Fanfics Brasil - 100 Peça-me o que quiser (AyA) Adaptada

Fanfic: Peça-me o que quiser (AyA) Adaptada | Tema: AyA (Hot)


Capítulo: 100

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Quando acordo, não sei que horas são. Olho o relógio. Cinco para as dez.
Salto da cama. Os alemães são muito madrugadores e não quero parecer um urso
dorminhoco. Tomo uma chuveirada rápida e, depois de pôr um vestido preto de lã e
minhas botas de cano alto, desço para a sala. Ninguém está lá, e vou para a cozinha.
Poncho está lendo sentado a uma mesa redonda. Ao me ver, fecha o jornal.
— Bom dia, dorminhoca — diz ele sem sorrir.
Simona, que está cozinhando, me olha e me cumprimenta. Sem dúvida, dei uma de
preguiçosa.
— Bom dia — respondo.
Poncho não mostra intenção de se levantar nem de me beijar. Isso mexe comigo, mas
reprimo meus instintos, enquanto fico remoendo minha tristeza por não receber meu
beijo de bom-dia.
Simona me oferece frios, queijo e mel. Mas como recuso e só peço café, tira do
forno um plum-cake feito por ela mesma e depois me empurra para que me sente à
mesa perto de Poncho.
— Dormiu bem? — pergunta ele.
Faço um gesto afirmativo e tento não lembrar meu sonho erótico. Se ele soubesse...
Dois minutos depois, Simona deixa um fumegante café com leite sobre a mesa e um
bom pedaço do bolo. Faminta, boto um pedaço na boca e, ao perceber o sabor de
manteiga e baunilha, exclamo:
— Mmm, está ótimo, Simona!
A mulher concorda, toda satisfeita, e sai da cozinha. Continuo meu café da manhã.
Poncho não fala, só me observa. Quando já não aguento mais, eu o olho e pergunto:
— O que foi? Por que está me olhando desse jeito?
Sem sorrir, ele se estica para trás na cadeira e responde:
— Ainda não acredito que você esteja sentada na cozinha da minha casa. — E antes
que eu possa dizer qualquer coisa, muda de assunto: — Quando terminar, iremos à
casa de minha mãe. Tenho de pegar o Miguel. Almoçaremos lá. Depois, tenho um
compromisso, uma partida de basquete.
— Você joga basquete? — pergunto, surpresa.
— Jogo.
— Pra valer?
— Sim.
— Com quem?
— Com uns amigos.
— E por que não tinha me dito que jogava basquete?
Poncho me olha, me olha, me olha e, finalmente, murmura:
— Ora, porque nunca me perguntou. Mas agora estamos na Alemanha, em meu
território, e pode ser que muitas coisas minhas te surpreendam.
Concordo como uma boba. Achava que o conhecia e de repente fico sabendo que
faz tiro olímpico, joga basquete e provavelmente vai me surpreender com mais coisas.
Continuo meu delicioso café da manhã. Ver de novo sua mãe e conhecer o menino são
coisas que me deixam nervosa, de modo que comento o que me inquieta:
— Quando me disse que aqui não são muito extrovertidos quer dizer também que
não vai haver beijos de bom-dia?
Noto que minha pergunta o pega de surpresa, mas responde enquanto abre de novo
o jornal:
— Sempre haverá os beijos que nós dois quisermos.
Essa é boa, acaba de me dizer que agora é ele que não quer. Meeeerrrrdddaaaa!
Está me fazendo provar do meu próprio veneno, e eu detesto isso.
Continuo comendo o plum-cake, mas alguma coisa deve ter mudado na minha cara,
porque Poncho diz:
— Alguma pergunta mais?
Nego com a cabeça, e ele volta ao jornal, mas com o canto do olho vejo que esboça
um sorrisinho. Safado!
Quando termino com todo o maravilhoso café da manhã, vamos até a entrada e,
depois de abrir um armário, pegamos nossos casacos. Poncho me olha.
— O que foi agora? — digo ao ver sua expressão.
— Você está pouco agasalhada. Aqui não é a Espanha.
Aliso meu simples casaco preto e explico:
— Calma, é mais quente do que parece.
Com o cenho franzido, ele levanta a gola do casaco e, depois de me pegar pela
mão, diz enquanto caminhamos para a garagem pelo interior da casa:
— Vai ser preciso te comprar alguma coisa, porque não quero te ver doente.
Suspiro e não respondo. Não vou ficar aqui tanto tempo que justifique fazer compras.
Embarcamos no Mitsubishi, e Poncho aciona um controle que abre a porta da garagem.
Enquanto isso, a calefação do carro aquece o ambiente em décimos de segundos. Que
bárbaro o Mitsubishi!
Poncho liga o rádio, e sorrio ao reconhecer a música de Maroon 5. Poncho dirige sério. Ou
melhor, está como sempre. E, sem necessidade de que eu pergunte, começa a explicar
por onde vamos passando.
Sua casa, conforme diz, está no distrito de Trudering, um lugar bonito onde, à luz do
dia, vejo que há mais casas como a dele. E que casas, cada uma mais impressionante
que a outra! Ao entrar numa estrada, diz que, um pouco mais ao sul, há plantações e
pequenos bosques. Isso me emociona. Para mim, é essencial ter a natureza perto,
como em Jerez.
Pelo caminho passamos pelo distrito de Riem, até chegar a um elegante bairro
chamado Bogenhausen. Aqui mora a mãe dele. Depois de percorrer ruas com casarões
de ambos os lados, paramos diante de uma grade escura, e fico tensa. Conheço Sonia
e sei que é um amor, mas é a mãe de Poncho, e isso me deixa nervosa.
Após estacionar na bela garagem, Poncho me olha e sorri. Começa a me conhecer,
sabe que quando estou muito calada é porque estou tensa. Quando vou soltar uma das
minhas besteiras para relaxar o ambiente, a porta da casa se abre, e Sonia aparece na
nossa frente.
— Que alegria! Que alegria ter vocês aqui! — diz, feliz.
Sorrio; não posso fazer outra coisa. E quando Sonia me dá um abraço e eu o
retribuo, ela sussurra em meu ouvido:
— Bem-vinda à Alemanha e à minha casa, querida. Vamos te amar muito aqui.
— Obrigada — murmuro como posso.
Poncho vai dar um beijo em sua mãe; depois, me pega firme pela mão e juntos
entramos na casa, onde o ambiente agradável rapidamente me aquece. No entanto, o
barulho é atroz. Toca uma música repetitiva.
— Miguel está na sala com um desses seus jogos infernais — nos explica Sonia. E,
olhando para seu filho, continua: — Está me deixando louca. Não sabe brincar sem
essa bendita musiquinha. — Poncho sorri. — Aliás, tua irmã Marta acaba de ligar. Disse
que a esperemos para o almoço. Quer ver Any.
— Ótimo — diz Poncho, enquanto estou a ponto de ficar louca com a música estridente
que vem da sala.
Durante uns minutos, Poncho e sua mãe falam sobre a babá de Miguel. Ambos estão
decepcionados com ela. Pensam em contratar alguém para que os ajude com o
menino. Fico surpresa que o barulho infernal de fundo não seja um problema para eles.
Mais ainda: dá a impressão de que estão acostumados. Logo que terminam de
conversar, uma jovem se aproxima de nós e diz alguma coisa a Sonia. Esta, se
desculpando, sai com ela. De repente, Poncho me dá a mão.
— Preparada pra conhecer Miguel?
Digo que sim com um gesto. Sempre gostei de crianças.
Vamos juntos para a sala. Poncho abre a enorme porta corrediça branca e os decibéis
da música sobem irremediavelmente. Será que Miguel é surdo? Observo o aposento. É
grande e espaçoso. Cheio de luz, fotografias e Puente. Mas o barulho é insuportável.
À frente vejo uma televisão de plasma enorme, onde uns guerreiros lutam sem
piedade. Reconheço o jogo, Mortal Kombat: Armageddon. É o jogo de que tanto gosta
meu amigo Nacho e que ficamos jogando por horas e horas. Vicia você rapidinho.
Na tela, os lutadores pulam e lutam, e observo que no belo sofá vinho na frente da
tevê se agita um gorro vermelho. Será de Miguel?
Poncho fecha a cara. A música não poderia estar mais alta. Ele solta a minha mão,
caminha até o sofá e, sem dizer nada, se agacha, pega um controle e baixa o volume.
— Tio Poncho! — grita uma vozinha.
De repente um garoto miúdo dá um pulo e abraça meu Iceman particular. Poncho sorri
e, enquanto o abraça também, fecha os olhos.
Santo Deus, que momento lindo!
Fico toda arrepiada ao notar o amor que meu alemão sente pelo sobrinho. Durante
uns segundos, observo os dois enquanto trocam confidências e o menino ri.
Antes de nos apresentar, Poncho dá toda a sua atenção ao menininho, enquanto ele,
emocionado com a presença do tio, conta alguma coisa sobre o jogo. Depois de uns
minutos em que Miguel ainda não se deu conta de que estou ali, Poncho o põe sobre o sofá e
diz:
— Miguel, quero te apresentar a senhorita Anahí.
Percebo como as costas do menino ficam tensas. Esse gesto de desconforto é tão
típico de meu Iceman que não estranho que o garoto faça o mesmo também. Mas, sem
demora, vou até o sofá e, embora ele não me olhe, eu o cumprimento em alemão.
— Oi, Miguel!
De repente, vira sua carinha, seus olhos escuros e puxados me encaram, e
responde, enquanto Poncho lhe tira o gorro para deixar sua cabecinha morena descoberta:
— Oi, senhorita Anahí!
Uau, que coisa!
Chinês?
Miguel é chinês?
Surpresa com os traços orientais da criança, quando eu esperava um típico menino
branco, de olhos verdes, tento me recompor do choque inicial e, com o melhor de meus
sorrisos, digo diante da expressão divertida de Poncho:
— Miguel, pode me chamar só de Any ou Anahí, combinado?
Seus olhos escuros me examinam em profundidade, depois ele concorda. O olhar
desconfiado é tão penetrante como o de seu tio, e isso me deixa arrepiada. Esses
dois, poxa! Mas antes que possa dizer qualquer coisa, entra na sala a mãe de Poncho,
Sonia:
— Deus do céu, que maravilha poder falar sem ser aos gritos. Vou acabar surda!
Miguel, meu querido, não pode jogar com o volume mais baixo?
— Não, Sonia — responde o menino sem parar de me olhar.
Sonia?
Que impessoal. Por que não a chama de vó ou vovó?
Por uns instantes, observo que a mulher fala com o menino, até que seu celular toca.
Ele se senta de novo no sofá, quando Sonia atende.
— Jogamos uma partida, tio? — pergunta.
Poncho olha sua mãe, mas esta sai apressada da sala. Por fim, se senta perto do
sobrinho. Antes que comecem a jogar, me meto:
— E eu, posso jogar?
— Meninas não sabem jogar isso — responde Miguel sem me olhar.
Fico com cara de tacho e, ao desviar o olhar para Poncho, intuo que dissimula um
sorriso.
O que foi que esse baixinho disse?
Se há uma coisa que odiei toda a minha vida é que os sexos condicionem o que
fazemos ou deixamos de fazer. Surpresa então, fico observando o pirralho, que
continua sem me olhar.
— E por que acha que as meninas não sabem jogar isso?
— Porque esse é um jogo de homens, não de mulheres — responde o garoto,
enquanto crava de novo seus olhos puxados e escuros em mim.
— Está muito enganado, Miguel — respondo com calma.
— Não, não estou enganado — insiste ele. — Vocês meninas são desajeitadas nas
brincadeiras de guerra. Vocês gostam mais de brinquedos de príncipes e modas.
— Fala sério mesmo?
— Sim.
— E se eu te mostrar que nós, meninas, também jogamos Mortal Kombat?
Pensa o que vai responder e por fim diz:
— Eu não jogo com meninas.
Com os olhos arregalados, olho Poncho em busca de ajuda e pergunto em espanhol:
— Mas que tipo de educação machista está dando a este baixinho resmungão? — E
antes que responda, continuo com um sorriso falso: — Olha, Poncho, se não fosse teu
sobrinho... Porque, se outro me diz isso, eu digo logo uns desaforos, por mais criança
que seja.
Poncho sorri como um bobo e responde, enquanto arrepia os cabelos do sobrinho:
— Não se assuste, pequena. Ele quer te impressionar. E aliás Miguel sabe falar
espanhol perfeitamente.
Fico de boca aberta, e antes que possa dizer algo, o menino se adianta:
— Não sou nenhum baixinho resmungão e se não jogo com você é porque quero
jogar só com meu tio.
— Miguel... — repreende Poncho.
Convencida de que o começo com o menino não foi dos melhores, sorrio e murmuro:
— Retiro o “baixinho resmungão”. Não se preocupe, não jogarei, se você não quiser.
Sem mais, deixa de me olhar e aperta o play. A música atroz soa de novo; Poncho me
pisca um olho e começa a jogar com ele.
Durante vinte minutos, observo como jogam. Ambos são muito bons, mas me dou
conta de que sei movimentos que eles desconhecem. E não estou disposta a revelar.
Cansada de olhar a tela e de estar de fora da brincadeira desses dois machõezinhos
em potencial, começo a andar pela sala enorme. Vou até a grande lareira e olho as
fotos que estão expostas.
Nelas se vê Poncho com duas garotas. Uma é Marta. A outra, suponho, é Hannah, a
mãe de Miguel. Eles sorriem, e me dou conta de como Poncho e Hannah se pareciam:
cabelos claros, olhos verdes e sorriso idêntico. Sem perceber, sorrio.
Há mais fotos. Sonia com seus filhos. Miguel nos braços de sua mãe: bebê, com um
macacãozinho que imita uma abóbora do dia das bruxas. Marta e Poncho abraçados. Me
surpreende uma foto de Poncho, muito mais jovem e com os cabelos longos. Uau, que
sexy meu Iceman!
— Oi, Anahí!
Ao ouvir meu nome, me viro e topo com o sorriso simpático de Marta. Com o barulho
do jogo não a ouvi chegar. Nos abraçamos, e ela diz, tomando-me pela mão:
— Vejo que esses dois guerreiros trocaram você pelo jogo.
Respondo na gozação:
— Segundo alguém, nós, meninas, não sabemos jogar.
Marta sorri, suspira:
— Meu sobrinho é um pequeno monstro em potencial. Com certeza foi ele que te
disse isso, não? — concordo, e ela suspira de novo. — Vamos à cozinha tomar alguma
coisa.
Sair da sala é, para mim, e especialmente para meus ouvidos, um alívio.
Quando chegamos à cozinha, vejo uma mulher cozinhando. Ela nos cumprimenta.
Marta apresenta-a a mim como Cristel e, quando esta volta aos seus afazeres,
pergunta:
— Que quer tomar?
— Coca-Cola.
Marta pega duas latinhas na geladeira. Depois me faz um movimento com a cabeça
para que a siga até uma bela sala de jantar ao lado da cozinha. Nos sentamos à mesa
e, pela porta de vidro, observo que Sonia, agasalhada, está fora da casa, falando ao
telefone. Ao nos ver, sorri, e Marta murmura:
— Mamãe e seus namorados.
Isso me surpreende. Sonia não é casada com o pai de Marta?
E quando quase não aguento mais de curiosidade, Marta toma um gole da Coca-
Cola e me explica:
— Meu pai e ela se divorciaram quando eu tinha 8 anos. E, mesmo que eu ame meu
pai, sei muito bem que é um homem muito chato. Mamãe é tão cheia de vitalidade que
precisa de outro tipo de vida, uma vida mais agitada. — Concordo como uma boba; e
ela, divertida, cochicha: — Olha pra ela, parece uma garota de 15 anos telefonando pro
namoradinho.
Presto atenção em Sonia e percebo o que Marta disse. Nesse momento, Sonia
desliga o celular e dá um saltinho de emoção. Depois, abre a porta e, ao entrar e ver
que estamos sozinhas, nos comunica enquanto tira o casaco:
— Garotas... acabam de me convidar para ir à Suíça. Disse que sim e vou amanhã.
Sua alegria me faz sorrir.
— Com quem, mamãe? — pergunta Marta.
Sonia se senta com a gente e, com ares confidenciais, murmura:
— Com o gostosão do Trevor Gerver.
— Trevor Gerver?! — gesticula Marta.
— Ele mesmo, filhinha! — confirma Sonia.
— Puxa, mamãe! Trevor é um gato.
Ajeitando os cabelos, Sonia nos explica:
— Olha, filha, já te falei, esse homem olha para as minhas pernas mais do que o
normal, lá no curso. Mais, no dia em que saltei com ele de paraquedas, notei que...
— Saltou de paraquedas? — pergunto espantada.
Mãe e filha me mandam ficar quieta com um gesto e, por fim, Marta me avisa:
— Nenhuma palavra disso com meu irmão, ok? Ou vai ser um deus nos acuda.
Admirada, concordo com a cabeça. Poncho não deve achar a menor graça nesse
esporte radical.
— Se meu filho sabe que nós duas fazemos esse curso, não haverá quem o aguente
— me informa Sonia. — É muito rigoroso com a segurança desde que aconteceu o
acidente fatal com minha querida Hannah.
— Eu sei, eu sei... Eu faço motocross. No dia em que me viu, quase...
— Faz motocross? — pergunta Marta, surpresa.
Digo que sim, e Marta aplaude.
— Puxa vida! — intervém Sonia. — Era isso que minha filha fazia com Jurgen, seu
primo. E meu filho não virou uma fera quando ficou sabendo?
— Sim — respondo, sorrindo —, mas já ficou claro que o motocross é parte de
minha vida e ele não pode fazer nada.
Marta e sua mãe sorriem.
— Ainda tenho a moto de Hannah na garagem — comenta Sonia. — Quando quiser
pode levar. Pelo menos você a usa.
— Mamãe! — protesta Marta. — Quer provocar Poncho?
Sonia suspira e, olhando para sua filha, responde:
— Poncho se chateia só de olharem pra ele, querida.
— Isso é verdade, mãe — zomba Marta.
— Embora se empenhe em nos fazer viver numa redoma de vidro, para que nada
nos aconteça — prossegue Sonia —, tem de entender que a vida está aí pra ser vivida
e que não é por andar de moto ou saltar de paraquedas que vai te acontecer algo
horrível. Se Hannah estivesse viva, diria a mesma coisa. Portanto, querida — insiste,
me olhando —, se você quiser a moto, já é sua.
— Obrigada. Vou pensar no caso — sorrio, encantada.
Por fim, nós três rimos. Está claro que Poncho nunca ficará tranquilo com a gente por
perto.
Entre risadas e confidências, fico sabendo que o tal Trevor é o dono da escola de
paraquedismo que fica nos arredores de Munique. Isso desperta bastante minha
atenção. Eu adoraria fazer um curso de queda livre. Mas em seguida, enquanto as
ouço falando sobre aquela viagem à Suíça, me dou conta de que em dois dias é o Ano-
Novo! E, incapaz de ficar quieta, pergunto:
— Vai voltar pro réveillon?
Ambas me olham, e Sonia responde:
— Por Deus, não. Vou passar com Trevor na Suíça.
— Poncho e Miguel vão passar sozinhos? — pergunto, espantada.
As duas confirmam.
— Sim — esclarece Marta. — Eu já tenho planos e mamãe também.
Devo estar com cara de tacho, porque Sonia se vê obrigada a dizer:
— Desde que minha filha Hannah morreu, essa noite deixou de ser especial para
nós, principalmente pra mim. Poncho entende e é ele quem fica com Miguel. — E mudando
rapidamente de assunto, cochicha: — Marta, Marta, o que levo pra Suíça?!
Durante um instante, continuo ouvindo-as, enquanto penso que meu pai nunca na
vida, nem nos mais remotos sonhos, deixaria minha irmã ou eu com minha sobrinha,
sozinhas numa noite tão especial. Marta, de repente, diz algo engraçado que me faz
sorrir, e nossa conversa se interrompe, quando Poncho aparece com o menino pela mão.
Ele, que não é bobo, olha para nós três. É evidente que falávamos alguma coisa que
não queremos que saiba. Marta, para disfarçar, se levanta para cumprimentá-lo justo
no momento em que Sonia me olha e murmura:
— Nem uma palavra sobre o que se falou aqui a meu emburrado filho. Guarde
segredo, ok, querida?
Respondo com um sinal afirmativo quase imperceptível, enquanto observo que Poncho
sorri por causa de algo que Miguel acabou de dizer.
Vinte minutos depois, nós cinco, reunidos em volta da mesa da sala de jantar,
saboreamos um maravilhoso almoço alemão. Está tudo ótimo.
Às três e meia, estamos todos sentados na sala, batendo papo. Então noto que Poncho
olha o relógio, vem se agachar ao meu lado e me diz, me olhando atento:
— Querida, em uma hora tenho de estar no estádio de Oberföhring. Não sei se você
gosta de basquete, mas gostaria que viesse comigo e assistisse à partida.
Sua voz, sua proximidade e a forma de dizer “querida” fazem as mil borboletas que
vivem dentro de mim levantar voo. Desejo beijá-lo. Desejo que me beije. Mas não é o
melhor lugar para extravasar nossa paixão tão contida. Poncho, sem necessidade de que
eu fale, sabe o que penso. Intui. Por fim, concordo com entusiasmo, e ele sorri.
— Eu também quero ir — diz Miguel.
Poncho deixa de me olhar. Nosso momento se rompeu. Poncho presta atenção à criança.
— Claro. Bote o casaco.



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Autor(a): Anna Albuquerque

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 228



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  • hortensia Postado em 19/04/2020 - 08:10:58

    Fanfic simplesmente maravilhosa, sou louca por essa história, simplesmente perfeita.. ❤️❤️

  • julia_loveponny_aya Postado em 20/04/2016 - 01:20:38

    Pena q acabou;(

  • julia_loveponny_aya Postado em 20/04/2016 - 01:20:23

    Amooooo<3 perfeita dmais!!!!

  • julia_loveponny_aya Postado em 01/04/2016 - 10:26:49

    Ainnnn<33333

  • ponnyyvida Postado em 01/04/2016 - 00:55:56

    Como assim penúltimo ????!!!!! Aí Meu Deus !!!! Não quero q acabe !!!!

  • julia_loveponny_aya Postado em 29/03/2016 - 19:07:08

    A ponte dos cadeados, o nascimento do baby,..*-*<333 e a mel é um amrrr!! Continuuuuuuaaaaaaaa

  • Postado em 29/03/2016 - 02:47:50

    Meuuuuuu Deuuuuuuus que coisa liiiinda. Enlouquecendo aqui...&#128588;&#10084;&#10084;&#128525; Posta mais pleace pleace..

  • ponnydelirio Postado em 17/03/2016 - 01:46:23

    Coooontiiiiinuuuuuaa Logooo plmds &#9825;

  • julia_loveponny_aya Postado em 01/03/2016 - 01:36:31

    Tadinha ela tá pirando kkkkkk o poncho chamando ela de poodle tbm OAJSAKKAKA morta!!! Continuuuaaaaa

  • ponnydelirio Postado em 21/02/2016 - 02:24:22

    Cooooontiinuuaa logo <3


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