Fanfic: Êxtase Adp. *AyA*Ponny*

Dez minutos depois eles estavam saindo juntos pela porta dos fundos da pousada. A não ser pelos stilettos de Anahí, ambos usavam roupas quase idênticas; calças jeans, suéter vermelha e casaco de couro preto. Por um momento sinistro ela teve a sensação de que ele era seu dublê masculino.

Ele a conduziu pelo gramado até a pequena casa de barcos na beira do rio, destrancou o cadeado e abriu a porta

Estava escuro lá dentro e o local cheirava a peixe, havia quatro canoas penduradas na parede, além de uma série de varas, anzóis e redes de pescaria. Uma lancha, uma barcaça rasa e dois pedalinhos estavam em suas rampas. Alfonso apertou um botão ao lado do interruptor de luz e uma das paredes da casa de barcos se abriu como se fosse uma porta de garagem.

— Já andou de pedalinho antes? — ele perguntou.

— Não.

Cautelosamente, Anahí caminhou por sobre a tábua entre as rampas em que ficavam os pedalinhos. Seus saltos produziam um som agudo. Apenas as tábuas de madeira úmida a separavam da água do rio logo abaixo. Anahí se esforçou para não olhar para baixo.

— Segure em minha mão — disse Alfonso, já sobre outra tábua em frente a ela.

Apesar de não querer, ficava tão nervosa perto da água que aceitou dar-lhe a mão. A mão de Alfonso era tão quente e convidativa quanto seu sorriso. Por uma razão que não podia explicar, estava sentindo uma pressão no peito e tinha dificuldade de respirar. Ela cambaleou sobre os saltos altíssimos.

— Devagar — ele alertou.

Ela entrou no pedalinho e soltou a mão dele. Neste instante, sua respiração voltou ao normal. Alfonso se agachou perto dela.

— Vai ser difícil para você passear de barco com estes saltos altos.

— Eu dou um jeito. - Ele deu de ombros e entrou. Então pisou no pedal e acionou o propulsor que começou a esguichar água. Ela se encolheu para não se molhar com os respingos.

— Êpa! Pare com isso! - Ele parou de pedalar.

— Ponha os pés nos pedais.

Cuidadosamente, ela pôs os pés sobre os pedais de borracha preta.

— Temos que brincar juntos. O único jeito de fazer o barco se mover é com nossas pernas.

— Você odeia a palavra trabalho, não é?

— Muito mesmo — ele sorriu. — Está pronta?

— Como sempre estarei — ela murmurou, tentando descartar o medo que sentia lhe apertar a garganta.

— Lá vamos nós. — Ambos começaram a pedalar e o barco se moveu.

— Olhe — ela disse —, estamos conseguindo.

— Está se divertindo? — Ela parou por um momento, relutando em admitir que aquela nova aventura a animava.

— Mais ou menos.

— Dá para ver que se divertir é um passo e tanto para você. Não vou forçar. Mas enquanto estiver aqui, não quero que você pense em trabalho. Quero que você se concentre no ambiente. Sinta a brisa no rosto, respire fundo, escute os sons do rio. Entre no espírito do jogo.

— Vou tentar.

Ela desviou o olhar dele. E não falou nada, pois sabia que ele estava certo, sabia que era totalmente fútil. Sua vida inteira fora construída sobre sua sede de sucesso, para assim provar ao pai ser merecedora de seu amor.

No fundo, ela temia que se diminuísse o ritmo um dia, perderia o fio da meada de seus sonhos. E se isto acontecesse, tudo que fizera até agora teria sido em vão. E o que faria da vida neste caso?

Seu pai jamais amaria uma fracassada.