Fanfics Brasil - Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada

Fanfic: Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada


Capítulo: 80? Capítulo

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Dançara pela última vez há mais de seis meses, quando Poncho, por qualquer milagre, fôra com ela a um assustado em casa de dona Emina, brincadeira de aniversário. Poncho era eximio pé-devalsa, e dona Any dançava bem e gostava de dançar. Um de seus motivos de permanente desgôsto residia no fato de quase nunca dançarem os dois, devido a muito de raro em raro acompanhá-la Poncho às festinhas em residências amigas. E, sem o marido, reduzida á animação dos comentários, dos fuxicos, das mesas de doce, não lhe passava sequer pela cabeça a idéia subversiva de dançar com outro cavalheiro, coisa que mulher casada só pode fazer com expresso consentimento e na presença de seu senhor espôso. Poncho, sim, espalhava-se à farta, sem contrôle, por esse mundo a fora, em cabarés e gafieiras, em forrobodós e fovôcos, no Pálace, no Tabaris, no Flozô, com quengas e bruacas.


Em casa dos vizinhos tinham feito uma verdadeira exibição de sambas e foxes de rancheiras e marchas. Doutor Ives e dona Emina quiseram acompanhá-los - pretensão e água benta todo mundo tem -, logo desistiram. Arrastavam os pés direitinho, mas para competir com dona Any e Poncho eram acanhados demais. Uma coisa dançar em festinha de aniversário, muito outra sair pelo salão do Pálace nos apuros de um tango arrabalero, e logo aquêle! Tudo começara quando, há sete anos atrás, êle a tirou para dançar aquêle mesmo tango em casa do Major Pergentino. Saberia ainda dançá-lo tanto tempo depois e, ao demais, nessa noite quase mágica quando vem ao Pálace pela primeira vez? Sem adivinhar que essa primeira vez seria a última, primeira sem segunda, noite sem retôrno.


Só agora, na solidão da memória e do desejo, ela se dá conta da importância de cada detalhe, por mais ínfimo, dessa noite de quimera: desde a entrada no salão de dança até o derradeiro minuto de prazer infinito, de desbragada impudicícia no leito de ferro, com êle a lhe cobrar, na raiz de seu corpo, o presente de aniversário: a ida ao Pálace.


Dois gestos de Poncho, ambos igualmente ternos e imperiosos, marcam para dona Any o início e o fim daquela noite de sortilégio. O primeiro, na hora do convite para o tango, quando, a sorrir, êle lhe estendeu a mão e assim a conduziu à pista de dança. O outro foi no leito em desalinho e tempestade: êle a volteou pelos ombros ... Mas já o recordará, a êsse tremendo gesto, quando a êle chegar em seu devido momento, nessa caminhada com Poncho através a noite de seu aniversário. Vai devagar, passo a passo, detalhe a detalhe, demorando nas escalas; arribará a cada parto de alegria, de mêdo ou de luxuria.


Na pista de dança o braço de Poncho a envolve e ela sente seu corpo leve na cadência da música. Busca então dentro de si aquela mocinha em férias no Rio Vermelho, caladona, sem namorado, tímida no quadro do pintor sergipano, a colhêr flores no jardim de tia Lita e a desabrochar de súbito nas noites de quermesse quando a mão de Poncho lhe acendeu seios e coxas e sua boca a queimou para sempre.


No salão do Pálace iam os dois a dançar, num tango de doçura e de volúpia, tão de jovens inocentes namorados e tão de lúbricos amantes. Era como se houvessem retornado ao fascínio da casa do Major, ao impacto do primeiro encontro, do primeiro olhar, do riso inicial, do enleio; sendo também os maduros amantes de sete anos depois, um tempo longo de padecer e amar. Casta donzela, dona Any, mocinha cândida; desabrochada mulher e ardente fêmea, dona Any, nas mãos de Poncho, seu marido. Tango igual a êsse jamais fôra dançado, assim transparente de ternura, assim obscuro de sensualidade. Até da sala de jogo veio gente apreciar. O paulista dos livros, com sua experiência dos cabarés de São Paulo, Rio e Buenos Aires, e Zequito Mirabeau com todo seu convencimento, deram-se por vencidos e abandonaram a pista toda inteira livre para dona Any e Poncho em sua noite de paixão.


Quem era a dama de Poncho? - perguntavam-se os habitués. Alguns sabiam, a informação se espalhou célere: "é a espôsa dêle, é a primeira vez que vem aqui ..." A mais graciosa das irmãs Catunda, a do meio, fez um muxoxo de pouco caso, mordida de ciúme.



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Autor(a): Bela

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Após o tango, ao voltarem à mesa, onde Poncho, tendo encomendado ceia e bebidas, atendia às perguntas de dona Dulce, com informações sobre coisas e pessoas, persistiu a curiosidade em torno a dona Any. Flutuava no ar, como se um halo de furtivos olhares e mastigados cochichos a cercasse, como se ela não coubesse na atmosfera da sala, ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 6



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  • bela Postado em 08/09/2009 - 11:57:21

    Postei em Dona Any e Seus Dois Maridos ....
    comentem por favor sim....
    bjinhoss

  • anacarolinaa Postado em 30/08/2009 - 20:53:01

    oii! será que você pode conferir minha mini web De Repente ?
    Ah! Adorei sua web!
    Obg!
    Bjooo

  • millarbd Postado em 26/08/2009 - 20:26:27

    ADOREIIIIIIIIIIIIII... POSTA MAIS...., PLIS....

  • marcos00 Postado em 26/08/2009 - 20:24:41

    2 leitorr

    kkk

  • bela Postado em 26/08/2009 - 19:54:13

    eba !!!! primera leitora... q bom q gostou ... espere q goste do resto...rsrsrs

  • millarbd Postado em 26/08/2009 - 17:00:25

    1 leitora... ja gostei.. posta logo!


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