Fanfic: Os Guardiões | Tema: Ação, Romance, Ficção Científica.

A porta se fecha num estrondo. Xingo sussurrando, não quero chamar atenção. Mas é tarde demais, minha mãe me fita ansiosa, como se tivesse um segredo e estivesse louca para contar-lo. Ela não me deu nem mesmo os seus olhos azuis. Minha mãe fora Guardiã no passado, assim como o meu pai. Foi assim que eles se conheceram, foi assim que eu nasci. Eles largaram Os Guardiões quando descobriram que minha mãe estava grávida. Mesmo assim, até hoje, eles são conhecidos como uns dos melhores Guardiões do mundo. Meu avô, Atticus, foi comandante da tropa, há 60 anos, numa missão de combate em Manila. Ele morreu por um Garra, mas salvou Manila. E ele foi lembrado desde então. Suspiro e coloco a mochila no sofá e a fito. Ela dá um sorriso e segura as mãos na frente do corpo.

-Tenho uma coisa para te contar. -Ela fala. Eu me sento no sofá e continuo olhando para ela.

-Está bem, o que é? -Pergunto. Ela ajeita os seus cabelos castanhos cacheados e se vira para a mesinha ao lado da coluna que separa a entrada da sala. Ela pega uma carta e me entrega.

-Feliz aniversário, Tyler. -Ela fala. Eu leio o que está no verso do envelope branco.

"Academia Preparativa para Combate" 

Olho para a minha mãe e em seguida abro o envelope. Começo a ler em voz alta o que está escrito na folha cor de creme. 

"Candidato Tyler Ree, 

é com grande prazer que anunciamos que você foi aceito para o período de dois semestres como aluno na nossa Academia Preparativa para Combate. É uma honra ter-lo em nossa instituição, considerando o desempenho de seus ancestrais na Tropa Especializada em Combate contra Hostis, mais conhecida como Os Guardiões. Esperamos ver-lo em breve na Academia. A Iniciação será feita no primeiro dia do inverno.

Assinado: Comandante Charles Walshe." 

Dobro a carta e fito minha mãe.

-Que droga é essa?-Pergunto, fazendo com que o sorriso de seu rosto desapareça.

-Você foi selecionado para a Academia de Guardiões, Tyler. -Responde a minha mãe.

-Como assim, selecionado? Eu nem me candidatei! -Exclamo. A porta de entrada se fecha num estrondo e meu pai entra na sala. Diferente da minha mãe, meu pai me deu todas as suas características, o mesmo nariz, os mesmos olhos castanhos, o mesmo cabelo e até mesmo a altura.

-O que está acontecendo? -Pergunta o meu pai, depois de ter largado Os Guardiões, ele construiu a A.S.A. armas, uma empresa fornecedora de todo o tipo de armas para o exército. Especialmente para Os Guardiões. Eu me levanto e mostro a carta para ele.

-Por que eu fui aceito na Academia, pai? Eu não me candidatei! -Exclamo. Ele olha para mim e sorri, provavelmente feliz por eu ter sido aceito na Academia, mas eu não estava nem um pouco feliz. Sou diferente da minha família, eu não quero ser, não quero ser um Guardião.

-Sua mãe e eu te inscrevemos a alguns dias e... -Ele balança a cabeça e ri. -Meu Deus, isso é uma ótima notícia, filho! -Ele exclama. Eu franzo a testa.

-Por que não me contaram? -Eu grito. Meu pai tira o sorriso do rosto.

-É melhor abaixar esse tom de voz, Tyler. -Minha mãe se levanta e segura os meus ombros.

-Tyler, querido. Sabíamos que não iria aceitar mas, são as regras meu filho. Não há nada que possamos fazer. -Ela fala.

-Isso é injusto, todos os candidatos tem que passar por uma série de testes antes de serem selecionados. Isso é trapaça! -Eu exclamo. Meu pai empurra a minha mãe para trás e me leva de encontro a parede.

-Só estamos fazendo o que é certo, Tyler. Deveria estar feliz por ter sido aceito. -Meu pai agora me fita com raiva.

-Eu não quero ir. -Eu digo, fitando os seus olhos.

-Essa é a tradição da nossa família, deve seguir-la! -O meu grita perto do meu ouvido.

-EU NÃO QUERO SER UM GUARDIÃO!!! -Grito o mais alto que posso. O silêncio paira no ar, meu pai me fita e em seguida, me joga no chão.

-Seu miserável! -Meu pai me vira, sobe em cima de mim e acerta a minha bochecha com um soco. A minha visão escureçe e minha audição fica abafada. A dor se espalha por todo o meu rosto até outro soco acertar o meu nariz. Tento me proteger com as mãos. Minha mãe grita pedindo para que o meu pai pare. Olho de relançe para o cinto do meu pai. Enxergo a arma dele. Ele acerta um soco na minha orelha, fazendo a minha cabeça girar e um zumbido abafar os gritos da minha mãe. 1, 2, 3. Tiro uma das mãos da frente do meu rosto e pego a arma do meu pai. A seguro com as duas mãos e miro na testa dele. O silêncio toma conta de tudo. Estou ofegante e minhas mãos tremem. Seguro a arma com mais firmeza e coloco o dedo sobre o gatilho. O cano da arma toca em sua testa, ele arregala os olhos.

-Tyler, não faça isso. -Sussurra a minha mãe. Meu coração está acelerado. Eu me sento e peço para ele se levantar. Ele se encosta na parede e continuo mirando na sua testa. Meu Deus, não sei se a arma está carregada. Minha mão está tremendo demais e o meu dedo está apertando de leve o gatilho. Meu pai respira com nervosismo. Eu fecho os olhos  e ouço o clique. Minha mãe começa a chorar. Abro os olhos, meu pai está mais branco do que um fantasma. Ele me fita de boca meio aberta e os olhos arregalados. A arma não estava carregada, uma sensação de alívio toma conta do meu peito. Eu me afasto dois passos e solto a arma. Ela cai no chão e meu pai pisca. Me afasto ainda mais e minha mãe corre para o lado do meu pai. Envolvendo-o nos braços. Agora percebo o que eu quase fiz, eu quase matei o meu pai. Minha mãe me fita, enojada. Meu pai desaba junto com ela. Apenas ouço os soluços da minha mãe, fitando o meu pai que ainda olha para mim. E então, sem mais nem menos, eu saio de casa batendo a porta.