Fanfic: Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada
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Quando dona Any, tremula, ao braço de Poncho, cruzou a porta do salão do Pálace Hotel, numa singular coincidencia a orquestra executava o mesmo antigo e nunca envelhecido tango por êles dançado naquele primeiro encontro em casa do Major Tiririca, ao som do piano de Joãozinho Navarro, durante as festas do Rio Vermelho, na semana da procissão de Yemanjá. Sentindo o coração pulsar mais forte, dona Any sorriu para o marido:
- Você se lembra?
Diante deles estava a sala numa meia sombra de luzes camufladas, um abajur de papel colorido sôbre cada lâmpada, perfeição de mau gôsto; dona Any achando tudo lindo, a semi-obscuridade, as mesas com flôres de papel crepom e o abajur, que amor, meu Deus! Poncho olhou em tôrno sem localizar lembrança alguma, tudo lhe era familiar e intimo, mas nada daquilo se referia a dona Any.
- De que, meu bem?
- Da música que está tocando. E a mesma que a gente dançou no dia que se conheceu ... Na festa do Major, se lembra?
Poncho sorriu: "é mesmo ...", enquanto ocupavam a mesa reservada, mesa de pista bem em frente à passagem a unir os salões, o de dança e ode jôgo. Dali, sentadas, dona Any, e dona Dulce podiam apreciar todo o movimento, evoluções de dançarinos, agitação de jogadores. Ainda de pé,
Poncho examinou a pista ocupada apenas por dois pares mas dois pares de tão eméritos tanguistas a ponto de mais ninguém se atrever a competir com êles. As damas eram duas das irmãs Catunda. A mais velha e negra tinha de cavalheiro a um tipo alto e romântico, roupa na última moda, jeito de galã sul-americano de cinema, ar de gigolô. Poncho soube depois, ao ser-lhe apresentado, tratar-se de paulista a passeio na Bahia, Barros Martins de nome, honesto editor de livros e, como é óbvio, em se tratando de um editor, riquíssimo. Um retado no tango, com modos e competência de profissional, traçando letras, como se diz, numa execução impecável de laboriosos passos. A mais nova e branca, nos braços de Zequito Mirabeau, o mesmo "belo Mirabeau" das marafonas e da encrenca com seu Christian. De olhos voltados para o alto, mordendo o lábio, levando de quando em vez a mão nervosa á cabeleira esvoaçante, não fazia por menos o baiano, desdobrando seu tango na maiór maciota, a chuetar do paulista em floreios e requintes; um tango barroco.
Poncho observou a cena e, ainda a sorrir, estendeu a mão a dona Any e lhe propôs, ajudando-a a levantar-se da cadeira:
- Meu bem, vamos dar um quinau nesses coiós? Vamos ensinar a eles como é que se dança tango?
- Será que ainda sei? Faz tanto tempo que não danço, estou com as juntas emperradas ...
Autor(a): Bela
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Dançara pela última vez há mais de seis meses, quando Poncho, por qualquer milagre, fôra com ela a um assustado em casa de dona Emina, brincadeira de aniversário. Poncho era eximio pé-devalsa, e dona Any dançava bem e gostava de dançar. Um de seus motivos de permanente desgôsto residia no fato de quase nunca dan&cc ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 6
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bela Postado em 08/09/2009 - 11:57:21
Postei em Dona Any e Seus Dois Maridos ....
comentem por favor sim....
bjinhoss -
anacarolinaa Postado em 30/08/2009 - 20:53:01
oii! será que você pode conferir minha mini web De Repente ?
Ah! Adorei sua web!
Obg!
Bjooo -
millarbd Postado em 26/08/2009 - 20:26:27
ADOREIIIIIIIIIIIIII... POSTA MAIS...., PLIS....
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marcos00 Postado em 26/08/2009 - 20:24:41
2 leitorr
kkk -
bela Postado em 26/08/2009 - 19:54:13
eba !!!! primera leitora... q bom q gostou ... espere q goste do resto...rsrsrs
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millarbd Postado em 26/08/2009 - 17:00:25
1 leitora... ja gostei.. posta logo!