Fanfics Brasil - Capítulo 6 - Sexta Love is Here

Fanfic: Love is Here | Tema: Cavaleiros do Zodíaco


Capítulo: Capítulo 6 - Sexta

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Sexta, 0h34.


Aioros aproximou-se de forma cautelosa do homem ao seu lado. Sorento dormia profundamente no banco do Motorista de seu caminhão, e naquele momento, ambos estavam parados às margens da estrada. Sorento havia partido com o colega da Cidade aonde estavam pouco depois de escurecer. Aioros estava animado e ansioso; já que finalmente havia percebido o erro que cometera e mais que depressa estava com vontade de retornar para seu amado.


Todavia, após algumas poucas horas de viagem, o Virginiano resolveu parar para descansar. Fazia muito tempo que ele não dormia direito, ou mesmo o suficiente, e por mais que sua vontade de ajudar o outro fosse grande, o loiro sabia que não conseguiria continuar à dirigir naquelas condições. Ele estava cansado, o sono pesava, e a visibilidade no deserto à noite era quase zero. Sorento não enxergava um palmo à sua frente além dos metros em que os faróis do caminhão iluminavam.


Aioros, por sua vez, estava falante, alegre; entretanto, carregava também em sua linguagem corporal uma ansiedade sofrega, como uma espécie de agonia interna. Provavelmente estava se perguntando se tudo daria certo afinal de contas, e se por um acaso o seu irmão o perdoaria. Dúvidas bastante comuns em tal situação, mas ainda sim... Dúvidas!


Por volta de 22h daquele dia anterior de Quinta; Sorento estacionou o caminhão às margens da estrada e disse que descansaria um pouco antes de continuarem a viagem. O Castanho, não teve outra opção que não concordar, afinal, ele bem sabia que o outro precisava de um cochilo.


Todavia, já haviam se passado duas horas desde que Sorento resolveu parar para dormir um pouco, e agora, o Sagitariano, tão energético como estava e que não havia pregado o olho até então, cogitava fortemente e possibilidade de acordar o amigo para que assim pudessem seguir viagem novamente.


Era egoísmo, sim, definitivamente era... Se fosse consigo, em um tipo de situação inversa, ele não estaria nem no Top 50 dos melhores amigos de sua vida por isso, mas o desejo de ver Aioria de novo, de lhe falar o que sentia, de ouvir sua voz e sentir seu corpo, lábios e calor novamente junto a si estavam falando mais alto agora, e Aioros sentia que essa vontade era algo ainda mais forte do que a Culpa e o Medo que lhe tomou nos últimos dias.


Os olhos verdes esmeraldinos miravam o semblante pacífico e relaxado do austríaco. E em sua mente, um jogo viciante de `vai ou não vai` começava a atordoá-lo com cada vez mais intensidade. Ele queria seguir viagem, ele queria voltar o mais rápido possível para Aioria, pois sabia que o quanto mais demorasse, maiores seriam as chances de não encontrá-lo mais.


O Sagitariano realmente rogava aos deuses para que seu irmão ainda estivesse lá, naquele mesmo lugar aonde ele o deixara, pois se caso não estivesse, possivelmente nunca mais o veria, e a sombra desse erro o atormentaria para sempre.


Sua mão tremia ao se aproximar do braço de Sorento. Ele sabia que estava sendo injusto, que seu sentimento o estava tornando ainda mais egoísta, e que não era certo fazer isso. Mas ele precisava continuar... Precisava voltar para Aioria, e não podia fazer isso se o colega não dirigisse.


Suspirou; afastando a mão de perto do outro e voltando para seu lugar. Seu senso de justiça sempre o atrapalhando. Recostou-se melhor em seu acento e ficou à admirar o brilhante céu recheado de estrelas do deserto Grego. Realmente, aquelas pequenas luzes eram as únicas coisas que ele conseguia ver nitidamente naquele breu noturno que a tudo consumia. Fora do Caminhão, nada além de uma densa escuridão se podia ser contemplada, e o mundo tornava-se um grande mistério.


Seu olhar então focou nos pontos brilhantes acima de si. Àquelas estrelas lhe faziam lembrar de quando ele e o Irmão, por vezes paravam para admirar o Céu noturno e contemplar as suas maravilhas.


Lembrava-se de que tinham o costume de tentar adivinharem quais eram as constelações que estavam presentes ali, naquele céu, ou mesmo tentar encontrar as deles.


Aioria era Leonino, descendente da Constelação de Leão, havia nascido num belo dia 16 de Agosto, que havia se passado há alguns dias, porém, eles ainda estavam no mês da Constelação do mais novo; aqueles eram os últimos dias de Leão, e era esse o conjunto de estrelas que os olhos de Aioros buscavam naquela noite.


Encontrou ao passear com o olhar por aquela vastidão infinita um grupo de estrelas peculiares. Talvez não fosse essa a constelação que procurava, mas ele poderia jurar que dava pra desenhar um Leão com elas. Ergueu o braço, apontou o dedo para o vidro do Caminhão, e nele começou a fazer o desenho do animal que lhe vinha à mente ao observar as estrelas. O local aonde desenhava era sobreposto à posição das ditas estrelas no Céu.


Seu olhar transparecia a ansiedade e a vontade de estar com ele novamente ao observar de forma inconsciente o continuar daquele ato. Ele ainda possuía suas dúvidas, e muitas delas plausíveis sobre a situação toda, mas a essa altura, ele estava decidido. Talvez fosse em vão, talvez ele não estivesse mais lá, e havia uma grande chance de que realmente não estivesse, mas ainda assim, não custaria nada tentar, e ele iria.


Sorento observava os atos do Sagitariano de relance. Havia despertado à poucos segundos atrás, e ao procurar pelo colega, o encontrou ao seu lado, desenhando alguma coisa no vidro do carro com o seu dedo. Era uma cena estranha, porém compreensível. Aioros estava passando por muita coisa, e agora que finalmente se tocara do que queria e precisava, sua mente começava a lhe causar ansiedade por isso.


- Hey. - chamou baixo o amigo, fazendo o castanho sair de seu transe e lhe encarar um tanto surpreso. Sorento sorriu; a expressão no rosto de Aioros remetia a de uma criança quando é flagrada fazendo algo de errado. - Quer dirigir por noite à dentro? Sei que está ansioso para voltar e encontrá-lo, e sei que ainda não dormiu por conta disso, e nem vai. Eu ainda estou exausto das noites mal dormidas e do pouco sono que tive nos últimos dias, mas se quiser, pode pegar a chave e dirigir estrada à fora pela noite. Eu não me importo. - disse Sorento, propondo algo que fora mais do que interessante para o irmão mais velho de Aioria.


O Grego sorriu abertamente, um sorriso desacreditado ao ouvir as palavras do loiro ao seu lado, e simplesmente concordou assentindo com a proposta.


A Cena a seguir foi um tanto engraçada. Aioros tentou passar por cima de Sorento para chegar ao banco do motorista, e o loiro, ainda um tanto sonolento por ter recém acordado, tentava passar por baixo no maior em direção ao lado do passageiro. Aioros riu da situação. O Espaço no lugar era curto, e não dava para se mover direito. Seria mais pratico que ambos saíssem do carro e trocassem de lugar mais facilmente, mas no desespero de poder chegar logo, o Sagitariano não pensou direito, assim como o austríaco que apenas ansiava por voltar a dormir.


Troca feita; Sorento entregou a chave do Caminhão ao maior e se acomodou melhor no banco do passageiro, encostando a cabeça no vidro da janela, assim como por vezes o próprio Aioros fazia enquanto dormia naquele mesmo lugar.


O Grego deu ignição no veículo, engatou a primeira marcha no câmbio e pisou no acelerador, finalmente fazendo o enorme Caminhão se mover. Havia um certo receio dentro dele, uma sensação estranha que o castanho não conseguia descrever como sendo boa ou ruim, mas era algo constante, que lhe vinha atormentar com frequência naqueles dias que se passavam. Algo que o limitava, que o freava, que fazia ele esquecer que seus reais limites eram bem maiores do que os que ele acreditava que fossem. E essa sensação lhe vinha atordoar mais uma vez naquele momento.


A Noite estava realmente escura, pois não havia iluminação naquelas auto estradas no meio do deserto Grego; e assim como Sorento lhe dissera, nada além dos poucos metros que eram iluminados pelos faróis do carro podiam ser vistos à frente. Era perigoso e arriscado dirigir por aquelas terras à noite, e talvez fosse essa a razão que fizera a estranha sensação de medo e incapacidade voltar à Aioros. Por vezes, essa sensação lhe incomodava, pois ele sabia que não era de seu feitio ser assim, e por outras, ela lhe trazia conforto, não deixando que ele se arriscasse.


Entretanto, ele sabia que dessa vez, esse temor estava mais relacionado a sua expectativa de rever o irmão do que propriamente à um bom senso habitual. O Medo de ser rejeitado por Aioria, ou mesmo de não mais encontrá-lo era seu novo maior inimigo agora. Era algo tão desgastante quanto a Culpa e a Negação que sentira antes; pois isso gerava uma ansiedade que ele mesmo não conseguia conter.


Seu olhar esverdeado era fixo no trajeto, mesmo que sua mente ainda divagasse em busca do outro. Ele realmente não tinha certezas, apenas esperanças; e era com elas que estava regressando para casa.


----- X -----


Sexta; 7h34 da manhã.


O olhar sério de Aioria mirava com anseio o volante do trailer à alguns metros de distância. O Leonino havia acordado há algum tempo e ficara apenas imaginando se já não estava na hora de finalmente partir dali e começar a sua vida nova. Nunca fora covarde, e mesmo sabendo da ausência de Aioros, e no quanto isso lhe fazia mal, o loiro ainda assim, reunia forças sempre que possível para tomar a finita decisão. Pois quando a tomasse realmente, não teria volta.


Ergueu-se da cama, que não arrumara por quase uma semana e sentou-se na beira; desta vez, olhando para o chão metálico de seu carro-casa. Um suspiro lento e profundo se sucedeu então, seguido de uma respiração pesada e audível por todo o ambiente, devido ao silêncio que se fazia.


Mirou então o seu pé machucado. Ele ainda estava um pouco inchado da queda que levara no dia anterior quando resolveu de forma impulsiva que deveria andar de moto. A Vermelhidão no membro era notável, e ainda causava uma certa dor quando o leonino tentava pisar com mais força.


Levantou-se, sentindo sua face enrugar da expressão feia que fez ao sentir a dor em seu pé. Suspirou novamente; dando em seguida mais um passo, o que resultou na mesma onda de dor. Trincou os dentes, e olhou novamente para o volante há alguns metros.


- Maldito Aioros. - reclamou baixo, dando mais um dolorido passo de forma quase cambaleante. - Maldito Aioros mesmo. - reclamou novamente. Deu então mais um passo, um pouco mais firme e pesado, o que gerou uma dor ligeiramente maior do que as anteriores. - Ah... - grunhiu forte. - Vai se foder Aioros, maldito seja três vezes. Tudo culpa sua. - Suspirou. Encostando-se perto da pia de lavar louça, que por sua vez, estava transbordando de peças sujas.


A respiração era pesada, intensa e contínua, típica de quem estava sentindo dor. Não era apenas o pé do loiro que incomodava; mas também todo o seu corpo. As escoriações que conseguira com sua manobra impetuosa e desnecessária estavam lhe cobrando as consequências. O pé sem dúvida era o que mais incomodava, mas os arranhões e machucados também não ajudavam.


No entanto, muito pior que sua dor física, era a sua dor emocional. Aioria queria ter forças para poder sair daquele lugar e não fazer daquele deserto o seu túmulo. A Comida estava acabando, a água armazenada na caixa d`água improvisada também, e sua vontade de viver também começava a se esvair junto dos recursos. A dor em seu peito era forte, mas não era física; e sim totalmente sentimental. Sentia falta de Aioros, e por mais que quisesse odiá-lo por estar lhe causando tudo isso, ele simplesmente não conseguia. Imaginava que o irmão não mais regressaria, que agora realmente estava só, e que possivelmente nunca mais veria o mais velho. O Sagitariano havia tomado a decisão que mudara as suas vidas, e agora seria a vez do menor tomar a que salvaria a sua.


Todavia, era muito mais difícil do que realmente parecia, não se tratava apenas de ligar o motor de um carro e sumir no mundo à fora, mas sim, em como seria tudo a partir daquele momento. Sozinho, sem seu irmão, sem a presença do homem que amava.


Durante todos aqueles dias, o loiro divagou sobre isso; sobre a importância de Aioros para si e em como toda aquela situação havia vindo à tona. E mesmo agora, após ter se passado tanto tempo, Aioria ainda sentia-se esperançoso em relação à algo. Não sabia se era sobre o retorno do irmão já descartado por seu lado racional, e pelo amor que ele imaginava que Aioros carregaria com ele por onde quer que estivesse, mas ainda assim, mesmo em meio a um deserto, o leonino ainda mirava o céu em busca de uma nuvem de chuva. Era assim que encarava as coisas.


Tentou erguer-se novamente, desencostando do apoio da pia e ficando totalmente em pé. Ele agora estava por contra própria, e como homem adulto que era, iria superar aquilo, pois não tinha mais o mais velho para cuidar de si como quando viviam no orfanato. Resolveu tentar novamente e dar mais um passo, o que de fato prontamente fez.


A dor voltou à seu corpo, começando do pé lesionado passando por toda a máscula estrutura muscular daquele homem até sua cabeça. E como um tipo de descarga elétrica, essa dor lhe trouxe a memória as lembranças antigas de outrora, quando ainda eram mais jovens.


------- FLASHBACK ------


O Choro daquele garotinho de curtos cabelos dourados sentado perto da fonte do pátio do orfanato era aparentemente ignorado pelos que por ali passavam. Os olhos verdes lacrimosos carregavam um brilho melancólico e as lágrimas escorriam pelo rosto levemente bronzeado do Sol que sempre tomava em excesso.


Perto daquela grande fonte, aquele pequeno menino, que não deveria ter mais que apenas 11 anos de idade, lavava a sua mão machucada que sangrava levemente, deixando a água cristalina um tanto mais avermelhada por alguns poucos instantes.


Ao seu lado, havia um `Skate` preto, um tanto grande, com uma das rodas faltando e um pouco entortado, como se algo houvesse lhe causado aquele dano.


O jovem garoto chorava incessantemente, pois as lágrimas teimavam em cair de seu rosto; mas ainda assim, o som típico de choro não era emitido de sua boca, pois ele se controlava para não emana-lo.


Passos então puderam ser ouvidos se aproximando, e ainda um tanto abatido, o pequeno olhou por sobre os ombros para ver quem é que se aproximava. Seus olhos verdes, ainda lacrimados do choro, miravam com intensidade o outro garoto que chegara.


A expressão do pequeno era estática, e um tanto surpresa ao focar-se no rosto do maior. Os Cabelos castanhos bagunçados, que se moviam levemente com o passar da brisa fria da tarde, os olhos verdes, de cor tão intensa quanto os do próprio loiro menor, e o porte mais adolescente, não tanto de menino, mas também ainda não de um `Homem`, davam aquele rapaz uma aparência angelical muito comum dele mesmo.


- Deixa eu ver isso... - ele comentou, sorrindo levemente e falando em um tom extremamente compreensivo. Sentou-se a frente do menor, também na quina da fonte e tomou o braço machucado, mas especificamente na mão e no pulso do outro com as suas próprias mãos.


O pequeno apenas observava, já deixando de chorar com a chegada dele, ficando apenas a soluçar levemente.


O rapaz mais velho de cabelos escuros começou então a acariciar levemente a mão lesionada do menor, e em seguida, a levou próximo aos lábios, dando três beijos leves em locais distintos dela.


- Melhorou? - perguntou sorrindo; com um olhar meigo e doce ao mirar a face assustada e curiosa do outro.


- Sim, Obrigado irmão. - comentou o pequeno, já esboçando um sorriso nos lábios antes tristes.


- Eu te disse que não deveria andar de `Skate`, não disse Aioria?! Ta vendo o que acontece quando você é teimoso. - repreendeu o irmão, mas ainda a manter o semblante sereno e calmo.


- Eu sei Aioros, é que os garotos maiores me provocaram... Disseram que eu era um fraco e um `maricas`, e que eu não sabia andar, aí eu peguei o `Skate` e saí andando nele, mas aí eu caí e me machuquei. - comentou de forma manhosa o menor, arrancando um sorriso mais aberto do outro.


- Tudo bem, mas não quero que faça de novo. Essas coisas são perigosas, e você pode se machucar, como aconteceu agora. Me prometa que não fara de novo... - inqueriu Aioros.


- Tudo bem, mano. Eu prometo. - respondeu o menor de forma mais calma, porém mais acoado.


Aioros sorriu; tomou-o em seus braços, apesar do tamanho já exagerado e do peso extra do outro, que já não tinha mais idade para isso; e o pois em seu colo, erguendo então a franja dourada que lhe teimava em cair por sobre a testa e deu-lhe um beijo cálido na mesma.


Aioria sorriu, e mesmo sem perceber, um brilho novo lhe tomou os olhos naquele instante. Um brilho especial que por vezes lhe ocorria quando Aioros lhe dava esse tipo de carinho e conforto. Um brilho que lhe ascendia quando o irmão demonstrava por si o Amor que ele tanto precisava e queria.


Só tinha ele em sua vida. Era a única família que conhecia e que se lembrava de ter. E era somente à ele que o menor dedicava seus melhores sorrisos.


O pequeno leonino o abraçou, ainda tendo desenhado no rosto um sorriso gostoso de menino travesso. Aioros prontamente o acudiu em seus braços, o apertando forte contra seu corpo e acariciando seus cabelos louros, os assanhando ainda mais.


Ficaram ali durante algum tempo; até que a sombra do fim de tarde lhes indicassem que já era a hora de entrar.


- Vem, vamos pra dentro. Vou ver se uma das irmãs tem um remédio para passar nesse machucado. - disse o maior com calma.


- Ah, não Aioros, vai arder, eu não quero passar nada... - resmungou o pequeno, afundando novamente a cabeça no peito do mais velho. O maior sorriu de forma encantada com a atitude no menor. Até os mimos de Aioria lhe eram adoráveis e únicos. Ele amava demais o seu pequeno irmãozinho.


- Tudo bem, se arder, eu sopro pra você e te dou mais beijinhos na mão. - comentou, vendo o outro erguer a cabeça e lhe encarar de forma inexpressiva. - Vem, vamos lá. - disse por fim, levantando-se ainda com o garoto nos braços e o ponto no chão.


Em seguida, pegou o `Skate` quebrado, que fazia parte das doações que o orfanato recebia para os meninos brincarem e levou consigo. Ele e o irmão então partiram para dentro do enorme prédio à frente.


----- FIM DO FLASHBACK -----


As lágrimas, novamente escorriam dos olhos daquele homem. A franja lhe cobria as íris, em virtude de seu semblante caído. Seus punhos eram apertados com força, tamanha a intensidade das emoções que lhe percorriam o rosto em forma de choro.


Ele caminhou, andou sem nenhum tipo de fraqueza. Passos firmes e fortes eram dados, mesmo com a dor castigante que lhe vinha a cada segundo. Conseguiu chegar próximo ao volante do veículo, e durante algum tempo, ainda com os olhos marejados e pingando de dor, ele fitou aquele acento do motorista que geralmente era ocupado por Aioros.


Aioria encontrara na dor a força para continuar. Mas algo que lhe fazia tão mal, não podia ser o pináculo principal de seu renascimento. Ele suspirou novamente, enxugando as lágrimas com a palma de sua mão direita. E em seguida, num movimento brusco e rápido, ele socou novamente a porta da geladeira próxima a ele; deixando um novo amassado no objeto.


- Maldito Aioros, seu desgraçado, eu te amo... Eu te amo... - falou alto, quase em berros sôfregos. - Seu merda, porque você não entende isso?! Porque você me deixou aqui sozinho?! - continuou a esbrabejar sozinho naquele recinto. Somente ele e a dor que sentira eram testemunhas de tamanho sofrimento.


Sua expressão então mudou. De uma feição furiosa e intensa, para uma inexpressiva e amargurada. No final, somente a dor e a mágoa sobravam... Elas eram as filhas da raiva e do desespero. Aioria queria seu irmão. Queria Aioros ali, para cuidar dele novamente, para lhe dar carinho, lhe dizer que tudo ficaria bem e principalmente para ama-lo; seja esse amor dado da forma que fosse, mas queria senti-lo.


Voltou novamente, ainda que cambaleante para a cama, sentindo a dor voltar a incomodar com mais intensidade em seu pé. Ele conseguira andar aqueles curtos metros apenas pela raiva que tomara no momento. Entretanto, sempre fora um tanto fraco para dor física, como era de praxe da maioria dos Homens. No entanto, ele receberia de bom grado toda a dor física do mundo se fosse em troca daquele horrível mal estar psicológico e emocional que lhe atormentava toda vez que a falta de Aioros se fazia mais necessária. Era desgastante demais para si.


Jogou-se por sobre a cama novamente, esperando encontrar um pouco de sossego entre a preguiça e o cansaço. Ele não fizera muito esforço nos últimos dias, mas ainda assim, sentia-se totalmente exaurido de energia, e novamente, Aioros e sua partida eram os culpados.


Respirou fundo de novo, aspirando assim o perfume leve do outro que ainda impregnava os sujos lençóis. O Cheiro estava mais fraco, mais leve, quase imperceptível, e praticamente mascarado pelo seu próprio cheiro; mas ainda assim, ele conseguia senti-lo, bem lá no fundo, ele sabia que o cheiro de seu amado ainda estava ali.


- Aioros... - apertou forte o lençol entre os dedos e fechou os olhos. Talvez em sonhos o tivesse consigo.


------ X ------


O Bocejo de Sorento chamou a atenção do homem ao seu lado. Aioros direcionou seu olhar por alguns curtos segundos ao homem que estava consigo; apenas para constatar que ele finalmente havia despertado.


Sorento coçava as pálpebras dos olhos com o punho fechado, e tão logo ajeitou-se melhor no banco, encarou o colega de cabelos castanhos e sorriu...


- Bom Dia... - O cumprimentou, recebendo um aceno de cabeça leve e um sorriso bem simples vindo do outro, que por sua vez mantinha sua visão focada na estrada. - Dirigiu a noite toda?! - questionou o loiro, um tanto impressionado pela claridade radiante no ambiente externo.


- Sim. Não consegui dormir ou mesmo me conter. Estou com muita pressa e muito medo; por isso dirigi a noite toda. - comentou o maior, ainda focado na direção.


- Não se preocupe Aioros, ele ainda estará lá te esperando quando chegarmos. - comentou o virginiano, vendo a expressão do outro mudar para algo mais sério e triste.


Um Silêncio então se estaurou no ambiente; apenas o ronco peculiar do motor em ação e das rodas correndo pelo asfalto quente eram ouvidos. Sorento imaginava que talvez tivesse falado algo errado, ou mesmo pudesse estar plantando falsas esperanças no amigo. Sim, ele torcia e desejava muito que o irmão de Aioros ainda o estivesse esperando... Mas e se não?! Seria um golpe duro de mais para o Sagitariano, e mesmo essa sendo apenas uma possibilidade, Sorento não deixaria de atribuir certa culpa à si mesmo se caso isso viesse a ocorrer.


O Sol brilhava forte naquele momento, deveria ser um hora já bem adiantada do dia. Talvez, próximo ao meio-dia. E o loiro teve essa certeza ao ouvir seu estômago roncar e pedir por alimento.


- Nossa, estou com fome... - comentou enfim... Após vários minutos de silêncio.


- Eu também; não temos dormido e nem comido muito bem nesses últimos dias. Isso está acabando com a gente. - rebateu o Sagitariano.


O loiro apenas confirmou com um breve balançar de Cabeça, e logo mais, viu ao longe uma construção se aproximar deles, a medida que o Caminhão continuava a trafegar.


- Veja Aioros... - disse Sorento, apontando para aquele local e focando a sua visão estreitando os olhos para melhor visualizar o prédio. - Acho que é aquele mesmo Motel em que ficamos quando vínhamos. Vamos parar para comer algo, descansar um pouco e depois retomar a viagem. - pediu o loiro.


Aioros observou o prédio se aproximar e sentiu seu estômago roncar também. Ele estava com fome, muita fome, e seu estado não era melhor do que o do colega ao lado. Ele não precisava só de um bom prato de comida, mas também de um banho, e de alguns minutos de descanso. Todavia, algo nele insistia para que ele continuasse a viagem... Para que ele corresse rumo à Aioria o mais rápido possível. Algo que o alertava de que quanto mais tempo ele perdesse, maiores as chances de não rever o caçula.


O Sagitariano suspirou. Era uma luta entre a Razão e a Emoção; entre o que seu corpo precisava e entre o que ele queria. Entre sua necessidade e sua vontade.


No fim, mesmo com certo receio e uma forte sensação de fracasso, ele resolveu parar... Ao passar em frente ao Motel, ele desacelerou o caminhão e girou o volante, fazendo a curva para entrarem no estacionamento. Desceram do carro logo em seguida, levando consigo suas mochilas de viagem rumo ao interior do local.


Entraram no recinto e dirigiram-se à recepção, aonde àquela mesma moça do outro dia estava.


- Bom Dia, Sejam Bem-Vindos novamente, fizeram boa viagem?! - cumprimentou a menina após vê-los chegando e reconhecê-los da outra vez.


- Bom Dia, Senhorita. Sim, fizemos. O Restaurante está aberto?! - rebateu Sorento, já bastante faminto da viagem.


- Claro que sim, sempre, e o almoço hoje está ótimo. - disse ela, já saindo de detrás da mesa e pondo-se frente aos dois homens.


- Também vamos querer um quarto dessa vez, mas é jogo rápido, três horas no máximo só pra tomar um banho e descansar. - comentou Aioros, ainda um tanto sério. O Sagitariano estava realmente com medo de não chegarem à tempo para reencontrar Aioria.


- Claro, temos vários quartos disponíveis, e por essa faixa de tempo, acredito que ficará apenas por 40 euros. - comentou a moça sorrindo, e o castanho assentiu.


Logo, ela os conduziu novamente para o restaurante do Motel. O mesmo no qual Aioros havia revelado há algum tempo que estava apaixonado pelo irmão. Sentaram, de uma forma nostálgica, na mesma mesa que ocuparam da vez anterior. A que possuía vista para o ambiente externo através das vidraças, onde podiam ver os caminhões e carros estacionados e o posto de Gasolina que ficava acoplado ao local.


O Garçom então veio atendê-los; os pedidos foram feitos e antes que se quer dessem conta, já estavam almoçando. Tanto Sorento, quanto Aioros, permaneceram calados praticamente durante toda aquela refeição. Além da fome que os abatia, e que os fazia ficarem concentrados em seus pratos, os dois sabiam bem que não havia mais nada a ser dito. Aioros estava apreensivo por conta de tudo o que estava acontecendo, de tudo o que havia decidido fazer, e como já se tocara, o tempo pudera ser então seu maior inimigo nessa história. O Austríaco anfitrião também havia se dado conta de tal fato, e sentia que precisava ajudar ainda mais àquele rapaz. Rapaz esse que apesar de conhecer a menos de uma semana, já lhe conseguiu cativar em profundidade. Sorento desenvolveu uma grande simpatia por Aioros desde que o vira, caso contrário, jamais convidaria um completo estranho para lhe acompanhar nessa viagem, mas a confiança que sentiu em relação ao outro foi grande a ponto de fazê-lo tomar essa decisão.


Aioros mostrou-se ser um homem de boa índole e de carácter excepcional, pelo menos aos julgamentos do outro, e tendo em vista um potencial amigo à frente, o menor sentia a necessidade de que precisava ajudá-lo ainda mais... Apenas não sabia como...


Desde que conhecerá Aioros, e posteriormente o drama que enfrentava, Sorento aprendeu que quanto mais apreensivo e receoso o outro estava, mais ele fechava-se dentro de si, como uma espécie de proteção, para que assim não fosse ferido de forma alguma.


Terminaram o Almoço, e satisfeitos, ambos se encararam, sorrindo um para o outro, tamanha a boa sensação que lhes veio naquele instante, por estarem saciados de sua fome.


Levantaram-se da mesa e foram até um banheiro que havia próximo à cozinha, do outro lado do restaurante.


Entraram, foram até as pias e com a água que caiu das torneiras, lavaram as mãos e o rosto.


- Ah, água... Faz tempo que não sinto ela contra minha pele, to me sentindo muito sujo... Preciso de um banho e trocar essa cueca. - comentou Aioros de forma despojada; o que surpreendeu Sorento. Essa descontração era rara no maior naqueles dias, apesar de que o virginiano sabia que ela era bem típica dele em seus melhores momentos.


Ambos saíram do local e dirigiram-se à recepção. Lá, a mesma garota que os atenderá anteriormente lhes entregou a chave do quarto e os informou sobre sua localidade. Seguiram então para o dito aposento, após as instruções serem dadas, e logo que estavam de frente ao mesmo, abriram a porta e puderam então contemplar o quarto.


O local era grande, com uma enorme cama de casal estilo `King Size` e dois criados mudos com abajus brancos em cada extremidade. Na parede à frente da cama, um pouco acima da cabeceira do móvel, havia um enorme espelho que cobria praticamente toda aquela região. No Teto, outro enorme espelho também se encontrava; e este fora posto estrategicamente em cima do exato local aonde a cama estava, para que os amantes que a usassem pudessem desfrutar e apreciar dos momentos luxuriosos que teriam de forma mais completa.


Na outra parede, havia uma enorme janela panorâmica encoberta até a metade por cortinas brancas. A vista novamente dava para o estacionamento e o posto, mas de um ângulo mais alto, que dava também para apreciar o deserto Grego e o nascer do Sol pela manhã.


O local era bem requintado e de um excelente bom gosto. Apesar de que ambos os rapazes tiveram a impressão de que realmente se tratava de um quarto de `Motel`, devido aos espelhos.


Sorento dirigiu-se rumo a cama, e jogou-se de forma deleitosa por sobre ela, encarando ao seu próprio reflexo no espelho acima.


Aioros apenas sorriu diante da atitude do amigo e dirigiu-se ao Banheiro do local. Entrou no pequeno espaço complementar do quarto e logo notou não se tratar de algo tão pequeno assim... O Banheiro era amplo, com uma banheira de hidro-massagem, um box de vidro opaco grande e uma enorme pia com diversos produtos cosméticos, dentre óleos de banho, hidratantes e produtos para cabelo.


O Sagitariano admirou-se. Para um Motel em meio ao "nada" com uma clientela um tanto escassa e de padrões menos sofisticados, o local até que oferecia um serviço primoroso.


Fechou a porta atrás de si a trancando. Despiu-se de suas roupas e jogou sua mochila em algum lugar no chão do vão.


Caminhou em direção ao box, abrindo-o e ligando o chuveiro logo em seguida. Posicionou-se melhor debaixo do mesmo e fechou-se naquela `Caixa de Vidro`.


A água estava morna, um tanto mais quente do que fria, mas mesmo naquele calor escaldante do meio-dia no deserto, o castanho não se importava com a temperatura da água; pois já estava mais que satisfeito em finalmente poder banhar-se.


A água caía sobre seus cabelos marrons, que por vezes brilhavam em um tom dourado à luz solar e os tingia de um tom mais escuro, quase negro. Escorria por seu rosto, aonde os pelos eriçados da barba crescente eram mais evidentes... Fazia alguns dias que Aioros não fazia a barba, ou mesmo preocupava-se com higiene pessoal. As gotas fortes e incessantes da chuveirada caíam por sobre os ombros largos, descendo mais pelo forte e altivo peitoral masculino daquele homem. Os gomos em seu abdômen recebiam a água amiga logo em seguida, que encerra sua viagem pelo baixo ventre, coxas e pernas do rapaz, até finalmente encontrar o chão.


A sensação de prazer e relaxamento que o tomou naquele momento era indescritível. Sentia-se bem... Muito bem ali. Sentiu-se bem de um modo que não havia conseguido sentir naquele dias de dor e desespero que vivenciara; e naquele momento, nem mesmo as lembranças de Aioria e a sua ansiedade podiam alcançá-lo.


A água batia em sua face, fria a princípio, mas logo mais ia esquentando com o passar por todo o seu bronzeado corpo até finalmente chegar ao chão. Virou o rosto em direção ao solo, deixando que as gotas que caíam fortes lhe molhassem a nuca e as costas, descendo também por toda aquela extensão perfeitamente desenhada como uma obra de arte até as nádegas fartas e tão desejosas que o irmão caçula tanto apreciava.


Suspirou, era realmente uma sensação deleitosa aproveitar aquele banho.


----- X -----


Sorento não soube quanto tempo se passou desde que Aioros entrara no banheiro, mas em seu atual estado de cansaço acumulado, o sono começava a lhe pesar as pálpebras com a demora do colega no banho e com o rodar lento do ventilador de teto que ele teimava em observar... Seus olhos começavam a fechar lentamente, e ele lutava para deixá-los abertos.


Ouviu então, quase com a batalha perdida para o sono, a porta do banheiro destravar, e dela um Aioros ainda um tanto molhado sair.


O Sagitariano usava uma bermuda jeans mais escura, quase preta, e estava sem camiseta; deixando seus músculos fortes dos braços, peito e abdômen totalmente visíveis. Enxugava o cabelo com uma toalha branca que havia encontrado no recinto, e ao perceber o olhar do loiro sobre si, um sorriso amistoso se desenhou em seus lábios.


Sorento o observava de forma inexpressiva, o sono lhe pesava forte naquele momento, e tudo o que menos gostaria de ouvir agora era que precisavam partir naquele instante...


- Vai querer ir agora?! - questionou o virginiano.


- Não, vou descansar um pouco, e você também precisa... Depois nós retomamos a viagem. - respondeu o maior, retirando uma camiseta branca simples da sua mochila e a vestindo logo em seguida.


- Boa Ideia, vou tomar um banho também e já volto. - disse Sorento, pegando a sua mochila e entrando no banheiro.


Aioros mirou então o relógio que havia em cima do criado mudo. A Hora mostrava que eram 12h56 da Tarde; ou seja, no auge do meio-dia. Eles poderiam descansar ali umas duas horas, e quando fosse mais ou menos 15h, partiriam. Ouviu então o barulho do chuveiro sendo ligado dentro do banheiro, e essa foi a sua deixa para deitar-se na cama e aproveitar aquele merecido descanso.


------ X ------


Sexta, 14h45 minutos.


Aioros sentiu algo lhe tocar suavemente o ombro, e ainda meio sonolento, abriu levemente seus olhos para contemplar a imagem do loiro à sua frente. Sorento estava lhe chamado, para que finalmente pudessem retomar a estrada.


O maior assentiu, e logo ergueu-se da cama, apesar de que ainda estava um pouco cansado. O Rapaz pegou sua mochila e Sorento a sua, e logo, os dois saíram do quarto.


- Quanto tempo eu dormi?! - perguntou Aioros, enquanto aproximavam-se da escada para o andar térreo.


- Pouco mais de uma hora e meia; você estava cansado, precisava dormir. Ao sair do banho eu me deitei ao seu lado e também tirei um cochilo, mas nada muito demorado. Acordei em meia hora e fiquei à arrumar umas coisas na mochila, afim de que o tempo passasse... Mas deixei que dormisse até o último minuto. Você precisava descansar. - disse o outro.


Desceram as escadas; seguiram rumo à recepção, e após uma breve conversa com a atendente e de quitarem todas as despesas, ambos seguiram de volta para o Caminhão.


- Viu como ela nos olhou?! Acho que ela ainda pensa que temos um Caso... - comentou de forma descontraída o Sagitariano, arrancando um sorriso singelo do loiro. Subiram no Caminhão e deram partida. Aioros, novamente assumia a posição de motorista, enquanto o loiro virginiano a de carona. Sorento até que insistiu em dirigir novamente, mas como um ato de gratidão por ter pagado a conta e ter dirigido sozinho noite à dentro sem ninguém para conversar nos primeiros dias, o castanho resolveu lhe compensar dando-o mais tempo para relaxar na viagem.


Tão logo esse empasse foi resolvido, a estrada se fazia presente à frente outra vez. Aioros dirigia com segurança, mas numa velocidade um tanto maior que a do colega... Sorento não tinha pressa em dirigir, ele sabia que as coisas não sairiam do lugar independente do tempo que ele demorasse; e é claro, ele sabia que Shun o estaria esperando de braços abertos quando ele regressasse. Já Aioros, não poderia se dar ao luxo de pensar de tal forma, já que seu futuro com o irmão era algo extremamente incerto.


Dirigiu então por aquelas estradas vazias de forma rápida e precisa, tendo vez ou outra a voz de Sorento como companhia, já que o Virginiano lhe puxava assunto em determinados intervalos de tempo. Assuntos estes que o outro sempre comentava, brincava e ria, mas logo uma onda de silêncio voltava a assolar o ambiente naquela cabine, quando a conversa se findava. E até Sorento arrumar outro assunto para colocar em pauta, a quietude era soberana.


Foi assim durante todo o resto de viagem, e no fim daquela tarde, com o Sol já se pondo no Oeste longínquo; Aioros viu algo que ele realmente não esperava ver... À frente deles, possivelmente há alguns quilômetros dali, uma enorme nuvem de tempestade se aproximava. Era realmente algo raro de se acontecer, mas não improvável. Uma forte tempestade estava chegando àquelas planícies desérticas; tempestade essa que encobria praticamente todo os céus do Norte e Leste. Era sem dúvida uma nuvem gigantesca.


Sorento observava o fenômeno de forma despreocupada; era sim algo impressionante, mas ele já virá acontecer antes, principalmente em épocas do ano como aquela. Os Céus em si ficavam mais escuros a cada instante, conforme o Sol se escondia entre as distantes montanhas e a tempestade se aproximava deles. E foi exatamente nesse clima de apreensão e ansiedade que após várias horas de viagem, eles finalmente avistaram a cidade aonde Sorento residia com seu companheiro.


Eram quase 19h da noite, e tudo estava praticamente tomado pela escuridão; salvo as luzes da cidade e os relâmpagos que ressoavam no Céu quando Aioros encostou o caminhão de frente a pousada de Sorento. Lá fora, com os braços cruzados e um sorriso alegre no rosto, um jovem menino de cabelos castanhos aguardava com ansiedade o retorno deles.


Ao ver o caminhão parar de vez, e as portas se abrir, Shun não se conteve e correu em direção ao seu amado, que prontamente fez o mesmo. Sorento recebeu seu menino em seus braços, o levitando e rodopiando-o para logo em seguida lhe tomar os saudosos lábios de forma intensa e desejosa. Ah sim, o virginiano sentira saudades daquele homem; de seu amado Shun, e daquela boca tão macia e doce que adorava tomar com a sua.


Aioros, por sua vez, ignorava a presença e o ato dos seus amigos no lado de fora, mantendo-se concentrado no Céu acima de sua cabeça. Os Relâmpagos urravam fortes como Leões, tornando a noite clara como o dia. Relâmpagos sempre o faziam lembrar de Aioria, pois o menor, diferente da maioria das pessoas, sempre admirou os raios em noites de tempestade. Aioria os adorava. Desde que era pequeno gostava de Raios, e nunca foi do tipo que tinha medo deles.
E apesar de ser algo sem importância; naquele dado momento, tal lembrança tornava-se forte e incentivadora, pois trazia à sua mente por mais uma vez a imagem do homem à quem amava.


Suspirou. Estava na hora de voltar...


Abriu a porta do Caminhão, desceu com sua mochila e deu a volta no carro, vendo então Sorento e Shun abraçados, compartilhando beijos leves e olhares apaixonados. Era realmente notável o quanto eles se gostavam, e isso animou ainda mais o maior.


Shun percebeu a chegada do rapaz e logo sorriu; ele não sabia o que tinha ocorrido na viajem, mas a mudança em Aioros era evidente se comparado ao homem frio e machucado que dali saíra há alguns dias.


- Boa Noite, como foi a viajem?! - perguntou Shun sorrindo.


- Foi boa, o seu namorado me ajudou muito, mas eu realmente não tenho tempo de explicar; agora eu sei o que quero e aonde eu tenho que ir... Deixarei que Sorento te conte tudo... - comentou de forma breve, ainda sorrindo e logo em seguida correu para dentro do recinto.


Os dois homens apenas observaram a cena um tanto atônitos, sem entender muito o que se passava; apesar de que Sorento já tinha suas apostas sobre o que estaria passando pela cabeça do Outro.


Passado mais alguns minutos. Um ronco forte de motor se fez ouvir vindo de algum lugar de dentro da hospedaria, e tão logo uma luz forte de farol se apresentou, Aioros saltou quase voando pela entrada do local em sua motocicleta esportiva, parando próximo aos seus colegas.


- Sorento, Shun... Eu realmente agradeço muito o que fizeram por mim... Serei eternamente grato; e independente do resultado ou do que virá à acontecer agora, eu realmente preciso partir desde já... Tem alguém me esperando, eu sei disso, eu sinto isso.. - falava Aioros, com o olhar brilhando como uma esmeralda. - E eu tenho que estar com ele agora. Eu agradeço muito; muito mesmo por tudo; eu jamais seria capaz de retribuir tudo o que fizeram, principalmente por um estranho como eu, mas de qualquer forma, e sem querer ser mal educado, eu tenho que ir agora... Muito Obrigado pessoal. - disse por fim...


- Claro, disponha... Boa Sorte, Aioros, e independente de qualquer coisa, ou mesmo se nunca mais venhamos a nos ver, eu te desejo muita felicidade meu amigo. - Comentou Sorento sorrindo, recebendo um aceno e um sorriso do maior, que logo em seguida arrancou com a moto, partindo novamente pela estrada rumo ao caminho de `Casa`.


Aquele sorriso, o último que Aioros dera para os virginianos, era um sorriso confiante, um sorriso vitorioso... Ainda haveria um último obstáculo à ser superado, mas sem dúvida o castanho estava pronto para ele... E Sorento sabia disso, sabia apenas por ter pudido apreciar àquele sorriso, que de todos os que ele pode ver do Sagitariano naquele tempo em que passaram juntos, fora o mais sincero, puro e cheio de vida... O Sorriso do Verdadeiro Aioros.


 


Continua...



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Autor(a): archer_beafowl

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... Sábado; 1h34 da Madrugada. As luzes trovejantes ainda cavalgavam pelos céus Gregos em meio à tormenta. A Chuva caía forte e castigava àquela terra árida com sua imponência e poder... Sobre as fortes brumas que lhe caíam sobre o corpo e o veículo ao qual ele pilotava, o rapaz de negros cabelos continuava &ag ...


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