Fanfic: A probabilidade estatística do amor à primeira vista(adaptada) | Tema: Vondy
Christopher sorri.
-Será que a minha pena vai ser de dez anos de trabalhos forçados?
-Pensei em alguma coisa do tipo lavar pratos em restaurantes – brinca e devolve a garrafa para ele –, ou talvez carregar malas.
-Acho que você vai me fazer carregar malas de qualquer maneira – responde. – Não se preocupe, vou deixar uma gorjeta quando for embora. Só não queria criar confusão, apesar de eu ter 18 anos e de estar mais próximo de Londres que de Nova York agora. Você gosta de uísque?
Dulce nega com a cabeça.
-Já provou?
-Não.
-Por que não prova? – pergunta, oferecendo a garrafa de novo. – Só um gole.
Ela abre a garrafa, aproximando-a da boca, e faz uma careta quando sente o cheiro de bebida, um cheiro ruim, acentuado e muito forte. O líquido queima sua garganta, e ela tosse. Seus olhos se enchem de lágrimas. Fecha a garrafinha e a devolve para ele.
-Isso queima – diz com o rosto franzido. – Que horror.
Christopher dá uma risada e bebe tudo até o final.
-Tudo bem, agora que já bebeu o uísque – diz. – Isso quer dizer que vamos conversar sobre sua família?
-Por que você está tão interessada?
-Por que não estaria?
Ele respira fundo, quase resmungando.
-Vejamos – diz, depois de certo tempo. – Tenho três irmãos mais velhos...
-Eles ainda moram na Inglaterra?
-Moram. Três irmãos mais velhos que ainda moram na Inglaterra – responde abrindo a outra garrafa de uísque. – Que mais? Meu pai não ficou muito feliz quando escolhi Yale em vez de Oxford, mas minha mãe ficou contente porque também estudou nos Estados Unidos.
-Foi por isso que ele não veio com você no começo do semestre?
Christopher dá uma olhada com cara de quem preferia estar em outro lugar e termina a garrafa de uísque.
-Você faz muitas perguntas.
-Contei para você que meu pai nos deixou por causa de outra mulher e que não o via a mais de um ano – responde ela. – Faça-me um favor. Com certeza seu drama familiar não é pior que esse.
-Você não me falou isso – diz ele. – Não me disse que não via seu pai há tanto tempo. Achei que só não tivesse conhecido a namorada dele.
É Dulce quem fica sem graça agora.
-Nós nos falamos por telefone – diz –, mas ainda estou com muita raiva para querer vê-lo.
-Ele sabe disso?
-Que estou com raiva?
Christopher concorda.
-Claro – diz e inclina a cabeça na direção dele –, mas não estamos mais falando sobre mim lembra?
-Eu só acho que é interessante – comenta – que você fale sobre isso tão abertamente. Todo mundo tem problemas na minha família, mas ninguém nunca fala nada.
-Talvez vocês se sentissem melhor se falassem.
-Talvez.
Dulce se dá conta de que estão sussurrando e bem próximos, envolvidos pelas sombras da luz de leitura do passageiro da frente. Sente-se quase como se estivessem sozinhos num banco de parque ou num restaurante lá embaixo, com os pés fincados em terra firme. Ela está tão perto que vê que ele tem uma cicatriz acima do olho, um pouco de barba no queixo e cílios muito compridos. Sem nem pensar, acaba se afastando. Christopher se espanta com o movimento brusco.
-Desculpe – diz, encostando-se no assento e tirando a mão de cima do apoio de braço. – Esqueci que você é claustrofóbica. Você deve estar morrendo.
-Não – responde, balançando a cabeça. – Na verdade, não estou sentindo nada.
Ele aponta o queixo para a janela, que ainda está fechada.
-Ainda acho que ajudaria se você pudesse ver o lado de fora. Até eu me sinto apertado aqui sem uma janela.
-É truque do meu pai – conta Dulce. – Na primeira vez que tive uma crise, ele me falou para imaginar o céu. Mas isso só ajuda quando o céu está acima de mim.
-Claro – concorda Christopher –, faz sentido.
Ficam em silêncio, olhando para as mãos enquanto um estado de calmaria se instala.
-Eu tinha medo do escuro – disse Christopher, depois de certo tempo –, e não foi só quando era pequeno. Foi até uns 11 anos.
Dulce olha para ele e não sabe o que dizer. Parece mais novo agora, o rosto com traços mais suaves, olhos mais abertos. Sente vontade de dar a mão para ele, mas se controla.
-Meus irmãos me enchiam o saco o tempo todo, desligavam a luz sempre que eu chegava e ficavam fazendo barulhos. Meu pai odiava o meu medo e não tinha um pingo de compaixão. Eu me lembro que ia até o quarto deles no meio da noite, e ele me mandava parar de agir feito menininha. Ou então contava uma história sobre monstros no armário, só para botar pilha. A única coisa que falava para me ajudar era “vai passar”. Legal né?
-Nem sempre os pais acertam – diz Dulce. – Às vezes, eles demoram um pouco para perceber isso.
-Mas aí teve uma noite – continua ele –, em que acordei e ele estava colocando uma luz noturna do lado da minha cama. Tenho certeza que ele achou que eu estava dormindo, mas não falei nada, fiquei só vendo ele colocar a luz na tomada e ligar o botão.
Dulce sorri.
-Então ele se redimiu.
-Do jeito dele, acho – diz Christopher –, mas ele deve ter comprado a luz naquele mesmo dia,certo? Ele podia ter dado pra mim quando voltou da loja, ou ligado antes de eu dormir. Preferiu fazer isso sem que ninguém visse. – Christopher olha para Dulce, e ela fica surpresa com sua expressão de tristeza. – Por que estou contando isso?
-Por que perguntei – responde Dulce.
Ele respira fundo e ela vê que suas bochechas estão vermelhas. O assento da frente se meche, o homem ajeita um travesseiro em volta do pescoço. Tudo está quieto no avião, a não ser pelo barulho do ar-condicionado, de páginas sendo viradas e ocasional movimento de passageiros tentando ficar mais confortáveis nas últimas horas antes da aterrissagem. De vez em quando, o avião mexe um pouco mais, como barco numa tempestade, e Dulce pensa em sua mãe e nas coisas horríveis que falou para ela em Nova York. Olha para sua mochila no chão e novamente sente que não queria estar passando pelo Atlântico para poder ligar para ela.
A seu lado, Christopher coça os olhos.
-Tenho uma idéia brilhante – diz. – Que tal conversarmos sobre alguma coisa que não seja nossos pais?
Dulce concorda.
-Bem melhor.
No entanto, os dois ficam calados. Um minuto se passa, depois outro e, depois de certo tempo em silêncio, começam a rir.
-Acho que vamos ter que falar sobre o tempo, se você não inventar algum outro assunto mais interessante – diz ele, e Dulce levanta as sobrancelhas.
-Eu?
Ele faz que sim com a cabeça.
-Você.
-Ta bom – diz ela, nervosa antes que as palavras saiam. A pergunta está em sua cabeça há horas. O melhor a fazer é perguntá-la. – Você tem namorada?
Christopher fica encabulado e o sorriso que dá ao baixar a cabeça é tão enigmático que irrita; para fazer com que se sinta menos tímida tanto com a pergunta quanto com a resposta. Mas pode ser outra coisa também, uma coisa que deixa Dulce compreensiva, um acordo não verbal entre eles, confirmando que tem alguma coisa acontecendo, que aquele encontro pode ser um começo.
Depois de muito tempo, ele balança a cabeça.
-Não.
Dulce sente como se uma porta tivesse se aberto, mas não sabe muito bem como proceder.
-Por que não?
Ele encolhe os ombros.
-Não conheci ninguém com quem queira passar os próximos 52 anos, acho.
Autor(a): leticialsvondy
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-Devem ter milhões de meninas em Yale. -Tem umas cinco ou seis mil, na verdade. -Mas a maioria é americana, né? Christopher sorri e se inclina com calma, tocando-a com o ombro. -Eu gosto das americanas – confessa –, mas nunca namorei uma. -Não é parte de sua pesquisa? -Não, a não ser que a menina tenha medo d ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 12
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minhavidavondy Postado em 07/05/2016 - 23:19:33
Ameiiiiiiiiiiiiiiiiii
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stellabarcelos Postado em 28/12/2015 - 21:17:51
Amei
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kathleen_ Postado em 07/10/2014 - 21:13:21
nossa já acabou? UAU não sei o que falar
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wermelinnger_ Postado em 06/10/2014 - 23:52:20
ai amoooooo essa weeeeeeeb *-* ... posta maaais
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kathleen_ Postado em 05/10/2014 - 21:35:27
posta maisss
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kathleen_ Postado em 05/10/2014 - 21:35:11
PELO AMOR DE DEUS CONTINUAAAAAAA
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kathleen_ Postado em 03/10/2014 - 06:48:58
leitora nova continuaaa to amando essa fic
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leticialsvondy Postado em 27/09/2014 - 16:49:13
nyb eu não sabia que tinha sido posta aqui no site, só li o livro e gostei, e resolvi adaptar para vondy, pois é meu csal preferido.
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nyb Postado em 27/09/2014 - 16:35:52
Olá essa fic. Foi postada anteriormente por uma amg minha na versao ponny acharia pelo menos justo ter pedido a ela pra adptar vondy ou credita-la ja q o livro nn é mto conhecido.. Apenas minha opnião
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milah_cruz Postado em 27/09/2014 - 15:02:33
leitora nova continuaaa.... to amando