Fanfic: Êxtase Adp. *AyA*Ponny*

Alfonso sentou-se em uma cadeira na entrada dos fundos da fazenda Greenbrier e olhou em direção ao barco descendo o Mississipi. Anua, a cadela golden retriever, estava ao seu lado. Após fazer seu primeiro milhão de dólares com design de video games, ele comprou de volta a antiga casa dos Herrera para o pai, que a vendera para pagar infindáveis disputas judiciais com Francesca.

Restabelecer velhas conexões. Restaurar suas ligações com o passado. Fazer as pazes com tudo aquilo de que vinha sentindo falta por todos estes anos.

Ele reformou o modesto, ainda que imponente casarão e o transformou em uma pousada e a deu para Jenny, sua meia-irmã, gerenciar. Ela fez um trabalho maravilhoso e agora o lugar vivia lotado o ano inteiro, a não ser pelo quarto no sótão, que Jenny sempre deixava disponível para as aparições surpresa de Alfonso.

O vento do começo de janeiro era ligeiro, mas não desconfortável. Ele havia deixado Nova Orleans no dia anterior, logo após seu encontro com Anahí Puente, exatamente para tentar tirar aquela mulher da cabeça.

A poderosa atração sexual que sentiu por ela o deixou profundamente assustado. Alfonso não estava acostumado àqueles rompantes de desejo físico, menos ainda em relação a uma mulher que despertava suas piores qualidades.

Era um alívio pensar que após o incidente com a garrafa de cerveja, ela tivesse voltado para Nova York e desistido de perturbá-lo. Se ela insistisse em ficar lhe atormentando, ele não tinha certeza se teria forças para continuar resistindo. Ele estava sentindo uma atração enorme por ela. E a última coisa de que precisava na vida era se envolver com uma mulher daquelas.

Já vira o filme.

Anahí nunca tirava um tempo para si, para ficar sem fazer nada, passear com os pés descalços pela grama e sentir o orvalho na pele. Jamais ficava sentada na varanda vendo o rio correr. Mesmo que fosse a um spa chique e pagasse a profissionais para massagearem seu corpo e amaciarem seus músculos, mentalmente ela não relaxava nunca.

Ele sabia, afinal houve um tempo em que adotara o mesmo estilo de vida para si, e quase fora devorado por ele. Alfonso sabia do que ela precisava, mesmo que Anahí não soubesse. Ela precisava descobrir o prazer de estar viva. Precisava aprender a deitar em um saco de dormir e ficar olhando para as estrelas. Precisava andar de skate, assar marshmallows, catar vagalumes.

Precisava esquecer seus grandes ideais e expectativas pretensiosas. Precisava se valorizar como ser humano, antes de qualquer coisa, e não somente por aquilo que produzia. Precisava de alguém que a fizesse sentar em uma cadeira de balanço e ficar lá até perceber realmente o que a cercava.

Ou, quem sabe, precisasse de alguém que a amarrasse à cama e lhe desse orgasmos de alterar a consciência.

Alfonso sorriu ao pensar naquela imagem provocante.

Graças aos céus ele tinha partido de Louisiana, ou poderia ter caído na dela. Odiava reconhecer, mas não conseguia parar de pensar na proposta de trabalho, assim como não conseguia tirá-la de seus pensamentos. Sua criatividade, que não dava sinais de vida desde que largara Manhattan, estava se manifestando com toda força, e ele quase não conseguiu dormir de tantas ideias que teve para o video game.

— Não vou aceitar — ele murmurou. — Não vou recuar. Não posso.