Fanfic: Crepúsculo (Terminada)

Eu podia sentir que era cedo demais quando eu acordei de novo, e eu sabia que os meus horários do dia e da noite estavam mudando lentamente. Eu fiquei deitada na minha cama ouvindo as vozes baixinhas de Maite e Christian na outra sala. Era muito estranho que elas fossem altas o suficiente pra eu ouvir. Eu rolei até que meus pés tocassem o chão e então me arrastei até a sala. O relógio da TV dizia que havia acabado de passar das duas da manhã. Maite e Christian ainda estavam sentados no sofá, Maite rabiscando de novo enquanto Christian olhava por cima do ombro dela. Eles não olharam pra cima quando eu entrei, de tão concentrados que estavam no trabalho de Maite. Eu engatinhei até o lado de Christian pra espionar.

- Ela viu mais alguma coisa? - eu perguntei baixinho pra ela.

- Sim. Alguma coisa trouxe ele de volta á sala de videocassete, agora está claro.

Eu observei enquanto Maite desenhava uma sala quadrada com vigas escuras que atravessavam o teto. As paredes eram cobertas de madeiras, um pouco escuras demais, fora de moda. Um dos lados da entrada era de pedra - uma lareira de pedra cor de bronze que ficava entre a entrada de duas salas. Haviam uma grande janela na parede que dava para o Sul, e uma abertura na parede do lado oeste que dava uma visão para a sala de estar.

O foco da sala por essa perspectiva, a TV e o videocassete, que ficavam equilibrados num aparador pequeno demais, estavam no lado do corredor que ficava mais próximo do lado sul. Um sofá antigo ficava no lado contrário ao da TV, uma mesa de café redonda ficava na frente dele.

- O telefone fica aqui - eu sussurrei, apontando. Os dois pares de olhos me encararam.

- É a casa da minha mãe.

Maite já estava fora do sofá, com o telefone na mão, discando. Eu olhei para a precisa descrição da sala familiar da minha mãe. Como não era do seu costume, Chritian escorregou pra perto de mim. Ele colocou levemente sua mão no meu ombro, e o seu contato físico pareceu fazer sua influência calmante ser ainda mais forte. O pânico ficou nublado, desfocado.

Os lábios de Maite estavam tremendo com a rapidez de suas palavras, o ruído baixo era impossível de decifrar. Eu não conseguia me concentrar.

- Any - Maite disse, eu olhei pra ela entorpecida. - Any, Alfonso está vindo te buscar. Ele e Emmett e Carlisle vão te levar para algum lugar, pra te esconder por algum tempo.

- Alfonso está vindo? - as três palavras eram como um manto de vida, que segurava minha cabeça pra cima durante um dilúvio.

- Sim, ele está pegando o primeiro vôo para Seattle. Nós vamos encontrá-lo no aeroporto e você irá com ele.

- Mas, minha mãe... ele veio aqui pra pegar minha mãe, Maite! - a despeito de Christian, a histeria estava borbulhando nas minhas palavras.

- Christian e eu ficaremos até que ela esteja a salvo.

- Eu não vou vencer, Maite. Vocês não podem cuidar de todas as pessoas que eu conheço pra sempre. Ele vai achar alguém, ele vai machucar alguém que eu amo... Maite, eu não consigo.

- Nós vamos pegá-lo, Any - ela me assegurou.

- E se você se machucar, Maite? Você acha que vai ficar tudo bem pra mim? Você acha que ele só pode me machucar com a minha família humana?

Maite deu um olhar cheio de significado pra Christian. Uma pesada e profundo nuvem de letargia passou por mim e os meus olhos fecharam sem minha permissão. Minha mente lutou contra a nuvem , se dando conta do que estava acontecendo. Eu forcei meus olhos a se abrirem e me levantei, me distanciando das mãos de Christian.

- Eu não quero voltar a dormir - eu falei.

Eu andei para o quarto e fechei a porta, bati ela na verdade, assim eu estaria livre para ficar despedaçada em privacidade. Dessa vez Maite não me seguiu. Por três horas e meia eu olhei para a parede, curvada como uma bola, me balançando. Minha mente estava dando voltas, tentando encontrar uma forma de sair desse pesadelo. Não havia escapatória, não havia como adiar. Eu só podia ver um final aparecendo sombriamente no meu futuro. A única pergunta era quantas pessoas se machucariam até que eu chegasse lá.

O único consolo, a única esperança que eu tinha, era que eu veria Alfonso em breve. Talvez, se eu pudesse apenas ver o rosto dele de novo, eu também poderia ver a solução que me iludia agora.