Fanfic: Peça-me o que quiser (AyA) Adaptada | Tema: AyA (Hot)
Concorda. Entra no quarto e diz ao tocar no seu abajur:
— Leva. É seu.
Mordo o lábio. Guardo o abajurzinho na caixa e o ouço dizer:
— Foi isso que sempre me chamou a atenção em você, o fato de ser totalmente
diferente de tudo que me cerca.
Não respondo. Não consigo. Então, num tom mais calmo, Poncho afirma:
— Anahí, sinto muito que tudo acabe assim.
— Eu sinto mais ainda, pode ter certeza — digo.
Ele anda pelo quarto. Está nervoso. Até que finalmente pergunta:
— Podemos conversar um momento como adultos?
Engulo o choro engasgado na minha garganta e respondo que sim. Já não me
chama de “pequena”, nem “loirinha”, nem “querida”. Agora fala “Anahí” com todas
as letras. Cada um de nós está de um lado da cama. Nossa cama. É o lugar onde nos
amamos, nos desejamos e nos beijamos. Poncho começa:
— Escuta, Anahí. Não quero que você fique sem trabalho por minha causa. Falei
com Gerardo, o chefe do RH da Müller em Madri, e você vai poder assumir novamente
a função que ocupava quando nos conhecemos. Como não sei quando você vai querer
voltar, eu disse a ele que no prazo de um mês você vai entrar em contato pra pegar
essa vaga outra vez.
Discordo com a cabeça. Não quero trabalhar de novo na sua empresa. Mas Poncho
continua:
— Anahí, seja adulta. Uma vez você me disse que seu amigo Miguel precisava do
emprego pra pagar as contas, ter o que comer e poder viver. Você tem que fazer a
mesma coisa, e com o desemprego e a crise na Espanha vai ser muito difícil pra você
conseguir um trabalho decente. Esse departamento está com chefe novo e tenho
certeza de que você não terá problema algum com ele. Quanto a mim, não se
preocupe. Você não vai precisar me encontrar. Já te aborreci o suficiente.
Essa parte final me dói. Sei que ele disse isso pelo que gritei naquela noite, mas não
digo nada. Apenas escuto. Minha cabeça não para, fica remoendo tudo, mas sei que
ele está certo. Novamente está certo. Contar com um trabalho hoje em dia não é algo
que esteja ao alcance de todo mundo. Não posso me dar ao luxo de recusar a oferta.
— Está bem. Vou falar com Gerardo.
— Espero que você retome sua vida, Anahí, porque eu vou retomar a minha. Como
você mesma disse quando beijou Björn, não sou mais o dono da sua boca nem você da
minha.
— E por que isso agora?
Com o olhar cravado em mim e mudando o tom de voz, ele diz:
— É que agora você pode beijar quem te der na telha.
— Você também. Espero que jogue muito.
— Não tenha dúvida — comenta com um sorriso frio.
Nos olhamos e, quando não estou mais aguentando, saio do quarto sem me
despedir. Não consigo. As palavras não saem da minha boca. Desço a escada a todo o
vapor e chego ao meu quartinho. Fecho a porta e então, só então, me permito
desabafar com um monte de palavrões.
Essa noite, quando já está tudo encaixotado, aviso a Simona que um caminhão
passará às seis da manhã para levar as coisas ao aeroporto. Vinte caixas chegaram de
Madri. Vinte voltarão. Com tristeza, pego um envelope e uma caneta para fazer a última
coisa me resta nessa casa. Escrevo “Poncho”, arranjo um pedaço de papel e, depois de
pensar no que escrever, rabisco simplesmente “Adeus e se cuida”. Melhor algo
impessoal.
Solto a caneta e olho para minha mão. Está tremendo. Tiro o lindo anel que já lhe
havia devolvido outra vez e leio o que está escrito na parte de dentro: “Peça-me o que
quiser, agora e sempre.”
Fecho os olhos.
O “agora e sempre” não foi possível para a gente.
Aperto o anel na palma da minha mão e por fim, com o coração partido, ponho no
envelope. Meu celular toca. É Sonia. Está preocupada e me espera na sua casa.
Dormirei lá minha última noite em Munique. Não posso nem quero dormir sob o mesmo
teto que Poncho. Quando chego à garagem e tiro a moto, Norbert e Simona vêm até mim.
Com um sorriso forçado, eu os abraço e entrego a Simona o envelope com o anel para
entregar a Poncho. A mulher soluça e Norbert tenta consolá-la. Minha partida os entristece.
Me acolheram com tanto carinho quanto eu a eles.
— Simona — me esforço para brincar —, daqui a alguns dias eu te ligo e você me
conta como anda Loucura Esmeralda, ok?
Ela balança a cabeça e se esforça para sorrir, mas acaba chorando mais ainda.
Dou-lhe um último beijo e me preparo para sair, quando, assim que ergo o olhar, vejo
Poncho nos observando da janela do nosso quarto. Olho para ele. Ele me olha. Meu
Deus... como amo esse homem! Levanto a mão e dou tchau. Ele faz o mesmo.
Instantes depois, com a frieza que aprendi com ele próprio, me viro, subo na moto e
vou embora sem olhar para trás.
Nessa noite não consigo dormir. Fico olhando para o vazio e esperando o
despertador tocar.
Autor(a): Anna Albuquerque
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Chego a Madri e ninguém sabe que voltei. Ninguém para me receber. Não liguei paraninguém. Alugo uma caminhonete no aeroporto e enfio todas as minhas caixas ali.Quando saio do Terminal 4, tento sorrir. Estou de novo em Madri!Ligo o rádio, e as vozes de Andy e Lucas cantam:Te entregaré un cielo lleno de estrellas, intentaré da ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 228
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hortensia Postado em 19/04/2020 - 08:10:58
Fanfic simplesmente maravilhosa, sou louca por essa história, simplesmente perfeita.. ❤️❤️
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julia_loveponny_aya Postado em 20/04/2016 - 01:20:38
Pena q acabou;(
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julia_loveponny_aya Postado em 20/04/2016 - 01:20:23
Amooooo<3 perfeita dmais!!!!
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julia_loveponny_aya Postado em 01/04/2016 - 10:26:49
Ainnnn<33333
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ponnyyvida Postado em 01/04/2016 - 00:55:56
Como assim penúltimo ????!!!!! Aí Meu Deus !!!! Não quero q acabe !!!!
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julia_loveponny_aya Postado em 29/03/2016 - 19:07:08
A ponte dos cadeados, o nascimento do baby,..*-*<333 e a mel é um amrrr!! Continuuuuuuaaaaaaaa
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Postado em 29/03/2016 - 02:47:50
Meuuuuuu Deuuuuuuus que coisa liiiinda. Enlouquecendo aqui...🙌❤❤😍 Posta mais pleace pleace..
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ponnydelirio Postado em 17/03/2016 - 01:46:23
Coooontiiiiinuuuuuaa Logooo plmds ♡
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julia_loveponny_aya Postado em 01/03/2016 - 01:36:31
Tadinha ela tá pirando kkkkkk o poncho chamando ela de poodle tbm OAJSAKKAKA morta!!! Continuuuaaaaa
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ponnydelirio Postado em 21/02/2016 - 02:24:22
Cooooontiinuuaa logo <3