Fanfic: A probabilidade estatística do amor à primeira vista(adaptada) | Tema: Vondy
-As coisas estão, meio difíceis – disse com voz emocionada –, não recomendo livros para você o tempo todo, mas tem uns que são muito importantes e não podem se perder nisso tudo. – Moveu uma da mãos entre os dói como se quisesse definir o que isso tudo significava.
-Obrigada – disse Dulce, abraçando o livro para não ter que abraçar o pai.
Só restou aquilo – os encontros estranhos e com hora marcada, e um silêncio terrível. Dulce não aguentava, e a injustiça dessa situação estava crescendo dentro dela. Era tudo culpa dele, e ainda assim o ódio que sentia era pior forma possível de amor, era uma saudade que torturava, um sonho que fazia o coração doer dentro do peito. Não tinha como ignorar a sensação de que eles se tornaram duas peças de quebra-cabeças diferentes e nada no mundo podia fazê-los se encaixar novamente.
-Venha me visitar logo está bem? – disse ele, antes de abraçá-la.
Ela fez que sim com a cabeça, antes de se afastar, mas sabia que isso não ia acontecer. Não queria visitá-lo e , mesmo se quisesse o que os pais queriam, a matemática da coisa era impossível. Como ia lidar com isso, ia passar o natal na Inglaterra e a Páscoa com a mãe? Ver o pai feriado sim, feriado não, e passarem juntos uma semana durante o verão, o suficiente para coletar fragmentos da nova vida dele, teria que perder momentos da vida da mãe – sua mãe, que não fez nada para merecer passar um Natal sozinha.
Na percepção de Dulce, essa não era uma boa maneira de se viver. Talvez se tivesse mais tempo, ou se ele fosse mais flexível; se conseguisse estar em dois lugares ao mesmo tempo e viver em vidas paralelas, ou mais simples que isso, se o pai voltasse logo para casa. Para Dulce, não havia meio-termo: era tudo ou nada, sem lógica, sem pensar, mesmo que no fundo soubesse que não seria tão difícil, apesar de ser tudo impossível.
Depois que voltou da viagem em que foram esquiar, colocou o livro na prateleira do quarto. Pouco tempo depois, acabou escondendo-o atrás de outros na quina da mesa; mais tarde, deixou-o perto da sacada da janela. Aquele peso fica vagando pelo quarto como uma pedra, até que, finalmente, foi parar no chão do armário, onde ficou até esta manhã. Agora está mão de Christopher, que folheia as páginas que não foram tocadas há meses.
-É o casamento dele – diz Dulce baixinho. – Do meu pai.
Christopher assente.
-Ah.
-Pois é.
-Então, não deve ser o presente de casamento.
-Não – responde ela. – Eu diria que é mais como um gesto. Ou talvez um protesto.
-Um protesto dickensiano – diz ele. – Interessante.
-Tipo isso.
Ele ainda está olhando as páginas, fazendo pausas de vez em quando para ler algumas linhas.
-Acho que você devia pensar melhor.
-Posso pegar de novo na biblioteca.
-Não foi isso que quis dizer.
-Eu sei – responde e olha para o livro de novo. Ela vê alguma coisa nas páginas e segura o pulso dele sem pensar. – Peraí.
Ele levanta as mãos, e Dulce tira o livro do colo dele.
-Acho que vi alguma coisa – diz, passando algumas páginas para trás, com olhos atentos.
Ela não consegue respirar quando vê uma frase sublinhada com uma linha torta e quase apagada. É uma marcação bem simples: nada escrito na margem, sem orelha virada. Apenas uma simples linha escondida nas profundezas do livro com um toque vacilante de tinta.
Mesmo depois daquele tempo todo, mesmo depois do que já tinha dito ao pai e que ainda não tinha, mesmo com sua intenção de devolver o livro ( porque é assim que se manda uma mensagem, não com uma frase sublinhada num livro velho, sem nenhuma outra marca ); o coração de Dulce ainda fica balançado com a possibilidade de ela estar perdendo alguma coisa importante. E lá está, naquela página, olhando para ela em preto e branco.
Christopher a observa com a expressão cheia de indagações. Ela murmura as palavras, correndo os dedos pela linha que o pai deve ter feito.
“Será melhor ter alguma coisa e perdê-la, ou nunca ter tido?”
Quando olha para cima, seus olhos se encontram por um breve momento, antes de se desviarem. Na tela acima deles, os patinhos estão dançando, espirrando a água do lago onde moram. Dulce abaixa o queixo e lê a frase de novo para si, depois fecha o livro e o coloca de volta na mochila.
Autor(a): leticialsvondy
Este autor(a) escreve mais 15 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Dulce dorme: à deriva, sonhando. Em lugar escondido da mente, ela se imagina em outro vôo – é uma imagem forte, mesmo que o restante do corpo esteja mole de tanta exaustão. É o vôo que ela havia perdido. Três horas na frente, ela se imagina sentada ao lado de um senhor de idade com bigode comprido. Ele espirra e fica se mex ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 12
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
minhavidavondy Postado em 07/05/2016 - 23:19:33
Ameiiiiiiiiiiiiiiiiii
-
stellabarcelos Postado em 28/12/2015 - 21:17:51
Amei
-
kathleen_ Postado em 07/10/2014 - 21:13:21
nossa já acabou? UAU não sei o que falar
-
wermelinnger_ Postado em 06/10/2014 - 23:52:20
ai amoooooo essa weeeeeeeb *-* ... posta maaais
-
kathleen_ Postado em 05/10/2014 - 21:35:27
posta maisss
-
kathleen_ Postado em 05/10/2014 - 21:35:11
PELO AMOR DE DEUS CONTINUAAAAAAA
-
kathleen_ Postado em 03/10/2014 - 06:48:58
leitora nova continuaaa to amando essa fic
-
leticialsvondy Postado em 27/09/2014 - 16:49:13
nyb eu não sabia que tinha sido posta aqui no site, só li o livro e gostei, e resolvi adaptar para vondy, pois é meu csal preferido.
-
nyb Postado em 27/09/2014 - 16:35:52
Olá essa fic. Foi postada anteriormente por uma amg minha na versao ponny acharia pelo menos justo ter pedido a ela pra adptar vondy ou credita-la ja q o livro nn é mto conhecido.. Apenas minha opnião
-
milah_cruz Postado em 27/09/2014 - 15:02:33
leitora nova continuaaa.... to amando