Fanfic: Chantagem do Desejo AyA - Terminada

O interior da igreja estava decorado com flores. Tanto ela como Alfonso receberam uma vela, e a cerimônia começou. Anahí sabia exatamente o que es­tava acontecendo, porque havia ensaiado para o casa­mento, no qual Pelias, com muito humor, fizera o papel do neto. Ela e Alfonso trocaram anéis. Coroas sim­bólicas de prata com pérolas atadas a uma fita foram colocadas em suas cabeças. Eles beberam da mesma taça de vinho e rodearam por três vezes a mesa cerimo­nial sobre a qual jazia uma bíblia. Os convidados esparziram pétalas de rosas sobre os dois. Depois da bênção, as coroas foram removidas e o padre uniu as mãos. Foi uma cerimônia solene e Anahí descobriu que nem mes­mo sua raiva por Alfonso podia fazê-la esquecer que agora eram marido e mulher.

Eles deixaram a igreja pela porta dos fundos, a chegada e a partida tendo sido feita sem que ninguém observasse, a não ser o fotógrafo oficial, uma equipe de filmagem e o staffe segurança. Diversas precau­ções haviam sido tomadas para preservar a privacida­de daquele dia. A recepção seria em Dove Hall, onde a segurança era muito rígida para manter todos os membros da imprensa do lado de fora do parque.

No interior da limusine branca, Alfonso depo­sitou uma caixinha de veludo no colo dela.

— Meu presente de casamento para você.

Os olhos verdes de Anahí cintilaram.

— O que é isso? Um jogo de algemas de platina?

Impassível à ironia do comentário, Alfonso er­gueu-lhe a mão e depositou um beijo na palma. Os olhos dourados a fitaram com uma intensidade sexual que a tomou de surpresa.

— Gostaria disso, querida? Mas você é muito pe­quena e sua pele ficaria machucada facilmente — murmurou ele, fechando os dedos sobre os pulsos dela para enfatizar o que dissera. — Seda seria mais adequado para ossos tão frágeis.

Um rubor cobriu as feições de Anahí.

— Foi uma brincadeira.

— Veremos. Nas próximas oito semanas, teremos tempo para explorar muitos territórios.

— Oito semanas? — Anahí surpreendeu-se. — Você está planejando ficar dois meses longe do banco?

— É uma ocasião especial — disse Alfonso, acariciando-lhe as mãos.

De súbito, o nervosismo de Anahí aumentou. Quando ele descobrisse que sexo não estava no menu do recente casamento, oito semanas pareceriam lon­gas demais. Agora, contudo, não era hora de fazer o comunicado, porque a última coisa que queria era uma briga na frente de dezenas de convidados.

— Quanto tempo você ficou fora quando se casou com Ianthe? — ela perguntou com súbita curiosidade.

— Uma semana. Não havia escolha. Eu estava prestes a fazer meus exames finais na universidade. — A entonação dele era constrita, como se o fato de falar sobre o seu primeiro casamento fosse um desa­fio doloroso.

Naturalmente, ele escondia todos os sentimentos, pensou Anahí, infeliz. Desejando não ter perguntado, voltou a atenção para a caixa ainda fechada em seu colo e levantou a tampa com mão hesitante.

— Oh... meu Deus — sussurrou ela, cega pelo es­plendor de um anel de esmeraldas com brilhantes.

— Não tivemos um noivado. Eu quis compensar o fato.

Anahí examinou o anel e os olhos tão verdes quan­to a esmeralda contida nele se encheram de lágrimas. Seu coração parecia ter se partido em dois. Num mo­vimento brusco, fechou a tampa e devolveu-lhe o presente.

— Não preciso de um anel para me lembrar que você me dispensou na Irlanda.

Alfonso quase gemeu.

— Querida, aquilo não tem nada a ver com este anel. Terei de viver com essas recriminações por toda a eternidade?

Anahí olhou para fora da janela do carro.

— Achei que era a solução mais sábia. Fiz o que era melhor para você, acredite.

— Não minta para si mesmo!

— Depois de Ianthe, eu não estava pronto para um compromisso. Conheci você rápido demais. Senti-me culpado. Você era muito jovem e inexperiente.

— Desde quando isso o influenciou?

— Você era a única virgem com a qual eu já havia dormido! — gritou Alfonso furiosamente. — Se eu a trouxesse da Irlanda comigo, o que faria com você?

Anahí ergueu as sobrancelhas em tom de desafio.

— O único futuro que eu provavelmente teria a lhe oferecer na ocasião era como minha amante... e esta foi a razão pela qual terminei tudo.

Anahí suspirou.

— Por que simplesmente não admite a verdade? Eu lhe disse que o amava e isso o fez deixar o país sem pensar duas vezes!

Alfonso achou perturbador o fato de ela guar­dar uma mágoa tão antiga, especialmente porque não havia entendido as próprias reações na ocasião.

Enquanto fazia tal reconhecimento, Anahí mortificava-se pelo que tinha dito. Por Deus, por que estava agindo assim? O passado estava enterrado. Alfonso tivera um caso com ela enquanto ainda sofria por Ianthe e Anahí já devia ter superado isso.

Profundamente arrependida, ela pegou a caixa do anel de volta. Então, deslizou a jóia no dedo.

— Obrigada... é deslumbrante.

Alfonso pensou em questionar aquela súbita mudança de atitude, mas então mudou de idéia. Fora um grande dia para ela e tudo acontecera muito rápi­do. Possivelmente, Anahí estivesse sendo apenas emocional.

Ele ofereceu-lhe um drinque, perguntou se a mãe e o padrasto estavam aproveitando a viagem e manteve a conversa casual durante o trajeto para Dove Hall.