Fanfics Brasil - Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada

Fanfic: Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada


Capítulo: 30? Capítulo

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MAR  DE ROSAS, FRANCOS HOTIZONTES, AZUL CERÚLEO, A PAZ do mundo e sua doçura, Any e Poncho enamorados. De súbito, a borrasca, o temporal, céu de chumbo, guerra sem quartel, a abominação, Any e Poncho proibidos. Um tanto encafifado por sentir-se com culpa nos acontecimentos - não fora ele quem começara a montar aquelee castelo de cartas, incapaz de resistir ao sôpro da menor sindicância? -, Mirandão, moralista com fumaças de filósofo, considerou:


 


- Aí está . . . Que garantia a gente tem? Nenhuma . . . Até motor de caminhão, quando se conserta, tem garantia de seis meses . . . A gente, quando pensa que está instalado na vida, que as coisas finalmente se acertaram, aí emboceta tudo, o santo cai do andor e vira lixo . . .


 


No opinar de Mirandão, Poncho caíra do andor, o santo virara lixo, os restos espalhados nos monturos, e não havia remendo capaz de restaurar o conceito do demissionário oficial de gabinete ante dona Marichelo. Conceito aliás igualmente comprometido junto a Any, como haveria ela de ainda aceitar o potoqueiro que a engabelara? Mirandão conhecia essas pessoas mansas e suaves: quando abusadas em sua confiança, crescem em obstinado orgulho, não voltam atrás.


 


- Quando empombam, empombam de vez . . . - concluía pessimista.


 


Vil, ordinário, abjeto, infame sujeito! Dona Marichelo achava a língua pobre de expressões suficientemente varonis e vigorosas para rotular tão baixo espécime humano – ainda na véspera o pretendente ideal, santo no andor todo enfeitado de elogios. Sua filha podia casar até com um soldado de polícia, até com um criminoso de morte, de sentença passada no júri, cumprindo pena na cadeia, jamais com o miserável canalha. Recolhendo pelas imediações do Alvo essas cruas opiniões, Mirandão balançara a cabeça pesaroso e realista: se Poncho pensava em prosseguir o namoro é porque não entendia nada de mulheres. Sempre tão ladino, agora cego pela paixão, não se dava conta da realidade: desbundara tudo. Mirandão, aflito reclamou um novo trago no Bar Triunfo: para suportar tanta comoção.


 


A Poncho pouco importava restaurar seu conceito ante dona Marichelo, aplacar sua fúria, velha levada dos diabos, bruaca intolerável, um purgante. Não admitia, porém, romper com Any, perder seu riso manso, sua quieta térnura, seu machucado suspiro. Ao contrário, agora decidira casar-se com ela. Afinal, em tudo aquilo, só havia de sério o carinho, a compreensão, o bem-querer, aquele amor dos dois; o resto não passava de tôla brincadeira. De quem gostava Any: dele, Poncho, de sua pessoa, ou do cargo inventado, da posição que não exercia, do dinheiro que não tinha?


 


Naquela história só uma coisa o desgostava: haver sido desmascarado por Célia, sua protegida, aquela perneta agora professora pública devido à sua interferência. Éra ela a fazer todo o fuzuê, a desenrolar o novêlo, a denunciá-lo a dona Marichelo. Chegara ofegante ao primeiro andar, numa excitação tamanha a ponto de quase perder a voz. Num tal contentamento, só se vendo. "Alguém muito elevado"? Jamais subira o vigarista sequer as escadas do Palácio, o único palácio que ele conhecia, e a esse conhecia bem, era o Pálace, antro de jogo e perdição, assim de mulher-dama . . . Prestígio? Só se fosse nas ruas do meretrício mais baixo, junto ás casteleiras e aos escroques . . . Oficial de Gabinete do Governador? Se ele se atrevesse a entrar no gabinete do Governador seria tomado preso, metido no xadrez. Sua nomeação de professora? Era melhor nem pensar nisso, quem sabe dos estrupícios e tratantadas postos em prática pelo patife?


 


E como fora Célia, insignificante professora primária, descobrir toda aquela rede de enganos, pondo a claro todos os detalhes da farsa, não deixando persistir uma sombra sequer de dúvida, um pode-ser-quem-sabe ao qual se agarrasse dona Marichelo, náufraga no mar da  porca existência? Por que tamanho empenho em desmascarar e denunciar o trapaceiro, o barato sedutor? Poncho se surpreendeu, magoado:


 


- Logo quem . . . Não fiz mal nenhum a essa moça, ao contrário...


 


Por isso mesmo, talvez. Quando Poncho lhe arranjou o emprego, Célia sentiu-se ao mesmo tempo grata e ofendida. No fundo, não lhe perdoava ter-se enganado a seu respeito, não ser ele o gigolô pressentido por seu faro de azedume e maldade: a existência reles fizera-a invejosa e ruim. A cada dia, menos grata e mais ofendida aquele indivíduo não tinha jeito de prestar . . . Por acaso, deram-lhe uma pista e ela tanto futucara, tanto xeretara até descobrir em todas as minúcias a teia de mentiras iniciada por Mirandão em casa do Major e por cujo crescimento era mais responsável a vida do que o próprio Poncho. Refeitos os capítulos daquele imaginoso folhetim, Célia sentiu-se realizada: não a enganavam assim fácilmente, tinha olho e faro, para tapeá-la fazia-se necessário mais do que emprego, nomeação e posse. Satisfeita, feliz com sua torpeza, nem lhe pesava a perna manca ao subir a escada do primeiro andar onde dona Marichelo e Any costuravam peças do enxoval. "Não passava o almofádinha de um mísero gigolô, ela Célia, jamais tivera dúvidas".



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Autor(a): Bela

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 6



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  • bela Postado em 08/09/2009 - 11:57:21

    Postei em Dona Any e Seus Dois Maridos ....
    comentem por favor sim....
    bjinhoss

  • anacarolinaa Postado em 30/08/2009 - 20:53:01

    oii! será que você pode conferir minha mini web De Repente ?
    Ah! Adorei sua web!
    Obg!
    Bjooo

  • millarbd Postado em 26/08/2009 - 20:26:27

    ADOREIIIIIIIIIIIIII... POSTA MAIS...., PLIS....

  • marcos00 Postado em 26/08/2009 - 20:24:41

    2 leitorr

    kkk

  • bela Postado em 26/08/2009 - 19:54:13

    eba !!!! primera leitora... q bom q gostou ... espere q goste do resto...rsrsrs

  • millarbd Postado em 26/08/2009 - 17:00:25

    1 leitora... ja gostei.. posta logo!


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