Fanfic: Tatuagem (Vondy) | Tema: Vondy

Hoje fazem exatamente três anos, dois meses e vinte dias que eu não ouço a voz dele. Quer dizer, ouvir eu ouço quase todo dia, nas rádios, na televisão... Mas eu estou falando de ouvir a voz dele aqui do meu lado. Sussurrando em meu ouvido, falando o quanto eu sou linda e o deixo louco, me chamando de pequena... Meu Deus, como eu amava quando ele me chamava assim. Eu sentia que tinha um negócio na minha barriga tão... tão... estranho! Tanto que uma vez eu cheguei a pensar que tinha ficado doente. Estar com ele era como ficar amarrada numa montanha russa. Quando está subindo você morre de medo, mas quando desce você não sabe se morre de alegria, adrenalina, medo de novo... Enfim. Era bem assim sentir o corpo dele junto ao meu. Então vocês já devem imaginar o porquê de eu estar, bom, digamos que contando os dias em que não nos falamos.

Depois que o RBD acabou, nos vimos de novo apenas duas vezes. Isso mesmo, DUAS. Confesso que na época até eu me espantei com isso. Na verdade, todos se espantaram com isso. Até nossos fãs, meus pais, meus amigos, as traumadas... Ah, as traumadas! As únicas que conseguiam enxergar o que realmente acontecia nos bastidores, e tinham vezes que eu me espantava com todas as histórias que elas sabiam, que eu tinha certeza que eram segredos íntimos meus e de Christopher. Como naquela vez em que estávamos em Brasília, uma cidade do Brasil, e o presidente de lá nos recebeu com um churrasco.

Bom, depois de comermos, Poncho jogou bola com o presidente, Any se juntou com Maite, e nós dois fomos para baixo da sombra de uma árvore. E eu achando que apenas nós dois sabíamos disso! Pobre Dulce, tão ingênua... Enfim, alguma mosquinha que estava lá conosco nos viu, e foi logo contando todos os detalhes na Univision. E aí nem queiram imaginar. Negar, negar, negar. "Eu? Com Christopher? Não meninas... Somos bons amigos."

Amigos... Essa palavra já estava mais do que acostumada a ser dita pela minha boca quando o assunto era ele. Cada vez que uma fã vinha me perguntar sobre nós dois (e não duvidem, MUITAS me perguntavam. E algumas coisas eram até, bom... íntimas), eu tinha que sorrir e fingir surpresa, alegando que eu adorava o meu amiguinho, mas não passava disso.

Negávamos como dois assassinos negam ser inocentes, e quando a noite caía, dormíamos nus debaixo do mesmo lençol. Isso não é lindo? Ah, que saudades que eu sinto.Saudades de negar tudo, de sorrir para as câmeras e dizer, com convicção: "Somos apenas amigos!" e depois termos uma noite de sexo em algum quarto de hotel, como dois bons amigos... Mas como nem tudo são rosas, a banda terminou. E depois disso, todos, sem exceção, notaram que nós nos afastamos.

E tudo parecia ser tão perfeito... Eu ainda não consigo explicar o que foi o último show pra mim. Em todas as músicas ele dava um jeito de chegar perto de mim. Ele me olhava, ele me provocava, ele sorria... Até que chegou a minha música preferida do show: Este Corazón.

Tan, tan, tan tan tan. Tan, tan, tan tan tan. Alguém-me-ajude-pelo-amor-de-Deus. Era o que eu sempre pensava quando ele virava para mim, essa batida começava eu achava que o meu coração ia sair pela boca e cair no meio do palco. Ele segurava o microfone e vinha andando devagar, me olhando nos olhos. As vezes ele sorria, as vezes não. Quando brigávamos ele nem me abraçava, eu dava um sorriso forçado...

Mas dessa vez era diferente. Era o último show! A última vez que cantaríamos juntos em cima de um palco, a última vez que eu o veria cantando aqueles versos que eu tanto amava, só para mim. A última vez que ouviríamos os fãs gritarem de emoção, a última vez que ele diria "Meu mundo só gira por você" olhando nos meus olhos, a última vez que flashs nos cegariam a cada movimento que fazíamos, a cada olhar e sorriso...

Nós dois estávamos atrás do palco, no escuro, esperando que a música começasse. Nos 15 segundos que tínhamos entre uma música e outra, havíamos conseguido ter uma briga estúpida, como sempre. Ele estava em um canto, e eu no outro, com os meus braços cruzados. A batida começou. Ele foi, eu fiquei. Acompanhei todos os seus passos.

Ele foi até a platéia, abaixou e pegou uma bandeira.

"Cómo poder recuperar tu amor?...Cómo sacar la tristeza de mí corazón? Mí mundo sólo gira por tí..." Ele cantou olhando para os fãs e segurando a bendita da bandeira no braço esquerdo. Respirei fundo, estava chegando a hora de entrar.

Entrei.

Ele colocou a bandeira no ombro, se virou e veio andando na minha direção. Era minha hora de cantar. Ok, Dulce, controle-se. Respire. Vai.