Fanfic: A probabilidade estatística do amor à primeira vista(adaptada) | Tema: Vondy
A fila do táxi está tão longa que chega a ser cômica. Dulce carrega a mala até o final,onde fica atrás de uns americanos com camisas vermelhas,todos falando muito alto. O Heathrow está tão lotado quanto o JKF, só que sem a desculpa do Quatro de julho. Ela espera a fila andar, e a falta de sono finalmente começa a pesar. Tudo parece fora de foco, desde a fila até os táxis pretos esperando em silêncio e solenemente, como um funeral.
-Não pode ser pior que Nova York – disse Dulce a Christopher quando ele comentou sobre o Heathrow. Ele nem argumentou, apenas balançou a cabeça.
-Um pesadelo logístico de proporções épicas. – foi como descreveu o aeroporto, e com razão.
Ela balança a cabeça como se quisesse tirar água do ouvido. Ele foi embora, diz para si novamente. É isso. Tem que ficar de costas para o terminal para resistir à vontade de voltar e procurar por ele.
Uma pessoa contou certa vez que há uma fórmula para o tempo que se leva para esquecer alguém: é a metade do tempo que ficaram juntos. Dulce tem lá suas dúvidas sobre essa teoria, um cálculo tão simples para uma coisa tão complicada quanto um coração partido. Afinal de contas, seus pais ficaram casados por quase vinte anos e o pai levou apenas alguns meses para se apaixonar de novo. E quando Rodrigo terminou com ela depois de um semestre todo, ela levou apenas dez dias para sentir que tinha acabado de verdade. Mesmo assim, é bom saber que passou apenas algumas horas com Christopher, pois isso significa que o nó em seu peito vai se desfazer antes do fim do dia.
— Quanto tempo vai demorar? — pergunta ao entrar no carro. Ele interrompe, soltando uma gargalhada bem alta.
— Bastante tempo — responde e se junta ao tráfego lento.
— Que bom — murmura Dulce.
A paisagem passa pela janela por trás de uma camada de neblina e de chuva. Há um tom de cinza que parece tomar conta de tudo, e mesmo que o casamento seja num lugar fechado, sente certa compaixão por Charlotte; qualquer pessoa ficaria chateada com esse tempo no dia do casamento, mesmo sendo britânica e passando a vida inteira naquele clima. Há sempre um pedacinho de esperança de que esse dia — o seu dia — vá ser um pouquinho diferente.
Quando o táxi entra na estrada, os prédios baixos dão lugar a casas estreitas de tijolos, grudadas umas nas outras, em meio a antenas e jardins cheios de coisas. Dulce sente vontade de perguntar que parte de Londres é aquela, mas sente que o motorista não seria um guia muito entusiasmado. Se Christopher estivesse ali, com certeza, estaria contando histórias sobre aqueles lugares, além de alguns mitos e fábulas para deixá-la curiosa.
No avião, ele havia contado sobre viagens à África do Sul, Argentina e Índia com a família, e Dulce escutou com os braços cruzados, sonhando estar indo para um desses lugares. Não era um delírio tão grande. Estavam num avião, então não era tão difícil imaginar que podiam estar viajando para algum lugar juntos.
— Qual lugar você gostou mais? — perguntou. — De todos os que já visitou, qual foi o melhor?
Ele pensou um pouco até que aquela expressão de conto de fadas apareceu em seu rosto.
— Connecticut.
Dulce gargalhou.
— Claro — disse —, quem iria para Buenos Aires, podendo ir para New Haven?
— E você?
— Acho que o Alasca. Ou o Havaí.
Christopher ficou impressionado.
— Nada mal. Os dois estados mais abandonados.
— Já estive em todos menos um, sabia?
— Mentira.
Dulce fez que não.
— Verdade. A gente costumava viajar de carro quando eu era mais nova.
— Então vocês foram até o Havaí de carro? Como foi?
Ela riu.
— Nós achamos que fazia mais sentido ir para lá de avião, na verdade.
— Qual estado falta?
— Dakota do Norte.
— Por quê?
Ela encolheu os ombros.
— Só nunca tive a oportunidade de ir lá.
— Quanto tempo será que leva para dirigir até lá, saindo de
Connecticut?
Dulce riu.
— Você consegue dirigir no lado direito da rua?
— Consigo — disse Christopher, fingindo estar zangado. — Sei que é chocante pensar que consigo guiar um veículo no lado errado da rua, mas sou muito bom nisso. Você vai ver, quando fizermos nossa incrível viagem à Dakota do Norte um dia.
— Mal posso esperar — comentou Dulce.
Ficou repetindo para si mesma que era só uma piada, mas, mesmo assim, a ideia de os dois cruzarem o país juntos, escutando música, enquanto o horizonte ia passando, foi suficiente para fazê-la sorrir.
— Qual é seu lugar favorito fora dos Estados Unidos? — perguntou
ele. — Sei que deve ser difícil acreditar que exista outro lugar tão incrível quanto, digamos, Nova Jersey, mas...
— É a primeira vez que saio do país, na verdade.
— É mesmo?
Ela fez que sim com a cabeça.
— Muita pressão, então.
— Para quem?
— Para Londres.
— Não estou esperando muito.
— Melhor assim — disse ele. — Então, se você pudesse ir para
qualquer lugar do mundo, aonde iria?
Dulce pensou um pouco.
— Talvez Austrália. Ou Paris. E você?
Christopher olhou para ela como se não acreditasse na pergunta, um sorrisinho escondido na boca.
— Dakota do Norte — respondeu.
Dulce coloca a testa no vidro do táxi e se pega sorrindo por causa dele de novo. Christopher é como uma música que ela não consegue esquecer. Por mais que tente, a melodia do encontro entre os dois fica tocando na cabeça repetidamente, cada vez mais agradável, como uma canção de ninar, como um hino; não tem como ficar cansada daquilo.
Ela observa o mundo passando e tenta ficar acordada. Seu telefone toca quatro vezes antes de ela perceber que não é o do motorista. Quando finalmente pega o celular e vê que é seu pai, hesita um momento antes de atender.
— Estou no táxi — murmura, em vez de dizer oi, e se estica para ver a hora no painel do carro. Seu estômago revira quando ela vê que já são 11h24.
O pai suspira, e Dulce o imagina de terno andando para cima e para baixo na igreja. Será que ele se arrependeu por ela ter vindo? Tem tantas coisas mais importantes com as quais se preocupar hoje — flores, programas e mesas de jantar — do que o voo que ela perdeu, e o fato de estar atrasada pode ser apenas uma dor de cabeça para ele, mais nada.
— Você sabe se está perto? — pergunta. Ela cobre o celular e tosse
alto; o motorista olha para ela, visivelmente irritado por ser interrompido.
— Com licença, senhor — diz ela —, chegamos em quanto tempo?
Ele enche as bochechas de ar e solta um suspiro.
Autor(a): leticialsvondy
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Vinte minutos — responde. — Trinta. Hum, vinte e cinco. Talvez, trinta. Trinta. Dulce franze o rosto e volta a falar no telefone. — Acho que meia hora. — Meu Deus — diz o pai. — Charlotte vai ter um infarto. — Pode começar sem mim. — É um casamento, Dulce — diz ele —, não é como perd ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 12
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minhavidavondy Postado em 07/05/2016 - 23:19:33
Ameiiiiiiiiiiiiiiiiii
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stellabarcelos Postado em 28/12/2015 - 21:17:51
Amei
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kathleen_ Postado em 07/10/2014 - 21:13:21
nossa já acabou? UAU não sei o que falar
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wermelinnger_ Postado em 06/10/2014 - 23:52:20
ai amoooooo essa weeeeeeeb *-* ... posta maaais
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kathleen_ Postado em 05/10/2014 - 21:35:27
posta maisss
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kathleen_ Postado em 05/10/2014 - 21:35:11
PELO AMOR DE DEUS CONTINUAAAAAAA
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kathleen_ Postado em 03/10/2014 - 06:48:58
leitora nova continuaaa to amando essa fic
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leticialsvondy Postado em 27/09/2014 - 16:49:13
nyb eu não sabia que tinha sido posta aqui no site, só li o livro e gostei, e resolvi adaptar para vondy, pois é meu csal preferido.
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nyb Postado em 27/09/2014 - 16:35:52
Olá essa fic. Foi postada anteriormente por uma amg minha na versao ponny acharia pelo menos justo ter pedido a ela pra adptar vondy ou credita-la ja q o livro nn é mto conhecido.. Apenas minha opnião
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milah_cruz Postado em 27/09/2014 - 15:02:33
leitora nova continuaaa.... to amando