Fanfics Brasil - Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada

Fanfic: Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada


Capítulo: 85? Capítulo

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Ao completar-se um mês da morte de Poncho, após assistir a missa, dona Any dirigiu-se ao Mercadinho das Flôres, no Cabeça. Pela segunda vez saía de casa desde aquêle singular domingo, quando a morte golpeou, no Carnaval. A primeira, fôra para a missa de sétimo dia. Veio andando da Igreja por entre a curiosidade do povo. Do balcão do bar, Mendez a cumprimentou, e seu Moreira, o português do restaurante, com um berro, advertiu a mulher, ocupada na cozinha: "depressa, Maria, vem ver a viúva". Na rua, três ou quatro homens, entre os quais o janota argentino, seu Bernabó, tiraram-lhe o chapéu. Na esquina do açougue, a negra Vitorina se pôs de pé, atrás de seu tabuleiro de abarás e acarajés: "Salve minha iaiá, atôtô, atôtô!" Na porta da Drogaria Científica, doutor Teodoro Madureira, o farmacêutico, inclinou-se em grave reverência, na exata medida do pesar e da aflição. O professor Epaminondas Souza Pinto, afobado e aéreo como sempre, livros e cadernos sob o suor do sovaco, estendeu-lhe a mão:


- Minha cara senhora ... A vida ... O inevitável ...


Os bêbados do botequim, no aperitivo matinal, os fregueses do armazém, o fazendeiro Moysés Alves a escolher especiarias para seus insignes almoços, saíram a vê-la, inclinavam-se em silêncio. O santeiro Alfredo, amigo do tio Thales, estabelecido ali perto com sua porta de imagens, abandonando a madeira onde esculpia, colocou-se à sua disposição:


- Bom dia, Any. Posso lhe ser útil?


Acorreram os vendedores com a mercadoria. Ela comprou rosas e cravos, palmas e violetas, dálias e saudades. Um negro alto e magro, perfil agudo, face enigmática, ainda relativamente jovem, ouvido com atenção e respeito por mecânicos e choferes do ponto de táxis, - ao saber a identidade de dona Any e o motivo dessa compra de flôres, dela se aproximou a lhe solicitar algumas de empréstimo e por um momento apenas. Um pouco surprêsa, dona Any o satisfez, estendendo-lhe o colorido ramalhete onde êle próprio escolheu, num cuidado ritual, três cravos amarelos e quatro saudades roxas; quem seria êsse homem e por que tomava dessas poucas tlôres? Do bôlso do paletó extraiu um fio trançado de palha da costa, um mokan, com êle amarrando cravos e saudades num pequeno buque e dando um nó.


- Desamarre quando arriar na cova de Poncho. E para o egun dêle se aquietar - e disse em nagô, diminuindo a voz: - Aku abó! Eis que o negro era o babalaô Didi, zelador da casa de Ossain, mago de Ifá; e só passado muito tempo dona Any aprenderia seu nome e seus podêres, sua fama de adivinho, seu pôsto de Korikoê Ulukótum no terreiro dos eguns, na Amoreira.


Vestia-se dona Any tôda em negro, da cabeça aos pés, luto fechado pois apenas um mês decorrera desde a morte do espôso. Mas o pequeno véu sôbre os retintos cabelos quase azuis não lhe cobria o rosto e aquela  expressão de angústia suicida já não lhe marcava a face. Triste ainda, mas nem desesperada nem vazia.


Cercada pela leveza do ar nessa manhã transparente, tão formosa de luz e tão à medida do homem que era um privilégio vive-la, dona Any, levantando a vista do chão, voltou a olhar e a ver o espetáculo da rua e a côr do dia. Por entre cabeças se descobrindo ou se inclinando, a recolher gestos e palavras de confôrto e simpatia, em meio ao bulício da cidade, gente a passar, a conversar, a rir, dona Any caminhou com seu buquê de flôres destinadas à campa de Poncho. la em direção ao cemitério mas era na vida que de novo penetrava; ei-la de retorno, convalescente ainda.


Não a mesma dona Any de antes, com certeza; enterrara algumas emoções e certos sentimentos, o desejo, o amor, assuntos de cama e coração pois era viúva e respeitável.. Víva, porém, capaz de sentir a luz do sol e a doce aragem, capaz de riso e de alegria, conformada.



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Autor(a): Bela

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Parte III   DO TEMPO DO LUTO ALIVIADO, DA INTIMIDADE DA VIUVA EM SEU RECATO E EM SUA VIGILIA DE MULHER MOÇA E CARENTE; E DE COMO CHEGOU, HONRADA E MANSA, AO SEU SEGUNDO MATRIMONIO QUANDO O CARREGO DO DEFUNTO JÁ LHE PESAVA SOBRE OS OMBROS (com dona Dinorá na bola de cristal)


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 6



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  • bela Postado em 08/09/2009 - 11:57:21

    Postei em Dona Any e Seus Dois Maridos ....
    comentem por favor sim....
    bjinhoss

  • anacarolinaa Postado em 30/08/2009 - 20:53:01

    oii! será que você pode conferir minha mini web De Repente ?
    Ah! Adorei sua web!
    Obg!
    Bjooo

  • millarbd Postado em 26/08/2009 - 20:26:27

    ADOREIIIIIIIIIIIIII... POSTA MAIS...., PLIS....

  • marcos00 Postado em 26/08/2009 - 20:24:41

    2 leitorr

    kkk

  • bela Postado em 26/08/2009 - 19:54:13

    eba !!!! primera leitora... q bom q gostou ... espere q goste do resto...rsrsrs

  • millarbd Postado em 26/08/2009 - 17:00:25

    1 leitora... ja gostei.. posta logo!


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