Fanfics Brasil - Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada

Fanfic: Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada


Capítulo: 31? Capítulo

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Resplandecia seu encardido semblante, poucas vezes se sentira assim alegre, muita gente ia chorar naquele dia, arrenegar o diabo, ranger os dentes. E existe no mundo algo tão esplêndido e excitante, espetáculo comparável ao do sofrimento alheio? Para Célia não existia nada igual. Jamais um homem olhara para seu corpo com olhos de desejo, jamais alguém lhe sorrira com amor, e as crianças da escola tinham-lhe medo, fugiam dela. Dona Marichelo, em faniquito, propunha-se a matar e a morrer, gemia por um copo com água. Any não lhe deu importância, não ouviu seus ais, ocupada com Célia:


 


- Puxe daqui, sinhá cachorra, não volte mais . . .


 


- Eu, Any? Você está falando sério? Por quê?


 


- Mesmo que ele fosse o que você diz, você não podia vir fuxicar, ele lhe empregou . . Você devia era esconder o que soubesse contra ele, estava morrendo de fome e ele lhe arranjou o lugar . . .


 


- E eu sei lá se foi ele . . . Quem viu ele arranjar? Pra mim, foi a cárta do padre Barbosa . . .


 


Any quase não elevava a voz mas suas palavras cuspiam nojo e desprêzo:


 


- Puxe daqui antes que eu lhe ensine a não se meter na vida dos outros, cadela vagabunda . . .


 


- Pois fique com ele, que lhe faça bom proveito, tu nasceu mesmo pra descarada .


 


Baixou a escada a clamar contra a ingratidão humana. Guerra, sim, que outro nome, que outra designação usar?, e guerra sem misericórdia - a guerra entre dona Marichelo e Any teve começo ali mesmo, naquela mesma hora. Ao ruido da porta batendo na cara de Célia, dona Marichelo recolheu seus melindres, desistiu do desmaio, clamou, pela professora, queria continuar a conversar sobre Poncho, remexendo na ferida:


 


- Célia! Célia! Não vás embora . . .  


 


 Any disse, a voz pesada


 


- Botei ela pra fora . . .


 


- Ela veio fazer um favor e você enxota ela, em vez de agradecer.


 


- Essa fuxiqueira nunca mais me põe os pés aqui . . .


 


- Desde quando tu manda nesta casa?


 


- Se ela entrar, eu saio . . .


 


Mirandão acertara ao descrever o baixo crédito de Poncho junto a dona Marichelo. Errou, porém, e por completo, quanto à reação de Any. Não ficara contente, é claro tivera um desaponto: Poncho mais sem jeito, para que essas mentiras? Em nenhum momento, entretanto, pensou em romper com ele, em terminar o namoro. Amava-o, pouco lhe importando seu ofício ou emprego, sua posição na sociedade, sua importância na política. Assim lhe disse quando, naquela noite, num desafio impudente às ordens de dona Marichelo, foi conversar com o namorado numa esquina próxima. Ouviu e aceitou suas explicações, derramou algumas lágrimas, a chamá-lo de "maluco, sem juízo, meu doido lindo". Pela primeira vez Poncho lhe falou de amor, de como esfomeado e sequioso a queria e desejava - e para esposa a queria e desejava. E isso para Any valeu todo o aborrecimento, a mágoa dele lhe ter mentido e enrolado sem necessidade.


 


Teriam de esperar com paciência, disse-lhe Any. Pelo menos os dez meses que faltavam para os seus vinte-e-um anos era ainda menor, sob o mando materno, e nem pensasse Poncho em obter o impossível consentimento de dona Marichelo. Nunca vira a mãe tão exaltada e em fúria. Mesmo os encontros não iam ser fáceis, tinham de estudar a melhor maneira de se avistarem sem que a velha suspeitasse. O namoro – aquele namoro com tantas facilidades, tão bem aceito e apadrinhado por dona Marichelo - passara aos subterrâneos da ilegalidade, estava proibido em definitivo, a cotação de Poncho na Ladeira do Alvo não valia a poeira da rua.


 


Poncho enxugou-lhe as lágrimas com beijos, ali mesmo na esquina, sem ligar aos passantes. Bufando, dona Marichelo a aguardava de taca na mão, pedaço de couro cru para exemplar animais e filhos desobedientes. Não era usada há muito, quem dela fizera gasto fora Heitor, relapso estudante. Rosália levara suas tacadas, Any algumas surras quando menina. Suspensa na parede da sala de jantar, a primitiva chibata agora valia apenas como símbolo cruel da autoridade materna, caído em desuso. Quando Any transpôs a porta, dona Marichelo ergueu a taca, a primeira chicotada a atingiu no colo e no pescoço deixando-lhe um lanho vermelho, marca de guerra a perdurar por mais de uma semana. Apanhou sem chorar, defendendo o rosto com as mãos, reafirmando seu amor. "Comigo viva tu não casa com ele", rugia dona Marichelo.



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Autor(a): Bela

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No outro dia, Any quase não pôde levantar-se, o corpo todo doído, o lapo roxo no pescoço. A Ladeira em pêso comentava os acontecimentos, a negra Juventina, soberana em sua janela, a distribuir detalhes, doutor Carlos Passos criticando os métodos educacionais de dona Marichelo, se bem não lhe negasse razão para desgô ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 6



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  • bela Postado em 08/09/2009 - 11:57:21

    Postei em Dona Any e Seus Dois Maridos ....
    comentem por favor sim....
    bjinhoss

  • anacarolinaa Postado em 30/08/2009 - 20:53:01

    oii! será que você pode conferir minha mini web De Repente ?
    Ah! Adorei sua web!
    Obg!
    Bjooo

  • millarbd Postado em 26/08/2009 - 20:26:27

    ADOREIIIIIIIIIIIIII... POSTA MAIS...., PLIS....

  • marcos00 Postado em 26/08/2009 - 20:24:41

    2 leitorr

    kkk

  • bela Postado em 26/08/2009 - 19:54:13

    eba !!!! primera leitora... q bom q gostou ... espere q goste do resto...rsrsrs

  • millarbd Postado em 26/08/2009 - 17:00:25

    1 leitora... ja gostei.. posta logo!


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