Fanfics Brasil - 115 Entre o Agora e o Nunca - Vondy [ Finalizada ]

Fanfic: Entre o Agora e o Nunca - Vondy [ Finalizada ] | Tema: RomanVondy


Capítulo: 115

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Ela força um sorriso para mim e abre a porta.


— Uau, isto aqui parece mais uma república estudantil do que um condomínio de apartamentos. — Ela põe a mochila e a bolsa no ombro, olhando para o prédio antigo e os carvalhos gigantes espalhados pela paisagem.


— Era um hospital dos Fuzileiros Navais na década de 1930 — digo, tirando minhas mochilas do porta-malas.


Dulce pega o violão de Christian do banco de trás. Andamos por uma calçada branca como giz e cheia de curvas e chegamos ao meu apartamento de um quarto no térreo. Achando a chave certa, abro a porta da grande sala de estar. O cheiro de casa fechada me atinge assim que entramos; não é um fedor, só um cheiro de lugar vazio.


Deixo minhas mochilas no chão.


Dulce fica parada ali, de início, examinando o lugar.


— Pode deixar suas coisas onde quiser, gata.


Vou até o sofá e pego o jeans que está jogado no encosto, depois uma cueca e uma camiseta da poltrona e da espreguiçadeira do conjunto.


— Este apartamento é muito legal — ela comenta, olhando ao redor.


Finalmente, ela larga suas coisas no chão e apoia o violão de Christian no encosto do sofá.


— Não é grande coisa como apartamento de solteiro — digo, indo para a sala de jantar —, mas gosto daqui, e queria mesmo morar perto da praia.


— Não mora com ninguém? — ela pergunta, me seguindo.


Balanço a cabeça, vou para a cozinha e abro a geladeira; as várias garrafas e potes na porta tilintam uns contra os outros.


— Não mais. Meu amigo Rocco morou comigo por uns três meses quando me mudei pra cá, mas acabou indo pra Dallas morar com a noiva.


Antes de fechar a geladeira, pego uma garrafa de dois litros de Ginger Ale.


— Quer também? — Seguro a garrafa e mostro para ela. — Viu? Eu tenho alguma coisa além de refrigerante e cerveja na geladeira, e você viu que não passei aqui antes pra colocar.


Ela sorri com doçura e diz:


— Obrigada, mas não tô com sede agora. Você comprou isso pra quê? Ressaca, enjoo?


Sorrio para ela e tomo um gole do gargalo. Ela não fica horrorizada como eu esperava que ficaria.


— É, você me pegou — admito, tampando a garrafa. — Se quiser tomar banho — digo, saindo da cozinha e apontando para o corredor —, o banheiro fica logo ali; vou ligar pra minha mãe pra ela não ficar preocupada e dar uma arrumada aqui antes de tomar banho. Minha planta já deve ter morrido.


Dulce parece um pouco surpresa.


— Você tem uma planta?


Eu sorrio.


— Tenho, o nome dela é Georgia.


Suas sobrancelhas se erguem um pouco mais.


Eu rio baixinho e a beijo de leve nos lábios.


Enquanto Dulce está no chuveiro, vasculho cada centímetro visível do meu apartamento à procura de qualquer coisa incriminatória: meias nojentas, encardidas (achei uma no pé da cama), camisinhas (tenho uma caixa cheia no criado-mudo — eu a enfio no fundo do balde de lixo), embalagens abertas de camisinha (duas no cesto de lixo do meu quarto), mais roupa suja e uma revista de sacanagem (Pu/ta merda! Tá atrás da privada — sem dúvida ela já viu).


Depois, lavo os poucos pratos sujos que deixei na pia antes de viajar e me sento na sala para ligar para a minha mãe.


 


 


 POV Dulce


 


 


Quando vejo a revista de sacanagem atrás da privada, guardada tão casualmente como se fosse uma revista de motociclismo, não consigo deixar de rir para mim mesma.


Fico me perguntando brevemente se existe algum homem no mundo que não usa pornografia, e então percebo como a pergunta é idiota. Eu não posso falar nada; já vi minha cota de vídeos pornôs na internet.


Tomo um banho demorado e quente, me enxugo com a toalha de praia que Christopher me deu e me visto. Não gosto daqui. Do apartamento dele. Do Texas. Em qualquer outra época e em outras circunstâncias, seria diferente, mas o que eu disse a ele naquela noite, quando paramos na beira da estrada, continua sendo verdade.


Este lugar, tudo nele parece o fim. A magia do nosso tempo juntos na estrada literalmente quase evaporou com a chuva da semana passada. Não nossos sentimentos um pelo outro... não, eles são tão fortes que pensar no fim, de qualquer forma que seja, está me deixando metaforicamente de joelhos. O que sentimos um pelo outro é... bem, é tudo o que nos resta. A estrada à nossa frente se foi. As paradas espontâneas, às vezes sem saber onde estamos, mas se lixando pra isso, se foram. Os motéis e as pequenas coisas como carne-seca, óleo Johnson’s e banho de espuma, tudo isso se foi. A trilha sonora do nosso tempo juntos, da nossa curta vida juntos, silenciou com o fim da última faixa do disco. Agora só consigo ouvir a vibração suave do silêncio saindo dos alto-falantes. Sinto que tudo o que quero é estender a mão e tocar tudo de novo, mas minha mão não se move para apertar o botão.


E eu não consigo entender por quê.


Enxugo a lágrima do meu rosto, empurro minhas emoções para os pulmões e as prendo ali, respirando fundo, antes de abrir a porta do banheiro.


Ouço Christopher falando ao telefone quando passo pela sala de jantar: — Não fo/de comigo, Christian. Não tô com saco pra essa merda. É, e daí? Quem é você pra me dizer o que fazer da minha vida? Quê? Dá um tempo, mano; ir a um enterro não é obrigatório. Por mim, prefiro nunca mais ir a nenhum, a não ser que seja o meu. Não sei pra que serve um funeral, aliás; ir ver alguém que você gosta deitado numa por/ra duma caixa, completamente sem vida. Prefiro que a última vez que eu veja alguém seja ainda com vida. Não me vem com essa, Christian! Você sabe que é babaquice!


Não quero ficar num canto como se estivesse bisbilhotando, mas também não parece exatamente adequado entrar lá ainda.


Entro assim mesmo. Ele está ficando bravo demais, só quero acalmá-lo. Assim que ele me vê, baixa o tom zangado com Christian e levanta as costas do sofá.


— Olha, preciso desligar — ele diz. — Já, já liguei pra mamãe. Sim. Tá, tudo bem, entendi. Até.


Ele desliga o celular e o deixa na mesa de carvalho de centro, ao lado de seu pé descalço.


Eu me sento ao lado dele na outra almofada.


— Desculpa por isso — ele diz, dando tapinhas na minha coxa e depois passando a mão nela. — Ele nunca mais vai me deixar em paz.



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Eu me aproximo, me sento no colo de Christopher e ele me puxa para seu peito, como se eu fosse o que ele precisa para se acalmar. Abraço o seu pescoço, cruzando os dedos ao redor do seu ombro. Me curvando, beijo o canto de sua boca. — Dulce. — Ele me olha nos olhos. — Escuta, também não quero que isto seja o fim — ele diz, ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 209



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  • Minni Postado em 30/05/2020 - 03:58:34

    Meu Deus, eu li essa história há muitos anos e estou tão emocionada de voltar aqui. É como revisitar meu passado de surtos por Vondy. Muito obrigada por essa história, ela marcou minha infância aqui no fanfics Brasil 💙

  • elielma12 Postado em 03/09/2019 - 20:28:15

    Adorei,um dos melhores romances que já li

  • anne_mx Postado em 30/07/2015 - 20:40:11

    Eu ameiiiii essa fic e sabe no começo , não vou mentir eu a achei um pouco chata mais algo me fez a continuar lendo e n me arrependi pq ela é linda e a história me envolveu de uma forma achei lindo a declaração através da carta do Ucker pra Dul amei de verdade,parabéns ah e eu quase chorei emocionada quando vi o túmulo UCKERMANN pensando que fosse Christopher uffa aindda bem que n ,mais enfim parabéns!!!!

  • naty_rbd Postado em 29/11/2014 - 19:08:45

    Ah que isso estou sempre a disposição ;D

  • gabys_vondys2 Postado em 27/11/2014 - 13:47:24

    oie, nao vou dizer que sou leitora nova, pq nao sou, eu acompanhava pelo facebook, sou a Gaby Matos U.U e eu amei o fim... adorei é tão lindo!!! kkk mas serio? Agora eu vou comer vc grávida kkk adorei <3

  • melicia_fagundes Postado em 26/11/2014 - 17:59:26

    Foi lindo! Amei!

  • naty_rbd Postado em 26/11/2014 - 17:24:29

    Ah o final foi lindo kkkk e o Christopher não tem jeito! Que pena que acabou, vou sentir saudades.

  • senhorita_ackles Postado em 26/11/2014 - 11:36:10

    Rebeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeca, sua linda o final foi fantástico, pena que acabou, estava tudo lindo até o Ucker dizer : ''E agora vou comer você grávida.'' kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk ri muito, e sim, eu acredito que o amor salva as pessoas mesmo, o amor é lindo, é puro, é sem explicação ai ai, enfim eu dei uma lida em algumas resenhas sobre o segundo livro e tals,, a história é boa, mais parece que os personagens não são os mesmo, sei lá, e fora o lance do bebe e tals, enfim, ai já to com saudades dessa web :'(

  • leticiavondy12 Postado em 26/11/2014 - 11:12:05

    To chorando aqui :( Nem acredito que acabou, nao vou poder ver esses dois maloquinhos em suas aventuras na estrada :( mais foi lindo o final, ela fez a outra metade da tatuagem e ainda vão ter um filhinho :)) vou sentir saudades <3

  • candy_telles Postado em 25/11/2014 - 23:40:48

    Chorei no final, estou emocionada!Parabéns


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