Fanfics Brasil - 101 Entre o Agora e o Nunca - Vondy [ Finalizada ]

Fanfic: Entre o Agora e o Nunca - Vondy [ Finalizada ] | Tema: RomanVondy


Capítulo: 101

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Corro os dedos sobre cada centímetro da tatuagem, hipnotizada por sua beleza mas ao mesmo tempo tentando entender sua complexidade, e por que estão faltando partes.


Olho para Christopher e ele diz:


— Você me perguntou ontem quem é meu ídolo musical, e a resposta é Orfeu; meio esquisito, eu sei, mas sempre adorei a história de Orfeu e Eurídice, especialmente a versão contada por Apolônio de Rodes, e ela meio que ficou dentro de mim.


Sorrio suavemente e olho mais uma vez para a tatuagem; meus dedos ainda estão sobre suas costelas.


— Já ouvi falar de Orfeu, mas não de Eurídice. — Sinto um pouco de vergonha por não conhecer a história deles, especialmente porque ela parece ser tão importante para Christopher.


Ele começa a explicar:


— A habilidade musical de Orfeu era incomparável, por ele ser filho de uma musa, e quando ele tocava sua lira ou cantava, todo ser vivo parava para ouvir. Não havia músico melhor do que ele, mas seu amor por Eurídice era até mais forte do que seu talento; Orfeu faria qualquer coisa por ela. Eles se casaram, mas logo depois do casamento, Eurídice foi picada por uma víbora e morreu. Arrasado pela dor, Orfeu desceu ao inferno, determinado a trazê-la de volta.


Enquanto Christopher conta essa história, não consigo deixar de ser egoísta e me imaginar no lugar de Eurídice. Com Christopher no lugar de Orfeu. Até comparo com aquele momento bobinho no pasto, naquela noite com Christopher, quando a cobra subiu no nosso cobertor.


Tão egoísta e idiota da minha parte pensar assim, mas não consigo evitar...


— No inferno, Orfeu tocou sua lira e cantou, e todos ali ficaram encantados com ele e se ajoelharam de tanta emoção. E assim, deixaram Eurídice aos cuidados de Orfeu, mas somente com uma condição: Orfeu não podia olhar para trás para Eurídice nem por um momento enquanto voltavam para a superfície do mundo. — Christopher faz uma pausa. — Mas a caminho da superfície, ele não conseguiu vencer esse desejo, essa necessidade de se virar para se certificar de que Eurídice ainda estava atrás dele.


— Ele olhou pra trás — digo.


Christopher balança a cabeça tristemente.


— Sim, olhou um momento antes do que deveria e viu Eurídice na luz fraca do alto da caverna. Eles estenderam as mãos um para o outro, e antes que pudessem se tocar, ela desapareceu na escuridão do inferno e ele nunca mais a viu.


Engulo minhas emoções e fico olhando para o rosto de Christopher, arrebatada. Ele não está me olhando, mas parece perdido em pensamentos, olhando além de mim.


E então ele sai do transe.


— Muita gente faz tatuagens profundas, cheias de significado — ele diz, me olhando de novo. — Esta é só a minha.


Olho para a tatuagem de novo e depois para os seus olhos, lembrando uma coisa que seu pai disse naquela noite em Wy oming.


— Christopher, o que teu pai quis dizer quando falou aquilo no hospital?


Seus olhos se abrandam e ele desvia o olhar por um instante. Depois abaixa o braço e segura a minha mão, passando o polegar pelos meus dedos.


— Você escutou? — pergunta, sorrindo tranquilamente.


— É, escutei.


Christopher beija meus dedos e solta a minha mão.


— Ele ficava me enchendo com isso — diz. — Fiz a tatuagem, contei pro Christian o que ela significava e por que não tava tecnicamente completa, e aí ele contou pro papai. — Christopher revira os olhos. — Nunca mais me deixaram em paz, pode ter certeza. Nos últimos dois anos, meu pai tirou muito sarro de mim, mas eu sei que ele só tava sendo ele mesmo: o cara fortão que não chora e não acredita em emoções. Mas uma vez ele me falou, quando Christian e Tomas não tavam perto, que por mais “florzinha” que fosse o significado da minha tatuagem, ele entendia. Papai me falou assim ( Christopher gira harmoniosamente os dedos no ar): “Filho, espero que você ache sua Eurídice um dia. Contanto que ela não te faça virar um maricas, espero que você ache.”


Tento conter um sorrisinho, mas ele vê e sorri também.


— Mas por que tá incompleta? — pergunto, olhando-a de novo, tirando seu braço de cima. — E o que ela significa exatamente?


Christopher suspira, embora soubesse o tempo todo que eu ia fazer essas perguntas. Fico com a sensação de que ele estava torcendo para que eu deixasse passar batido. Sem chance.


De repente, Christopher se levanta da cama e me faz sentar com ele. Fecha os dedos na barra do meu top e começa a tirá-lo do meu corpo. Sem questionar, ergo os braços enquanto ele tira minha camiseta, e fico nua da cintura para cima diante dele.


Só uma pequena parte de mim se sente constrangida, e instintivamente meu ombro se encolhe, como que para cobrir minha nudez com sua sombra. Christopher me faz deitar de novo e me puxa tão para perto que meus seios nus ficam esmagados entre nossos corpos. Guiando meus braços ao redor de si como os seus estão ao meu redor, ele me abraça mais apertado, enroscando nossas pernas nuas. Nossas costelas estão se tocando, meu corpo encaixado no dele como duas peças de um quebra-cabeça.


E de repente começo a entender...


— Minha Eurídice é só metade da tatuagem — ele diz, e seus olhos descem para o lugar da tatuagem em relação ao meu corpo ao seu lado. — Pensei que um dia, se me casasse, minha garota podia fazer a outra metade e unir os dois.


Meu coração está na garganta. Tento engoli-lo de volta, mas está preso ali, inchado e quente.


— Mas é loucura, eu sei — ele diz, e sinto seus braços começando a me soltar. Eu o aperto mais forte, segurando-o ali.


— Não é loucura — digo, minha voz grave e séria. — E não é coisa de florzinha; Christopher, é lindo. Você é lindo...


Uma emoção solitária que não consigo identificar cruza o seu rosto.


Então ele se levanta, e relutantemente eu permito.


Ele pega a bermuda de lona marrom-escura do chão perto da cama e a veste. Ainda um pouco atordoada pela rapidez com que ele se levantou e por que, levo um momento mais antes de vestir meu top de novo.


— Bom, acho que talvez meu pai é que tava certo — ele diz, de pé diante da janela, olhando para a cidade de Nova Orleans lá embaixo. — Ele sabia das coisas e usava aquele papo furado de homem-não-chora pra disfarçar.


— Pra disfarçar o quê?


Chego perto dele por trás, mas desta vez não o toco. Christopher está inatingível, no sentido de que estou começando a achar que ele não me quer aqui. Não é desinteresse nem diminuição da atração, mas alguma outra coisa...


Ele responde sem se virar:


— Que nada dura pra sempre. — Ele hesita, ainda olhando pela janela, com os braços cruzados sobre o peito. — É melhor evitar a emoção do que cair na conversa dela e virar escravo dela, e como nada dura pra sempre, no fim, tudo o que um dia foi bom sempre acaba doendo pra cace/te.


Suas palavras me cortam como facas.


Toda parte de mim que foi mudada durante meu tempo com Christopher e todas as muralhas que derrubei por ele acabam de se erguer de novo ao meu redor.


Porque ele está certo e eu sei que ele está certo, por/ra.


Foi essa lógica que me impediu de entrar totalmente no mundo dele todo esse tempo.


E em questão de segundos, a verdade de suas palavras me deixou novamente submissa a essa lógica.


Decido não pensar nisso. Há um problema bem mais importante que o meu, agora, então me esforço para não tratá-lo diferente.


— Você... precisa ir ao enterro do seu pai, então...


Christopher vira o corpo, com os olhos cheios de determinação.


— Não, eu não vou pro enterro.


Ele veste uma camiseta limpa sobre seus músculos abdominais.


— Mas, Christopher... você tem que ir. — Minhas sobrancelhas se juntam na minha testa. — Você nunca vai se perdoar se perder o enterro.



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 209



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  • Minni Postado em 30/05/2020 - 03:58:34

    Meu Deus, eu li essa história há muitos anos e estou tão emocionada de voltar aqui. É como revisitar meu passado de surtos por Vondy. Muito obrigada por essa história, ela marcou minha infância aqui no fanfics Brasil 💙

  • elielma12 Postado em 03/09/2019 - 20:28:15

    Adorei,um dos melhores romances que já li

  • anne_mx Postado em 30/07/2015 - 20:40:11

    Eu ameiiiii essa fic e sabe no começo , não vou mentir eu a achei um pouco chata mais algo me fez a continuar lendo e n me arrependi pq ela é linda e a história me envolveu de uma forma achei lindo a declaração através da carta do Ucker pra Dul amei de verdade,parabéns ah e eu quase chorei emocionada quando vi o túmulo UCKERMANN pensando que fosse Christopher uffa aindda bem que n ,mais enfim parabéns!!!!

  • naty_rbd Postado em 29/11/2014 - 19:08:45

    Ah que isso estou sempre a disposição ;D

  • gabys_vondys2 Postado em 27/11/2014 - 13:47:24

    oie, nao vou dizer que sou leitora nova, pq nao sou, eu acompanhava pelo facebook, sou a Gaby Matos U.U e eu amei o fim... adorei é tão lindo!!! kkk mas serio? Agora eu vou comer vc grávida kkk adorei <3

  • melicia_fagundes Postado em 26/11/2014 - 17:59:26

    Foi lindo! Amei!

  • naty_rbd Postado em 26/11/2014 - 17:24:29

    Ah o final foi lindo kkkk e o Christopher não tem jeito! Que pena que acabou, vou sentir saudades.

  • senhorita_ackles Postado em 26/11/2014 - 11:36:10

    Rebeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeca, sua linda o final foi fantástico, pena que acabou, estava tudo lindo até o Ucker dizer : ''E agora vou comer você grávida.'' kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk ri muito, e sim, eu acredito que o amor salva as pessoas mesmo, o amor é lindo, é puro, é sem explicação ai ai, enfim eu dei uma lida em algumas resenhas sobre o segundo livro e tals,, a história é boa, mais parece que os personagens não são os mesmo, sei lá, e fora o lance do bebe e tals, enfim, ai já to com saudades dessa web :'(

  • leticiavondy12 Postado em 26/11/2014 - 11:12:05

    To chorando aqui :( Nem acredito que acabou, nao vou poder ver esses dois maloquinhos em suas aventuras na estrada :( mais foi lindo o final, ela fez a outra metade da tatuagem e ainda vão ter um filhinho :)) vou sentir saudades <3

  • candy_telles Postado em 25/11/2014 - 23:40:48

    Chorei no final, estou emocionada!Parabéns


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