Fanfics Brasil - Capitulo 7 (PARTE 3) A probabilidade estatística do amor à primeira vista(adaptada)

Fanfic: A probabilidade estatística do amor à primeira vista(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capitulo 7 (PARTE 3)

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Dulce coloca a mochila no chão e tenta se lembra do que tem lá dentro, se tem uma caneta para anotar um telefone ou u e-mail, qualquer informação sobre ele, uma apólice de seguro contra o esquecimento. Sente-se, porém, congelada por dentro, presa na incapacidade de dizer alguma coisa que não vá dar mostra do seu desespero.


Christopher boceja e se alonga, com as mãos no ar e costas arqueadas; depois coloca um dos cotovelos em cima do ombro dela, fingindo usá-la como suporte. Mas o peso do braço pode acabar fazendo com que ela perca seu equilíbrio. Ela engole a saliva e olha para ele, visivelmente agitada.


-Vai pegar um táxi – pergunta. Ele balança a cabeça e tira o braço de cima do ombro dela.


-Metrô – responde. – Não é longe da estação.


Dulce não sabe se ele está falando sobre a igreja ou sua casa, se ele vai para casa tomar um banho e trocar de roupa ou se vai direto para o casamento. Sente-se irritada, como no último dia da escola, na última noite no acampamento com os amigos, como se tudo tivesse caminhando para um final abrupto e confuso.


Para sua surpresa, ele se aproxima do rosto dela, aperta os olhos e toca sua bochecha.


-Um cílio – diz ele e esfrega um dedo no outro, deixando-o cair.


-Não vou poder fazer um pedido?


-Já fiz para você – diz ele com um sorriso tão triste que o coração dela fica apertado.


Será possível que só o conheça a dez horas?


-Pedi que esta fila ande logo – conta para ela –, senão não vai ter como você chegar a tempo.


Dulce olha para o relógio na parede de concreto e vê que ele tem razão; já são 10h08, menos de duas horas para o começo do casamento. E lá está ela, presa na alfândega, com o cabelo embaraçado e o vestido amassado na mala. Tenta se imaginar entrando na igreja, mas a imagem não combina com seu estado atual.


Ela dá um suspiro.


-Costuma demorar muito?


-Agora que eu fiz o desejo não vai demorar. – diz Christopher.


De repente, como se fosse simples assim, a fila começa a andar. Ele dá uma olhada triunfante para ela e caminha. Dulce vai atrás, balançando a cabeça.


-Se é assim que funciona, por que não pediu um milhão de dólares?


-Um milhão de Libras – diz ele. – Você está em Londres agora. E não. Quem ia querer lidar com os impostos?


-Que impostos?


-Do seu um milhão de Libras. Pelo menos 88 por cento iria direto para a rainha.


Dulce fica olhando para ele.


-Oitenta e oito  por cento, é?


-Os números nunca mentem – responde com um sorriso.


Quando chegam a uma bifurcação na fila, são recebidos por um agente entediado, vestindo roupa azul. Está encostado nas barras de metal e aponta para uma placa que indica aonde devem ir.


-Cidadãos da União Européia para a direita, o resto para a esquerda – repete várias vezes  com voz fina e fraca, perdida no meio do burburinho da multidão. – Cidadãos da União Européia para a direita...


Dulce e Christopher se olham e todas as incertezas desaparecem, porque lá está no rosto dele: uma relutância igual a sua. Ficam parados por um tempo, muito tempo, uma eternidade, ambos querendo ficar. As pessoas passam por eles como um rio pelas pedras.


-Senhor – diz o agente quebrando o clima e colocando uma das mãos nas costas de Christopher. Dá um pequeno empurrão e pede para que ele se mexa. – O senhor precisa continuar andando para que a fila não tenha obstruções.


-Só um minuto... – pede Christopher, mas é interrompido.


-Agora, senhor – fala o homem, empurrando-o com mais força.


Uma mulher com um bebê, que está soluçando passa por Dulce e a empurra. Não há nada que possa fazer a não ser seguir o fluxo. Porém antes de conseguir andar, Dulce sente alguém segurando o seu cotovelo, e, de repente, Christopher está ao seu lado de novo. Ele olha para ela, cabeça inclinada, mão em seu braço, e antes que tenha tempo de se sentir nervosa, antes mesmo de entender a situação, ela o ouve murmurar “Que se dane”, e então, para sua surpresa, ele se inclina e lhe dá um beijo.


A fila continua se movendo ao lado deles e o agente da alfândega desiste e solta um suspiro frustrado, mas Dulce nem percebe; ela segura a camiseta dele com força, com medo de ser arrastada para longe, e ele a segura pelas costas enquanto a beija. A verdade é que nunca se sentiu tão segura na vida. Os lábios dele são macios e têm o gosto salgado do pretzel que comeram juntos mais cedo. Por um segundo, fecha os olhos e o mundo ao redor desaparece. Depois de beijá-la, ele sorri, e ela está muito chocada para dizer alguma coisa. Dá um passo para trás e o agente puxa Christopher para o outro lado, revirando os olhos.


-As filas não levam para países diferentes – murmura ele.


A divisão de concreto entre as duas áreas os separa, e Christopher acena, ainda sorrindo. Dulce não vai conseguir vê-lo em poucos instantes, mas ainda consegue olhar para ele e acenar de volta. Ele aponta para o outro lado da fila e ele faz que sim com a cabeça, torcendo para conseguir encontrá-lo lá. Ele desaparece. Não há mais o que fazer a não ser continuar andando, com o passaporte em sua mão, e a emoção do beijo ainda estampada na boca. Coloca uma das mãos sobre o peito para acalmar a palpitação.


Logo se dá conta que o pedido de Christopher não está mais dando certo; sua fila praticamente parou, e ela está imprensada entre um bebê aos prantos e um homem enorme com uma camiseta do Texas; nunca se sentiu tão impaciente na vida. Olha para o relógio e para parede que esconde Christopher, contando os minutos com intensidade fervorosa. Fica se movendo, agitada e suspira.


Quando chega sua vez, ela praticamente corre para janela de vidro e joga o passaporte pela pequena abertura.


-Trabalho ou turismo? – pergunta a mulher enquanto olha o passaporte.


Dulce hesita, visto que nenhuma das opções é correta. Decide por turismo – apesar de que ver seu pai casando com outra mulher não é nada agradável – e responde o resto das perguntas com pressa. A mulher chega a dar uma olhada nela antes de carimbar uma das várias páginas em branco do passaporte.


Sua mala balança de um lado para outro enquanto ela corre da alfândega até a esteira de bagagens – e decide ignorar a maçã que pegou na geladeira de sua casa, pois não configura, na verdade um produto agrícola. São 10h42 e, se não pegar um táxi nos próximos minutos, não vai ter como chegar a tempo na cerimônia. Mas ainda não é hora de pensar nisso. Está preocupada com Christopher. Quando sai na área de bagagens e vê um mar de gente atrás de uma corda preta – pessoas segurando cartazes, esperando por amigos e família –, seu coração fica apertado.


O saguão é enorme e tem dúzias de esteiras com malas coloridas, e, ao redor, há centenas e centenas de pessoas indo em todas as direções, procurando alguma coisa: pessoas, caronas, direções, coisas perdidas e encontradas. Dulce anda em círculos, com a bagagem que parece pesar uma tonelada, a camiseta grudando nas costas e o cabelo no rosto. Há crianças e avós, motoristas e guardas, um cara com um avental da Starbucks e três monges em vestes vermelhas. Um milhão de pessoas, mas nada de Christopher.


Ela encosta numa parede e senta sobre as malas sem nem se importar com as pessoas passando. Sua mente está muito ocupada com as possibilidades. Pode ter sido qualquer coisa. A fila pode ter demorado mais. Pode ter ficado preso na alfândega. Pode ter saído mais cedo e achado que ela tinha ido embora. Podem ter se cruzado sem nem ter visto.


Ele pode simplesmente ter ido embora.


Mesmo assim, ela espera.


O relógio gigante acima do quadro de vôos olha para ela incisivamente, e Dulce tenta ignorar a sensação de pânico que cresce dentro dela. Como ele pode não ter se despedido? Ou será que foi para isso que a beijou? Mas, depois de todas aquelas horas, dos momentos que passaram, será que ela ainda não merecia mais?


Ela nem sabe o sobrenome de Christopher.


O último lugar no mundo ao qual quer ir agora é um casamento. Sente suas últimas energias indo embora, como água descendo pelo cano. Com o passar dos minutos, fica mais difícil ignorar o fato de que vai perder a cerimônia. Com muito esforço, desgruda da parede para dar uma última olhada no salão, caminhando com os pés pesados pelo terminal gigante; mas Christopher, camisa azul e cabelo desarrumado, não está lá.


Então, sem ter mais o que fazer, finalmente sai pelas portas automáticas e encontra a neblina cinzenta de Londres, sentindo-se contente pelo sol não ter tido a audácia de aparecer naquela manhã.



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Autor(a): leticialsvondy

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A fila do táxi está tão longa que chega a ser cômica. Dulce carrega a mala até o final,onde fica atrás de uns americanos com camisas vermelhas,todos falando muito alto. O Heathrow está tão lotado quanto o JKF, só que sem a desculpa do Quatro de julho. Ela espera a fila andar, e a falta de sono finalmente come&cced ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 12



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  • minhavidavondy Postado em 07/05/2016 - 23:19:33

    Ameiiiiiiiiiiiiiiiiii

  • stellabarcelos Postado em 28/12/2015 - 21:17:51

    Amei

  • kathleen_ Postado em 07/10/2014 - 21:13:21

    nossa já acabou? UAU não sei o que falar

  • wermelinnger_ Postado em 06/10/2014 - 23:52:20

    ai amoooooo essa weeeeeeeb *-* ... posta maaais

  • kathleen_ Postado em 05/10/2014 - 21:35:27

    posta maisss

  • kathleen_ Postado em 05/10/2014 - 21:35:11

    PELO AMOR DE DEUS CONTINUAAAAAAA

  • kathleen_ Postado em 03/10/2014 - 06:48:58

    leitora nova continuaaa to amando essa fic

  • leticialsvondy Postado em 27/09/2014 - 16:49:13

    nyb eu não sabia que tinha sido posta aqui no site, só li o livro e gostei, e resolvi adaptar para vondy, pois é meu csal preferido.

  • nyb Postado em 27/09/2014 - 16:35:52

    Olá essa fic. Foi postada anteriormente por uma amg minha na versao ponny acharia pelo menos justo ter pedido a ela pra adptar vondy ou credita-la ja q o livro nn é mto conhecido.. Apenas minha opnião

  • milah_cruz Postado em 27/09/2014 - 15:02:33

    leitora nova continuaaa.... to amando


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