Fanfic: Reencontro LevyRroni | Tema: Levyrroni

Dulce — Você vem comigo na hora de contar a papai e mamãe? — indagou Dulce, comendo, distraída, as ervilhas que a irmã descascava. — Para acalmá-los se eles ficarem muito zangados.

Maite fez uma careta, não confiava muito na irmã, pois ela vivia aprontando. E Dulce queria o apoio daquela que os pais consideravam perfeita em tudo. Era impulsiva, com certeza, mas isso fazia parte de seu charme.

MPerroni — Não sei, não.

Dulce — Você devia estar me apoiando Mai, você sabe o quanto papai e mamãe te ouvem e confiam em ti.

Olhou magoada para a irmã, que se ajeitou na cadeira de jardim para ver melhor o filho de dois anos.  O menino ignorava os brinquedos coloridos, preferindo encher de areia os sapatos, o rostinho corado mostrando concentração. Era suspeita para falar, mas nunca vira uma criança tão linda quanto Gabriel. Maite levantou-se e ajeitou o chapéu na cabeça do filho Gabriel.

MPerroni — Eu desisto — disse, com um suspiro, quando Gabriel removeu o acessório e jogou fora olhou pra mãe e sorriu angelical. Era uma criança calma, mas já revelava um traço de teimosia.

Dulce — Eu me preocuparia Mai, ele vai se queimar. É loirinho, ele puxou ao Eugenio.

Maite ajustou o boné de beisebol para sombrear o nariz, e não comentou sobre a cor da pele do filho ser igual a do pai. Voltou para junto da irmã.

MPerroni — Não vou lhe dar falsas esperanças. Seja realista, Dulce. Vai haver lágrimas e gritaria, você conhece bem a mamãe e o papai... Na melhor das hipóteses eles acham que você não cresceu. Diz Maite percebendo o lábio trêmulo da irmã, e tentou confortá-la com um aperto no ombro.— E você chega e anuncia que está grávida. Como acha que vão reagir? Eles ainda ficam temerosos quando você pega ônibus sozinha. Já pensou nisso?

Dulce — Está dizendo que devo me livrar... — Dulce afastou-se, zangada, olhando-a acusadora. — Você gostaria que alguém tivesse sugerido que você se livrasse de Gabriel? Viu Maite retrair-se. —Você também casou gravida... e logo em seguida Eugenio morreu... Conteve-se, mordiscando o lábio. — Desculpe-me, isso foi...

MPerroni — A verdade — completou a irmã. — Isso significa que esta sendo muito difícil criar um filho sozinha. A noite, quando Gabriel tem febre... Que pode ser apenas um resfriado, mas também pode não ser... Não acha que gostaria de ter alguém com quem com­partilhar? — Respirou fundo, sem completar o que ia dizer, olhou para o filho que em tudo lembrava o pai. Dulce parecia atônita

Dulce — Eu pensava... Você sempre lidou com tudo tão bem, Mai — comentou, sem entender.

MPerroni — Lidei, mas isso não significa que, às vezes, não tenha desejado alguém com quem dividir as decisões — explicou Maite. — E, pelo menos, Eugenio me deixou rela­tivamente bem, sob o aspecto financeiro, e eu sou Medica graduada e residente e ganho muito bem. E eu não estou te sugerindo nada... Você deve tomar a sua decisão sozinha.

Dulce avaliou os olhos da irmã. Havia simpatia, amor e discernimento.

Dulce — Eu sei — murmurou, rindo nervosa.

MPerroni — E vai criar o bebêzinho sozinha? — indagou Maite, delicadamente.

Dulce — Oh não, O Ucher quer fazer a coisa certa, e hoje mesmo ele foi falar com o irmão dele, pra juntos eles falarem com os pais dele.

MPerroni — Casamento? — Com seu tom neutro, Maite disfarçava as próprias desconfianças. A irmã era adolescente ainda e o ca­samento, é um passo muito sério. — Você não parece animada — comentou.

Dulce — Oh, essa não foi a proposta inicial dele. Ele queria que eu... Você sabe. — Dulce ruborizou e desviou o olhar. — Acho que estava tão sensível por isso — confessou, rouca. — Ele diz que me ama...

Maite percebia a dúvida no tom inseguro da irmã.

MPerroni — E você o ama?

Dulce — Achava que sim. Eu acabei confortando-o. Imaginei que ele fosse... Não sei, forte...

Mais na verdade ele é "Malandro", pensou Maite. Mas, então, lembrou-se de que não tinha mais dezoito anos quando também engravidou e que Dulce não era a única a se afetar com o charme de um cara. Até os moradores mais críticos quanto à instalação de uma empresa de software nos arredores da cidade cederam ante o poder e o envolvimento comunitário dos irmãos Levy comprando ações da empresa Perroni. Maite votara a favor sabia que eles ofereceriam trabalho bem remunerados, e trariam instalações mo­dernas para a cidade...

Dulce — Ele parecia tão seguro de si... De tudo! — lamuriou-se Dulce, confusa, para compaixão da irmã. — Agora, está mais preocupado com o que o irmão vai dizer do que com os meus sentimentos! — Meneou a cabeça. — Devo parecer uma idiota. — Rindo insegura, passou a mão pelos longos cabelos ruivos.  — Acho que quero o que você e Eugenio tiveram... Ele era tão perfeito... Vocês eram perfeitos juntos. — Percebendo a angús­tia no semblante da irmã, confortou: — Mas você tem Gabriel e ele fica cada dia mais parecido com Eugenio.

MPerroni — É o que todo mundo diz — respondeu Maite, contemplando o filho e lembrando que na verdade ele não tinha nada do Eugenio e sim do Levy e que ele era a imagem do pai, desde os cabelos claros e espessos até os olhos.

Dulce — Você vem comigo? — perguntou Dulce, pela última vez. — Para me dar apoio moral, quero dizer?

MPerroni — Claro que sim — concordou Mai, sabendo que lhe caberia a tarefa de acalmar e realmente foi o que aconteceu teria que confortar os pais amargurados durante as próximas semanas.