Fanfic: Peça-me o que quiser (AyA) Adaptada | Tema: AyA (Hot)
Acordo às nove. Bem, o despertador me acorda. Botei o despertador porque sou do
tipo que dorme até o meio-dia, se ninguém me chama. Como sempre, estou sozinha na
cama, mas sorrio ao lembrar que é a manhã do feriado de Reis.
Que bela manhã!
Vestida com o pijama e um roupão, pego meus presentes, que estão guardados no
armário, e desço a escada pronta para distribuí-los.
Vivam os Reis Magos!
Passo pela cozinha e convido Simona e Norbert para ficarem conosco. Tenho
presentes para eles também. Quando entro na sala de jantar, Poncho e Miguel jogam Wii. O
menino, quando me vê, fecha a cara. Eu, feliz como uma criança, paro a música com o
controle de Poncho, olho para eles e anuncio feliz:
— Os Reis Magos deixaram presentes pra vocês.
Poncho sorri e Miguel diz:
— Espere que a gente acabe a partida.
Puta que pariu!
A falta de alegria desse menino me leva a nocaute. Puxa, igualzinho à minha Luz, que
com certeza está gritando e pulando de felicidade ao ver os presentes embaixo da
árvore! Mas decidida a não dar bola para ele, levanto Poncho da poltrona quando Norbert
e Simona entram.
— Vamos, vamos nos sentar perto da árvore. Tenho que dar os presentes de vocês.
Miguel protesta de novo, mas desta vez Poncho o repreende. O menino se cala e vem
sentar com a gente perto da árvore. Então Poncho tira quatro envelopes do bolso de sua
calça e dá um para cada um de nós.
— Feliz Natal!
Simona e Norbert agradecem e guardam os envelopes no bolso sem abrir. Eu não
sei o que fazer com o meu e observo Miguel abrir o dele.
— Dois mil euros! Obrigado, tio!
Incrédula, alucinada, estupefata e boquiaberta, olho Poncho e pergunto:
— Está dando um cheque de dois mil euros a uma criança no Dia de Reis?
Poncho balança a cabeça concordando.
— Esse negócio de presentes é uma besteira — diz o menino. — Eu já sei quem são
os Reis Magos.
Essa explicação não me convence e, olhando meu Iceman, protesto.
— Pelo amor de Deus, Poncho! Como pode fazer isso?
— Sou prático, meu amor.
Neste instante, Simona entrega a Miguel uma pequena caixa. O menino a abre e grita
com entusiasmo ao encontrar um novo jogo do Wii. Fico animada com sua felicidade,
embora seja por outro joguinho que o manterá preso à televisão. Dou a Simona e a
Norbert meus presentes. São uma jaqueta de lã para ela e um par de luvas e cachecol
para ele. Ambos me olham com alegria e não param de me agradecer, enquanto se
desculpam por não terem nenhum presente para mim. Coitados, como ficam
constrangidos!
Continuo tirando pacotes da minha enorme sacola. Entrego um a Poncho e vários a Miguel.
Poncho rapidamente abre o seu e sorri ao ver o cachecol azul e a camisa Armani. Adorou!
Miguel nos observa com seus pacotes na mão. Decidida a assinar o tratado de paz com o
menino, olho para ele com carinho.
— Vamos, querido. Abra tudo. Espero que goste.
Durante uns instantes, o menino contempla os pacotes e a caixa que deixei diante
dele. Se fixa na caixa enorme embrulhada com papel vermelho. Olha para mim e para a
caixa alternadamente, mas não a toca.
— Garanto que não morde — digo afinal em tom cômico.
Receoso como sempre, Miguel pega a caixa. Simona e Norbert incentivam-no a abrir
logo. Por uns segundos, ele fica olhando como se não soubesse o que fazer com ela.
— Rasgue o papel. Vamos, puxe — digo.
Em seguida começa a desembrulhar o presente. Poncho e eu sorrimos. Quando, por
fim, tira o papel bonito, dá com a caixa fechada.
— Vamos, abra!
Ele obedece. Quando vê o que há na embalagem, exclama:
— Nossa!
Sim, sim, sim, ele gostou!
Eu sei. Dá para perceber.
Sorrio triunfal e olho Poncho. Mas a expressão dele mudou. Já não sorri. Simona e
Norbert também não. Todos olham o skate verde com seriedade.
— O que foi? — pergunto.
Poncho tira o skate das mãos do garoto e o mete na caixa.
— Devolva isso, Any.
Então lembro o que Marta me disse. Problemas! Mas me recuso a tentar entender o
que há de errado e respondo:
— Devolver? Por quê?
Ninguém responde. Pego de novo o skate verde da caixa e o mostro a Miguel.
— Não gosta?
O menino, pela primeira vez desde que o conheço, me olha ansioso. O presente o
impressionou. Sei que ele gostou. Seus olhos me dizem, mas, claro, Miguel não quer
admitir isso por causa da expressão séria de Poncho. Decidida a brigar pela causa, deixo
o skate de lado e peço que Miguel abra os outros presentes. Em seguida, surgem o
capacete, as joelheiras e as cotoveleiras. Então pego de novo o skate e me dirijo a
meu Iceman:
— Qual o problema com o skate?
Poncho, sem olhar para o que tenho nas mãos, diz:
— É perigoso. Miguel não sabe usar. Em vez de se divertir com ele, vai é se machucar.
Norbert e Simona concordam com a cabeça, mas não vou dar o braço a torcer:
— Comprei todos os acessórios para que Miguel tenha o mínimo de problema até que
aprenda. Não se preocupe, Poncho. Vai ver que em quatro dias ele será um craque.
— Any — diz com voz muito tensa —, Miguel não vai andar nessa coisa.
Incrédula, respondo:
— Tenha dó, vamos, é apenas um brinquedo. Eu posso ensinar Miguel.
— Não.
— Ensinei Luz a andar. Precisa ver como ela anda.
— Já disse que não.
— Meu amor, escuta, não é difícil aprender. Basta pegar o jeito e manter o
equilíbrio. Miguel é um menino esperto, tenho certeza de que aprenderá rapidamente.
Poncho se levanta, pega o skate de minhas mãos e explica, alto e claro:
— Quero isto longe de Miguel, entendido?
Santo Deus, tenho vontade de matá-lo, quando fica assim! Me levanto, pego de volta
o skate e resmungo:
— É o meu presente para Miguel. Não acha que deveria ser ele quem diz se quer ou
não?
O menino só nos observa. Mas, finalmente, diz:
— Não quero. É perigoso.
Simona, com o olhar, pede que me cale. Que pare de insistir. Mas me recuso!
— Olha, Miguel...
— Any — intervém Poncho, pegando de novo o skate —, ele acaba de dizer que não
quer. O que mais você precisa ouvir?
Irritada, arranco a droga do skate das mãos dele.
— O que ouvi é o que você queria que ele dissesse. Deixe que ele responda.
— Não quero — insiste o menino.
Me aproximo dele com o skate e me agacho.
— Miguel, se você quiser, eu posso te ensinar. Prometo que você não vai se
machucar, porque não vou deixar e...
— Chega! Já disse que não e é não — grita Poncho. — Simona, Norbert, levem Miguel
daqui. Tenho que falar com Anahí.
Quando os outros saem da sala, Poncho sussurra:
— Escuta, Any, se não quer que discutamos diante do menino ou dos empregados,
fique calada. Já disse que não ao skate. Por que insiste?
— Porque é uma criança, merda! Não viu os olhos dele quando abriu o pacote? Ele
adorou. Você não reparou?
— Não.
Louca para xingá-lo de tudo, protesto:
— Ele não pode ficar o dia todo jogando Wii e Play ou sei lá o quê. Que tipo de
criança você está educando? Não vê que Miguel vai acabar um menino retraído e
medroso?
— Prefiro que seja assim a acontecer alguma coisa.
— Claro, alguma coisa vai acontecer com ele com a educação que você está dando.
Não pensou que chegará o momento em que ele vai querer sair com os amigos ou com
uma garota, e não saberá fazer nada, fora jogar Wii e obedecer o tio? Vocês dois,
hein? Tal tio, tal sobrinho.
Poncho me olha, me olha e me olha, antes de responder:
— Você morar comigo e Miguel nesta casa é a melhor coisa que me aconteceu em
anos, mas não vou pôr o garoto em perigo porque você acha que ele deve ser
diferente. Aceitei que você armasse essa árvore pavorosa na sala, obriguei o menino a
escrever os desejos absurdos como enfeites, mas não vou ceder no que se refere à
educação dele. Você é minha namorada, se ofereceu pra cuidar do meu sobrinho
quando eu não estiver, mas Miguel é minha responsabilidade, não sua. Não se esqueça
disso.
Essas palavras duras numa manhã tão bonita como é a do Dia de Reis me apertam
o coração. Quanta babaquice! Sua casa. Seu sobrinho. Mas estou determinada a não
chorar como uma imbecil. Recorro ao meu mau gênio e digo, enquanto junto todos os
presentes do menino e os guardo na sacola:
— Muito bem. Farei um cheque pro seu sobrinho. Com certeza ele vai gostar mais.
Sei que minhas palavras e em especial meu tom de voz incomodam Poncho, mas estou
disposta a incomodá-lo muito, muito mesmo.
— Disse que o quarto vazio deste andar era pra mim, não?
Poncho concorda, e eu saio. Abro a porta da sala e me deparo com Simona, Norbert e
Miguel. Olho a criança e, com os presentes dele ainda em minhas mãos, digo:
— Já pode voltar. O que seu tio e eu tínhamos pra falar já falamos.
Apressada, me encaminho para o quarto e deixo cair no assoalho o skate e todos os
acessórios. Com a mesma determinação, volto para a sala. Simona e Norbert
desapareceram. Poncho e Miguel me olham. Meio sem jeito, digo ao menino, que me
observa:
— Depois te dou um cheque. Agora, não espere que seja uma quantia tão alta como
o do teu tio, pois, em primeiro lugar, não estou de acordo com dar tanto dinheiro a uma
criança, e em segundo, eu não sou rica.
O menino não responde. O clima na sala de jantar está péssimo, e não serei eu a
mudar. Por isso, pego o envelope que Poncho deu e o abro. Ao ver um cheque em branco,
eu o devolvo.
— Obrigada, mas não. Não preciso de dinheiro. Além do mais, me dou por bem
presenteada com todas as coisas que você me comprou outro dia.
Ele não responde. Me olha. Ambos me olham, e, como um furacão arrasador,
aponto a árvore, disposta a encerrar o “momento Natal”.
— Vamos, garotos, continuemos esta bela manhã. Que tal lermos os desejos em
nossa árvore? Talvez algum tenha se realizado.
Sei que os estou levando ao limite. Sei que faço mal, mas não me importo. Poncho e
Miguel me tiraram do sério em poucos dias.
De repente, o menino grita:
— Não quero ler esses desejos idiotas!
— E por que não?
— Porque não — insiste.
Poncho me olha. Compreende que estou muito chateada e se desconcerta por não
saber como me parar. Mas estou enlouquecida de raiva por estar aqui com esses dois
babacas e tão longe da minha família.
— Vamos, quem é o primeiro a ler um desejo?
Ninguém fala nada. Então, comicamente, pego um papel.
— Muito bem, eu serei a primeira e lerei um de Miguel!
Tiro a fita verde e, quando estou desdobrando o papel, o menino se lança sobre mim
e o pega. Olho surpresa para ele.
— Odeio Natal, odeio esta árvore e odeio esses desejos! — exclama. — Você
chateou meu tio e por sua culpa o dia de hoje está sendo horrível.
Olho Poncho em busca de ajuda, mas nada, ele nem se mexe.
Quero gritar, desencadear a terceira guerra mundial na sala, mas por fim faço a
única coisa que posso: agarro a droga da árvore de Natal e a arrasto para enfiá-la no
quarto onde já tinha acabado de deixar o skate.
— Tudo bem, senhorita Anahí? — pergunta Simona, toda atrapalhada.
Pobre mulher! Que péssimo momento está passando!
— Calma — continua antes que eu possa responder, e me segura as mãos. — O
senhor, às vezes, é meio rígido com as coisas do menino. Mas age assim pelo bem
dele. Não se chateie, senhorita.
Dou um beijo no seu rosto. Coitada! Enquanto subo a escada, digo:
— Não se preocupe, Simona. Está tudo bem. Vou dar uma espairecida, ou isto vai
terminar pior que a Loucura esmeralda.
Sorrimos. Quando chego a meu quarto e fecho a porta, meu pescoço coça. Droga, a
alergia! Me olho no espelho. Meu pescoço está todo empipocado. Merda!
Com vontade de dar o fora agora mesmo, seja como for, tiro o pijama. Me visto,
coloco o casacão e tudo e volto à sala, onde os dois estão jogando Wii. Que legal!
Com grandes passadas, me aproximo e tiro o cabo do Wii, desconectando-o. A música
para. Ambos me olham.
— Vou dar uma volta. Preciso dar uma volta! — Quando Poncho vai responder, digo
com o dedo na cara dele: — Nem pense em me proibir. Pro seu próprio bem, nem
pense nisso!
Saio da casa. Ninguém me segue.
A pobre Simona tenta me convencer a ficar, mas, sorrindo, explico que estou bem,
que não se preocupe. Quando chego à grade e saio pelo pequeno portão lateral, Susto
vem me fazer festinha. Caminho um pouco com ele a meu lado. Conto meus problemas,
minhas frustrações, e o pobre animal me olha com seus olhos grandões como se
entendesse algo.
Depois de um longo passeio, quando volto à frente da grade da casa, não tenho
vontade de entrar e ligo para Marta. Ela vem em vinte minutos. Quase já não sinto mais
meus pés quando entro no seu carro. Me despeço de Susto — preciso falar com
alguém que me responda, ou vou ficar doida.
Autor(a): Anna Albuquerque
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 228
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hortensia Postado em 19/04/2020 - 08:10:58
Fanfic simplesmente maravilhosa, sou louca por essa história, simplesmente perfeita.. ❤️❤️
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julia_loveponny_aya Postado em 20/04/2016 - 01:20:38
Pena q acabou;(
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julia_loveponny_aya Postado em 20/04/2016 - 01:20:23
Amooooo<3 perfeita dmais!!!!
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julia_loveponny_aya Postado em 01/04/2016 - 10:26:49
Ainnnn<33333
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ponnyyvida Postado em 01/04/2016 - 00:55:56
Como assim penúltimo ????!!!!! Aí Meu Deus !!!! Não quero q acabe !!!!
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julia_loveponny_aya Postado em 29/03/2016 - 19:07:08
A ponte dos cadeados, o nascimento do baby,..*-*<333 e a mel é um amrrr!! Continuuuuuuaaaaaaaa
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Postado em 29/03/2016 - 02:47:50
Meuuuuuu Deuuuuuuus que coisa liiiinda. Enlouquecendo aqui...🙌❤❤😍 Posta mais pleace pleace..
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ponnydelirio Postado em 17/03/2016 - 01:46:23
Coooontiiiiinuuuuuaa Logooo plmds ♡
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julia_loveponny_aya Postado em 01/03/2016 - 01:36:31
Tadinha ela tá pirando kkkkkk o poncho chamando ela de poodle tbm OAJSAKKAKA morta!!! Continuuuaaaaa
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ponnydelirio Postado em 21/02/2016 - 02:24:22
Cooooontiinuuaa logo <3