Fanfic: Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada
Os recém-casados despediram-se no pátio do convento, apenas dona Maite os acompanhou até a nova residência em cuja fachada já fora suspensa a tabuleta da Escola de Culinária Sabor e Arte. Na porta de casa, dona Any convidou a vizinha:
- Entre prá conversar um pouquinho . . . Dona Maite riu, maliciosa:
- Só se eu fôsse bronca . . . - apontou as nuvens escuras no mar. - Está chegando a noite, é hora de dormir . . .
Poncho concordava:
- Falou pouco e disse tudo, vizinha. Aliás, para esse assunto eu tenho disposição a qualquer hora, com sol ou de noite, não faço diferença e não cobro extraordinário . . .
Abraçou dona Any pela cintura, saiu andando com ela pelo corredor e, numa pressa, a ia desabotoando e despindo. No quarto, derrubou-a em cima da colcha azul-hortênsia, arrancava-lhe combinação e calça. Dona Any nua, estendida no leito, as primeiras sombras de crepúsculo caindo-lhe sobre os seios erguidos.
- Tesconjuro! - disse Poncho - Essa coberta que tu arranjou, meu bem, parece mortalha de defunto. Tira isso da cama, minha peladinha, traz aquela de retalhos, em cima dela tu vai parecer ainda mais porreta. Essa, a gente guarda pra botar no prego, deve dar um dinheirão . . .
Sobre a colorida colcha de retalhos, muda em seu recato, coberta apenas com a meia sombra de crepúsculo, dona Any finalmente casada.
Dona Any com seu marido Poncho; ela mesma o escolhera sem dar ouvidos aos conselhos das pessoas experientes, contra a expressa vontade de sua mãe, e, mesmo antes de casar-se, a ele se entregara sabedora de quem ele era. Podia estar a fazer uma loucura, mas, se não a fizesse, não tinha motivo para viver. Um fogo a consumia, vindo da boca de Poncho, de seu
hálito, e seus dedos queimavam-lhe a carne como chamas. Agora, casados, com todo o direito ele a despia, e a seu lado, no leito de ferro, a olhava a sorrir. Seu marido bonito, penugem negra a cobrir-lhe braços e pernas, mata de pelos negros no peito, a cicatriz da navalhada no ombro esquerdo. Estendida junto a ele, dona Any parecia uma negra, negra e pelada. Nua por dentro também, amargando de desejo, fremente, com pressa, muita pressa, como se Poncho lhe despisse a alma. Ele dizia coisas, maluquices. Vadiaram até não mais poder, quando ela então puxou a colcha, se cobriu, adormeceu. Poncho sorria e lhe catava cafuné,Poncho seu marido. Belo e másculo, terno e bom.
Pela madrugada dona Any acordou, o despertador à cabeceira marcava duas horas da manhã. Poncho não estava na cama, dona Any pôs-se de pé, saiu a procurá-lo pela casa. Poncho sumira, fôra arriscar com certeza os cobres dados pelo banqueiro. Na própria noite de núpcias, era demais. Dona Any chorou suas primeiras lágrimas de casada, rolando no colchão, roída de desgôsto, rangendo os dentes de desejo.
Autor(a): Bela
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14 Sete anos decorreram entre aquelas primeiras lágrimas choradas por dona Any na noite de núpcias e as da aflita manhã de domingo gordo quando Poncho caiu sem vida em meio a um samba de roda, entre fantasias e máscaras. E, como bem disse dona Dulce - senhora de bem dizer as coisas, adrede e com exato a propósito - ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 6
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bela Postado em 08/09/2009 - 11:57:21
Postei em Dona Any e Seus Dois Maridos ....
comentem por favor sim....
bjinhoss -
anacarolinaa Postado em 30/08/2009 - 20:53:01
oii! será que você pode conferir minha mini web De Repente ?
Ah! Adorei sua web!
Obg!
Bjooo -
millarbd Postado em 26/08/2009 - 20:26:27
ADOREIIIIIIIIIIIIII... POSTA MAIS...., PLIS....
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marcos00 Postado em 26/08/2009 - 20:24:41
2 leitorr
kkk -
bela Postado em 26/08/2009 - 19:54:13
eba !!!! primera leitora... q bom q gostou ... espere q goste do resto...rsrsrs
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millarbd Postado em 26/08/2009 - 17:00:25
1 leitora... ja gostei.. posta logo!