Fanfic: Êxtase Adp. *AyA*Ponny*

— Podemos voltar agora? — ela perguntou.

— Você tem razão — ele confessou. — Eu desisti. Fugi. Não aguentei a pressão. Odiei quando meu trabalho deixou de ser divertido e por isso parei.

— Olha, isto não é mesmo da minha conta.

— Não — ele insistiu. — Você tem direito de saber onde foi se meter.

Havia muita dor e angústia nos olhos dele, mas quando ele notou que isto estava transparecendo, deu uma risada e sacudiu os ombros.

Anahí o observou por alguns instantes.

— Sua namorada, ela o largou quando você abandonou o trabalho?

— Foi. Mas não guardo mágoa. Angeline e eu não nascemos um para o outro.

— Quanto tempo ficaram juntos?

— Cinco anos.

— É um bom tempo.

— Em geral, sou do tipo que gosta de relacionamentos longos.

— Parece que foi Angeline quem desistiu facilmente neste caso. — Para sua surpresa, Anahí estava com vontade de bater naquela mulher por tê-lo magoado.

— Ela é artista e sua carreira é muito importante para ela. Não queria filhos. Mas eu queria. A coisa não estava funcionando em vários sentidos.

— Bem, ao menos você teve um relacionamento que durou cinco anos. Nada mau. O máximo que consegui até hoje foram seis meses.

Ele olhou para ela de soslaio.

— E por quê?

— Acho que assusto a maioria dos homens.

— É. Imagino que homens sem autoconfiança fiquem apavorados com você.

— Mas eu não o assusto.

— Olhe, admiro sua tenacidade. Eu mesmo não aguentei a pressão. Você é durona, Anahí Puente. — Ele pegou sua mão e apertou.

Ela sentiu seu coração cada vez mais vulnerável.

— Você é corajoso, Alfonso. É que você sabe o que quer da vida, e não é dinheiro. Quando criar video games não lhe dava mais prazer, você foi esperto o bastante para caiu fora.

— Você trouxe este prazer de volta à minha vida — disse ele. — No início eu resisti, mas estou realmente gostando de trabalhar neste video game com você. Obrigado por ser uma mulher tão insistente.

— De nada.

Anahí sabia que ele estava falando de prazer no trabalho, mas Deus sabe que ela queria que ele falasse de outro tipo de prazer. Do prazer entre um homem e uma mulher.

Uma lancha passou perto deles em alta velocidade e fazendo ziguezague.

— Segure-se — Alfonso disse. — O pedalinho vai balançar para valer.

Anahí se segurou no frágil pedalinho e só então percebeu que estavam bem no meio do Mississipi. Distraíram-se durante a conversa e a correnteza os levara para longe da margem.

Seu coração quase saiu pela boca quando ela e Alfonso foram jogados de um lado para outro dentro do pedalinho com a força da ondulação. Entrou água no pedalinho, água gelada que lhe inundou os pés.

Ela sentiu o começo do pânico tomando conta de si.

Calma, Concentre-se. Controle-se. Não demonstre medo.

Poucos segundos depois as ondas passaram, e eles já estavam pedalando com força em direção à margem. O pedalinho se estabilizou.

Anahí respirou mais aliviada.

Até que viu seu sapato.

Um Jimmy Choo cinza e azul-celeste flutuava, triste, na água.

Ela esqueceu seu medo de água. Esqueceu que Alfonso estava ao seu lado. Esqueceu de tudo, menos do fato que aquele Jimmy Choo de seiscentos dólares estava prestes a afundar nas águas lamacentas do Mississipi.

Sem parar para pensar no que estava fazendo, Anahí pulou na água.