Fanfic: Êxtase Adp. *AyA*Ponny*

Estava de olho naquele trabalho fazia três anos, desde que trocou a área de coordenação pela de marketing e entrou naquela pequena, porém promissora, empresa de Manhattan. Com este intuito, fez de tudo para cultivar a imagem certa.

Mas qual era seu objetivo?

Transpirar sucesso e convencer todo mundo ao seu redor que ela era uma vencedora. Se desempenhasse bem o papel, cedo ou tarde conseguiria chegar lá.

Judd esperava muito de seus funcionários, mas não era tão mandão quanto o pai de Anahí. Naturalmente, sua abordagem da vida era mais civilizada do que a do general, mas assim como seu velho, ele também priorizava as conquistas. E ela fazia de tudo para ser digna de seus elogios.

Quando Judd ficava contente com a performance de Anahí, ela ficava feliz.

— Calma aí, você dois — Judd chiou, franzindo a testa. — Podem parar com essas alfinetadas mesquinhas por alguns minutos e permitir que Francine termine sua explicação?

Anahí fez que sim com a cabeça, aprumou-se na cadeira e evitou dirigir o olhar a Dash.

— Obrigada, Judd — disse Francine. — O que desejamos da Pégasus neste projeto é um pouquinho diferente daquele software que vocês criaram para nós.

— Como assim? — Dash perguntou.

— Estamos interessados em produzir um video game de realidade virtual para estimular brincadeiras eróticas entre casais que estejam sentindo a relação estagnar. Uma ajuda, digamos assim, para nossos pacientes que têm dificuldade em relaxar e se divertir.

— Mas nós não fazemos este tipo de software com design e realidade virtual — disse um dos programadores.

— É preciso ter habilidades bem específicas para este tipo de trabalho.

— Tenho certeza de que podemos contornar este pequeno obstáculo — disse Anahí, sabendo perfeitamente bem que os obstáculos podiam ser tudo, menos pequenos.

— Estou pronta para fazer o que for preciso para satisfazer a Baxter & Jackson.

Engula essa, Dash.

— Conheço um profissional de design free-lance — Dash interrompeu. — Tenho certeza de que se eu for selecionado para gerenciar seu contrato conseguirei um acordo bastante vantajoso.

— Na verdade — Francine sorriu —, nós já temos um designer em mente.

— Ah! — Dash pareceu desconcertado.

Anahí teve de usar de todo seu profissionalismo para não lhe lançar um sorriso falso.

— Alfonso Herrera — disse Francine. — Presumo que já conheça seu trabalho.

Um silêncio reverente caiu sobre o recinto. Todo mundo na indústria de softwares já tinha ouvido falar de Alfonso Herrera. Ele tinha fama de ser o melhor designer de video games do mercado.

Ou ao menos costumava ter esta fama.

Dash, Judd, os quatro programadores e o analista de sistemas trocaram olhares. Anahí não conhecia a história completa do escândalo de Alfonso Herrera, mas pelo jeito a coisa foi feia.

O sujeito era um verdadeiro astro na maior empresa de design de video game s do país. Aclamado como gênio, era um visionário muito à frente de seu tempo. Dizia-se nos meios empresariais que Herrera odiava ser pressionado.

A fofoca que corria era que ele havia entrado em conflito com um cliente muito importante e impaciente. Alfonso simplesmente abandonou o projeto e deixou-o inacabado.

Anahí presumiu que Herrera tivesse sofrido algum tipo de crise mental ou emocional, pois não conseguia achar outra explicação para o sujeito correr de volta para casa, na Louisiana, e deixar a empresa na mão. Ela, pessoalmente, preferiria cair mortinha a decepcionar seu chefe, por mais difíceis que fossem o projeto ou o cliente.

— Alfonso não está mais no mercado — disse Judd, mas Anahí notou pela expressão especulativa em seus olhos que ele adoraria ser responsável pela volta de Herrera a Manhattan.

— Dizem que ele está completamente recluso — completou Dash. — Ouvi dizer que ele tem uma pousada, ou restaurante, ou bar, algo assim, em Nova Orleans.

— Nossa esperança é que a Pégasus o traga de volta — disse Francine, olhando ao redor da mesa.

— Há inúmeros designers disponíveis — Judd disse. — Jack Firestein, Ashleigh Henning, Blair Downey. Isso só para citar alguns.

Francine já estava fazendo que não com a cabeça.

— Mas nenhum destes candidatos tem o talento de Alfonso para diversão pura e simples. Nós vimos os video games que ele criou. E ele quem nós queremos.

— Já trabalhei com Alfonso. O cara é completamente instável e quando ele resolve parar, ele para e pronto. Não há quem o convença a mudar de idéia — disse Dash, balançando a cabeça em sinal de desaprovação.

Dash capitulou tão rápido que Anahí ficou surpresa. Jamais o vira desistir sem lutar. Ela o observou bem, tentando entender.

— Lamento ouvi-lo dizer isto. — O rosto de Francine refletia seu desapontamento. — Se a Pégasus não é capaz de realizar o projeto, talvez outra empresa consiga.

Iiiihhh, agora a coisa engrossou. Por que Francine insistia tanto em Herrera?

— Francine, seja razoável — disse Judd, tentando aplacá-la. — Se o sujeito se aposentou, o que vamos fazer?

—- Nós queremos Herrera. — Francine cruzou os braços. Fosse qual fosse a razão, não estava disposta a ceder nem um milímetro.

Judd encarou Anahí. Ela conhecia aquele jeito de olhar.

Será que você vai ser meu trunfo? A expressão de seu chefe estava entre questionadora e irônica. E ele não havia direcionado a pergunta sem palavras a Dash, mas a ela. Ele a escolhera. Seu peito se encheu de orgulho. Sim, sim.

Esta é sua chance. Agarre-a. Faça alguma coisa. Aja, aja, aja.

Entusiasmada, Anahí ficou de pé, assentindo com a cabeça.

— Eu posso resolver isto — disse ela, com as palavras escapando de seus lábios antes mesmo que pudesse avaliar direito com o que estava se comprometendo.