Fanfic: Love is Here | Tema: Cavaleiros do Zodíaco
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Terça, 9h32 da manhã.
Foi o barulho de uma buzina forte de caminhão que o tirou da escuridão reconfortante de seus sonhos. Não que ele tivesse sonhado naquela noite, ou mesmo que se lembrasse de alguma coisa; pois até poucos segundos atrás, o breu escuro do nada era a única coisa que via diante de seus olhos.
E agora, contemplava a forte luz solar que adentrava o quarto aonde estava através do vidro da janela que estava aberta. Provavelmente na noite anterior havia se esquecido de fechá-la.
Ouviu novamente o barulho forte da buzina do Caminhão lá fora... Um estrondo alto e ensurdecedor. O que o fez estreitar um pouco mais os chorosos olhos verdes. Já não bastava a forte luz que adentrava o recinto e o fazia ansiar por fecha-los novamente. Agora ainda tinha esse barulho escandaloso e exagerado lhe querendo agredir também aos ouvidos.
Ele levantou-se ainda descontente, e um tanto cambaleante. Estava realmente aborrecido por ter sido acordado daquela maneira; até porque, nos sonhos - se é que os tinha. - era o único lugar aonde ele se sentia bem; em paz. E aonde a culpa e a dor que sentia não podiam alcançá-lo.
Caminhou até a janela e logo transpassou-a chegando na varanda, olhando para o lado de fora de seu apartamento. Ali, além das vidas e das demais quitinetes que haviam, um enorme caminhão cargueiro estava estacionado, e um grupo de homens estavam lá trabalhando, enchendo o caminhão com várias caixas de papelão, que ao parecer, continham coisas pesadas, pois eram necessários de três a quatro homens para Carregá-las.
Aioros coçou os olhos ainda meio sonolento, e voltou a atenção para o interior de seu quarto... Um ambiente um tanto mais sombrio do que o restante do local, iluminado pelo alto sol brilhante no céu.
A Cama desforrada; os lençóis bagunçados; os travesseiros jogados de qualquer jeito em cima de onde dormira. Lembrava muito a sua antiga cama, a que desde sempre dividiu com seu irmão.
Mirou novamente o calendário na parede; onde a sombra do dia anterior ainda estava a lhe causar dor. "Segunda - Dia 16 de Agosto". Está estampado no calendário, não maior e nem menor que as demais datas expostas, mas mesmo assim, seu esmeraldino olhar teimava em se focar apenas naquele ponto. Era castigante.
Sentiu o seu coração palpitar apertado novamente, e no mesmo instante seu olhar voltou a ficar molhado... Entretanto, antes das lembranças lhe atacarem novamente naquela manhã, e fazerem-no chorar mais uma vez... A suas linhas de pensamento foram quebradas de surpresa pelo barulho chamativo da buzina que soava uma terceira vez.
O castanho voltou então a sua atenção novamente para aquele veículo, e para os homens que o preenchiam de coisas.
Aioros não conhecia bem o local aonde estava, mas não parecia que havia algum tipo de deposito de cargas por aquelas bandas... Pois de onde estava podia ver aquela minúscula cidade ás margens da pista.
A Placa da Vila de Sorento; o posto de gasolina do outro lado da pista; algumas pequenas casas e lojas variadas. Nada demais... Nem se quer poderia chamar aquele local de cidade, ou mesmo vilarejo. Era apenas um parada mesmo. Uma parada para viajantes cansados. Nada a mais.
Sorento até havia lhe comentado no dia anterior sobre os constantes caminhoneiros e motoqueiros que por ali passavam ocasionalmente, mas sem dúvida aquele caminhão era uma intriga. Estava estacionado de frente ao sobrado, e todos carregavam-no com coisas. Seria possível que Sorento tivesse algum galpão escondido por ali ao lado da Vila?! E que estivesse no ramo de cargas e transportes?!
Bem, não sabia nada sobre aquele homem e seu companheiro, então preferiu não se ater a tais detalhes. Tinha que cuidar de sua própria vida. Não poderia ficar ali por mais tempo... Agora que havia deixado Aioria, ele tornava-se um lobo viajante, e nunca poderia passar muito tempo em nenhum lugar.
Ele não sabia se seu irmão permanecia ainda naquele local, ou se já havia pegado a estrada para algum outro. Todavia, e se Aioria aparecesse ali?! Ele não aguentaria... Além de ter outra briga feia com o irmão, que provavelmente o estava odiando naquele momento, ele não sabia se conseguiria manter o controle para não agarrá-lo ali mesmo, levá-lo para sua cama e saciar o tão errado e nojento desejo que lhe tomava todo o discernimento.
Suspirou... Não queria nem pensar na possibilidade. Vestiu então uma camiseta qualquer, dirigiu-se ao banheiro, fez sua higiene matinal e desceu para tomar seu café da manhã. Seu estômago roncava naquele momento, e ele sentia como se tivesse um enorme vazio dentro de si; e por várias vezes, já havia cogitado se esse vazio era realmente fome ou algo mais, e internamente, bem dentro de seu ser... Ele sabia bem que era o "Algo mais".
–---- X ------
Terça, 10h09 da manhã.
Aioros estava tomando seu café da manhã no refeitório da vila aonde estava hospedado. Devido ao horário já tardio, a grande maioria dos hóspedes, que de certo modo não eram muitos, já haviam terminado seus dejejuns naquele dia.
O moreno tomava seu Café amargo bem quente, acompanhado de alguns torradas meladas de mel. Um Café simples, mas que para ele era o suficiente. Não estava conseguindo comer muito naqueles últimos dias, pois um fastio sentimental muito forte lhe atacou naquelas últimas horas, algo que só ocorre quando se está apaixonado, e Aioros já aceitara que estivera Apaixonado. Entretanto, era uma paixão insana e doentia, ao qual não deveria ser dada nenhum atenção, não importava o quão castigadora ela fosse.
Suspirou... Abrindo levemente a boca e deixando que alguns pedaços de pão um tanto mastigados e meio babados lhe caíssem no prato. Seu estômago reclamava que queria mais, mas sua mente não conseguia processar a necessidade de se alimentar.
Tomou então novamente mais um gole de Café; e logo mais mirou o ambiente externo pela janelas que ali haviam. Diferente dos demais dias, aquele estava bem ensolarado. Diferente de seu interior, uma forte luz brilhava naquele lugar iluminando tudo e a todos.
Aquela Terça-Feira parecia um dia perfeito, um daqueles dias onde se é ideal estar com a pessoa à quem você gosta, entretanto, para Aioros, não era algo exatamente fácil.
Eram tantas barreiras, tanta culpa, tanto a se pensar, e tanto a se esquecer... Duas vias paralelas que estavam lado a lado, e que ele não sabia mais por qual andar...
Aioria gostava de dias assim... Ensolarados e Quentes, pois faziam-no esquecer um pouco das coisas que passou na vida... Aioros sabia bem disso, pois lembrava-se do quanto o mais novo adorava o calor do sol...
–----- FLASHBACK ------
O Sol brilhava forte naquele dia de Verão em Atenas. O garoto de curtos cabelos dourados corria em disparada na direção da areia branca da praia a sua frente.
Bem mais atrás, com um sorriso de satisfação desenhado em seu rosto, o seu irmão mais velho, também de cabelos curtos, mas um tanto mais escuros, o observava se afastar cada vez mais em direção à imensidão do mar.
Aquela era a primeira vez que ele levava Aioria à praia. Coisa que já havia prometido ao mesmo há muito tempo, mas que somente naquele dia de folga do trabalho no lixão é que pode cumprir. O Orfanato estava monótono, e todos os meninos estavam de castigo por uma grande travessura que aprontaram no dia anterior. Sem ninguém para conversar ou mesmo brincar, a ideia surgiu na mente de Aioros, e como ele sabia bem que o irmão adorava dias quentes e com o Sol brilhando forte, não havia momento mais propício para leva-lo.
Aioria corria ainda mais rápido do que antes ao sentir o chão molhado e ao mesmo tempo aquecido da branca areia da praia. Seu olhar era luminoso, e carregado de uma felicidade e inocência que somente ele possuía.
Pulou de imediato em meio as ondas fracas que chegavam já desgastadas a encosta da orla. Sentiu então o frescor das águas claras tomar por completo o seu rosto, e seus cabelos se tingirem de um tom dourado mais escuro ao serem molhados.
O irmão mais velho apenas o observava de longe, feliz por saber que ele estava feliz. Aioros caminhou ainda de forma lenta e sutil até o meio da praia, onde largou as sandálias que trazia na mão no chão e logo sentou-se em cima delas, apreciando a vista do imenso mar e de seu irmão se banhando nele.
Era bom saber que o pequeno estava feliz, pois para eles que nunca levaram uma vida fácil, momentos de felicidade como aquele eram o verdadeiro primor de suas vidas.
–------ FIM DO FLASHBACK -------
Os olhos de Aioros estavam embargados de um lacrimejo profundo e forte... Ele fazia força para que mais uma vez não perdesse o controle e deixasse as lágrimas caírem. Era quase inevitável para ele. Todos os momentos o Sagitariano tentava não se lembrar de seu irmão mais novo, tentava não se lembrar do grande amor de sua vida, pois todas as vezes se culpava por sentir o que sentia por ele, de deixar que aquele amor fraterno evoluísse para algo tão nocivo.
Tentava não se lembrar de Aioria para que tais sentimentos não o tomassem, e a culpa não devorasse seu interior a cada vez. E sempre que se lembrava do irmão, mesmo que sem querer, sua mente fazia questão de leva-lo para momentos do passado, de um distante passado, aonde a inocência e a pureza de seu sentimento ainda existiam, e isso só o fazia sentir-se ainda pior com tudo.
Ele não aguentou... Chorou novamente, e chorou forte. Colocando as mãos por sobre o rosto para impedir que as lágrimas lhe escapassem pela face e posteriormente pelo pescoço e afins. Era realmente insuportável viver daquela maneira, condenado há um emaranhado de lembranças e desejos que só o faziam mal, e mesmo tendo total consciência disso, ele não conseguia fazer nada para evitá-los.
Parecia que sua mente estava programada no automático, e sempre com o buscador em Aioria. Era frustrante. E pior ainda, era não saber aonde o irmão estava, e como ele estava... Se estava bem ou mal, se ainda continuava lá, no meio do deserto, ou se havia partido para algum outro lugar... Tudo isso só servia para agoniza-lo ainda mais.
Chorava desconsolado naquela mesa de refeitório, isso sem perceber nada que acontecia ao seu redor. E justamente devido a isso, não notou quando alguém aproximou-se dele por trás, e lhe tocou os ombros com delicadeza.
O Castanho parou seu choro de imediato, ficando um tanto surpreso com aquilo. Olhou rapidamente para trás e logo viu um pouco acima de si uma expressão um tanto curiosa e ao mesmo tempo preocupada. Os olhos verdes, mais escuros que os seus o encaravam de forma atordoada e compreensiva.
Os olhos do maior fixaram-se naquelas íris por alguns curtos segundos, também demonstrando a surpresa e o susto ao ter sido flagrado daquela forma. Aioros logo se recompôs; virou o rosto, limpou as lágrimas e ficou quieto, com a cabeça baixa, tentando disfarçar ou até mesmo ignorar a presença daquela pessoa ali, mas não funcionou.
O rapaz que chegara logo se pôs diante dele, sentando-se a sua frente na mesa... Esboçando um sorriso singelo, porém bastante significativo. Aioros ergueu levemente o semblante, encarando o homem a sua frente. Seu olhar ainda estava lacrimoso, com um tom levemente avermelhado mesclado ao verde que ali existia. Sua expressão era fechada e séria, como se tentasse passar a mensagem de que não queria conversa.
O rapaz de cabelos castanhos e pele alva apenas sorriu de forma ainda mais prestativa naquele momento. Aioros estava sofrendo, isso era evidente, e ele mesmo já havia entendido isso, mas agora, apesar de saber que o interrompera em um momento íntimo dele com ele mesmo, ele precisa lhe falar o que havia sido mandado.
– Desculpe incomoda-lo de novo... Mas... - tentou falar, mas fora rapidamente interrompido.
– Tudo bem, já vi que incomodar faz parte da sua personalidade... - retrucou aborrecido o maior, ajeitando-se melhor na cadeira e tomando uma posição mais firme e direta.
Apesar da ironia ácida ao qual fora submetido, Shun voltou a sorrir levemente após alguns segundos de desconforto e continuou...
– Meu namorado me pediu para dizer que gostaria de lhe falar lá fora, se possível... - disse sorrindo, apesar de que Aioros ainda lhe lançara um olhar rude e desconfiado.
O Castanho suspirou, e passou a mão pelos bagunçados cabelos marrons, coçando e sacudindo o cabeça enquanto ouvia aquilo.
– E o que é que ele quer me falar?! - Aioros perguntou um tanto desconfiado e ainda sério.
– Terá que ir lá fora, perto do caminhão pra descobrir... Eu apenas vim dar o recado... - ele comentou somente, já levantando-se da mesa e indo rumo a saída do local, mas antes disso, olhou novamente para o Sagitariano que acompanhava com o olhar os seus passos. - E me desculpe novamente por te incomodar... - o Virginiano comentou um tanto triste; e logo mais se foi.
Aioros voltou então a sua posição inicial, mantendo a cabeça baixa a encarar a mesa. Ele realmente não fazia ideia do que Sorento queria com ele, afinal de contas, nem conhecia o cara, mas de qualquer forma, qualquer coisa naquele momento seria melhor que ficar ali... Se martirizando por algo que provavelmente ele não teria e não resolveria assim...
Terminou o restinho de seu Café, e tão logo deixou a bandeja no corrimão para a Cozinha, ele saiu do recinto, dirigindo-se aonde o rapaz havia lhe dito que seu companheiro o esperava.
–------ X -------
O olhar dele estava opaco e vazio como em poucas vezes na vida esteve antes. Mirava sentado do batente que descia do trailer para a areia a longa estrada asfaltada que levava para duas direções longínquas ao qual ele não sabia aonde iam.
Lembrava-se que a dois dias atrás o seu irmão partira por uma delas. Aioria havia acordado naquela manhã de Terça-Feira um tanto mais disposto que no dia anterior. Conseguiu, meio que forçadamente se auto obrigar a comer algo; pois sua barriga estava doendo de fome naquela altura.
Não conseguiu comer muito, pois ainda estava abalado emocionamento com o acontecido. Sentia-se muito mal, pois um misto de sentimentos negativos o tomavam por dentro, devorando lentamente toda a sua vontade de viver. Ele tinha certeza do que sentia por Aioros, mas não sabia que o mesmo tinha tantas dúvidas, mesmo após consumar o desejo que ardia cúmplice também em seu coração.
Aioria pensava que se talvez nunca tivesse se envolvido com ele daquela forma, talvez se nunca o houvesse amado mais do que deveria, aquele desastre que se abatera sobre eles não teria acontecido.
Seu irmão havia partido, e Aioria não sabia se ele retornaria. Em algum momento, ele quis acreditar que era pirraça de Aioros, simples culpa por ter feito algo que para muitos era errado; mas agora, já há mais de dois dias sumido, o leonino começava a imaginar que não fora algo pensado de cabeça quente. Que Aioros realmente o deixara para sempre por não aguentar ou aceitar o sentimento que realmente se instalou entre eles.
Não adiantava muito pensar nisso naquela hora. O que estava feito, estava feito, todavia era muito difícil imaginar o que aconteceria agora... Não tinha forças para se levantar, para se reerguer, para seguir em frente, e independente de Aioros, seguir com sua vida... Pois para aceitar isso, ele precisava primeiro aceitar que estava sozinho, e que a única pessoa que já lhe disse que o amava na vida, de um jeito ou de outro, não estava mais consigo.
Pensar nisso era torturante. Seus olhos enchiam-se de lágrimas a cada vez, e isso também era torturante. Não aguentava mais chorar, não aguentava mais chorar e saber que todas as lágrimas eram para ele, por culpa dele, da situação que ele causou, e tudo por culpa de um sentimento não assumido. Era torturante demais...
Sentiu as lágrimas correrem novamente por seu rosto, enquanto baixou a cabeça. Aioros não merecia aquelas lágrimas, e ele não merecia derramá-las por ele. Socou forte a parede ao seu lado próxima ao batente, enquanto os olhos verdes marejados se ergueram para encarar a distorcida imagem do deserto escaldante a sua frente.
Ele queria ir embora dali, embora e nunca mais voltar. E não era algo difícil, pois tudo o que precisava estava a seu alcance. O tanque estava cheio, a chave do trailer estava na ignição. Mas ainda assim, não conseguia sair daquele lugar... Não conseguia se desprender da dor que sentia.
Até quando seria assim?! Será que iria superar aquilo algum dia?! Ele não sabia, mas sem dúvida iria tentar... Pois não esperaria Aioros para sempre... E mesmo contra a sua vontade, ou contra seu coração, ele tomaria cedo ou tarde alguma decisão, pois não poderia definhar ali, e não iria...
–------ X -------
Aioros chegou a entrada da vila aonde estava hospedado. A visão da estrada a sua frente estava totalmente obstruída pela presença imponente daquele enorme caminhão. Homens fortes e utilizando macacões padronizados iam e vinham a todo momento, e continuavam a carregar os pesados caixotes para dentro do veículo, que tinha um grande contêiner na traseira.
O Sagitariano observava a tudo com atenção e um tanto desconfiado. Ele procurava por Sorento, pois fora avisado que o mesmo queria falar consigo. Ele não sabia ao certo o que exatamente aquele homem gostaria de lhe falar, porém, imaginava que talvez fosse algo em relação ao quarto ou pagamento, e somente por ter isso em mente é que se propôs a vir.
Continuou procurando pelo rapaz de curtos cabelos loiros, e tão logo girou sua cabeça para o lado, o pode ver conversando com seu namorado perto da porta do caminhão.
Aioros o encarou sério, mas o mesmo não percebeu seu olhar sobre si. Caminhou então de forma ainda receosa em direção ao demais, e tão logo chegou, Sorento o notou e se pronunciou...
– Aioros, finalmente... - o cumprimentou com um sorriso.
O castanho apenas assentiu, devolvendo o cumprimento, mas ainda mantendo-se sério.
O sorriso leve no rosto do Virginiano mais velho não sumiu mesmo assim... Sorento estava feliz em ver que ele havia vindo, e Shun também, ao parecer.
– Então... Queria falar comigo?! - perguntou sério, um tanto desconfiado ainda. O Sagitariano não conseguia se sentir a vontade com aqueles homens, e ele não sabia o porquê. Talvez devido as constantes intromissões de ambos em seus problemas.
– Sim... Queria sim... - disse o loiro. - Shun, pode ir cuidar da recepção?! - questionou o mais velho, que recebeu um aceno de cabeça do castanho menor, que com um sorriso leve se despediu dos dois e se foi...
Logo sem a presença de Shun; Sorento se pronunciou...
– Bem, Aioros, acontece que eu vou fazer uma viagem esses dias... Algo rápido, que durará apenas 3 dias de estrada, ida e volta... E eu sinceramente gostaria que fosse comigo... - Jogou sem mais nem menos isso em cima do maior. Que arregalou os olhos estranhando totalmente aquele convite tão premeditado.
– Desculpe, como?! - Aioros perguntou um tanto atordoado. Era estranho ouvir aquilo daquele homem que ele mal conhecia.
– Isso mesmo, meu caro... Está vendo o caminhão?! - questionou o Virginiano, apontando para o grande veículo. - Eu trabalho num segmento diferenciado de fornecimento. E tenho uma entrega grande para fazer na próxima cidade. A viagem dura três dias, ida e volta, e Shun não pode ir comigo, caso contrário, ninguém poderia cuidar do negócio. - ele comentava com um ar calmo e sereno. - Todavia, você me parece uma boa companhia para a viagem... E resolvi lhe convidar... - ele terminou, encarando as íris verdes do outro com seu olhar azul celeste.
– Eu?! Mas, porque eu?! Digo... Você nem me conhece... - Aioros argumentava já pensando em recusar. Era muito estranho aquele convite.
– Verdade... E nem você a mim... Isso nós deixa em pé de igualdade. Fora que para alguém que aparentemente está querendo fugir de algo, ou deixar esse mesmo algo para trás, um boa e longa viagem para longe me parece uma boa, não acha?! - questionou de forma precisa, deixando Aioros sem respostas.
O maior encarava o loiro de forma séria e um tanto aborrecida. Certo que ele foi bem direto e coeso no que disse, mas não gostou nem um pouco de saber que o loiro sabia tanto sobre si, ou pelo o que ele passava. Não que houvesse comentado algo, mas sabia que seu sofrimento, apesar de ser negro como breu para si próprio, era totalmente transparente para os outros.
– Vou pensar... - disse ele somente, fazendo o sorriso de Sorento se estender.
– Ótimo, e pense bem, será bom respirar novos ares, e para mim, também será bom ter alguém pra conversar nesse meio tempo. Sairei as 16h. Se quiser mesmo ir, esteja aqui nesse horário, e traga algumas roupas e objetos pessoais. - ele completou.
Aioros até tentou responder, mas logo um dos trabalhadores chamou por Sorento, e ele lhe pediu licença para ir ter com ele.
O Castanho ficou a observar o outro ir de forma perplexa. Era um convite bem sugestivo aquele, mas realmente já estava chegando a hora de partir. Ele não poderia viver ali para sempre. Não tinha dinheiro para isso... Tudo que pegou foram apenas alguns trocados, que lhe serviriam para hospedagem até o fim da Semana, e nada mais, depois, estava por conta própria. E ficar mais que um dia naquele lugar já fora arriscado, pois Aioria poderia vir atrás dele.
Não que ele não quisesse isso, mas achava melhor que não viesse. Suspirou, e novamente coçou a cabeça. Era informação e pressão demais sobre si para digerir. Era sufocante.
Caminhou meio desatento de volta para o interior da vila. Talvez mais tarde decidisse se partir era um boa.
–---- X -----
O Sol já brilhava em seu tom mais alaranjado naquele momento, evidenciando o fim da tarde e posteriormente do dia que logo chegaria. Aioros estava deitado em sua cama, a encarar o teto de seu quarto, onde no centro um ventilador girava de forma lenta e hipnotizante.
Já havia almoçado naquele dia, onde teve mais uma de suas crises de tristeza. Pensou se por acaso Aioria já havia comido alguma coisa naquela hora, pois era ele que sempre preparava o almoço para seu irmão. E se já, o que ele havia comido?!
Mesmo longe e com todos os problemas, o Sagitariano ainda se importava com o irmão.
Suspirou. Eram quase 16h, o horário que Sorento disse que partiria para a tal viagem. Aioros ainda estava um tanto receoso de aceitar aquilo, mas sabia que precisava ir... Que queria ir... Sempre teve um espírito de aventura muito forte, e um convite daqueles, apesar de ter vindo num momento em que ele não estava bem, lhe soava tentador, mesmo que ainda fosse suspeito.
Decidiu então jogar tudo pra cima e aceitar a proposta. Levantou-se de supetão da cama, ficando sentado a sua beira, e tão logo coçou a cabeça e encarou sua mochila no canto do quarto, ele resolveu que estava na hora de partir.
–---- X -----
Terça, 15h52 da Tarde.
Sorento já se despedia de Shun na entrada do recinto. Todos já haviam terminado de carregar o caminhão, e agora restava apenas que seu "chefe" o levasse a seu destino.
O loiro e o moreno se perdiam entre um beijo doce e apaixonado. Os lábios se tomavam e se procuravam com ternura e afeto. Logo, esse momento se findou, e os olhos claros de um miraram o interior dos do outro.
– Se cuida, ta?! - Shun disse sorrindo levemente, enquanto o outro assentiu.
Aioros saiu da vila e logo viu o casal abraçado a sua frente. O Castanho sorriu; era bom ver que para alguém ali a vida era boa, e que as coisas davam certo no final. Aproximou-se deles ainda com cautela, pois não queria interromper aquele momento.
Logo, o casal percebeu sua chegada e ambos o encararam com sorrisos de satisfação no rosto.
– Achei que não viria... - Sorento disse rindo.
– Eu também, mas resolvi aceitar... Vou aproveitar a carona para a próxima cidade, e aí de lá eu parto... Tem espaço na traseira pra eu colocar a minha moto?! E antes de mais nada, o quanto lhes devo?! - perguntou Aioros, direto e firme, estava realmente disposto a ir.
Sorento apenas sorriu mais abertamente, e logo se desvencilhou de seu parceiro.
– E não pretende mesmo voltar?! - questionou com simpatia, vendo a expressão confusa de Aioros. - Veja bem, eu lhe convidei para me acompanhar, pois gostaria de uma companhia, e você precisa sair um pouco, respirar um ar diferente e conversar um pouco mais... Sinto se estou sendo intrometido de novo, mas o que eu posso fazer?! Eu gosto de ajudar os outros... - explicou Sorento para o maior quando viu que ele não entenderá.
– Mas... - Aioros baixou levemente a cabeça. - Não sei se tenho dinheiro para ficar hospedado aqui por mais três dias, e quando eu voltar... - suspirou, entristecendo levemente o olhar. - não sei se vai dar pra pagar a conta. - comentou.
Sorento e Shun se olharam e sorriram novamente.
– Não precisa pagar o tempo que estiver fora. Você não vai estar comendo ou mesmo dormindo aqui, logo... Não precisa pagar pelo serviço que não lhe prestamos. Sua moto o Shun guarda para quando voltarmos. - O loiro austríaco comentou com sua peculiar simpatia.
Aioros achava estranho aquilo. Aqueles homens era tão legais e gentis o tempo todo, nem pareciam que eram pessoas reais. Como alguém conseguia ser tão bom, solidário e compreensível com os outros todo o tempo?! Era realmente estranho; mas não rejeitou a oferta.
Sorento terminou então de se despedir do namorado, e junto com Aioros entrou no caminhão. Poucos segundos depois, os dois partiram rumo ao sol poente por àquela longa estrada.
–---- X -----
As primeiras horas da viajem foram um tanto estranhas para Aioros... Sorento sempre se dispunha a ser gentil com ele, apesar de que o mesmo não o retribuía da mesma forma, e nem era porque não queria, era apenas por não conseguir mesmo.
Ainda achava estranha aquela simpatia toda.
Sorento tentou por mais de vezes puxar assunto com Aioros, lhe perguntar um pouco da sua vida, mas o castanho raramente respondia, e quando o fazia dava respostas simples e resumidas.
O loiro então resolveu falar um pouco sobre si... Sobre como abriu aquele negócio e como havia chegado naquele fim de mundo em que vivia atualmente. Falava normalmente, mas logo percebeu que o castanho não lhe dava mais atenção, pois havia caído no sono.
A noite já havia chegado a algum tempo, e o Virginiano continuava a dirigir pela solitária e vazia estrada que parecia não ter fim aparente. Aioros pegara no sono ao seu lado, ganhando uma expressão um tanto angelical ao dormir ali, com a cabeça encostada no vidro da janela.
Sorento então sorriu, imaginando que o cansaço do rapaz era mais emocional do que físico. E assim, dirigindo noite a dentro por aquela auto-estrada, mais um dia chegava ao seu fim...
Continua...
Autor(a): archer_beafowl
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... Quarta, 6h56 da Manhã. A luz quente do sol nascente já lhe tocava o rosto de forma sutil e tímida; enquanto sua pele era aquecida levemente pelos raios alaranjados que daquela estrela emanavam... A pele de sua bochecha, encostava no vidro que já estava começando a se aquecer, e após finalmente sentir o calor incomodar naquela ...
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