Fanfic: Todo cambió | Tema: A Feia Mais Bela

Ao chegar em casa, subo diretamente para o meu quarto. Caminho vagarosamente pelo corredor, abro a porta do quarto e caminho até o berço. Tomo Dani em meus braços, caminho com ele até a varanda, me sento por lá e fico curtindo ele. Logo minha Anjinha entra correndo, porta a dentro, ela chega toda sorrisos na varanda aonde eu estava. Ficamos os três ali, por um momento pude esquecer todos aqueles pensamentos. O que não demora muito para voltar e junto com eles vêm toda a minha insegurança. 

Na verdade eu sempre fui uma pessoa insegura, o que me atrapalhava muito em diversos pontos da minha vida, inclusive nos meus relacionamentos. O que muitos não sabem é que devo essa insegurança toda a um problema de saúde que tenho desde os meus quatorze anos de idade, quando menor sempre me culpei muito por não ter a mesma imagem artística que minha mãe tinha quando jovem, me sentia mal e acabava descontando isso na comida, devorava tudo o que via a minha frente, mas acontece que depois de fazê-lo, eu simplesmente corria para o banheiro e forçava o dedo garganta a dentro para provocar um vômito. Na época eu não sabia que isso poderia causar danos a minha saúde, achava isso normal, achava que isso faria eu ficar magra e linda, como a minha mãe queria, como todos queriam. Com isso fui baixando de peso, mas mesmo assim não me sentia bem, ainda não estava feliz. Me olhava no espelho e me via gorda, não estava satisfeita com o que via. Parte da doença da Bulimia e da Anorexia é se ver em frente a um espelho e não saber como está. Se está gorda, se está magra, mediana... Se está feia. Isso aconteceu comigo e continua acontecendo, não acredito que eu esteja totalmente curada, até porque é um processo que leva muito tempo para que possamos nos recuperar disso. Isso ainda me afeta e muito. E ao pensar em Jaime, não vejo que eu seja a mulher ideal para estar junto a ele e não sou só eu quem acha isso. Todos a nossa volta dizem isso, todos a nossa volta só me coloca lara baixo, fazendo comentarios do tipo: "Nossa, você deu uma engordadinha", "Não sei o que os fãs de vocês vêem em vocês juntos". E o pior, o que me mata aos poucos, são aqueles comentários, tais como: " Nossa você e a sua mãe não tem nada a ver... " Na verdade na frente de qualquer um me mostro despreocupada, finjo que não me atinge, que pouco me importo, mas cada vez que ouço esse tipo de coisa, morro por dentro. Choro sozinha. Eu não entendo pra quê fazer essa comparação entre minha mãe e eu. Porquê eu tenho que parecer com ela?. Quando dou por mim, já estava aos prantos.

Balanço negativamente a cabeça tentando afastar esses pensamentos ruins de mim, eu não queria ficar mal por isso novamente, não hoje... Não no meu dia. Eu sabia aonde tudo isso me levaria e não... Não quero isso denovo. Entro para dentro do quarto com os meus anjinhos, já havia amamentado Dani e ele havia pegado no sono, deixo-o no berço. Angeliquita fica ao meu lado, me observando. Forço um sorriso para ela, no intuito de dizer que estava tudo bem comigo... Ela sorri largo e logo sai em disparada correndo pelos corredores da casa.

Fico o resto do dia no quarto, meu celular tocava o tempo inteiro, não queria falar com ninguém, recebo várias notificações de mensagens e das minhas redes sociais. Por volta das 17h desço para a cozinha, Júlia não estava por lá, caminho até a geladeira, procuro por ali algo para comer. Pego uma torta que havia ali e a coloco sobre o balcão. Eu não estava com fome, mas sentia a necessidade de comer, sentia que precisava daquilo para me sentir bem. Começo a comer, quando dou por mim, já havia comido metade da torta. Era uma torta media de frango com catupiry... Ao acordar para aquela realidade, me sinto pior ainda por mais uma vez cair nessa situação, por me deixar levar. Eu sabia que não estava curada propriamente dito, mas eu já conseguia controlar bem isso, fazia alguns anos. Subo correndo para o meu quarto. Novamente sinto as lágrimas percorrerem toda a extensão do meu rosto. Abro a porta e caminho diretamente para o banheiro, eu já não podia mais conter as lágrimas que a essa altura percorriam descontroladamente sobre a minha face. Me abaixo em frente ao vaso sanitário, eu estava me sentindo a pior pessoa do mundo naquele momento, fico por um tempo parada ali, eu não conseguia pensar direito, eu estava muito mal, estava confusa. Levo então meu dedo indicador a altura da minha garganta. Eu precisava tirar tudo aquilo de dentro de mim. Fico por um tempo forçando o dedo na garganta, não demora muito para eu vomite tudo o que havia comido a pouco. 

Ao me levantar, caminho decidida para junto da pia do banheiro. Eu não podia acreditar que havia feito aquilo novamente, eu não conseguia parar de chorar.  Abro então o registro da pia do banheiro, levo as mãos em forma de concha, para aparar a água que caia, levo as mesmas ao meu rosto, lavando-o. Saio do banheiro e caminho até a minha cama, aonde me sento.

Angelica: O que você fez, Angelica? O que você fez? – Digo enquanto me deito na cama, abraçando um dos travesseiros que estavam por ali, ao meu lado na cama.

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Na manhã seguinte, acordo melhor. Por volta das 6h da manhã, não estava cem por cento, mas não estava tão mal quanto ontem. Decido entrar no meu twitter e de alguma forma recompensar meus ValeFans pelo dia de ontem. Eles se esforçaram tanto para demonstrar o quanto me ama e eu mal falei com eles.

" Retweet: Mil besos,abrazos a mi querida @angelicavale en su cumpleańos.La extrańo en Miami pero ella decidió casarse y abandonarnos por  @ottompadron" 

Logo me deparo com um tweet de um grande amigo. O que não poderia deixar de respondê-lo. Ele é uma pessoa incrível, então logo o fiz.

" @rauldemolina  ¡Jajajaja! ¡Te adoro gordito bello! Yo también te extraño mucho... Pero ya ves, me mudó @ottompadron ¡Jajajaja" 

Como ninguém sabia do meu divórcio com Otto, decidi comentar normalmente seu tweet. Afinal não tinha nada de mais nisso. Continuo pela minha Time Line, fico lendo todas as felicitações, assisto videos que meus fãs fizeram em minha homenagem. Logo me deparo com outro Tweet que não poderia deixar de responder e retweetar.

" Retweet: Hoy és el cumple de la Vale (@angelicavale) Felicidades Valecita!! Deseamos lo mejor a ti, siempre!! http://t.co/LONLOexHi1"

O pessoal do musical é sempre muito atencioso comigo, aliás, amo seus tweets em relação a mim, estou sempre acompanhando eles. Logo os respondo.

" @MusicalMentiras ¡Los amo! ¡Regreso antes de que acabe la temporada! ¡Lo juro! 😘😘😘😘"

Ao perceberem minha presença no Twitter, novamente recebo trocentas notificações, o que dificulta eu responder a todos, sei que muitos ficariam chateados por isso, mas respondo a todos em apenas um tweet.

" ¡Gracias a todos los que me siguen felicitando! ¡Son lo máximo twiterlandia! 😘😘😘😘 "

Eu os amo, eles me fazem muito bem. Continuo lendo as notificações e logo me deparo com um tweet do Jaime.

" @angelicavale Felicidades comadre! Toda la familia te quiere y te manda muchos besos ##FelizCumpleAngelicaVale" 

Realmente ele não tinha a necessidade de fazer isso. Ainda me chamar de comadre. Okay, okay... Se ele quer viver de aparências para manter seu estrelismo, que seja. Dou de ombros. Com isso me levanto. Teria um longo dia pela frente. E teria que correr para o ensaio de hoje. Assim o faço após tomar banho e me arrumar.