Fanfics Brasil - 119 Peça-me o que quiser (AyA) Adaptada

Fanfic: Peça-me o que quiser (AyA) Adaptada | Tema: AyA (Hot)


Capítulo: 119

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Marta me deixa na casa de Poncho. Simona avisa que Miguel está fazendo os deveres no
quarto de brinquedos e que ela vai ao supermercado com Norbert. Gravou o capítulo
d e Loucura esmeralda e mais tarde vamos assistir. Subo para o quarto e troco de
roupa. Visto uma camiseta e uma calça de algodão cinza de ficar em casa e decido ir
ver como está o menino.
Quando abro a porta, ele olha na minha direção. Está sempre emburrado. Vou até
ele e mexo no seu cabelo.
— Como foi hoje na escola?
O garoto move a cabeça para se desvencilhar de mim e responde:
— Bem.
Reparo que seu lábio está melhor que ontem. Balanço a cabeça de um lado para
outro, num gesto de desaprovação. Isso não pode continuar assim. Agachando-me
para ficar da sua altura, murmuro:
— Miguel, você não pode deixar que os meninos continuem fazendo o que fazem
contigo. Tem que se defender.
— É, mas quando eu me defendo meu tio fica bravo comigo — responde ele,
furioso.
Me lembro do que Poncho me contou e faço que sim com a cabeça.
— Olha, Miguel, entendo o que você diz. Não sei bem o que aconteceu ontem para
aquele menino precisar levar pontos.
Miguel não me olha, mas pela tensão do seu corpo dá para perceber que o que digo o
incomoda.
— Escuta, você não pode permitir que...
— Cala a boca! — grita enfurecido. — Você não sabe de nada!
— Ok. Vou ficar quieta. Mas quero que você saiba que sei o que está acontecendo.
Eu vi. Vi como esses seus supostos amiguinhos te empurram e debocham de você
quando Norbert vai embora.
— Não são meus amigos.
— Isso você nem precisa me dizer — digo, brincando. — Já percebi. O que não
entendo é por que você não conta tudo isso pro seu tio.
Miguel se levanta. Me empurra para que eu saia do quarto e me expulsa. Quando
fecha a porta na minha cara, minha vontade é abri-la e lhe dar uma bela de uma
bronca, mas penso melhor e acabo desistindo. Já o avisei de que estou a par de tudo.
Agora é só esperar que ele me peça ajuda.
Meu celular toca. É Poncho. Falo com ele por mais de uma hora. Ele pergunta do meu
dia, e eu do dele, e depois trocamos palavras carinhosas e calientes. Eu o amo e estou
morrendo de saudades. Antes de desligar, ele diz que vai me ligar de novo quando
chegar ao hotel. Eba!
Depois, entediada e sem saber o que fazer, entro no quarto que Poncho diz que é meu
e tiro meus CDs de música. Ao ver o de Malú, aquele que me traz ótimas lembranças,
decido colocá-lo no meu sonzinho.
Sé que faltaron razones... sé que sobraron motivos.
Contigo porque me matas... y ahora sin ti ya no vivo.
Tú dices blanco... yo digo negro.
Tú dices voy... yo digo vengo.
Cantarolando essa música tão importante para mim e para meu amor, continuo
tirando as coisas das caixas. Olho com carinho para meus livros e começo a arrumá-los
nas prateleiras que comprei.
De repente, a porta do quarto se abre devagarzinho e Miguel diz, muito irritado:
— Desliga essa música. Está me incomodando.
Olho para ele surpresa.
— Está te incomodando, é?
— É.
Solto o ar bufando. Impossível a música estar incomodando. Não está tão alta a
esse ponto, mas tento ser boazinha, me levanto e abaixo um pouco o volume. Volto
para perto das prateleiras e pego os livros que deixei no chão. Vejo de relance que o
garoto vai até o aparelho de som, desliga com um solo e sai.
Filho da mãe! Está procurando encrenca e vai encontrar.
Deixo os livros em cima de uma mesa, me aproximo do som e ligo a música de novo.
O menino, que está passando pela porta nesse instante, para, olha para mim como se
quisesse me matar e grita:
— Por que não vai pra sua casa?
— Quê?!
— Vai, e para de encher o saco.
Me seguro para não responder. Melhor me segurar porque, se eu me deixar levar
pelo meu temperamento, esse moleque resmungão vai saber direitinho como uma
mulher espanhola se comporta quando se irrita. De cara amarrada, anda até o aparelho
de som novamente. Desliga. Tira o disco e, sem dizer nada, abre a porta envidraçada e
joga o CD no lado de fora.
Ai, Deus, meu CD de Malú!
Vou matá-lo, matá-lo, matáááááá-lo!
Sem pensar duas vezes, saio para buscar o disco. Eu o pego da neve como se
fosse um bebê, limpo-o com minha camiseta enquanto vou xingando todos os
antepassados desse pestinha. Quando me viro, ouço o clique da porta sendo trancada.
Fecho os olhos e murmuro:
— Por favor, meu Deus, dai-me paciência!
Está frio, muito frio, e bato na porta do lado de fora.
— Miguel, abre agora, por favor!
O pequeno demônio me olha. Sorri com maldade, vira-se e, depois de jogar no chão
vários livros que coloquei na estante e pisotear uma porção de CDs, sai do quarto.
Tento abrir a porta, mas está trancada por dentro.
— Merda!
Com vontade de estrangulá-lo, caminho até a outra porta envidraçada, e meu tênis
fica encharcado e atolado na neve. Meu Deus, que frio! Chego bem em frente ao
quarto onde ele faz os deveres e o vejo entrando ali. Bato no vidro e digo:
— Miguel, por favor, abre a porta!
Nem me olha. Me ignora totalmente!
Estou tremendo. Faz um frio terrível e insisto que ele abra a porta. Mas nada. Não
fica com pena de mim. Dez minutos depois, quando estou batendo os dentes, meu
cabelo molhado já está congelado e sinto gotículas de gelo debaixo do nariz, grito
enfurecida ao mesmo tempo que esmurro a porta.
— Puta que pariu, Miguel! Abre essa maldita porta!
A criatura me olha finalmente. Acho que vai sentir pena de mim. Levanta, caminha
até a porta e fecha as cortinas. Perplexa, continuo esmurrando a porta enquanto solto
um milhão de palavrões em espanhol.
Está nevando. Estou na rua usando apenas umas míseras roupas de algodão e um
par de tênis. Estou morrendo de frio. Esfrego as mãos e penso no que fazer. Corro até
a porta da cozinha. Fechada. Lembro que Simona não está. Tento entrar pela porta da
sala. Fechada. A porta da rua. Fechada. A porta do escritório de Poncho. Fechada. A
janela do banheiro. Fechada.
Estou congelando e meu cabelo molhado me faz espirrar. Vou acabar pegando uma
pneumonia. Volto aonde sei que Miguel está atrás das cortinas. Que vontade de matá-lo!
Olho para cima. A varanda de um dos quartos. Sem pensar no perigo, subo num banco
de pedra para tentar chegar à varanda, mas estou tão congelada e o banco está tão
escorregadio, que acabo caindo no chão. Levanto e insisto. Sento num muro
congelado, me estico outra vez e, antes de alcançar a varanda, meu tênis escorrega e
acabo me esborrachando no chão, mas antes bato no muro. O golpe foi forte e meu
queixo dói horrores.
Deitada na neve, resmungo e, quando me levanto com a cara cheia de gelo, solto um
berro:
— Abre essa maldita porta! Estou congelando.
Miguel abre as cortinas e sua expressão já está diferente. Diz alguma coisa que não
consigo ouvir. Quando enfim abre a porta, grita:
— Você está sangrando!
— Onde?
Mas já não preciso que ele diga. Ao olhar para o chão, vejo a neve tingida de
vermelho aos meus pés. Minha blusa cinza está vermelha também e, quando toco no
queixo, sinto a ferida e minhas mãos se enchem de sangue. Miguel me olha apavorado.
Não sabe o que fazer. Enquanto vou entrando em seu quarto, digo:
— Me dá uma toalha ou algo assim, corre!
Sai disparado e volta com uma toalha, mas o chão já está manchado de sangue.
Ponho a toalha no queixo e tento me acalmar. Sinto na boca o sabor metálico do
sangue. Mordi meu lábio também. Estou sozinha com Miguel. Simona e Norbert não
estão, e preciso ir urgentemente a um hospital. Sem hesitar, me viro para Miguel, que
está desconcertado, e pergunto:
— Sabe onde fica o hospital mais próximo?
O menino faz que sim com a cabeça.
— Vamos, coloca o casaco e o gorro.
Corremos até a porta e pegamos nossos casacos. Gotas de sangue caem no chão
e não tenho tempo de limpá-las. Quando vou vestir meu casaco, retiro a toalha do
queixo e o sangue jorra dali. Me assusto. Miguel também. Coloco a toalha novamente e,
encharcada de água e sangue, pergunto:
— Me ajuda a vestir o casaco?
Ele obedece imediatamente. Protegidos do frio, entramos na garagem. Pego o
Mitsubishi e Miguel segura a toalha no meu queixo para eu poder dirigir. Ele vai me
indicando por onde devo ir. Minhas mãos e joelhos tremem, mas tento manter a calma
enquanto estou ao volante.
O hospital não fica longe. Quando chegamos e os funcionários veem meu estado,
sou logo atendida. Miguel não sai do meu lado. Diz a alguns médicos que é sobrinho de
Marta Grujer e pede que por favor telefonem para ela vir ao hospital. Fico surpresa
com a capacidade que esse pirralho tem para dar ordens, mas estou com tanta dor
que para mim isso não faz diferença. Se ele quiser, pode chamar até o Mickey Mouse,
que não estou nem aí.
Somos levados a outra sala. Quando o médico vê minha ferida, diz que a do lábio vai
cicatrizar logo, mas no queixo vou ter que levar cinco pontos. Fico assustada. Estou
quase chorando. Tenho horror a pontos. Quando eu era pequena, levei cinco no joelho
e fiquei traumatizada. Olho para Miguel. Está branco como a neve. Tomou um susto
horrível. E me dou conta de que não choro por vergonha dele, mas, assim que me dão
anestesia no queixo, uma lágrima escorre dos meus olhos. Miguel repara.
De repente se levanta do banco, pega minha mão e aperta. O médico o obriga a
sentar de novo, mas o garoto se nega. Por fim, eu ouço o médico dizer a Miguel:
— Você é igualzinho ao seu tio.
Isso me deixa espantada. Ou não?
— Seu nome é...?
— Anahí Puente.
— Espanhola?
Ai, meu Deus, só espero que ele não venha com aquele papo de “olé, paella, touro e
castanholas”. Não quero ouvir isso. Mas, assim que confirmo, o homem diz:
— Olé, touro!
Me seguro para não partir pra cima dele. Malditos gringos. Minha cabeça, minha
boca e meu queixo estão doendo, e o idiota só fica dizendo “Olé, touro!”.
— É a namorada do meu tio Poncho.
Arregalo os olhos. Me surpreende que o garoto admita isso.
— Bom, Anahí, vou dar os pontos no seu queixo — avisa o médico. — Não se
preocupe com as cicatrizes. Vão diminuir com o tempo e ninguém vai nem reparar. Mas
talvez nos próximos dias sua cara fique meio roxa. Você levou uma pancada feia e já
está com hematomas.
— Ok.
Instintivamente, aperto a mãozinha de Miguel. Sua energia me acalma. Quando o
médico termina de botar um enorme curativo no meu queixo, aplica um creme no meu
lábio e diz que tenho que voltar em uma semana. Faço que sim com a cabeça. Em
seguida pergunto como devo pagar a consulta, e ele diz que depois acertará com
Marta.
Como não estou com muita vontade de falar e meu rosto está doendo, aceito sem
me opor. O médico me entrega um relatório e, quando saio, vejo a cara angustiada de
Marta.
— Meu Deus, o que houve contigo, Anahí? — pergunta horrorizada ao ver minha
aparência.
Sem querer dar muitas explicações, olho para Miguel, que não soltou minha mão ainda,
e murmuro:
— Eu estava correndo na neve e acabei escorregando. Dei o azar de cair de queixo
no chão.
— Deixa seu carro aqui — diz Marta, solícita. — Norbert vem buscar depois. Vamos,
vou levar vocês no meu.
Preciso fechar os olhos e esquecer a dor que estou sentindo. No caminho começa a
chover e, quando chegamos em casa, cai um dilúvio. Simona e Norbert nos esperam
em pânico. Ao voltarem do supermercado e toparem com sangue no chão, imaginaram
mil coisas. Eu os acalmo, e eles ficam mais tranquilos ao verem o menino e a mim,
apesar de ainda me olharem meio assustados. Miguel não sai de perto de mim. Parece
que grudaram uma cola nele. Gosto disso, mas ao mesmo tempo estou irritada. Tudo o
que aconteceu foi culpa dele.
Minha cabeça está me matando. Dói à beça e resolvo ir para a cama. Tomo o
remédio que o médico passou, tiro a roupa manchada de sangue e me deito. Marta
avisa que dormirá no quarto de hóspedes, para o caso de eu precisar de alguma coisa.
No meio da madrugada, acordo com barulho de trovão. Cheia de dor, me viro na cama
e encosto no lado de Poncho. Estou com saudades dele. Quero que volte logo. Fecho os
olhos novamente, relaxo, até que ouço mais uma trovoada. Abro os olhos. Miguel!
Me levanto e ando até seu quarto. Minha cabeça está explodindo. Assim que entro,
vejo que o abajur está aceso e que ele está acordado, sentado na cama, tremendo e
muito assustado. Me aproximo dele e pergunto:
— Posso dormir contigo?
O garoto me olha surpreso. Devo estar parecendo uma bruxa com esse cabelo todo
desgrenhado.
— Miguel — insisto —, tenho medo de trovão.
Ele balança a cabeça concordando e eu me enfio na cama. Põe o travesseiro no
meio de nós dois. Marcando distância, como sempre. Sorrio. Quando consigo fazê-lo
deitar, sussurro:
— Fecha os olhos e pensa em alguma coisa bonita. Você vai dormir rapidinho e nem
vai ouvir as trovoadas.
Por um instante ficamos deitados em silêncio no quarto, enquanto a tempestade cai
com força lá fora. Mais um trovão ecoa, e Miguel dá um pulo na cama. Nesse momento,
tiro o travesseiro que está no meio de nós dois, pego sua mão e o puxo para mais
perto de mim. Está congelando, tremendo e apavorado. Quando eu o aproximo de mim,
ele não reclama. Ao contrário, até sinto que ele se aperta mais ainda. Com carinho e
cuidado para não esbarrar no meu queixo, dou um beijo na sua testa.
— Feche os olhos, pense em coisas bonitas e durma. Juntos, vamos nos proteger
dos trovões.
Dez minutos mais tarde, nós dois, exaustos, dormimos abraçados.
Um golpe no meu queixo me faz acordar. Está doendo. Miguel se mexeu e acabou
esbarrando ali. Me sento na cama e passo a mão no machucado. O curativo é enorme
e eu resmungo. A chuva e o trovão já pararam. Olho o relógio em cima da mesinha de
cabeceira. São 5h27.
Nossa, está muito cedo!
Morrendo de dor, me deito de novo, até que vejo Poncho sentado numa cadeira num
canto do quarto. Poncho! Ele se levanta rápido e vem até mim. Seus olhos demonstram
preocupação e seus lábios estão contraídos. Me dá um beijo na testa, me pega entre
seus braços e me tira do quarto.
Estou tão chapada que não sei se é sonho ou realidade. Ele me coloca em nossa
cama e murmura:
— Não se preocupa com nada, querida. Voltei pra cuidar de você.
Pisco os olhos surpresa e, após receber um beijo doce nos lábios, pergunto:
— Mas... o que você está fazendo aqui? Não ia voltar só amanhã?
Ele faz que sim e ao mesmo tempo olha para o curativo no meu queixo.
— Liguei pra falar contigo, e Simona me contou o que houve. Voltei imediatamente.
Desculpa não estar aqui, pequena.
— Não tem problema, estou bem. Não está vendo?
Poncho me observa.
— Está bem mesmo?
Dou de ombros.
— Sim, com um pouco de dor, mas estou bem. Não se preocupe.
— O que houve?
Fico tentada a lhe contar a verdade. Seu sobrinho é uma peste. Mas sei que isso
traria mais dor de cabeça para ele e problemas para Miguel. Acabo dizendo:
— Saí pro jardim, escorreguei e caí de queixo no chão.
Seus olhos não acreditam em mim. Desconfiam de alguma coisa. Mas me esforço
para que ele aceite minha versão.
— Você sabe como sou estabanada na neve. Mas, sério, estou bem. O chato é a
cicatriz que vai ficar. Espero que não dê pra notar.
— Vaidosa — diz Poncho, sorrindo.
Também sorrio.
— Tenho um namorado muito gato e quero que sinta orgulho de mim — explico.
Poncho deita ao meu lado e me abraça. Seu corpo está tremendo.
— Sempre me orgulho de você, pequena. — Apoia a cabeça junto ao meu pescoço
e acrescenta: — Não vou me perdoar por não ter estado aqui. Não vou me perdoar.
Esse seu drama todo me surpreende. Ele não suporta imaginar o que poderia ter
acontecido. Fecho os olhos. Estou cansada. Me aconchego nele e durmo nos seus
braços.
29
Quando acordo na manhã seguinte, me surpreendo ao ver Poncho dormindo ao meu lado.
São oito e meia e é a primeira vez que acordo antes dele. Sorrio. Observo-o com
curiosidade. É lindo. Vê-lo relaxado e dormindo é uma das coisas mais bonitas que já
presenciei na vida. Não me mexo. Quero que esse momento dure para sempre. Curto a
cena por um tempo, até que ele abre seus maravilhosos e impactantes olhos verdes e
me vê.
— Bom dia, meu amor.
Surpreso, Poncho pergunta:
— Que horas são?
Olho o relógio e respondo:
— Quase nove.
Poncho me olha, me olha e me olha e, ao reparar na sua expressão, digo:
— O que houve?
Passa a mão pelo meu cabelo e o retira do meu rosto.
— Você está bem? — ele pergunta.
Me espreguiço e respondo:
— Estou, querido, não se preocupe.
Poncho senta na cama e eu faço o mesmo. Depois, ele vai até o banheiro. Me
espreguiço novamente e vou atrás. Mas, ao entrar ali e ver minha imagem no espelho,
grito:
— Meu Deus, estou um monstro!
Minha cara é uma paleta de cores. Embaixo dos olhos, tenho círculos roxos e verdes
que me deixam sem palavras. Meu lindo me segura pela cintura e me faz sentar na
tampa do vaso. Minha aparência horrível me assustou, e eu murmuro horrorizada:
— Ai, meu Deus! Mas se eu só caí de cara na neve.
— Você deve ter levado um belo de um tombo, pequena.
Eu sei. Bati contra um muro antes de cair na neve. Agora recordo com mais clareza.
Poncho me acalma, dizendo várias palavras carinhosas. Mas acabo lembrando o que o
médico avisou: hematomas. Consciente de que não há nada que possa fazer contra
isso, levanto e me olho no espelho. Poncho está ao meu lado. Não me solta. Movo a
cabeça para os lados e reclamo:
— Estou horrível.
Poncho beija meu pescoço. Me agarra por trás e diz:
— Você não consegue ficar horrível. Nem com muito esforço, querida.
Seu comentário me faz sorrir. Minha aparência é um desastre. Sou o oposto da
beleza, e o cara mais bonito do mundo acaba de demonstrar seu carinho e amor por
mim. No fim das contas, decido ser prática e dou de ombros.
— A parte boa disso tudo é que daqui a alguns dias vai passar.
Meu Iceman sorri, e eu escovo os dentes enquanto ele toma banho. Quando termino,
me sento no vaso e fico olhando para ele. Adoro seu corpo. Grande, forte e sensual.
Observo suas coxas, seu traseiro, e suspiro ao ver seu pau. Ao sair do banho, pega a
toalha que lhe dou e se enxuga. Estendo minha mão e o toco. Poncho me olha, me afasta
um pouco para trás e diz:
— Pequena, hoje você não está para muitas estripulias.
Solto uma gargalhada. Ele tem razão. Fico olhando para ele por um tempo, enquanto
minha mente assanhada imagina mil fantasias. Pela minha cara, Poncho percebe e diz:
— Em que você está pensando?
Sorrio...
— Fala, sua safadinha, está pensando em quê?
Achando graça de seu comentário, pergunto:
— Nunca teve nenhuma experiência com um homem?
Ergue a sobrancelha, olha para mim e diz:
— Não sou chegado, querida. Você sabe disso.
— Também não sou chegada em mulher — afirmo. — Mas reconheço que não me
importo que brinquem comigo de vez em quando.
Meu Iceman sorri e, enxugando-se, avisa:
— Mas eu me importo, sim, que um homem brinque comigo.
Nós dois rimos.
— E se eu quiser te oferecer a um homem?
Poncho para, me encara com o olhar e responde:
— Eu me negaria.
— Por quê? É só um jogo. E você é meu.
— Any, já te disse que não curto homem.
Balanço a cabeça e sorrio, mas não estou disposta a desistir.
— Você fica excitado quando vê uma mulher metendo a boca entre as minhas
pernas, né?
— Sim, muito, pequena.
— Pois eu gostaria de ver um homem com a boca entre as suas pernas.
Surpreso com meu comentário, ele pergunta:
— Você está bem?
— Ótima, senhor Herrera. — Vendo como ele me olha, continuo: — Não curto
mulher, mas por você, pelo seu prazer em assistir, acabei experimentando a sensação
de uma mulher brincando comigo, e reconheço que achei excitante. E, sério, eu
gostaria que um homem fizesse o mesmo com você. Que botasse a cabeça entre suas
pernas e...
— Não.
Me levanto e o abraço pela cintura.
— Não se esqueça, querido: seu prazer é meu prazer, e nós somos os donos de
nossos corpos. Você me mostrou um mundo que eu não conhecia. E agora eu quero,
anseio e desejo te beijar enquanto um homem te...
— Bom, a gente fala disso outra hora — me corta.
Fico na ponta dos pés, beijo seus lábios e murmuro:
— Claro que a gente vai falar disso outra hora. Não tenha dúvida.
Poncho sorri e balança a cabeça. Prende a toalha em torno da cintura e depois me pega
nos braços.
— Sabe, loirinha, você está começando a me assustar.
Depois do almoço, Poncho vai ao escritório. Promete voltar em duas horas. Antes de ir,
me proíbe de sair na neve e eu rio. Marta, que ainda está aqui, também vai embora. E
Sonia, ao saber o que aconteceu, me liga angustiada, mas depois de falar comigo fica
mais calma.
Simona está preocupada. Assistimos juntas à nossa novela, mas volta e meia ela
olha para mim. Tento convencê-la de que estou bem. Nesse dia, o vilão Carlos Alfonso
Halcones de San Juan, ao não conseguir o amor da jovem Esmeralda Mendoza, rouba
o bebê dela e dá a uns camponeses, mandando-os desaparecer com a criança.
Horrorizadas, Simona e eu nos entreolhamos. O que será que vai acontecer com o
bebezinho Claudito Mendoza? Que situação!
Estou no quarto quando Miguel volta do colégio. Sentada num tapete felpudo,
conversando pelo Facebook com um grupo de amigas. Nos chamamos Guerreiras
Maxwell. Todas temos uma dose de loucura e diversão que adoramos.
— Posso entrar?
É Miguel. Fico surpresa, já que ele nunca pergunta. Faço que sim com a cabeça. O
garoto entra e fecha a porta. Quando levanto meu rosto na direção dele, vejo que ficou
pálido de repente. Está apavorado. Não esperava ver uma cara tão colorida como a
minha, cheia de hematomas.
— Você está bem?
— Estou.
— Mas sua cara...
Me lembro do meu estado e sorrio, tentando minimizar a importância disso. Em
seguida cochicho:
— Não se preocupe. É uma aquarela de cores, mas estou bem.
— Está doendo?
— Não.
Fecho o notebook, e o menino pergunta novamente:
— Posso falar contigo?
Suas palavras e seu interesse me comovem. É um grande avanço, e eu respondo:
— Claro. Vem. Senta aqui comigo.
— No chão?
Achando graça, dou de ombros.
— Daqui eu te garanto que a gente não vai cair.
Ele sorri. Um sorriso! Quase aplaudo.
Senta-se na minha frente e olhamos um para o outro. Por alguns minutos nos
observamos sem falar nada. Isso me deixa nervosa, mas estou decidida a suportar seu
olhar intimidador pelo tempo que for necessário, assim como às vezes suporto o olhar
do tio. Ao fim, o menino diz:
— Desculpa. — Seus olhos se enchem de lágrimas e ele murmura: — Me perdoa?
Seu gesto me sensibiliza. O severo e independente Miguel está chorando! Não aguento
ver ninguém chorando. Sou uma manteiga derretida. Não aguento!
— Claro que te perdoo, meu amor, mas só se você parar de chorar, tá bom? — Ele
confirma com a cabeça, engole o choro e, para que ele se sinta menos culpado, digo:
— Também foi culpa minha. Não deveria ter subido no muro e...
— A culpa foi só minha. Fechei as portas e não te deixei entrar. Estava chateado, e
eu... eu... o que fiz foi muito errado, e vou entender se o tio Poncho me mandar pro colégio
interno. Ele me avisou da última vez, e eu o decepcionei de novo.
A dor e o medo que vejo em seus olhos me deixam arrasada. Miguel não vai a nenhum
colégio interno. Não vou permitir. Sua insegurança me parte o coração, e eu respondo:
— Ele não vai ficar sabendo, porque nem eu nem você vamos contar, combinado?
Minha reação pega Miguel de surpresa.
— Você não contou ao meu tio o que aconteceu?
— Não, meu amor. Apenas disse que eu estava na neve, escorreguei e caí.
De repente me lembro do meu pai. Acabo de surpreender Miguel e de certa forma isso
o fragiliza. Sorrio. Ele relaxa os ombros, lhe tirei um peso de cima.
— Obrigado, eu já estava me imaginando no colégio interno.
Sua sinceridade me faz sorrir.
— Miguel, você tem que me prometer que não vai mais se comportar desse jeito.
Ninguém quer que você vá pra um colégio interno. Mas você, com suas atitudes, é que
parece querer, não percebe? — Ele não diz nada e eu pergunto: — O que houve outro
dia na escola?
— Nada.
— Ah, não, rapazinho! Os segredos acabaram! Se você quer que eu confie em você,
precisa confiar em mim e me contar que diabo está acontecendo na escola e por que
dizem que você começou uma briga, quando na verdade eu não acredito que seja
assim.
Ele fecha os olhos, medindo as consequências do que vai me dizer.
— Robert e os outros meninos começaram a me xingar. Como sempre, me
chamaram de chinês de merda, fracote, cagão. Eles riem de mim porque eu não sei
fazer nada do que eles fazem com skate, bicicleta e patins. Como sempre, tentei não
dar bola, mas, quando George me jogou no chão e começou a me dar socos, peguei
seu skate e bati na cabeça dele. Sei que não deveria ter feito isso, mas...
— Esses sem-vergonha te dizem essas coisas?
Miguel confirma com a cabeça.
— Eles têm razão. Sou um desengonçado.
Xingo Poncho em silêncio. Com o medo que tem de que ocorram várias coisas, é ele
quem está provocando isso tudo. Miguel sussurra:
— Os professores não acreditam em mim. Sou o cara esquisito da sala. E, como
não tenho amigos pra me defender, sempre acabo levando a culpa.
— E seu tio também não acredita em você?
Miguel dá de ombros.
— Ele não sabe de nada. Acha que eu me meto em confusão porque sou briguento.
Não quero que ele saiba que os outros garotos riem de mim porque sou covarde. Não
quero decepcioná-lo.
Isso me deixa triste. Não é justo que Miguel passe por isso tudo e Poncho nem fique
sabendo. Preciso falar com ele. Mas me concentro no garoto, passo a mão no
contorno do seu rosto e murmuro:
— Isso de dar com o skate na cabeça do colega não está certo, querido. Você sabe
disso, né? — Miguel balança a cabeça num gesto afirmativo e, disposta a ajudá-lo,
acrescento: — Mas não vou deixar mais ninguém debochar de você.
Seus olhinhos de repente ganham vida. Me lembro da minha sobrinha.
— Coloca seu polegar no meu. E, assim que se tocarem, damos um tapinha na mão.
— Ele faz o que digo e volta a sorrir. — Esse é o código de amizade que tenho com
minha sobrinha. Agora vai ser nosso também, que tal?
Faz que sim, sorri, e estou quase pulando de alegria. Uma trégua. Finalmente
consegui uma trégua com Miguel. E, como se não bastasse, ele diz:
— Obrigado por dormir comigo ontem.
Dou de ombros para mostrar a ele que isso não tem muita importância.
— Nada disso! Eu é que te agradeço por me deixar ficar na sua cama.
Ele sorri e comenta:
— Você não tem medo de trovão. Eu sei. Você é adulta.
Dou uma risada. Que garoto esperto!
— Sabe, Miguel? Quando eu era pequena, também tinha medo de raio e trovão. Cada
vez que caía uma tempestade, eu era a primeira a me enfiar na cama dos meus pais.
Mas minha mãe me ensinou que não devemos ter medo de nada dessas coisas.
— E como ela te ensinou isso?
Sorrio. Pensar na mamãe, no seu olhar carinhoso, nas suas mãos quentinhas e no
seu sorriso constante, me leva a dizer:
— Me dizia pra fechar os olhos e pensar em coisas bonitas. E um dia me comprou
um bicho de estimação. Dei o nome de Calamar. Foi meu primeiro cãozinho. Meu
superamigo e supermascote. Quando havia tempestade, Calamar ficava comigo na
cama, e sua companhia me deixou mais corajosa. Não precisei mais ir pra cama dos
meus pais. Calamar me protegia e eu o protegia também.
— E onde ele está?
— Morreu quando eu tinha 15 anos. Está com minha mãe no céu.
Essa revelação sobre minha mãe o pega de surpresa. Evito mencionar Trampo, ou
tudo isso vai parecer muito cruel.
— É, Miguel, minha mãe também já morreu. Mas sabe? Ela e Calamar no céu me dão
forças pra que eu não tenha medo de nada. E tenho certeza de que sua mãe faz o
mesmo contigo.
— Você acha?
— Claro que acho!
— Eu não me lembro da mamãe.
Sua tristeza me comove e eu respondo:
— Normal, Miguel. Você era muito pequeno quando ela se foi.
— Gostaria de ter conhecido ela.
Seu sofrimento me faz sofrer também. E, querendo conversar mais sobre o assunto,
murmuro:
— Acho que você pode conhecê-la através dos olhos das pessoas que a amaram,
como sua avó Sonia, a tia Marta e o tio Poncho. Falar com eles sobre sua mãe é uma
forma de se lembrar dela e saber coisas a respeito dela. Tenho certeza de que sua avó
adoraria te contar milhares de coisas sobre sua mãe.
— Sonia?
— É.
— Ela está sempre muito ocupada — reclama o garoto.
— Claro, Miguel. Se você não a deixa cuidar de você nem ser carinhosa, ela tem que
seguir a vida dela. As pessoas não podem ficar sentadas esperando que outras gostem
dela; têm que continuar vivendo, mesmo que lá no fundo sintam saudades todo dia.
Aliás, por que você a chama pelo nome e não se refere a ela como “vó”?
Ele encolhe os ombros e pensa um pouco antes de responder.
— Não sei. Acho que é porque o nome dela é Sonia.
— E você não gostaria de chamá-la de “vó”? Tenho certeza de que ela ficaria
superfeliz. Liga um dia e convida ela pra lanchar, almoçar ou jantar. Pede pra ela contar
coisas sobre sua mãe. Assim certamente você vai perceber o quanto você é importante
pra ela e pra sua tia Marta.
O garoto faz que sim com a cabeça. Silêncio. Mas de repente diz:
— Eu agitei a Coca-Cola outro dia pra que espirrasse na sua cara.
Lembrar o episódio me faz rir. Que pestinha! Mas, determinada a não levar isso em
conta, afirmo:
— Eu já imaginava.
— Sério?
— Sério.
— E por que não disse nada pro tio Poncho?
— Porque não sou dedo-duro, Miguel. — Vendo como ele me olha, toco em seu cabelo
escuro e acrescento: — Mas isso já não tem importância. O importante é que a partir
de agora a gente vai tentar se dar bem e ser amigos, tá legal?
Ele concorda. Coloca seu polegar no meu e fazemos nossa saudação. Abro um
sorriso.
Seus olhos percorrem o quarto com curiosidade e vejo que volta e meia se detêm
em alguma coisa que está à direita. Disfarçadamente, me viro e reparo que sua
atenção é atraída pelo skate e meus patins. Sem pensar duas vezes, pergunto:
— Você tem vontade de aprender a andar de skate ou patinar, né? — Miguel não
responde, e cochicho: — Vai ser um segredo nosso. Por enquanto, seu tio não precisa
ficar sabendo, combinado? Apesar de que mais cedo ou mais tarde a gente vai ter que
contar, e ele é capaz de matar a gente. Quer que eu te ensine?
Sua expressão se transforma e ele aceita. Eu sabia!
Sabia que Miguel queria aprender coisas novas. Me levanto do chão depressa. Ele faz
o mesmo. Pego o skate e mostro ao garoto que sei como usar.
— Posso fazer isso também?
Paro, desço do skate e digo:
— Mas é claro, querido. — E, piscando um olho para ele, murmuro: — Vou te
ensinar a fazer coisas que, quando uma certa menina loura do colégio te vir, não vai
conseguir parar de olhar pra você.
O garoto fica vermelho.
— Como ela se chama? — pergunto num tom de cumplicidade.
— Laura.
Radiante pelo ótimo momento que estou vivendo com Miguel, seguro seus ombros e
afirmo:
— Te garanto que daqui a alguns meses Laura e esse bando de mal-educados da
sua escola vão cair pra trás, quando virem como você domina o skate.
O pequeno balança a cabeça concordando. Olho para ele e digo:
— Vamos... experimenta. Primeiro, coloca um pé no skate e sente como ele se
move.
Miguel me obedece. Pego suas mãos e o menino escorrega ao pôr o pé no skate.
Assustado, olha para mim e tento acalmá-lo.
— Número um: nunca ande nele sem que eu esteja por perto. Dois: pra não se
machucar, tem que usar joelheira, tornozeleira e capacete. Número três, e muito
importante: confia em mim?
Ele faz que sim e fico emocionada.
De repente, ouvimos o barulho de um carro. Olho pela janela e vejo Poncho entrando na
garagem. Sem eu precisar dizer nada, o garoto desce do skate e se senta ao meu lado
no chão outra vez. Disfarçamos. Minutos depois, a porta do quarto se abre. Ao nos ver
no chão, Poncho pergunta, surpreso:
— Está acontecendo alguma coisa?
Miguel se levanta e abraça o tio.
— Any me ajudou com algumas coisas do colégio.
Poncho se vira para mim. Concordo. O garoto sai do quarto. Eu me levanto, chego mais
perto do meu alemão favorito e, agarrando-o pela cintura, murmuro:
— Como você pode ver, daqui a pouco vou conseguir um beijo do seu sobrinho.
Assombrado como nunca vi antes, Poncho sorri. Me aninha em seus braços e, tomando
cuidado para não esbarrar no meu queixo, sussurra:
— Por enquanto, pequena, o meu beijo você já tem.



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Autor(a): Anna Albuquerque

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De manhã, a cor do meu rosto está mais para verde. Me olho no espelho e medesespero. Como posso estar com essa cara? Fala sério, estou parecendo o IncrívelHulk!Tudo bem... nem é só pela beleza, mas, convenhamos, me ver desse jeito é horrível,deprimente. Coitado do Poncho. Olha a namorada que ele tem. Estou igualzinha &a ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 228



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • hortensia Postado em 19/04/2020 - 08:10:58

    Fanfic simplesmente maravilhosa, sou louca por essa história, simplesmente perfeita.. ❤️❤️

  • julia_loveponny_aya Postado em 20/04/2016 - 01:20:38

    Pena q acabou;(

  • julia_loveponny_aya Postado em 20/04/2016 - 01:20:23

    Amooooo<3 perfeita dmais!!!!

  • julia_loveponny_aya Postado em 01/04/2016 - 10:26:49

    Ainnnn<33333

  • ponnyyvida Postado em 01/04/2016 - 00:55:56

    Como assim penúltimo ????!!!!! Aí Meu Deus !!!! Não quero q acabe !!!!

  • julia_loveponny_aya Postado em 29/03/2016 - 19:07:08

    A ponte dos cadeados, o nascimento do baby,..*-*<333 e a mel é um amrrr!! Continuuuuuuaaaaaaaa

  • Postado em 29/03/2016 - 02:47:50

    Meuuuuuu Deuuuuuuus que coisa liiiinda. Enlouquecendo aqui...&#128588;&#10084;&#10084;&#128525; Posta mais pleace pleace..

  • ponnydelirio Postado em 17/03/2016 - 01:46:23

    Coooontiiiiinuuuuuaa Logooo plmds &#9825;

  • julia_loveponny_aya Postado em 01/03/2016 - 01:36:31

    Tadinha ela tá pirando kkkkkk o poncho chamando ela de poodle tbm OAJSAKKAKA morta!!! Continuuuaaaaa

  • ponnydelirio Postado em 21/02/2016 - 02:24:22

    Cooooontiinuuaa logo <3


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