Fanfics Brasil - Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada

Fanfic: Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada


Capítulo: 76? Capítulo

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Há muito rezara o alfaiate pela alma daquele resto de conta, mas, ante a performance espetacular do freguês exigente e caloteiro, perdeu a serenidade e a ética, desenterrou o débito da coluna de perdas e lucros, fêz a cobrança ali mesmo, na vista dos parceiros e das mulheres-damas, uma desfeita. Não se alterou o negro:


- Sessenta mil-réis? Daquela roupa ...? E, me diga, Pitanga, quanto você está cobrando hoje por um traje de linho branco?


- Linho comum?


- Inglês, S 120, casca de ôvo. Do melhor que houver na praça.


- Por aí ... por volta de uns trezentos mil réis ...


Meteu Arigof a mão no bolso, extraindo pelegas de quinhentos:


- Pois aí estão dois contos ... Faça seis ternos novos pra mim. Subtraia seus sessenta mil-réis e fique com o trôco de gorjeta pelo trabalho de vir cobrar conta de freguês em mesa de jôgo ... Atirou o dinheiro na cara do alfaiate, deu-lhe as costas, enquanto o outro, apalermado, recolhia as notas pelo chão, por entre a vaia das mulheres.


Era um figalgo êsse Arigof, de roupas e maneiras, e como bom fidalgo outra coisa não fizera na vida senão jogar; pobre como Jó, negro retinto, mestre capoeirista, de entrada proibida no Pálace Hotel, onde certa feita dera alteração das maiores, quando um gracioso filhinho-de-papai de uísque racista, ao ver o negro Arigof impecável, todo de branco, riu para sua roda e disse: "Olha o macaco que fugiu do circo". Ficou o salão em pandarecos e o sacana farrombeiro exibe até hoje uma flor aberta na face a traço de navalha.


O sucesso dos dois amigos foi motivo de ceia comemorativa, sob a presidência ilustre de Chimbo. Compuseram a mesa Mirandão, Robato, Anacreon, Pé de Jegue, o arquiteto Lev Língua de Prata, os jornalistas Curvêlo e João Batista, o bacharel Tibúrcio Barreiros, além dos anfitriões e de um distinto ramalhete de mundanas e, digamos, de artistas, satisfazendo assim a vontade das Irmãs Catunda, ciosas de sua arte e escol da brilhante sociedade reunida no castelo da gorda Carla.


Essas Irmãs Catunda, "artistas de talento polimorfo", segundo escreveu em "O Imparcial" o foliculário Batista, eram três espolêtas, filhas da mesma mãe Jacinta Apanha-o-Bago e de pais diferentes. A mais velha quase negra, a mais nova quase branca, a do meio um amor de mulatinha, de comum só possuíam a progenitora e a desafinação. Fracas no gorjeio mas ótimas na cama, onde realmente polimorfas, segundo depoimento do mesmo João Batista, cujo salário no jornal e uns cobres cavados aqui e ali eram gastos com as empreendedoras irmãs; conhecendo o trio, uma a uma, ainda não decidira o redator qual a mais perita e politécnica. A do meio, Zilda, tinha um fraco por Poncho. Lev Língua de Prata e o advogado haviam querido levar The Honolulu`s Sisters para abrilhantar ainda mais a ceia. Sem resultado.


Essas "sisters" não eram irmãs sequer de mãe, não vinham tampouco de Honolulu; duas negras norte-americanas, fôscas na côr mas de plástica perfeita: frágil corça e meiea Jô, destra pantera a musculosa Mô. De comum, além dos corpos sem jaça, tinham a voz agradável e o estranho comportamento: não aceitavam convites para passeios, jantares, serenatas, banhos de mar em Itapoã, luar na Lagoa do Abaeté, nem para sentar e beber em mesa de freguês algum. Nem o banqueiro Fernando Goes, alto, bonito, elegante, solteirão, farto de dinheiro, as mulheres rojando-se a seus pés, nem êle as obteve; no entanto fôra ao Pálace só para vê-las e estourara champanha francesa. Jô e Mô cantavam spirituals e música de jazz, dançavam com seios e bundas à mostra mas permaneciam juntas e sozinhas até a hora de entrar em cena, semi-escondidas numa discreta mesa de canto, de mãos dadas, sorvendo drinques no mesmo cálice. Depois do número subiam para o quarto, não queriam conversa com ninguém.



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Autor(a): Bela

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Foi grandiosa a ceia, com vinhos e champanha, as Irmãs Catunda no máximo de seus dotes artísticos, uma euforia geral, à exceção do jovem bacharel Barreiros ainda aporrinhado com a recusa das americanas, "machonas mais escrotas", bebendo com raiva, indiferente aos gorjeios da gorda Carla a lhe propor consôlo e poesia. Na hora da ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 6



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  • bela Postado em 08/09/2009 - 11:57:21

    Postei em Dona Any e Seus Dois Maridos ....
    comentem por favor sim....
    bjinhoss

  • anacarolinaa Postado em 30/08/2009 - 20:53:01

    oii! será que você pode conferir minha mini web De Repente ?
    Ah! Adorei sua web!
    Obg!
    Bjooo

  • millarbd Postado em 26/08/2009 - 20:26:27

    ADOREIIIIIIIIIIIIII... POSTA MAIS...., PLIS....

  • marcos00 Postado em 26/08/2009 - 20:24:41

    2 leitorr

    kkk

  • bela Postado em 26/08/2009 - 19:54:13

    eba !!!! primera leitora... q bom q gostou ... espere q goste do resto...rsrsrs

  • millarbd Postado em 26/08/2009 - 17:00:25

    1 leitora... ja gostei.. posta logo!


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