Fanfics Brasil - 97 Entre o Agora e o Nunca - Vondy [ Finalizada ]

Fanfic: Entre o Agora e o Nunca - Vondy [ Finalizada ] | Tema: RomanVondy


Capítulo: 97

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Lá pelo fim da tarde, me sinto melhor; não 100%, mas bem o suficiente para passear por Nova Orleans com Christopher num bonde, indo a alguns lugares que não conseguimos visitar ontem. Depois que consegui engolir uns ovos e duas torradas, pegamos o Bonde Riverfront até o Aquário das Américas Audubon e andamos por um túnel de 9 metros com água e peixes ao nosso redor. Periquitos comeram na nossa mão e visitamos mostras da Floresta Amazônica. Alimentamos arraias e tiramos fotos com nossos celulares, daquelas bem bestas, com o braço esticado à frente, segurando o aparelho. Mais tarde olhei com mais atenção as fotos que tiramos, como nossas bochechas estavam apertadas juntas e o modo como sorríamos para a câmera, como se fôssemos qualquer outro casal vivendo seu melhor momento.


Qualquer outro casal... mas não somos um casal e me dou conta de que precisei me lembrar disso.


A realidade é uma bosta.


Mas não saber o que você quer também é. Não, a verdade é que eu sei o que quero.


Não posso mais me forçar a duvidar disso, mas ainda tenho medo. Tenho medo de Christopher e do tipo de dor que ele poderia causar se um dia me magoasse, pois tenho a sensação que não seria do tipo que consigo aguentar. Já é insuportável e ele ainda nem me magoou.


Desta vez enfiei o pé na jaca mesmo, sem dúvida.


Quando a noite cai novamente sobre Nova Orleans e os baladeiros já saíram de suas tocas, Christopher me faz atravessar o Mississippi num ferry e andar até um lugar chamado Old Point Bar. Fico feliz por ter decidido voltar a calçar meus chinelos de dedo pretos, em vez das sandálias de salto novas. Christopher meio que insistiu nisso, especialmente porque teríamos que andar.


— Nunca vou embora de Nova Orleans sem dar uma passada aqui — ele diz, andando ao meu lado, segurando minha mão.


— O que, então você é um frequentador assíduo?


— É, pode-se dizer que sim; mas minha assiduidade se resume a uma ou duas vezes por ano. Já me apresentei lá algumas vezes.


— Tocando violão? — presumo, olhando-o curiosa.


Um grupo de quatro pessoas vem da direção oposta e eu chego mais perto de Christopher para dar passagem na calçada.


Ele tira sua mão da minha e a passa na minha cintura por trás.


— Toco violão desde os 6 anos de idade. — Ele sorri para mim. — Com 6 anos, não era muito bom, mas precisava começar de algum jeito. Não toquei nada que valesse a pena ouvir até fazer uns 10 anos.


Solto um suspiro, impressionada.


— Jovem o suficiente pra ser um talento musical, eu diria.


— Acho que sim; eu era o “músico”, quando a gente era criança, e Christian era o “arquiteto” (ele olha para mim) porque costumava construir coisas... uma vez construiu uma casa enorme numa árvore na floresta. E Tomas era o “jogador de hóquei”. Meu pai adorava hóquei, quase mais do que boxe (ele olha para mim de novo), mas não mais. Tomas desistiu do hóquei depois de um ano... tinha só 13 anos (ele ri baixinho); papai queria que ele jogasse mais do que ele próprio. Tomas só queria saber de mexer com eletrônica... tentou fazer contato com ETs com uma traquitana que montou com tranqueiras que achou pela casa depois de ver o filme Contato.


Nós dois rimos.


— E o seu irmão? — Christopher pergunta. — Você me contou que ele tá na prisão, mas como era o relacionamento de vocês antes disso?


Meu rosto fica discretamente amargo.


— Cole era um irmão mais velho maravilhoso até o fim do ginásio, quando começou a andar com o marginal do bairro: Braxton Hixley , sempre detestei esse cara. Bom, Cole e Braxton começaram a usar drogas e fazer todo tipo de doideira. Meu pai tentou interná-lo num lar pra jovens problemáticos pra ajudá-lo, mas Cole fugiu e se meteu em mais encrenca ainda. Daí pra frente só piorou. — Olho para a frente quando mais gente vem na nossa direção pela calçada. — E agora ele tá no lugar que merece.


— Talvez ele volte a ser o irmão mais velho que você lembrava quando sair de lá.


— Talvez. — Dou de ombros, duvidando muito.


Chegamos ao final da calçada e viramos a esquina da Patterson com a Olivier, e lá está o Old Point Bar, que de fora parece mais um sobrado histórico com um anexo construído ao lado. Passamos por baixo do letreiro antigo e alongado, onde há algumas mesas e cadeiras de plástico do lado de fora, com várias pessoas fumando e falando bem alto.


Ouço uma banda tocando lá dentro.


Depois que um casal sai, Christopher segura a porta aberta e pega na minha mão. O lugar não é grande, mas é aconchegante. Olho para o pé-direito alto, notando as muitas fotografias, placas de carro, luminosos de cerveja, faixas coloridas e anúncios antigos pendurados em cada centímetro das paredes. Vários ventiladores de teto baixos pendem do forro de madeira. E à minha direita está o bar, que, como todo bar, tem uma TV na parede do fundo. Mesmo em meio à pequena multidão de pessoas, uma mulher que está trabalhando atrás do balcão levanta a mão e parece acenar para Christopher.


Christopher sorri para ela e acena com dois dedos em resposta, como para dizer “daqui a pouco falo com você”.


Parece que todas as mesas estão ocupadas, e tem muita gente dançando na pista. A banda que está tocando do outro lado do salão é muito boa; blues rock ou algo do tipo.


Eu gosto. Um cara negro sentado num banquinho dedilha uma guitarra prateada e um branco canta com um violão preso ao ombro com uma alça. Um cara corpulento está na bateria, e há um teclado no palco, mas ninguém está tocando.


Fico surpresa quando olho para o chão e vejo um cachorro preto e descabelado me olhando e abanando o rabo. Estendo a mão e coço a orelha dele. Satisfeito, ele vai até o dono, que está sentado à mesa ao lado, e deita aos seus pés.


Depois de esperar alguns minutos, Christopher nota três pessoas se levantando de uma mesa não muito longe de onde a banda está tocando; ele me puxa, vamos até lá e a ocupamos.


Ainda não me recuperei totalmente da ressaca e minha cabeça não está completamente sem dor, mas, surpreendentemente, apesar do ambiente ser barulhento, não está piorando minha dor de cabeça.


— Ela não vai beber — Christopher diz gentilmente para a mulher que estava atrás do balcão, apontando para mim.


Ela abriu caminho entre as pessoas e já tinha chegado à nossa mesa quando me sentei.


A mulher, com o cabelo castanho macio preso atrás das orelhas, parece ter 40 e poucos anos e está tão sorridente ao dar um abraço de urso em Christopher que começo a me perguntar se é tia ou prima dele.


— Já faz dez meses, Uckermann — a mulher diz, batendo nas costas dele com as duas mãos. — Onde você se meteu?


Depois sorri, olhando para mim.


— E quem é essa? — Ela olha para Christopher com ar brincalhão, mas detecto mais alguma coisa em seu sorriso: está tirando conclusões, talvez.


Christopher pega a minha mão, e eu me levanto para ser apresentada adequadamente.



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 209



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  • Minni Postado em 30/05/2020 - 03:58:34

    Meu Deus, eu li essa história há muitos anos e estou tão emocionada de voltar aqui. É como revisitar meu passado de surtos por Vondy. Muito obrigada por essa história, ela marcou minha infância aqui no fanfics Brasil 💙

  • elielma12 Postado em 03/09/2019 - 20:28:15

    Adorei,um dos melhores romances que já li

  • anne_mx Postado em 30/07/2015 - 20:40:11

    Eu ameiiiii essa fic e sabe no começo , não vou mentir eu a achei um pouco chata mais algo me fez a continuar lendo e n me arrependi pq ela é linda e a história me envolveu de uma forma achei lindo a declaração através da carta do Ucker pra Dul amei de verdade,parabéns ah e eu quase chorei emocionada quando vi o túmulo UCKERMANN pensando que fosse Christopher uffa aindda bem que n ,mais enfim parabéns!!!!

  • naty_rbd Postado em 29/11/2014 - 19:08:45

    Ah que isso estou sempre a disposição ;D

  • gabys_vondys2 Postado em 27/11/2014 - 13:47:24

    oie, nao vou dizer que sou leitora nova, pq nao sou, eu acompanhava pelo facebook, sou a Gaby Matos U.U e eu amei o fim... adorei é tão lindo!!! kkk mas serio? Agora eu vou comer vc grávida kkk adorei <3

  • melicia_fagundes Postado em 26/11/2014 - 17:59:26

    Foi lindo! Amei!

  • naty_rbd Postado em 26/11/2014 - 17:24:29

    Ah o final foi lindo kkkk e o Christopher não tem jeito! Que pena que acabou, vou sentir saudades.

  • senhorita_ackles Postado em 26/11/2014 - 11:36:10

    Rebeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeca, sua linda o final foi fantástico, pena que acabou, estava tudo lindo até o Ucker dizer : ''E agora vou comer você grávida.'' kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk ri muito, e sim, eu acredito que o amor salva as pessoas mesmo, o amor é lindo, é puro, é sem explicação ai ai, enfim eu dei uma lida em algumas resenhas sobre o segundo livro e tals,, a história é boa, mais parece que os personagens não são os mesmo, sei lá, e fora o lance do bebe e tals, enfim, ai já to com saudades dessa web :'(

  • leticiavondy12 Postado em 26/11/2014 - 11:12:05

    To chorando aqui :( Nem acredito que acabou, nao vou poder ver esses dois maloquinhos em suas aventuras na estrada :( mais foi lindo o final, ela fez a outra metade da tatuagem e ainda vão ter um filhinho :)) vou sentir saudades <3

  • candy_telles Postado em 25/11/2014 - 23:40:48

    Chorei no final, estou emocionada!Parabéns


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