Fanfic: O Desejo Errado (Adaptada) DyC - FINALIZADA. | Tema: Vondy

Passei grande parte da noite em claro, só conseguia pensar em Damayanti e Christopher. Não acreditava que ele tivesse coragem de fazer aquilo com a garota, não é possível que ele tivesse um coração tão ruim. Por um lado eu insistia em acreditar na inocência de Ucker nessa historia e por outro eu suspeitava dele, já que maioria dos alunos confirmaram a historia de Victor. Eu implorava mentalmente para que  amanhecesse o dia, precisava conversar com Annie, e ao ouvir a sua opinião sobre essa historia, eu decidiria se eu acreditaria ou não, por ora, era melhor manter-me afastada de Ucker por precação.

Caminhava em passos rápidos para aula de geografia, havia acordado atrasada, pois acabei pegando no sono depois do nascer do sol. Ouvi uma voz distante chamando pelo meu nome, entretanto fingir não escutar e continuei andando apressada desviando dos estudantes que estavam parados no corredor.

-Dul. –Gritou a voz mais próxima. –Espere!

Apressei ainda meus passos, não estava a fim de encarar o possível vilão do colégio.

-Ei, espera. –Ele falou agarrando inesperadamente meus braços fazendo-me parar. –Estava a sua procura! –Exclamou ele com a respiração ofegante.

-O que você quer? –Perguntei rispidamente sem encara-lo. Meu coração batia disparado em meu peito devido a adrenalina.

-Apenas te acompanhar ate a aula, e também te perguntar se você quer almoçar comigo. –Ele falou parando em minha frente encarando-me ansiosamente.

-Eu... eu... –Falei tentando inventar rapidamente uma desculpa plausível. –Eu estou atrasada para aula e combinei de almoçar com as meninas. –Argumentei desviando o olhar sem coragem de encara-lo. –Desculpe e ate depois. –Disse voltando a caminhar em passos velozes.

Depois do nosso breve encontro não o vi mais, e tentei o máximo possível não encontrar inesperadamente com ele. Para a minha infelicidade a noite já havia chegado e eu não tinha conseguido encontrar a Annie para tal conversa, já que mal tive tempo de respirar. Passei no dormitório dela, porem nem ela e a Mai estavam lá, então segui para o dormitório dos rapazes. Antes de abrir a porta rezei mentalmente para que Christopher não estivesse lá, porem ao entrar avistei ele deitado no sofá assistindo televisão, engoli seco e fechei a porta atrás de mim evitando encara-lo.

-Que bom que você chegou. –Exclamou ele de imediato sentando-se no sofá com um sorriso. –Preciso conversar com você.

-Depois conversamos, preciso de um banho. –Disse indiferente indo em direção ao banheiro.

-Mas é importante. –Ele falou segurando meu braço com um pouco de força. –Vamos conversar, Dul. –O tom de sua voz era ríspido fazendo-me engolir seco.

-Ta bom. –Respondi sem escolha, ele soltou o meu braço e voltou a sentar no sofá. –Sobre o que você quer conversar? –Perguntei receosa o encarando timidamente.

-Porque você esta fugindo de mim? –Perguntou ele em tom baixo encarando-me com os olhos obscuros.

Aquela pergunta me atingiu em cheio, será que era tão obvio que eu estava evitando Christopher? E agora o que eu irei responder? Digo a verdade ou invento qualquer desculpa?

-É impressão sua. –Disse calmamente optando pela sua opção. –Não estou fugindo de você. –Conclui a minha fala o olhando sem receio, porem sentia o meu estomago enjoar e o medo me domar.

-Não é impressão minha, Dul.  –Retrucou ele vindo em minha direção, seus olhos estavam escuros e a sua voz era serena. –Me conte porque esta agindo assim.

Engoli seco, tentando frustamente me controlar, porem o medo me domava cada vez mais. Respirei fundo e desabafei:

-Eu sei sobre a historia da Damayanti.

-Como você soube? –Perguntou ele com a voz serena e pacifica fazendo-me arrepiar por completo. –Me diga, Dulce, como você soube? –Perguntou ele caminhando em minha direção com o olhar incompreensível. Dei um passo para trás amedrontada.

-O Victor me contou. –Disse em tom extremamente baixo. –É verdade? –Indaguei arqueando as sobrancelhas fazendo a sua expressão mudar para confusa. –Quer dizer, é verdade essa historia?

Ele permaneceu em silencio e parou de caminhar ao meu encontro, a sua expressão era um misto de tristeza e sofrimento. Ele deu as costas para mim e por impulso dei um passo para frente apreensiva.

-A historia que você ouviu é a que todo o colégio sabe. –Ucker disse com uma ponta de raiva em sua voz rouca. –Porem ninguém nunca quis ouvir o que realmente aconteceu. –O loiro argumentou com a voz melancólica.

-Então me conte a verdade. –Pedi tocando carinhosamente o seu ombro o fazendo olhar para lado com um olhar obscuro que me fez rapidamente arrepender-me daquele gesto.

Um silencio percorreu a sala, eu continuei o encarando a espera da sua fala, ele soltou um longo suspiro e sentou-se novamente no sofá e abaixou a cabeça.

-Quando entrei no Elite Away School a primeira pessoa que eu conheci foi Damayanti e fiquei encantado por ela, poderia ate dizer que eu me apaixonei a primeira vista por ela. –Ele falou calmamente e um sorriso formou-se brevemente no canto da sua boca. –Ficamos muito amigos e um dia saíamos para jantar então eu declarei meu amor e fiquei radiante ao saber que ela também correspondia ao meu sentimento. –A sua voz soou por um instante empolgada. –A cada dia que passava eu mais amava ela, porem o nosso romance ficou rotineiro e ela so queria ficar comigo, o que eu achava ruim, pois ela havia se afastado de seus amigos e família, tentei conversar com ela, porem ela não me ouviu, então tive que aguentar ver todo mundo me acusando de afasta-la deles. Em uma noite ela terminou o nosso namoro, o que eu achei estranho, ate que soube pela sua mãe que ela tinha problemas psicológicos, ela tinha depressão e tinha mudanças de humor por isso havia agido comigo daquela forma. –Ele fez uma longa pausa soltando um longo suspiro. –Eu fui atrás dela para tenta-la ajudar,quem sabe levar ela para um psicólogo, porem ela não me ouviu e se trancou no seu dormitório por dias por causa da sua depressão, ate em um dia fui fazer uma ultima tentativa, fui em seu dormitório e encontrei a porta destrancada, entrei e vi que tudo estava calmo de mais. –O tom de sua voz diminuiu e eu podia sentir a tristeza dele mesmo estando do outro lado da sala. –E quando entrei no quarto a encontrei morta no chão com um canivete ao se lado e com seu pulso sangrando. –Um lagrima escorreu em sua face pálida. –Logo aquilo se espalhou pelo colégio e todos me acusaram da morta dela, pois estavam dizendo que havia terminado com ela, entao ela entrou em depressão e havia se suciado.

-Ucker... –Sussurrei com a expressão assustada, sentindo escorrer lagrimas em minha face.

-Por isso eu me transformei no que sou. –Ele me interrompeu com o rosto inundado de lagrimas. –Me transformei em bad boy e jurei nunca mais me apaixonar por nenhuma garota. –A sua voz era pacifica e rancorosa.

-Nem sei o que te dizer. –Falei aproximando dele vagarosamente. –Eu fui uma idiota ter desconfiado de você. –Argumentei ajoelhando em sua frente, tentando controlar as minhas lagrimas. –Perdão. –Disse fazendo leves caricias em seu queixo. –Perdão, por ter feito você relembrar desse momento trágico da sua vida, porem conte comigo sempre. –Levantei o seu queixo fazendo os seus olhos avermelhados se encontrarem com os meus. –Apesar de todo mundo te julgar como o culpado, para mim você sempre será inocente. –Limpei suavemente algumas lagrimas de rosto, uma onda de tristeza invadiu-me ao ver seus olhos ofuscados de tristeza e ressentimento. –Você sempre será inocente para mim. –Pronunciei quase sussurrando o puxando para um abraço aconchegante.

Ficamos alguns segundos abraços sentindo o cheiro de ambos, lagrimas e mais lagrimas escorriam em nossas faces, a sua tristeza se passou para mim e ambos a compartilhamos. Fiz leves carinhos em seus cabelos e escondi o meu rosto entre a curva do seu pescoço inalando o seu perfume delicioso.

-Obrigada. –Pronunciou Christopher entre soluços. –Obrigada por estar ao meu lado. –Ele falou separando nossos corpos, pegou meu rosto com ambas as mãos e me olhou carinhosamente.

-Não precisa me agradecer. –Disse esboçando um sorriso. –Mas me promete que não vai mais se sentir culpado? A ultima pessoa que tem culpa nessa historia é você.

-Prometo. –Disse ele sorrindo torto. –Obrigada por confiar em mim, minha Dul. –Ele sussurrou encostando as nossas testas carinhosamente. –Tem uma coisa que há muito tempo estou querendo fazer. –Ele olhou me com desejo, sentia-me inebriada com o seu hálito quente.

-Então faça. –O desafiei um sorriso travesso.

Ele me olhou por longos segundos e depois foi se aproximando lentamente, fechei os meus olhos preparando-me para receber a sua boca, porem inesperadamente ele começou a fazer cócegas em minhas barriga apressadamente. Deitei no chão, rolando de tanto rir enquanto ele subiu em cima de mim e continuou fazendo o mesmo.

-Para. –Implorei entre risos, sentindo perder o folego. –Para, por favor.

Ele parou de fazer as cocegas e eu pude respirar tranquilamente, sentia uma sensação deliciosa me percorrer, seus olhos pretos encontraram os meus em misto de alegria e ansiosidade. Fiquei deitada no chão encarando o imenso homem que estava em cima de mim, sorri timidamente em sua direção e fiquei perdida naquela imensidão escura que radiava ao meu encontro.

-Estou com fome, vamos ver se tem algo na cozinha para gente comer? –Perguntou ele interrompendo os nossos olhares e em seguida foi se levantando do chão e estendeu a mão em minha direção.

-Claro. –Respondi forçando um sorriso e segurando em sua mão. Em um impulso imediato ele levantou me parando a poucos centímetros dele. –Também estou morrendo de fome. –Disse dando um leve tapa em seu braço e correndo para a cozinha tentando controlar os meus sentimentos que estava a tona.