Fanfic: A probabilidade estatística do amor à primeira vista(adaptada) | Tema: Vondy
Dez minutos depois, com a ajuda das instruções do pai, Dulce está na entrada do hotel Kensington Arms, uma mansão gigante que parece fora de contexto no meio das ruas lotadas, como se tivesse sido arrancada do interior e despejada ali em Londres. O chão é feito de mármore preto e branco, como um gigantesco tabuleiro de xadrez, e há uma escada em curva enorme com corrimão dourado que vai até o teto iluminado por candelabros. Cada vez que alguém entra pelas portas giratórias, o cheiro brando do rio também entra, pois o ar lá fora está pesado com a umidade.
Quando vê seu reflexo num dos espelhos ornamentados atrás da mesa da recepção, Dulce rapidamente abaixa o rosto. As outras madrinhas vão ficar decepcionadas quando virem que todo o trabalho árduo de antes foi arruinado; seu vestido está tão amarrotado que parece que acabou de sair da mochila, e os cabelos — que estavam tão perfeitamente arrumados mais cedo — estão caindo, mechas grossas cobrem seu rosto, e o coque está totalmente desmanchado.
O homem na recepção termina de falar ao telefone, coloca o fone no gancho e olha para Dulce.
— Posso ajudar, senhorita?
— Onde é a festa de casamento dos Sullivan? — pergunta e ele olha para a mesa.
— Ainda não começou — responde com sotaque pesado. — Vai ser no salão Churchill exatamente às 16 horas.
— Certo — diz Dulce, — mas, na verdade, estou procurando o noivo.
— Ah, pois não — responde e liga para o quarto. Murmura alguma coisa ao telefone, desliga e faz que sim com a cabeça para Dulce. — Suíte 48. Estão esperando pela senhorita.
— Devem estar mesmo — comenta e vai para o elevador.
Ela bate na porta da suíte e está tão nervosa esperando pelo olhar de desaprovação do pai, que fica surpresa ao ser recebida por Violet. Não que ela não esteja com uma expressão aborrecida.
— O que aconteceu com você? — pergunta, dando uma olhada em Dulce dos pés à cabeça. — Correu uma maratona?
— Está quente lá fora — responde Dulce, olhando o vestido com tristeza.
Pela primeira vez, ela nota que, como se não bastasse todo o resto, tem uma enorme marca de sujeira na barra do vestido. Violet dá um gole na taça de champanhe, toda marcada de batom, e analisa o estrago do vestido.
Dulce vê que tem várias pessoas sentadas no sofá verde lá dentro, uma bandeja de vegetais coloridos na mesa do centro e várias garrafas de champanhe no gelo. Há uma música discreta tocando ao fundo, um som instrumental meio sonolento, e vozes vindas do canto.
— Acho que vamos ter que dar um jeito em você antes da festa, né? — diz Violet com um suspiro.
Dulce faz que sim com a cabeça. O celular, que ela ainda segura com a mão suada, começa a tocar. Olha para a tela e vê que é o pai que deve estar se perguntando por que ela ainda não chegou.
Violet ergue as sobrancelhas.
— “O professor”?
— É meu pai — explica, antes que Violet comece a achar que Dulce está recebendo ligações de um professor americano.
Olha para o telefone de novo e se sente desanimada. O que antes era engraçado, hoje é um pouco triste; até mesmo isso — o gesto mais simples, o apelido mais bobo — está contaminado por um distanciamento.
Violet se afasta da porta como se fosse o segurança de uma boate e puxa Dulce para dentro.
— Não temos muito tempo até a festa — diz, fechando a porta.
Dulce sorri.
— Que horas começa mesmo?
Violet revira os olhos e nem se dá ao trabalho de responder. Volta para a sala e senta com cuidado numa das cadeiras. Seu vestido está impecável.
Vai direto para a saleta que conecta o quarto ao resto da suíte. Seu pai está lá dentro com algumas pessoas em volta de um laptop. Charlotte está na frente da tela com o vestido espalhado ao seu redor. Dulce não consegue ver a tela, mas fica claro que a noiva está mostrando alguma coisa.
Ela chega a pensar em ir embora. Não quer ficar vendo as fotos deles na Torre Eiffel, com carinhas felizes num trem, ou dando comida para os patos dos Jardins de Kensington. Não quer ser forçada a ver evidências do aniversário do pai num pub em Oxford; não quer ser lembrada de que não estava lá. Acordou naquele dia sentindo o peso da data durante a aula de geometria e a de química, durante o almoço na cantina, onde um grupo de jogadores de futebol cantou uma versão cômica de “Parabéns pra você” para Lucas Heyward, um dos jogadores. No final da cantoria, Dulce ficou surpresa ao ver que tinha esmagado todo o pretzel que ia comer.
Não precisa ver fotos para ter certeza de que não faz mais parte da vida dele.
No entanto, ele, seu pai, é o primeiro a perceber que ela está lá em pé.
Dulce se prepara para várias reações — raiva por ela ter fugido e por estar atrasada, alívio por estar bem —, mas não para a que presencia: alguma coisa na expressão dele mostra um olhar de reconhecimento, como um pedido de desculpas.
Neste instante, só deseja que as coisas fossem diferentes. Não da maneira como vem desejando há meses; não é um desejo amargo, meio ruim, mas o tipo de desejo que você faz de todo o coração. Ela não sabia que era possível sentir saudade de uma pessoa que está na sua frente, mas é: sente tanta falta dele que fica sem reação. De repente, percebe que a maneira como vem tentando tirá-lo de sua vida é totalmente em vão. Vê-lo ali agora a faz pensar no pai de Christopher e sobre outras formas bem piores de se perder uma pessoa, maneiras muito mais permanentes que podem causar danos bem mais profundos.
Ela abre a boca para dizer alguma coisa, mas antes de conseguir,
Charlotte fala.
— Você chegou! — exclama. — Ficamos preocupados.
Alguém quebra um copo na sala ao lado e Hadley se assusta. Todos no cômodo olham para ela. Dulce tem a sensação de que o papel de parede floral está se aproximando.
— Foi explorar a cidade? — pergunta Charlotte com tanto interesse, com um entusiasmo tão genuíno, que seu coração fica apertado. — Você se divertiu?
Desta vez, quando olha para o pai, sua expressão faz com que ele se levante do braço da cadeira na qual Charlotte está.
— Você está bem, filhota? — pergunta com a cabeça inclinada.
Autor(a): leticialsvondy
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Só quer balançar a cabeça; no máximo, dar de ombros. Mas, para surpresa de Dulce, o que se ouve é um soluço, que percorre a garganta dela como uma onda. Começa a fazer uma careta, ao mesmo tempo em que surgem nos olhos as primeiras lágrimas. Não é culpa de Charlotte nem das outras pessoas no quarto; pela ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 12
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minhavidavondy Postado em 07/05/2016 - 23:19:33
Ameiiiiiiiiiiiiiiiiii
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stellabarcelos Postado em 28/12/2015 - 21:17:51
Amei
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kathleen_ Postado em 07/10/2014 - 21:13:21
nossa já acabou? UAU não sei o que falar
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wermelinnger_ Postado em 06/10/2014 - 23:52:20
ai amoooooo essa weeeeeeeb *-* ... posta maaais
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kathleen_ Postado em 05/10/2014 - 21:35:27
posta maisss
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kathleen_ Postado em 05/10/2014 - 21:35:11
PELO AMOR DE DEUS CONTINUAAAAAAA
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kathleen_ Postado em 03/10/2014 - 06:48:58
leitora nova continuaaa to amando essa fic
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leticialsvondy Postado em 27/09/2014 - 16:49:13
nyb eu não sabia que tinha sido posta aqui no site, só li o livro e gostei, e resolvi adaptar para vondy, pois é meu csal preferido.
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nyb Postado em 27/09/2014 - 16:35:52
Olá essa fic. Foi postada anteriormente por uma amg minha na versao ponny acharia pelo menos justo ter pedido a ela pra adptar vondy ou credita-la ja q o livro nn é mto conhecido.. Apenas minha opnião
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milah_cruz Postado em 27/09/2014 - 15:02:33
leitora nova continuaaa.... to amando