Fanfic: Belo Desastre (Adaptada) MyC | Tema: Chaverroni romance

Fiquei acordada durante horas, escutando as inspirações profundas de Christian e o vento fazendo as árvores oscilarem lá fora. Anahí e ALfonso entraram em silêncio pela porta da frente, e ouvi os dois andando na ponta dos pés pelo corredor, sussurrando um para o outro.

Nós já tínhamos feito minhas malas, e me encolhi ao pensar em como a manhã seria desconfortável. Eu achava que, quando Christian transasse comigo, sua curiosidade seria saciada, mas em vez disso ele estava falando sobre ficarmos juntos para sempre. Meus olhos se fecharam rapidamente só de pensar em sua expressão quando ele soubesse que o que tinha acontecido entre a gente não era um começo, mas uma conclusão. Eu não podia seguir aquela estrada, e ele me odiaria quando eu lhe contasse isso.

Com uma manobra, consegui me desvencilhar do braço dele e me vesti, carregando os sapatos pelo corredor até o quarto de Alfonso. Anahí estava sentada na cama, e Alfonso tirava a camiseta na frente do armário.

— Está tudo bem, May? — ele perguntou.

— Anny? — falei, fazendo um sinal para que ela viesse até o corredor.

Ela assentiu, me encarando com olhos cautelosos.

— Que foi?

— Preciso que você leve até o Morgan agora. Não posso esperar até amanhã.

Um dos cantos da boca de Anahí se levantou em um sorriso sagaz.

— Você nunca foi boa em despedidas.

Alfonso e Anahí me ajudaram com as malas, e fiquei olhando pela janela do carro em minha jornada de volta ao Morgan Hall. Quando colocamos no chão do quarto a última mala, Anahí me segurou pelo braço.

— As coisas vão ser tão diferentes no apartamento agora.

— Obrigada por me trazer pra casa. O sol vai nascer daqui a pouco, é melhor você ir — falei, abraçando minha amiga antes que ela partisse.

Anahí não olhou para trás quando saiu do meu quarto, e mordi o lábio, inquieta, sabendo como ela ficaria brava quando percebesse o que eu tinha feito.

Minha camiseta estalou quando a puxei pela cabeça, pois a estática no ar tinha aumentado com o inverno que se aproximava. Sentindo-me um pouco perdida, me enrolei que nem uma bola debaixo do espesso edredom e respirei fundo pelo nariz — o cheiro do Christian ainda permanecia em minha pele.

Eu sentia a cama fria e estranha, um contraste evidente com a quentura do colchão dele. Eu tinha passado trinta dias confinada em um apartamento com o cara considerado o mais vagabundo e infame da Eastern, e, depois de todas as brigas e as convidadas da madrugada, aquele era o único lugar onde eu queria estai.

As ligações começaram às oito da manhã e continuaram, de cinco em cinco minutos, durante uma hora.

— May! — Kara grunhiu. — Atende a droga do telefone!

Estiquei a mão e o desliguei. Somente quando ouvi os socos na porta me dei conta de que eu não poderia ficar o dia enfurnada no quarto conforme tinha planejado.

Kara puxou a maçaneta com força.

— Que foi?

Anahí passou como um raio por ela e parou ao lado da minha cama.

— Que diabos está acontecendo? — ela me perguntou aos gritos.

Seus olhos estavam inchados e vermelhos e ela ainda estava de pijama.

Eu me sentei na cama.

— Que foi, Anny?

— O Christian está completamente maluco! Ele não fala com a gente. Destruiu o apartamento, jogou o aparelho de som pela sala... O Poncho já tentou conversar com ele, mas não adianta!

Esfreguei os olhos com a curva das palmas e pisquei.

— Eu não sei.

— Não sabe droga nenhuma! Você vai me contar que diabos está acontecendo, e vai me contar agora!

Kara pegou o nécessaire de banho e saiu voando, batendo a porta com força. Franzi a testa, com medo de que ela fosse avisar o conselheiro residente, ou, pior ainda, o diretor.

— Fala baixo, Anahí, meu Deus — sussurrei.

Ela cerrou os dentes.

— O que você fez?

Presumi que ele ficaria chateado comigo. Não esperava que ele fosse ter um acesso de fúria.

— Eu... não sei — falei engolindo em seco.

— Ele quase bateu no Poncho quando ficou sabendo que nós te ajudamos a ir embora. May! Por favor, me conta! — ela implorou, com os olhos alterados. — Estou ficando apavorada!