Fanfic: Entre o Agora e o Nunca - Vondy [ Finalizada ] | Tema: RomanVondy
— Esta é Dulce — ele diz. — Dulce, esta é Carla; ela trabalha aqui há pelo menos seis das minhas lamentáveis apresentações.
Carla empurra o peito de Christopher, rindo, e olha de novo para mim.
— Não acredite nas mentiras dele — diz, apontando-o e erguendo as sobrancelhas —, esse garoto sabe cantar. — Ela pisca para mim e aperta a minha mão. — Prazer em te conhecer.
Também sorrio para ela.
Cantar? Eu achava que ele só tocava aqui; não sabia que também cantava. Acho que isso não me surpreende. Ele já provou que sabe cantar em Birmingham, quando acertou aquela nota do “alibis” em Hotel California. E de vez em quando, no carro, ele esquecia que eu estava lá — ou não ligava — e soltava a voz em várias canções de rock clássico que saíam dos alto-falantes.
Mas eu não esperava que Christopher tocasse de verdade em algum lugar. Pena que ele não trouxe o violão; adoraria vê-lo se apresentar hoje.
— É bom ver você de novo — Carla diz, e aponta para o cara negro no palco. — Eddie vai ficar contente que você está aqui.
Christopher balança a cabeça e sorri enquanto Carla atravessa novamente a pequena multidão e volta para o bar.
— Quer tomar um refrigerante, alguma coisa?
Recuso com um gesto.
— Não, tô legal.
Ele permanece de pé, e quando a banda para de tocar, entendo por quê. O cara da guitarra prateada nota Christopher e sorri, encosta a guitarra na cadeira e se aproxima. Eles se abraçam da mesma forma que Carla o abraçou e eu me levanto novamente para ser apresentada, apertando a mão de “Eddie”.
— Uckermann! Você sumiu um tempão — Eddie diz, com um forte sotaque cajun da região. — Quanto tempo faz, um ano?
Carla também tem um pouco de sotaque, mas não tanto quanto Eddie.
— Quase — Christopher diz, com um sorrisão.
Christopher parece muito feliz de estar ali, como se aquelas pessoas fossem parentes que ele não vê há muito tempo, e com os quais nunca se desentendeu. Até seu sorriso está mais gentil e acolhedor. Aliás, quando ele me apresentou Carla e Eddie, seu sorriso iluminou o salão. Me senti a garota que ele finalmente decidiu trazer para casa e apresentar à família, e pelos olhares dos dois quando Christopher me apresentou, eles também acharam isso.
— Vai tocar hoje?
Me sento de novo e olho para Christopher, tão curiosa com a sua resposta quanto Eddie parece estar. Eddie tem aquela expressão de “não aceito ‘não’ como resposta” em seu rosto sorridente, e as rugas ao redor dos seus olhos e boca afundam.
— Bom, eu não trouxe o violão desta vez.
— Ah — Eddie balança a cabeça —, você sabe que não tem problema, tá querendo me fazer de bobo? — Ele aponta para o palco. — Tá cheio de guitarra lá.
— Quero te ouvir tocar — digo atrás dele.
Christopher olha para mim, indeciso.
— É sério. Tô pedindo. — Inclino a cabeça para um lado, sorrindo para ele.
— Hã-hã, essa garota tem aquele olhar, tem, sim. — Eddie sorri ao lado de Christopher.
Christopher entrega os pontos.
— Tá, mas só uma música.
— Só uma, né? — Eddie segura o queixo enrugado e diz: — Se vai ser só uma, eu que vou escolher. — Ele aponta para si, logo acima de sua camisa branca. Um maço de cigarros desponta do bolso esquerdo no peito.
Christopher balança a cabeça, concordando.
— Tá, você escolhe.
O sorriso de Eddie se alarga e ele me olha com uma expressão suspeita.
— Uma pra derreter o coração das damas, que nem você cantou da última vez.
— Rolling Stones? — Christopher pergunta.
— Hã-hã — Eddie diz. — Aquela mesmo, garoto.
— Qual aquela? — pergunto, apoiando o queixo na mão fechada.
— Laugh, I Nearly Died — Christopher responde. — Acho que você não conhece.
E ele está certo. Balanço a cabeça devagar.
— Não conheço mesmo.
Eddie acena para Christopher, pedindo que ele o siga até o palco. Christopher se abaixa, me surpreende com um selinho e se afasta da mesa.
Fico sentada, nervosa, mas empolgada, com os cotovelos apoiados na mesa. Tantas conversas acontecem ao meu redor que tudo parece um zumbido contínuo flutuando no ambiente. De vez em quando, ouço um copo ou uma garrafa de cerveja tilintando ao bater em outra ou numa mesa. O salão todo está na penumbra, iluminado apenas pela luz dos numerosos luminosos de marcas de cerveja e das partes superiores das janelas, que deixam entrar o luar e a luz de fora. De vez em quando, um clarão amarelo surge atrás do palco, à direita, quando pessoas entram e saem do que presumo serem os banheiros.
Christopher e Eddie chegam ao palco e começam a se preparar: Christopher pega outro banquinho de algum lugar atrás da bateria e o coloca no meio do palco, bem na frente do microfone no pedestal. Eddie diz alguma coisa para o baterista — provavelmente qual a canção que vão tocar — e o baterista assente com a cabeça.
Outro homem surge das sombras atrás do palco com mais uma guitarra, ou talvez seja um baixo; nunca prestei muita atenção na diferença. Eddie entrega a Christopher uma guitarra preta, já plugada num amplificador próximo, e eles trocam palavras que não consigo ouvir. E então Christopher se senta no banquinho, apoiando uma bota na parte de baixo. Eddie se senta no dele depois.
Eles começam a ajustar isto e afinar aquilo, e o baterista bate algumas vezes ao acaso nos pratos. Ouço estalos e apitos quando outro amplificador é ligado ou calibrado, e depois um tum-tum-tum quando Christopher bate com o polegar no microfone algumas vezes.
Meu estômago já está cheio de borboletas, estou nervosa como se fosse eu que estivesse prestes a cantar na frente de um monte de desconhecidos. Mas as borboletas são principalmente porque é Christopher. Ele me olha de relance do palco, nossos olhares se cruzam e então o baterista começa a tocar, batendo algumas vezes de leve nos pratos, no ritmo. E então Eddie começa a tocar guitarra; uma melodia lenta e contagiante que faz facilmente a maioria das pessoas em volta virarem a cabeça e notar que uma nova canção está começando — obviamente, uma que todos já ouviram e da qual nunca se cansam. Christopher toca alguns acordes junto com Eddie, e já sinto meu corpo balançando suavemente no ritmo da música.
Quando Christopher começa a cantar, parece que tenho uma mola no pescoço. Paro de me balançar e jogo a cabeça para trás, sem conseguir acreditar no que estou ouvindo; um blues tão cativante. Ele fica de olhos fechados enquanto canta, sua cabeça balançando no ritmo quente e cheio de alma da canção.
E quando começa o refrão, Christopher tira o meu fôlego...
Sinto minhas costas pressionando um pouco o encosto da cadeira e meus olhos se arregalando quando a música sobe e a alma de Christopher acompanha cada palavra. Sua expressão muda a cada nota intensa, se acalmando quando as notas se acalmam.
Ninguém mais está conversando no bar. Não consigo desviar os olhos de Christopher para ver, mas posso sentir que a atmosfera mudou assim que ele começou aquele refrão tão forte, com um timbre sexy que eu nem imaginava que ele tinha.
Na segunda estrofe, quando o ritmo diminui novamente, ele já tem a atenção total de todas as pessoas no salão. Todos estão dançando e balançando ao meu redor, casais aproximando seus quadris e lábios, porque não há outra coisa a fazer com essa canção.
Mas eu... só olho, sem ar, a distância, deixando a voz de Christopher percorrer cada canal e osso do meu corpo. É como um veneno irresistível: estou hipnotizada pelo que ele me faz sentir, embora possa destruir minha alma, mas eu o bebo assim mesmo.
E Christopher mantém os olhos fechados como se precisasse bloquear a luz ao seu redor para sentir a música. E quando vem o segundo refrão, ele se entrega ainda mais, quase a ponto de se levantar do banquinho, mas fica ali, com o pescoço esticado para o microfone e cada emoção passional marcando-lhe o rosto enquanto canta e toca a guitarra em seu colo.
Eddie, o baterista e o baixista começam a cantar dois versos com Christopher, e a plateia também canta baixinho.
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 209
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Minni Postado em 30/05/2020 - 03:58:34
Meu Deus, eu li essa história há muitos anos e estou tão emocionada de voltar aqui. É como revisitar meu passado de surtos por Vondy. Muito obrigada por essa história, ela marcou minha infância aqui no fanfics Brasil 💙
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elielma12 Postado em 03/09/2019 - 20:28:15
Adorei,um dos melhores romances que já li
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anne_mx Postado em 30/07/2015 - 20:40:11
Eu ameiiiii essa fic e sabe no começo , não vou mentir eu a achei um pouco chata mais algo me fez a continuar lendo e n me arrependi pq ela é linda e a história me envolveu de uma forma achei lindo a declaração através da carta do Ucker pra Dul amei de verdade,parabéns ah e eu quase chorei emocionada quando vi o túmulo UCKERMANN pensando que fosse Christopher uffa aindda bem que n ,mais enfim parabéns!!!!
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naty_rbd Postado em 29/11/2014 - 19:08:45
Ah que isso estou sempre a disposição ;D
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gabys_vondys2 Postado em 27/11/2014 - 13:47:24
oie, nao vou dizer que sou leitora nova, pq nao sou, eu acompanhava pelo facebook, sou a Gaby Matos U.U e eu amei o fim... adorei é tão lindo!!! kkk mas serio? Agora eu vou comer vc grávida kkk adorei <3
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melicia_fagundes Postado em 26/11/2014 - 17:59:26
Foi lindo! Amei!
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naty_rbd Postado em 26/11/2014 - 17:24:29
Ah o final foi lindo kkkk e o Christopher não tem jeito! Que pena que acabou, vou sentir saudades.
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senhorita_ackles Postado em 26/11/2014 - 11:36:10
Rebeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeca, sua linda o final foi fantástico, pena que acabou, estava tudo lindo até o Ucker dizer : ''E agora vou comer você grávida.'' kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk ri muito, e sim, eu acredito que o amor salva as pessoas mesmo, o amor é lindo, é puro, é sem explicação ai ai, enfim eu dei uma lida em algumas resenhas sobre o segundo livro e tals,, a história é boa, mais parece que os personagens não são os mesmo, sei lá, e fora o lance do bebe e tals, enfim, ai já to com saudades dessa web :'(
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leticiavondy12 Postado em 26/11/2014 - 11:12:05
To chorando aqui :( Nem acredito que acabou, nao vou poder ver esses dois maloquinhos em suas aventuras na estrada :( mais foi lindo o final, ela fez a outra metade da tatuagem e ainda vão ter um filhinho :)) vou sentir saudades <3
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candy_telles Postado em 25/11/2014 - 23:40:48
Chorei no final, estou emocionada!Parabéns