Fanfic: Chantagem do Desejo AyA - Terminada

Chegando à festa de casamento, os noivos se posi­cionaram no hall de entrada e cumprimentavam os convidados que chegavam e dirigiam-se para o salão de baile. Anahí finalmente vislumbrou Leanne, e mostrou-se tensa, esperando que a amiga não fosse notada pelo noivo.

Mas Leanne, que nunca escondia seus talentos, es­tava determinada a conhecer Alfonso pessoal­mente. Parando diante dele, deixou Anahí sem esco­lha a não ser fazer a apresentação.

— Leanne Carson, uma velha amiga. Alfonso murmurou qualquer coisa ininteligí­vel.

— Banquei o cupido para vocês dois — proclamou a morena de olhos azuis sem o mínimo constrangi­mento. — Se não fosse por mim, você e Anahí talvez não tivessem voltado a ficar juntos! Ela sempre resis­tiu à idéia de procurá-lo.

Quando Leanne excedeu o limite, Alfonso ges­ticulou para que Cyrus se aproximasse e sussurrou algo no ouvido dele.

— Você não pode pedir que Leanne vá embora porque eu a convidei — disse Anahí, temendo que aquela fosse a intenção dele. — Eu ia contar-lhe que ela estava aqui...

— Não, você não ia — replicou Alfonso fria­mente. — Estava esperando que eu não a notasse na multidão, mas vulgaridade dessa magnitude nunca passa despercebida!

— O que você disse a Cyrus?

— Para observá-la... e ficar de olho na prataria.

— Obrigada!

Somente quando os últimos convidados chegaram e eles estavam prestes a entrar no salão de baile, Anahí notou que o retrato de Ianthe fora removido da parede acima da escadaria, e duas belas paisagens ocu­pavam seu lugar.

Desconcertada com aquela revelação, ela sussur­rou:

— O que você fez com o retrato de Ianthe? A pergunta fez Alfonso olhá-la.

— Troquei-o de lugar.

Anahí quase agradeceu, mas fazer isso seria uma confissão do quanto o retrato a incomodava, e prefe­riu silenciar-se. Sua consciência dizia-lhe que Ianthe tinha todo o direito àquele lugar na parede, e sentiu se culpada. Como podia ser tão mesquinha?

Mesmo assim, havia gostado da atitude de Alfonso.

Reunida com Toby e Connor, brincou com os fi­lhos por alguns momentos, até a hora de se juntar à festa nupcial na alta mesa.

Anahí tomou dois cálices de champanhe antes que Alfonso a levasse para a pista de dança. Quando ele a puxou intimamente junto ao corpo rígido, ela tremeu um pouco.

Estava muito consciente da masculinidade poten­te. O familiar aroma da pele dele envolveu-a, e ela mostrou-se tensa quando uma forte excitação a per­correu.

— Você não vai dizer mais nada sobre Leanne? — perguntou ela, a fim de se distrair da própria reação.

— Por que você a convidou?

— Ela estava muito arrependida, e foi uma amiga por longo tempo.

Anahí passou os braços em volta do pescoço dele até que percebeu o que estava fazendo.

— Espero que não se arrependa. Você é muito confiante. Alguém poderá tirar proveito desse seu traço de personalidade — avisou Alfonso. — Quando alguém me decepciona, não lhe dou a chance de repetir o erro.

Anahí não respondeu, muito envolvida com a dan­ça, e consciente demais da rígida estrutura muscular que pressionava seu corpo. A boca estava seca e o co­ração, disparado.

Quando a música mudou para outro ritmo, Alfonso inclinou-lhe a cabeça para trás e fitou-a com olhos ardentes.

— Não vejo a hora de ficar sozinho com você. Meu avô não me deixou segui-la para o quarto ontem à noite — confidenciou ele. — Admito que conversar não era a minha intenção...

Anahí corou. Não sabia o que dizer e, quando ele baixou a cabeça e beijou-a com sensualidade, a cabe­ça dela girou e os joelhos enfraquecerem.

Rindo pelo aplauso que irrompeu da audiência ao redor, Alfonso alisou-lhe as faces coradas.

— Mais tarde... uma noite de núpcias para ser lem­brada por toda uma vida, querida.

Anahí cerrou os olhos. Por que se sentia culpada? Amar Alfonso era algo que estava tão profunda­mente arraigado em sua natureza que não podia ne­gar-lhe nada? Mesmo quando ele estava errado?

Ela vinha se mostrando fraca e agora era hora do ajuste de contas, pensou apreensiva. Não era uma questão de tentar nivelar a contagem de pontos. Como podia ser? Alfonso era seu marido e, com toda certeza, queria ter um futuro com ele. Mas tinha de ser um futu­ro no qual ela seria mais do que a mãe dos gêmeos e a mulher em sua cama. Talvez ele nunca a amasse, mas Anahí estava determinada a ensiná-lo a tratá-la como igual, uma esposa que merecia seu respeito.

Enquanto a tarde passava, ela ficou ciente de que, pelo menos em público, Alfonso a tratava como igual. Nunca fora tão atencioso. Nem uma vez se­quer, deixou de estar a seu lado enquanto andavam, agradecendo a presença dos convidados.

Após as convenções, eles se sentaram com Toby, Connor, Maura e Dermot por um instante. Foi o mo­mento que Connor escolheu para escorregar da ponta do sofá e dar seus primeiros passos cambaleantes na direção da mãe. O rostinho iluminou-se, maravilhado por estar andando reto pela primeira vez na vida.

— Não é maravilhoso? — Ajoelhando-se, Anahí abriu os braços e pegou Connor para um abraço exu­berante. Viu o mesmo brilho de amor e orgulho no rosto moreno de Alfonso. Sentiu um aperto na garganta quando o viu confortar Toby, que havia ten­tado imitar o feito do irmão, e irrompera em lágrimas quando fracassara.

Pelias juntou-se a Anahí mais tarde, quando ela es­tava pondo as crianças para dormir um pouco.

— Calliope está muito excitada por ficarmos com Toby e Connor nesta semana. É claro que teremos sua babá para ajudar, mas temos muitos planos para eles. Assim que acordarem, nós os levaremos.

— Vou sentir falta dos pequenos — confidenciou Anahí. — Mas é apenas por uma semana.

O casal passaria sua noite de núpcias em Dove Hall e partiria para a lua-de-mel na Grécia, no dia se­guinte.

— Uma semana para os adultos aproveitarem a companhia um do outro. — Pelias examinou-a com aprovação. — Eu havia quase desistido da esperança de ver isso acontecer, mas você transformou a vida do meu neto.

— Eu a virei de cabeça para baixo — disse Anahí, rindo.

— Alfonso merece um casamento normal e uma vida familiar. Estamos sinceramente felizes por ambos — murmurou Pelias.

Um casamento normal, pensou Anahí intrigada quando desceu a escada. Por que Pelias dissera aqui­lo? Seria uma crítica velada ao primeiro casamento do neto? Sem dúvida, fora uma referência à infertilidade de Ianthe. Crianças, afinal, eram altamente lou­váveis na cultura grega. Entretanto, o comentário pa­recera maldoso, e era estranho, considerando que Pe­lias Herrera era um dos homens mais bondosos e discretos que ela já conhecera.