Fanfic: Peça-me o que quiser (AyA) Adaptada | Tema: AyA (Hot)
Paralisada, fico olhando para a tela.
Por que ele não consegue aceitar minha decisão?
Sinto vontade de escrever um e-mail superdesaforado, mas me recuso. Não vale a
pena continuar me explicando a alguém que me considera mero objeto sexual.
Irritada, fecho o notebook e decido pôr umas roupas na máquina de lavar.
Ao tirar do cesto a roupa suja, deparo com a calcinha rasgada que Poncho arrancou. Fecho
os olhos e suspiro. Meu coração bate acelerado com a lembrança do que fizemos no meu
quarto.
Abro os olhos, levanto e vou até o quarto. Dou uma volta em torno da cama e abro a
gaveta. Lá estão os presentes que Poncho me deu: os vibradores. Olho para eles durante
alguns segundos e fecho a gaveta com força. Volto para a máquina de lavar. Abro e
começo a colocar a roupa ali dentro. Despejo sabão em pó e amaciante, e aciono o
programa de lavagem.
A lavadora começa a funcionar e dez minutos depois eu continuo olhando o tambor da
roupa dando voltas tão depressa quanto minha cabeça. Minha respiração se acelera e eu
grito de frustração:
— Te odeio, Alfonso Herrera.
Volto pro meu quarto. Torno a abrir a gaveta e olho para o vibrador com controle
remoto que ele usou comigo.
Meu corpo me implora para que eu brinque de novo com esse aparelhinho.
Me recuso a ceder à tentação!
Até eu usei a palavra “brincar”. Por fim, incapaz de tirar Poncho da minha cabeça, e muito
menos do meu sexo, tiro a calça e a calcinha e sento na cama com o vibrador nas mãos.
Mexo no controle, ligo a potência 1 e a vibração começa.
Depois a 2, a 3, a 4 e a máxima de 5.
Movo o vibrador em minhas mãos enquanto minha vagina e principalmente meu
clitóris imploram para receber o toque do aparelho. Deito na cama. Desligo o vibrador e
fico me roçando nele. Estou tão molhada que me surpreendo. Poncho!
O pequeno vibrador desliza em mim. Estou úmida e com as pernas abertas. Pronta
para recebê-lo. Ligo a potência 1. A vibração começa e eu fecho os olhos. Aumento para
a 2. Com meus dedos, abro os lábios vaginais e deixo que o aparelho massageie a área
ao redor do clitóris. Um calor irresistível toma conta de mim e eu começo a gemer. Retiro
o vibrador e junto os joelhos. Estou ardendo de desejo. Mas quero mais. Poncho!
Separo de novo as pernas. Ligo o vibrador na potência 3 e o coloco bem na região em
que o prazer está prestes a explodir. Penso em Alfonso. Em seus olhos. Em sua boca. No
jeito como me toca. Volto a fechar os olhos e penso na gravação a que assisti. Me excita
lembrar a expressão de seu rosto, seu gesto, enquanto aquela mulher me possuía.
Pensar de novo no que senti naquela tarde faz minha respiração acelerar. Aquilo foi a
coisa mais insana que já me aconteceu na vida. Eu, de pernas abertas em uma cama,
enquanto uma desconhecida me chupava, eu me oferecendo toda e ele me olhando. Poncho!
Estou ardendo de desejo. Muito desejo. Coloco o vibrador na potência 4. O calor fica
insuportável. A vontade incontrolável de gozar começa a aflorar dentro de mim. O ardor
vai subindo pelo meu corpo enquanto sinto que vou explodir e minha cabeça imagina
todo tipo de brincadeira com ele. Poncho!
Fico me contorcendo na cama. Chego ao clímax e ouço meus próprios gemidos.
Combustão. Suspiro aliviada e me convulsiono na cama. Abro os olhos, enquanto o calor
vai se apoderando de mim, e sinto o pequeno vibrador encharcando meus dedos. Fecho
as pernas com força e me deixo levar pelo momento. Ao mesmo tempo, sinto milhares de
sensações novas e todas maravilhosas. Calor. Excitação. Fervor. Entusiasmo. Só falta
Poncho!
Cinco minutos depois e com a respiração normalizada, me sento na cama. Olho com
curiosidade aquele aparelhinho e sorrio. Ainda que eu nunca vá admitir, pensei nele. Em
Poncho!
Às sete e meia, Fernando chega à minha casa. Como sempre, está feliz e sorridente.
Dá um selinho nos meus lábios e eu permito. É um amor. Às oito, chegamos ao barzinho
onde marquei com meus amigos de ver a final Espanha-Itália. Temos que ganhar. O
grupo se junta à gente, e eu começo a cantar e a me divertir como uma louca com minha
bandeira da seleção espanhola no pescoço e as cores vermelho-amarelo-vermelho
pintadas no meu rosto.
Aparece Nacho, um amigo tatuador. É meu confidente. Temos uma amizade muito
especial e contamos tudo um ao outro. Quando vê Fernando, Nacho ri. Sabe da relação
que tenho com ele e acha isso tudo engraçado. Não entende como Fernando ainda corre
atrás de mim depois de todos os foras que já dei a ele.
Às 20h45, a partida começa. Estamos nervosos. O título está em jogo. Vamos,
Espanha!
Aos 14 minutos do primeiro tempo, Silva mete um golaço que nos faz pular de
emoção. Fernando me abraça e eu o abraço. Estamos felizes. A Itália reage mas Jordi
Alba, aos 41, mete outro golaço que nos faz gritar enlouquecidos. Fernando me beija no
pescoço e eu, feliz, permito. Chega o intervalo, e Fernando me segura pela cintura.
O segundo tempo começa e eu grito para que coloquem Torres.
Coloquem El Niño!
E, quando vejo que o técnico Del Bosque o chama para o campo, grito, aplaudo e pulo
feliz da vida! Fernando aproveita a situação e me puxa para sentar no seu colo. Eu me
deixo guiar por ele. Mas minha alegria se completa quando, na segunda metade do
segundo tempo, Torres, meu querido Torres, faz o terceiro gol.
Isso, garoto! Isso...!
Fernando, ao me ver tão envolvida com o jogo, me aperta entre seus braços e, de
felicidade, me rouba um demorado beijo de vitória. Depois me solta e, quando, nos
minutos finais, Mata faz um golaço após um passe do meu Torres, quase morro de
alegria! E desta vez sou eu quem se lança em seus braços e o beija com fúria espanhola.
Quando a partida termina, meus amigos e eu brindamos ao título. Fernando não
desgruda e, num momento de confusão, entramos no banheiro masculino. Por alguns
minutos deixo que me beije e me toque. Preciso disso. Suas mãos percorrem meu corpo
e, caramba!, não consigo tirar meu chefe da cabeça. De repente, Fernando não existe. Só
Poncho!
Gostaria que ele fosse possessivo e provocativo, mas Fernando é tudo menos isso. No
fim das contas, consigo tirá-lo do banheiro sem terminarmos o que estávamos fazendo.
Está irritado, mas nem assim ele me deixa excitada. Quando me chama pra ir a seu hotel
e recuso o convite, ele vai embora e, sinceramente, fico aliviada com isso. Ao chegar em
casa, por volta das três da manhã, me jogo na cama e sorrio ao pensar que somos
campeões!
Eu me nego a pensar em qualquer outra coisa.
14
Às sete e meia da manhã de segunda-feira, estou de pé. Trampo está calmo. Dou seu
remédio e sua comida. Em seguida entro no chuveiro. Dez minutos depois, saio, me visto
e ponho maquiagem.
Às oito e meia, chego ao escritório. No elevador esbarro em Miguel e nos damos
parabéns pelo título da Eurocopa. Estamos emocionados. Falamos sobre nosso fim de
semana e, como sempre, terminamos em gargalhadas. Subimos até a cafeteria e ali
trocamos abraços com outros colegas pela vitória de ontem.
Depois nos sentamos para tomar o café da manhã. Dez minutos depois, o biscoitinho
que eu segurava cai das minhas mãos, quando vejo Poncho entrar com minha chefe e outros
dois diretores.
Está incrível em seu terno escuro e sua camisa clara. Sua expressão séria indica que
está falando de trabalho, mas, quando chegam ao balcão e pedem seus cafés, ele me vê.
Eu continuo falando, aproveitando a companhia dos meus colegas, ainda que, olhando de
canto de olho, eu consiga vê-los sentando-se numa mesa afastada da nossa. Poncho se
acomoda na cadeira que fica diante de mim. Me olha e eu o olho de volta. Nossos olhares
se encontram durante uma fração de segundo e, como era de se esperar, meu corpo
reage.
— Que saco! Os chefes já chegaram — diz Miguel. — Aliás, me disseram que outro dia
você e o novo chefão ficaram presos no elevador.
— Pois é. Nós e algumas outras pessoas — respondo sem muita vontade. Mas,
interessada em saber mais sobre o chefão, pergunto: — Vem cá, você que era secretário
do pai dele, ele morreu de quê?
Miguel olha com curiosidade na direção da mesa do fundo.
— Na verdade ele era um homem estranho e muito calado. Morreu de ataque cardíaco.
— E, ao ver minha chefe rir, sussurra: — Pelo visto, nossa chefe gosta do novo chefão. É
só ver como ela ri e mexe no cabelo.
Sem conseguir evitar, olho para a mesa dele e, de novo, meus olhos cruzam com o
olhar gélido de Alfonso.
— O senhor Herrera tinha outros filhos?
— Sim. Mas só o Iceman está vivo.
— Iceman?!
Miguel ri e cochicha:
— Alfonso Herrera é o Iceman. O homem de gelo. Não reparou na cara emburrada
que ele tem? — Isso me faz rir e Miguel acrescenta: — Pelo que a chefe me disse, ele é
duro na queda. Pior que o pai.
Não me admira que seja assim. Dizem que a cara é o espelho da alma, e a cara de
Poncho é de desespero contínuo. Mas o apelidinho me agradou. Ainda assim, quero saber:
— Por que você disse que ele é o único que está vivo?
— Tinha uma irmã, mas morreu há uns dois anos.
— O que houve com ela?
— Não sei, Anahí... O senhor Herrera nunca falava disso. Só sei que morreu
porque um dia ele me disse que tinha que ir à Alemanha para o enterro da filha.
Saber disso me dá pena. Duas mortes em tão curto espaço de tempo deve ser muito
doloroso.
— O senhor Herrera estava separado da mulher — continua Miguel. — Iceman e
ele não tinham uma boa relação, por isso o novo chefão nunca vinha à Espanha.
Esses novos dados me inquietam. Quero saber mais, então pergunto:
— E por que não tinham boa relação?
— Não sei, lindinha — responde Miguel, enquanto ajeita uma mecha de cabelo atrás
da minha orelha. — O senhor Herrera era muito reservado em relação à vida
particular dele. Aliás, quando você vai sair comigo?
Escutar isso me faz sorrir. Apoio os cotovelos sobre a mesa e, com minha cabeça entre
as mãos, respondo, encarando-o:
— Acho que nunca. Não gosto de misturar trabalho e prazer.
Minha resposta carregada de uma ironia que ele não entende me diverte. Miguel
chega mais perto e murmura:
— Quando você fala em prazer, a que tipo se refere?
Sem me mover um milímetro sequer, respondo:
— Deixa eu te explicar, seu metido. Você é o docinho que todas as garotas do
escritório gostariam de comer e eu sou uma mulher muito ciumenta e não gosto de
compartilhar. Então, vá procurar outra, porque comigo você não tem a menor chance.
— Hummmmm... Adoro as difíceis!
Seu comentário me faz soltar uma gargalhada, e em seguida Miguel faz o mesmo. De
repente, vejo Poncho se levantar e sair da cafeteria. Enfim respiro. Não tê-lo por perto é um
alívio para mim. Dez minutos depois, meu colega e eu voltamos pros nossos lugares.
Quando chego à minha mesa, vejo que a porta da sala do chefão está aberta. Droga.
Não quero vê-lo. Sento e de repente o celular apita e eu leio: “Paquerando em horário de
trabalho?”
Isso me incomoda, mas acabo sorrindo.
No fundo, o humor de Poncho me diverte. Não pretendo responder, mas, como sempre
faço quando estou nervosa, começo a coçar o pescoço. Meu celular apita novamente e eu
leio: “Pare de se coçar, senão as brotoejas vão aumentar.”
Ele está me observando. Olho na direção da sua sala e o vejo sentado na mesa que foi
do pai. Sente-se poderoso. Está me provocando, mas não vou cair no seu jogo. Aperto os
olhos, irritada. Faço uma cara de poucos amigos e, surpreendentemente, ele curva os
lábios enquanto segura uma risada.
De repente minha chefe aparece e diz, atrapalhando nosso campo de visão:
— Anahí, se alguém me ligar, passe a ligação para a sala do senhor Herrera.
Sem abrir a boca, concordo com a cabeça. Minha chefe, rebolando os quadris, entra na
sala de Poncho e fecha a porta. Começo a trabalhar e, no meio da manhã, a porta da sala se
abre. Vejo minha chefe sair com uma pasta nas mãos.
— Anahí — diz. — Vou me ausentar do escritório por uma hora. Se o senhor
Herrera precisar de qualquer coisa, resolva pra ele. — Logo se vira para Miguel e
acrescenta: — Venha comigo.
Meu colega sorri e eu também. Ai, ai...!
Se eles soubessem que estou sabendo de tudo...
Quando somem da sala, o telefone interno toca. Me irrito ao saber que é ele. Acabo
atendendo.
— Senhorita Puente, pode vir aqui na minha sala, por favor?
Fico tentada a dizer que não. Mas isso não seria profissional e eu, antes de tudo, sou
uma profissional.
— Agora mesmo, senhor Herrera.
Levanto, entro na sala dele e pergunto:
— O que deseja, senhor Herrera?
Vejo que apoia a cabeça no encosto alto da cadeira de couro preta.
— Feche a porta, por favor — responde, olhando para mim.
Suspiro e sinto que minha pele começa a arder. Meu maldito pescoço vai me denunciar
e isso me incomoda. Mas obedeço e fecho a porta.
— Parabéns. Vocês ganharam a Eurocopa!
— Obrigada, senhor.
O silêncio entre nós dois fica insuportável.
— A noite foi boa? — acrescenta.
Não respondo.
— Quem era o cara que você beijou e com quem passou 17 minutos dentro do
banheiro masculino? — pergunta.
Boquiaberta, continuo olhando para ele.
— Te fiz uma pergunta — insiste. — Quem era?
Enfurecida com o que acabo de ouvir, sinto vontade de pegar a caneta que está
comigo e enfiar no crânio dele, mas a seguro com força e respondo, enquanto contenho
meus impulsos assassinos:
— Isso não lhe diz respeito, senhor Herrera.
Inacreditável. Ele estava me espionando? Me sinto invadida.
— O que há entre você e o namoradinho da sua chefe? — prossegue.
Olha a que ponto chegamos! Pisco os olhos e respondo:
— Veja bem, senhor Herrera, não quero ser desagradável, mas nada do que o
senhor me pergunta é da sua conta. Então, se o senhor não deseja mais nada, voltarei à
minha mesa.
Irritada e sem lhe dar tempo de dizer qualquer coisa, saio da sala e bato a porta.
Quem ele pensa que é? Assim que me sento, o telefone interno toca outra vez. Reclamo
mas atendo.
— Senhorita Puente, venha à minha sala. Já!
Sua voz soa enfurecida, mas eu também estou assim. Desligo e, contrariada, entro de
novo disposta a mandá-lo à merda.
— Traga-me um cafezinho.
Saio da sala. Vou à cafeteria e, quando volto, deixo o café em cima da mesa.
— Não tomo com açúcar. Traga adoçante.
Repito o percurso, xingando todas as gerações da família de Poncho, e, quando volto com
o maldito adoçante, entrego a ele.
— Coloque meio envelopinho no café e mexa.
Como assim? Ele quer que eu misture seu maldito café?
Aquela ordem me deixa indignada. Ele não para de me olhar, e a sua expressão de
superioridade me tira do sério. Que alemão idiota! Sinto vontade de jogar o café na cara
dele, mandá-lo plantar batata, mas no fim das contas faço o que ele pede sem contestar.
Quando termino, deixo o café na sua frente e me viro para sair da sala.
— Não saia, senhorita Puente.
Escuto-o levantar-se. Volto para olhar para Alfonso.
Suas sobrancelhas estão franzidas. As minhas também. Ele está furioso. Eu também.
Rodeia a mesa. Senta-se apoiado nela com os braços cruzados e as pernas abertas.
Sua atitude me intimida. Nossa distância diminuiu. Isso me deixa nervosa.
— Any...
— Para o senhor sou a senhorita Puente, se o senhor não se importa.
Ele me olha com sua costumeira cara de mau humor e eu sinto que o ar está tão
pesado, que poderia ser cortado com uma faca. Que tensão!
— Senhorita Puente, aproxime-se.
— Não.
— Aproxime-se.
— O que o senhor quer? — pergunto.
Sem alterar sua expressão dura, murmura entredentes:
— Aproxime-se, por favor.
Respiro fundo para que veja meu estado de ânimo e dou um passo adiante.
Seu olhar duro exige que eu me aproxime mais um pouco, mas não me deixo
amedrontar.
— Senhor Herrera, não vou chegar mais perto. Pode me demitir se isso o faz se
sentir o Rei do Universo. Mas não vou me aproximar mais do senhor. E, de quebra, ainda
vou denunciá-lo por assédio.
Afasta-se da mesa. Dá dois passos na minha direção e eu dou um passo para trás. Ele
solta o ar bufando. Pega meu braço, me puxa e abre as portas do arquivo. Me empurra
para dentro e, uma vez protegidos pela privacidade que o lugar nos dá, pega minha
cabeça com as mãos, me atrai para si e me beija com voracidade.
Desta vez não fica roçando de leve sua língua em meu lábio superior. Não me pede
permissão. Apenas me puxa para si e me beija. Me empurra contra os arquivos e, quando
sente que meu corpo não pode recuar, abandona meus lábios.
— Quase não dormi pensando em você e no que você fazia com aquele cara ontem à
noite.
Surpresa com o que ele disse, respondo com um fio de voz:
— Não fiz nada.
Poncho aperta seus quadris contra mim e eu sinto sua ereção.
— Te agarrava pela cintura. Não parava de olhar pro teu corpo. Você deixou ele te
beijar e entrou com ele no banheiro masculino. Como pode dizer que não fez nada?
Enlouquecida pelo que ele está me fazendo sentir com suas palavras e sua
proximidade, respondo:
— Faço o que bem entender com minha vida e meu corpo, senhor Herrera.
Dou um empurrão nele e o afasto de mim.
— Não sou uma dessas bonequinhas às quais suponho que o senhor esteja
acostumado a dar ordens. Não toque em mim de novo ou...
— Ou?! — pergunta com voz rouca.
— Ou sou capaz de qualquer coisa — respondo.
Seu rosto está tenso e, aproximando-se de mim outra vez, ele sussurra:
— Any, você me deseja tanto quanto eu te desejo. Não negue isso. — Não respondo.
Não consigo. Sua proximidade me desperta mil sensações.
Meus olhos faíscam. Não sei se é indignação, desejo ou o quê. A questão é que
faíscam enquanto aquele gigante com cara de mau está me encarando.
— Não estou a fim de...
— De sado? Isso eu sei, pequena.
Sua resposta me pega tão de surpresa que nem sei o que responder. Seu olhar me
paralisa.
— Está ficando nervosa?
Ele volta a me desconcertar. Como pode lembrar aquilo que lhe expliquei no elevador?
Toco o pescoço. Estou a ponto de dizer alguma das minhas grosserias, quando vejo que
ele faz uma careta.
— Não se coce, Any.
Sem dar tempo de eu me mexer, se abaixa e sopra meu pescoço. Fecho os olhos.
Minha indignação diminui de intensidade. Ele quis isso e conseguiu.
— Desculpa por ter te deixado nervosa — sussurra de repente em meu ouvido. —
Desculpa, pequena.
Seu poder é imenso e ele já me tem na palma da mão. Sou uma fraca!
Me beija. Desta vez com sofreguidão. Está me sabotando.
Meus pensamentos se apagam e tudo o que eu quero é beijá-lo e permito que me
beije.
O que está acontecendo comigo?
Quero me conter, mas não posso. Nunca fui brinquedinho de nenhum homem, mas ele
consegue me controlar. Eu o desejo com a mesma intensidade com que preciso do ar que
respiro e isso me assusta. O tesão por esse homem me queima a vagina, a pele, e sinto
minha calcinha ficar molhada, e a única coisa que quero agora é que ele tire minha roupa
e me possua.
Cravo meus olhos nele. Sua cara séria e arrogante me enfeitiça. Me deixa louca. É tão
sexy e avassalador que não consigo recusar qualquer coisa que ele exija de mim. Nunca
havia me sentido assim antes e acho que não posso fazer nada para evitar isso.
Desabotoa minha calça. Enfia sua mão com rapidez dentro da calcinha.
— Você está molhada pra mim — sussurra.
O que vai fazer? Vai tirar minha roupa no meio do arquivo?
Mas não. Enfia a mão ainda mais fundo e sinto um de seus dedos mergulhando em
meu interior e, segundos depois, mais um. Me segura pelo cabelo, me puxa, e minha
cabeça se ergue. Me beija de novo com impaciência, enquanto me faz abrir as pernas
com sua perna, e seus dedos entram e saem de mim algumas vezes. Com sua boca sobre
a minha, reprimo meus gemidos e sei que o clímax está próximo.
— Goza pra mim, Any.
Meu corpo volta a reagir às suas palavras.
O prazer que está me dando me faz querer mais. O brilho sensual de seu olhar me
deixa louca e me faz desejar que tire minha roupa, me jogue no chão e me coma. Mordo
o lábio. Se não fizer isso, vou gritar e o escritório inteiro virá até aqui para saber o que
está acontecendo.
— Vamos, Any, se entregue.
Tensiono as costas e dobro as pernas enquanto me deixo dominar por ele com prazer.
Quero seus dedos ainda mais dentro de mim e, quando acho que vou explodir, eu o beijo
de novo para lançar novamente meu gemido em sua boca, enquanto sinto minhas coxas
se contraindo com suas carícias e percebo que estou cada vez mais molhada. Pouco a
pouco ele para e, quando retira seus dedos de dentro de mim, quero protestar. Ele se dá
conta disso. Volta a segurar minha cabeça entre as mãos.
— Você me deve um orgasmo, pequena.
Não consigo responder.
Só o que faço é abrir a boca e entrelaçar sua língua na minha. Me delicio com seu
sabor excitante e perigoso, esquecendo-me outra vez da minha irritação anterior e de
tudo o que está ao nosso redor. Não quero mais pensar que ele me usa como um
brinquedinho. Não quero pensar que é meu chefe. Simplesmente não quero pensar.
Dois minutos depois e com a respiração mais compassada, ele deixa de me pressionar
contra as gavetas dos arquivos e eu recupero o controle do meu corpo. Droga.
Mas o que é que eu fui fazer de novo?! Como posso ser tão idiota cada vez que
esbarro com ele?
Ele parece notar o que estou pensando e me lança uma de suas olhadas gélidas.
— Voltou a pensar sobre a minha proposta? — pergunta.
Tento olhar para ele. Enfrento o Iceman e sinto que estou perdendo toda a
compostura.
— Já te dei a resposta ontem e te disse que não aceitava.
Aperta os lábios e eu solto um suspiro.
Eu o encaro surpresa.
— Por que você é tão cabeça-dura? — acrescenta. — Minha proposta te daria algum
retorno financeiro.
— Só financeiro?
Diante da minha pergunta, Poncho para de sorrir.
— Tudo depende do que você quiser. Você decide, Any. Por enquanto preciso de uma
secretária. O sexo vai surgir, se tiver que surgir.
— E se eu me recusar a deixá-lo surgir outra vez? — rebato, tentando acreditar na
minha própria mentira.
Poncho olha para mim. Desce as mãos até minha calça e a abotoa.
— Vou aceitar sua decisão — acrescenta com tranquilidade. — Outra vai querer.
Como é idiota, metido e marrento...!
E então sai do arquivo e me deixa sozinha. Durante alguns segundos fecho os olhos e
fico me culpando. Por que sou tão fácil quando estou com ele? Por fim ajeito a blusa e o
cabelo e vou atrás dele. Está sentado diante de sua mesa e, com as sobrancelhas
contraídas, olha para a tela do computador. Ando com calma até a porta, disposta a sair.
— Eu disse que você tinha até terça-feira pra responder, e mantenho esse prazo — diz
antes de eu ir embora de sua sala. — Agora pode voltar à sua mesa. Se eu precisar de
você de novo, te ligo.
Fico vermelha como um tomate.
Saio da sala. Fecho a porta, me apoio nela e olho ao redor por alguns segundos. Todos
fora da minha sala estão trabalhando. Aparentemente ninguém percebe o que acaba de
acontecer. Pego minha bolsa e vou ao banheiro. Preciso me lavar. Sinto minha vagina
encharcada e isso me incomoda.
Vinte minutos depois, volto à minha mesa e vejo que Miguel e minha chefe também já
voltaram. Poncho e eu não nos falamos nem nos olhamos outra vez. Às duas da tarde, a
porta da sala se abre e eles saem juntos. Não olha para mim. Apenas minha chefe lança
o olhar em minha direção.
— Vamos almoçar, Anahí — informa.
Faço que sim com a cabeça e respiro aliviada. Vejo Miguel pegar suas coisas quando
meu telefone toca. É minha irmã.
— Any... você tem que vir pra casa. Agora!
Ao escutar aquilo, fecho os olhos e me sento: as pernas ficam bambas. Não precisa
continuar falando. Sei o que aconteceu.
Quando desligo o telefone, contenho o choro e engulo as lágrimas. Não quero chorar
no escritório. Sou uma mulher forte e não gosto de fazer cena. Procuro Miguel e o
encontro conversando com Eva. Acho que estão se pegando. Vou até ele e aviso que
surgiu um problema urgente e que não voltarei ao escritório hoje. Ele concorda sem
prestar muita atenção e eu ando até minha mesa outra vez. Sento, bebo água da
garrafinha e, por fim, pego minhas coisas.
Minhas mãos estão tremendo e minhas bochechas ardem. Quero chorar. Faço um
esforço para desligar o computador, controlo minha tristeza e caminho até o elevador.
Depois corro até o estacionamento e me permito chorar. Só então.
Quando chego em casa, minha irmã está com os olhos encharcados de lágrimas.
Trampo respira com muita dificuldade e eu imediatamente ligo para o veterinário. Ele,
que me conhece há anos, diz para eu levar Trampo até a clínica.
Às quatro e meia da tarde, após uma injeção que o veterinário lhe dá para que sinta
menos dor, Trampo me deixa. Me deixa para sempre, com o coração despedaçado e com
a sensação de uma perda irreparável. Me inclino sobre a mesa onde seu corpo sem vida
descansa. Eu o beijo, acaricio pela última vez sua cabecinha peluda, e litros de lágrimas
embaçam totalmente minha visão.
— Adeus, querido — murmuro.
15
Às sete da noite, estou sentada no sofá da casa da minha irmã.
Meu celular toca. Meus amigos me chamam para ir à praça Cibeles comemorar o título
da Eurocopa. Mas não estou em clima de festa. Desligo o celular. Não quero saber de
nada nem de ninguém. Estou triste, muito triste. Meu melhor amigo, com quem eu dividia
todas as minhas tristezas e alegrias, me abandonou.
Choro... choro e choro.
Minha irmã me abraça, mas, inexplicavelmente, sinto que preciso do abraço de certo
cara atrevido. Por quê?
Autor(a): Anna Albuquerque
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 228
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hortensia Postado em 19/04/2020 - 08:10:58
Fanfic simplesmente maravilhosa, sou louca por essa história, simplesmente perfeita.. ❤️❤️
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julia_loveponny_aya Postado em 20/04/2016 - 01:20:38
Pena q acabou;(
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julia_loveponny_aya Postado em 20/04/2016 - 01:20:23
Amooooo<3 perfeita dmais!!!!
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julia_loveponny_aya Postado em 01/04/2016 - 10:26:49
Ainnnn<33333
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ponnyyvida Postado em 01/04/2016 - 00:55:56
Como assim penúltimo ????!!!!! Aí Meu Deus !!!! Não quero q acabe !!!!
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julia_loveponny_aya Postado em 29/03/2016 - 19:07:08
A ponte dos cadeados, o nascimento do baby,..*-*<333 e a mel é um amrrr!! Continuuuuuuaaaaaaaa
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Postado em 29/03/2016 - 02:47:50
Meuuuuuu Deuuuuuuus que coisa liiiinda. Enlouquecendo aqui...🙌❤❤😍 Posta mais pleace pleace..
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ponnydelirio Postado em 17/03/2016 - 01:46:23
Coooontiiiiinuuuuuaa Logooo plmds ♡
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julia_loveponny_aya Postado em 01/03/2016 - 01:36:31
Tadinha ela tá pirando kkkkkk o poncho chamando ela de poodle tbm OAJSAKKAKA morta!!! Continuuuaaaaa
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ponnydelirio Postado em 21/02/2016 - 02:24:22
Cooooontiinuuaa logo <3