Fanfics Brasil - Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada

Fanfic: Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada


Capítulo: 38? Capítulo

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Como dizer "tôrvo destino" para quem era assim alegre jogador, a sorrir na sorte e no azar, cheio da alegria de viver? Tôrvo destino talvez na opinião de dona Any, de seu ponto de


vista, de seu pôsto de observação ou, para melhor esclarecer, de seu pôsto de espera. Tôrvo para dona Any, no leito a esperar.


 


A esperà-lo durante sete anos, uma vida. Dona Any chorou muitas lágrimas naqueles anos, vadiou também muita vadiação; os doces momentos de ternura e posse buscando compensar as noites amargas de ausência e humilhação. Um dia, dona Dulce com sua fumaças de psicologia, psicanálise, psicografia e outras invencionices norte-americanas, explicou-lhe ser ela, dona Any, casada com um excepcional – não excepcional no sentido em que dona Any ouvia o têrmo, como sinônimo de grande, de maior, de melhor de todo; nada disso. Excepcional significando diferente, fora do normal, alguém que não cabia nas medidas habituais nem se podia prender nos limites de um quotidiano mediocre e monótono.  Era dona Any capaz de entendê-lo e de ser feliz com ele? Tretas de dona Dulce, boa amiga sem dúvida, porém uma letrada dos seiscentos demônios, a cabeça cheia de caraminholas e a língua de aperreio.


 


Dona Any desejava ser como todo mundo, seu marido como os demais maridos. Não tinha ele um emprego na Municipalidade, obtido por seu parente rico, doutor Airton Herrera, apelidado Chimbo? Ela o queria vindo do emprêgo para casa, os jornais sob o braço. um embrulho com biscoitos ou cocadas, de abarás e acarajés. Jantando na hora exata como os outros, saindo em certas noites com ela, a passeio, de braço dado, gozando a brisa e a lua. Amoroso, no leito a vadiar. A vadiar antes de dormir, ainda cedo, e nos dias certos de vadiação.


 


Como era é que não podia ser: Poncho sem hora de chegar, dormindo frequentemente na rua, com certeza no leito das vagabundas, de antigos e renovados xodós; querendo vadiar e vadiando em horas tardias e as mais absurdas, em qualquer dia sem determinação, sem relógio nem almanaque. Não havia horário nem sistema, tampouco hábito estabelecido ou tácita convenção, um costume dos dois, nada. Era aquela anarquia sem cabimento, ele na rua todas as noites sem lhe dar notícia, ela no leito de ferro roendo a dor de cotovêlo, aguda dor de côrno e uma dor no peito, uma aflição. Por que tôdas as outras mulheres casadas faziam jus aos seus maridos, só ela não? Por que não era Poncho como todos os demais, com a vida regulada e em ordem, sem os sobressaltos, os cochichos, os fuxicos, a infindável espera? Por quê?


 


Tudo aquilo - a espera, o jogo, a cachaça, as noites fora de casa, os gritos, a violência, a vilania -, tornou- se tudo um hábito com o passar do tempo, mas dona Any ainda não se acostumara inteiramente e morreria sem se acostumar. Aliás, quem morreu foi ele, Poncho, no carnaval. Daí por diante, ah ! daí por diante o desejo já não teve sequer direito á espera, á expectativa, à ânsia.


 


A ausência de Poncho adquirira outra dimensão. Também o sofrimento, outro era seu peso. Não mais adiantava a dona Any ficar de ouvidos atentos a cada ruído na calçada, o coração sôfrego, a latir. Agora sem espera e sem esperança, de nada servia atentar à cadência dos passos, dos passos dos bêbados sobretudo, ao barulho sutil da chave na fechadura, ao som de uma canção perdida, de uma toada na distância. Sim, de uma toada na distância. Porque houvera noites, durante aquêles sete anos de casamento e espera, em que Poncho veio acordá-la em serenata, com violão e cavaquinho, violino e flauta, trompete e bandolim, a repetir aquela outra inesquecível serenata da Ladeira do Alvo, quando ela acabara de saber da verdadeira condição de seu amor: pobre, sem vintém, funcionário chinfrim, picareta e facadista, cachaceiro, libertino e jogador.


 



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Autor(a): Bela

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15   Agora, estendida no leito de ferro, dona Any buscava não ouvir o matraquear de dona Marichelo na porta da rua, em animada palestra com dona Maite, para melhor recolher na memória perdida, na distância do tempo, as vozes dos cantores, o ritmo dos instrumentos, aquela emocionante serenata da Ladeira do Alvo; para encher suas horas e conter seu c ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 6



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  • bela Postado em 08/09/2009 - 11:57:21

    Postei em Dona Any e Seus Dois Maridos ....
    comentem por favor sim....
    bjinhoss

  • anacarolinaa Postado em 30/08/2009 - 20:53:01

    oii! será que você pode conferir minha mini web De Repente ?
    Ah! Adorei sua web!
    Obg!
    Bjooo

  • millarbd Postado em 26/08/2009 - 20:26:27

    ADOREIIIIIIIIIIIIII... POSTA MAIS...., PLIS....

  • marcos00 Postado em 26/08/2009 - 20:24:41

    2 leitorr

    kkk

  • bela Postado em 26/08/2009 - 19:54:13

    eba !!!! primera leitora... q bom q gostou ... espere q goste do resto...rsrsrs

  • millarbd Postado em 26/08/2009 - 17:00:25

    1 leitora... ja gostei.. posta logo!


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