ouça mestiças da mais fina e bela mulataria!


Ninguém, ao vê-la assim tão elegante, diria ter sido aquele vestido, o mais louvado da festa, obra dela própria e de dona Marichelo, o vestido e tudo mais, inclusive a transformação de um velho par de sapatos numa obra-prima de cetim. Entre as prendas de Rosália, era a costura a mais destacada, cortava e cosia, bordava e tricotava.


Sim, eram elas, as meninas, com suas prendas, sob a férrea direção de dona Marichelo os autores daquele milagre de sobrevivência: Heitor no colégio, a concluir o ginásio, o aluguel do primeiro andar pago em dia, assim como as prestações do rádio e do novo fogão, e ainda sendo postos de parte uns miúdos para a conclusão dos enxovais, para os vestidos de casamento, os véus, as grinaldas, pois lençóis e fronhas, camisolas e combinações iam-se pouco a pouco acumulando nos baús.


Eram elas, as meninas. Rosália na máquina a pedalar, costurando para fora, cortando vestidos, bordando blusas finas. Any, a princípio na preparação de bandejas de salgados e doces para festinhas familiares, pequenas comemorações: aniversários, primeiras comunhões. Se era a costura o forte de Rosália, era a cozinha o fraco da menina mais moça: nascera com a ciência do ponto exato, com o dom dos temperos. Desde pequena fazia bolos e quitutes, sempre rondando o fogão, aprendendo os mistérios da arte suprema com a tia Lita, uma exigente. Tio Porto não possuía outro vício, além da pintura dominical, senão os bons pratos. Era um freqüentador de carurus e sarapatéis, perdido por uma feijoada ou um cozido de muita verdura. Das bandejas de pastéis e empadas, das encomendas de almoços, partiria Any para receitas e aulas e, por fim, para a Escola de Culinária.


Uma na máquina, no corte e na costura, outra na cozinha, no forno e no fogão, dona Marichelo ao leme, iam atravessando. Modestamente, mediocremente, à espera dos cavaleiros andantes a surgirem numa festa ou num passeio, cobertos de dinheiro e títulos. O primeiro arrebatando Rosália, o segundo conduzindo Any, ambos ao som da Marcha Nupcial, para o altar e para o mundo alegre dos poderosos. Primeiro Rosália era a mais velha.


Obstinada, dona Marichelo espreitava o dobrar das esquinas, aguardando esse genro de ouro e prata, cravejado de diamantes. Por vezes um desânimo a invadia, e se não acontecesse o príncipe encantado? Era tempo dele surgir, impossível esperar a vida inteira, as moças atingiam a inquieta idade do homem. Rosália vinte anos desdobrados em suspiros na janela, fartos do pedal da máquina de costura, reclamava urgente esse duque, esse conde, esse barão, - quando se propunha ele a resgatá-la? Tão larga demora, tão cansativa espera - não se visse Rosália de súbito no fundo do barricão, solteirona, empedernida donzela, com aquele fedor a azedo das virgens encruadas, ao qual se referia sorrindo o bom tio Porto a mangar dos pruridos aristocráticos da cunhada.


De quando em quando, Rosália o antevia, ao ansiado pretendente: nas festas de dança, vasqueiras; nos passeios à casa da tia, no Rio Vermelho; em matinês de cinema ou ao volante de uma baratinha, todo de branco num domingo de regatas, acadêmico trocista ou estudioso sobraçando grossos volumes de ciência ou curvado no malabarismo de um tango argentino de todo capricho; romântico ao som de uma serenata pela noite.


Dona Marichelo também esperava, ia crescendo em impaciência: quando, quando surgiria ele,:esse anunciado genro, esse milionário, esse lorde, esse fidalgo, esse doutor de borla e de capelo, esse atacadista da Cidade Baixa, esse fazendeiro de cacau ou de tabaco, esse dono de loja ou mesmo de armarinho, em último caso esse suado gringo de armazéns de secos e molhados, quando?



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Autor(a): Bela

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 6



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  • bela Postado em 08/09/2009 - 11:57:21

    Postei em Dona Any e Seus Dois Maridos ....
    comentem por favor sim....
    bjinhoss

  • anacarolinaa Postado em 30/08/2009 - 20:53:01

    oii! será que você pode conferir minha mini web De Repente ?
    Ah! Adorei sua web!
    Obg!
    Bjooo

  • millarbd Postado em 26/08/2009 - 20:26:27

    ADOREIIIIIIIIIIIIII... POSTA MAIS...., PLIS....

  • marcos00 Postado em 26/08/2009 - 20:24:41

    2 leitorr

    kkk

  • bela Postado em 26/08/2009 - 19:54:13

    eba !!!! primera leitora... q bom q gostou ... espere q goste do resto...rsrsrs

  • millarbd Postado em 26/08/2009 - 17:00:25

    1 leitora... ja gostei.. posta logo!


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