Fanfic: Entre o Agora e o Nunca - AyA | Tema: Anahí e Alfonso - Ponny
Chegamos ao Underground ao anoitecer, mas não antes que Christopher passasse com sua picape tunada por várias casas. Ele estacionava, descia, entrava por não mais do que três ou quatro minutos e nunca dizia uma palavra quando voltava. Pelo menos não sobre o que ia fazer lá dentro ou com quem ia falar — coisas que tornariam essas visitas normais. Mas pouca coisa em Christopher é costumeira ou normal. Eu adoro o Christopher de paixão. Conheço-o quase há tanto tempo quanto Dulce, mas nunca consegui aceitar seu uso de drogas. Ele tem um monte de maconha plantada no porão de casa, mas não é maconheiro. De fato, ninguém, além de mim e uns poucos amigos íntimos dele, jamais suspeitaria que um gato como Christopher Winters planta e vende maconha, porque quase todos os plantadores de maconha parecem hippies sujinhos, e muitas vezes usam penteados que pararam no tempo entre as décadas de 1970 e 1990. Christopher está longe de parecer um hippie sujinho — poderia ser o irmão mais novo daquele gato do Alex Pettyfer. E Christopher diz que erva não é a parada dele. Não, a droga preferida de Christopher é cocaína, e ele só planta e vende maconha para financiar o seu vício em pó. Dulce finge que o trabalho de Christopher é totalmente inofensivo. Ela sabe que o namorado não fuma maconha. Ela afirma que a maconha não é tão ruim assim, e se outras pessoas querem fumar um pra curtir e relaxar, ela não vê problema em Christopher ajudar com isso. Mas Dulce se recusa a acreditar que Christopher passe mais tempo com a cara metida na cocaína do que em qualquer parte do corpo dela.
— Olha só, você vai se divertir, tá? — Dulce fecha a porta de trás do meu lado com o bumbum depois que eu saio e me olha sem esperanças. — É só não resistir, tentar curtir um pouco.
Eu reviro os olhos.
— Dulce, também não vou tentar detestar de propósito — argumento. — Eu quero curtir.
Christopher vem para o nosso lado da picape e passa os braços nas nossas cinturas.
— E eu vou chegar abraçado com duas gatas.
Dulce lhe dá uma cotovelada, fazendo uma falsa cara de mágoa.
— Para, amor. Você vai me deixar com ciúme. — Ela já está sorrindo maliciosamente para ele.
Christopher tira a mão da cintura dela e pega numa das suas nádegas. Ela solta um gemido desagradável e fica na ponta dos pés para beijá-lo. Tenho vontade de mandar os dois esperarem para fazer aquilo na cama, mas estaria desperdiçando meu fôlego. O Underground é o lugar mais badalado da zona urbana da Carolina do Norte, mas você não vai encontrá-lo na lista telefônica. Só pessoas como nós sabem que ele existe. Um cara chamado Rob alugou um galpão abandonado há dois anos e gastou mais ou menos um milhão da grana do pai rico para transformá-lo numa casa noturna secreta. Dois anos bombando; o lugar já virou um point para deuses do sexo e do rock locais viverem o sonho do rock’n’roll com fãs histéricos e tietes. Mas não é um clube fuleiro. De fora, pode parecer um prédio abandonado numa cidade semifantasma, mas por dentro é como qualquer clube chique de hard rock, equipado com luzes estroboscópicas coloridas que giram continuamente para todo lado, garçonetes com jeito de vadias e um palco grande o suficiente para duas bandas tocarem ao mesmo tempo. De modo a manter o Underground secreto, todos os frequentadores precisam estacionar em outros bairros e chegar andando, porque uma rua lotada de carros diante de um galpão “abandonado” é muita bandeira. Estacionamos nos fundos de um McDonald’s próximo e andamos uns dez minutos pelo bairro sinistro. Dulce sai do lado direito de Christopher e fica entre nós dois, mas é só para poder me torturar antes de entrarmos.
— Muito bem — ela diz, como se fosse começar a listar tudo o que devo e não devo fazer —, se alguém perguntar, você tá solteira, certo? — Ela agita a mão para mim. — Nada daquilo que você aprontou com o cara que te paquerou naquela papelaria.
— O que ela tava fazendo numa papelaria? — Christopher diz, rindo.
— Christopher, o cara tava babando por ela — Dulce afirma, ignorando completamente a minha presença —, tipo, era só a Any dar uma piscadinha que o cara comprava um carro pra ela, e sabe o que ela falou?
Eu reviro os olhos e solto meu braço do dela.
— Dul, você é tão ridícula. Não foi nada disso.
— Pois é, amor — Christopher comentou. — Se o cara trabalha numa papelaria, não vai comprar carro pra ninguém.
Dulce lhe dá um soco amigável no ombro.
— Eu não falei que ele trabalhava lá... bom, o cara parecia um cruzamento de... Adam Levine do Maroon 5 com... — ela mexe os dedos acima da cabeça para materializar outro exemplo famoso em sua língua — ... Jensen Ackles do Supernatural, e quando ele pediu o telefone dela, a srta. Santinha aqui falou que era lésbica.
— Ai, cala a boca, Dul! — exclamo, irritada com essa mania de exagero dela. — Ele não parecia nenhum desses. Era só um sujeito normal que por acaso não era feio de doer.
Dul faz um gesto de desprezo e se vira para Christopher.
— Pode ser. A questão é que ela mente pra afastar os caras. Não duvido nada que chegaria ao ponto de dizer que tá com corrimento e infestada de chatos. — Christopher ri.
Eu paro na calçada escura e cruzo os braços no peito, mordendo a parte de dentro do lábio inferior, irritada. Dulce, ao perceber que não estou mais andando ao lado dela, volta correndo.
— Tá bom, tá bom! Olha, não quero que você estrague sua vida, só isso. Só tô pedindo que se alguém que não for torto de tão feio te paquerar, não dispense o cara imediatamente. Não tem problema nenhum conversar e se conhecer um pouco. Não tô pedindo pra você levar ninguém pra casa.
Eu já estou com ódio dela por isso. Ela prometeu!
Christopher chega por trás dela e passa as mãos em sua cintura, colando a boca no seu pescoço enquanto ela se retorce.
— Você tem que deixar ela fazer o que quiser, amor. Para de ser tão mandona.
— Obrigada, Christopher — agradeço com um rápido aceno.
Ele pisca para mim.
Dulce faz bico e diz:
— Tem razão — e levanta as mãos —, não vou falar mais nada. Juro.
Sei, já ouvi isso antes...
— Ótimo — concluo, e continuamos andando. As botas já estão me matando.
O ogro na porta do galpão nos examina na entrada, com seus braços enormes cruzados sobre o peito.
Ele estende a mão.
O rosto de Dulce vira uma careta ofendida.
— Quê? Rob tá cobrando entrada, agora?
Christopher enfia a mão no bolso de trás, tira a carteira e mexe nas notas.
— Vinte paus por cabeça — grunhe o ogro.
— Vinte? Tá de sacanagem, porra?! — Dulce grita.
Christopher a afasta delicadamente e põe três notas de vinte dólares na mão do ogro. Ele enfia o dinheiro no bolso e nos dá passagem. Eu vou primeiro e Christopher põe a mão nas costas de Dulce, levando-a à sua frente.
Ela faz uma careta para o ogro ao passar por ele.
— Acho que ele vai embolsar essa grana — acusa. — Vou perguntar pro Rob que negócio é esse.
— Vem — Christopher insiste, e nós cruzamos a porta e andamos por um corredor longo e medonho, com uma única lâmpada fluorescente de luz trêmula, até chegarmos ao elevador industrial no fim. O metal range quando a porta da gaiola se fecha, e descemos no elevador barulhento para o subsolo, alguns metros abaixo. É só um andar, mas o elevador chocalha tanto que sinto que ele vai se partir a qualquer momento e matar a gente na queda. A batida alta e explosiva da música e os gritos de bêbados universitários — e provavelmente de muitos ex-universitários — reverberam pelo piso do porão até o elevador de ferro, ficando mais altos a cada centímetro que descemos para as entranhas do Underground. O elevador para com estrondo e outro ogro abre a porta pantográfica para podermos sair.
Dulce me atropela vindo de trás.
— Anda logo! — grita, fingindo me empurrar pelas costas. — Acho que é o Four Collision tocando! — A voz dela se eleva por cima da música enquanto nos dirigimos para o salão principal.
Dulce pega Christopher pela mão e ele tenta me puxar, mas sei o que ela está armando e não quero entrar numa almôndega de corpos saltitantes e suados com estas malditas botas.
— Ah, vai! — Dul insiste, praticamente implorando. Então uma ruga rancorosa vinca seu nariz, enquanto ela rosna, agarra minha mão e me puxa para perto de si. — Para de ser criança! Se alguém te derrubar, eu mesma encho a pessoa de porrada, tá?
Christopher está ao lado, sorrindo para mim.
— Tudo bem! — aceito, indo com eles, Dulce praticamente arrancando meus dedos.
Caímos na pista, e Dulce, depois de algum tempo fazendo o que qualquer grande amiga faria, se esfregando em mim para me fazer sentir incluída, passa a existir somente no mundo de Christopher. Está praticamente transando com ele ali, na frente de todo mundo, mas ninguém nota. Eu só percebo porque devo ser a única mulher em todo o salão que não tem companhia para fazer a mesma coisa. Aproveito a oportunidade, fujo da pista e vou para o bar.
— O que vai querer? — diz o louro alto atrás do balcão quando fico na ponta dos pés e me sento num dos banquinhos.
— Cuba-libre.
Ele começa a preparar meu drinque.
— Ah, vai pegar pesado, é? — diz, enchendo o copo de gelo. — Que tal me mostrar sua identidade? — Ele exibe os dentes.
Aperto os lábios para ele.
— Tá, eu te mostro minha identidade quando você me mostrar seu alvará pra vender bedida alcoólica. — Abro um sorriso ao responder, que ele retribui.
Ele termina de misturar a bebida e a desliza na minha direção.
— Eu não bebo muito, sabe? — digo, tomando um gole do canudinho.
— Não bebe... muito?
— Bom, esta noite acho que vou precisar tomar umas a mais. — Deixo o copo no
balcão e mexo na fatia de lima da borda.
— Por quê? — o barman pergunta, enxugando o balcão com um guardanapo de papel.
— Peraí — retruco, levantando um dedo —, antes que você fique com alguma ideia errada, não tô aqui pra me abrir com você, essa coisa de terapia de balcão de bar. — Dulce já é terapia suficiente para mim.
Ele ri e joga o guardanapo de papel em algum lugar atrás do balcão.
— Bom saber disso, porque não sou muito de dar conselhos.
Tomo mais um gole, mas me curvando em vez de erguer o copo do balcão; meu cabelo solto cai ao redor do meu rosto. Eu me endireito e prendo um lado do cabelo atrás da orelha. Realmente detesto deixar meu cabelo solto; o trabalho que ele dá não compensa.
— Bem, se você quiser mesmo saber — continuo, olhando para ele —, fui arrastada pra cá pela minha incansável melhor amiga, que provavelmente ia fazer alguma coisa constrangedora comigo enquanto eu dormisse e tirar fotos pra me chantagear se eu não viesse.
— Ah, uma dessas — ele comenta, apoiando os braços no balcão e juntando as mãos. — Já tive um amigo assim. Seis meses depois que minha noiva me largou, ele me arrastou pra um clube perto de Baltimore, e eu só queria ficar em casa e curtir minha fossa, mas, no fim das contas, aquela noite foi exatamente o que eu precisava.
Que legal, esse cara acha que já me conhece, ou no mínimo conhece minha “situação”. Mas ele não sabe nada sobre a minha situação. Talvez tenha acertado no lance do ex ruim — porque todos acabam tendo um ou uma assim —, mas o resto, o divórcio dos meus pais, meu irmão mais velho, Cole, indo pra cadeia, a morte do amor da minha vida... não estou a fim de contar nada pra esse cara. Assim que você conta seus problemas pra alguém, vira uma chorona e o menor violino do mundo começa a tocar. A verdade é que todo mundo tem problemas; todos nós enfrentamos dificuldades e dor, e minha dor é o paraíso comparada com a de muitas outras pessoas, e não tenho lá muito direito de me queixar.
— Pensei que você não fosse de dar conselhos — desconverso, com um sorriso doce.
Ele se afasta do balcão e diz:
— Não sou, mas se você tirar algum proveito da minha história, fique grata.
Dou um sorrisinho e finjo que tomo um gole, desta vez. Não quero beber muito, na verdade, e com certeza não quero ficar bêbada, especialmente considerando o pressentimento de que sou eu que vou ter que dirigir na volta. Tentando tirar de mim o foco da conversa, apoio um cotovelo no balcão, o queixo na mão e digo:
— E o que aconteceu naquela noite?
O lado esquerdo da sua boca se ergue num sorriso e ele diz, agitando a cabeça loura:
— Transei pela primeira vez desde que ela me abandonou, e lembrei como é bom se desacorrentar de alguém.
Eu não esperava uma resposta dessas. A maioria dos caras que conheço teria mentido sobre seu horror a relacionamentos, especialmente se estivesse me paquerando. Até que gosto desse cara. Só como pessoa, claro; não tô a fim, como Dulce diria, de ficar de quatro pra ele.
— Entendi — digo, tentando conter a verdadeira dimensão do meu sorriso. — Bom, pelo menos você é honesto.
— Não tem outro jeito de ser — ele diz, pegando outro copo e começando a preparar outra cuba-libre para si. — Descobri que hoje em dia a maioria das garotas têm tanto medo de compromisso quanto os caras, e quando somos francos desde o início, é mais provável que uma transa ocasional não deixe sequelas.
Balanço a cabeça, pegando o canudinho com a ponta dos dedos. De jeito nenhum vou admitir abertamente, mas concordo completamente com ele, e acho sua filosofia de vida até estimulante. Nunca pensei tanto a respeito, mas por mais que eu queira distância de qualquer relacionamento, continuo humana e não me incomodaria com uma transa ocasional. Só que não com ele. Ou com qualquer um neste lugar. Tudo bem, talvez eu seja cagona demais pra uma transa ocasional e a bebida já esteja começando a bater. A verdade é que nunca fiz nada do tipo, e embora a ideia seja um tanto empolgante, me deixa morta de medo. Só transei com dois caras até hoje: Ian Walsh, meu primeiro amor, que tirou minha virgindade e morreu num acidente de carro três meses depois, e Christian Deering, com quem me envolvi para preencher a ausência do Ian, o babaca que me traiu com uma vadia morena. Fico contente por nunca ter retribuído aquela frase venenosa de três palavras que começa com “eu” e termina com “você”, pois no fundo eu sentia que ele não fazia nem ideia do que estava dizendo quando vinha com essa conversa. Por outro lado, talvez ele fizesse, e foi por isso mesmo que, depois de cinco meses de namoro, o Christian arrumou outra: porque eu nunca disse o mesmo pra ele. Olho pro barman e noto que ele está sorrindo, esperando pacientemente que eu diga alguma coisa. Esse cara é bom, ou então só está mesmo querendo ser simpático. Admito que é gatinho; não deve ter mais de 25 anos e tem olhos castanhos doces, que sorriem
antes dos lábios. Noto como os bíceps e o peitoral são definidos por baixo da camiseta colada. E ele é bronzeado; com certeza passou a maior parte da vida perto do mar.
Paro de olhar quando noto que minha mente está vagando, pensando nele de calção de banho e sem camisa.
— Eu sou o Blake — ele diz. — Sou irmão do Rob.
Rob? Ah, tá, o dono do Underground.
Estendo a mão e Blake a aperta delicadamente.
— Anahí.
Ouço a voz de Dulce por cima da música antes mesmo de vê-la. Ela abre caminho através de um aglomerado de pessoas que estão paradas perto da pista de dança, e se acotovela até me alcançar. Ela nota Blake imediatamente e seus olhos começam a brilhar, iluminados pelo sorriso aberto e descarado. Christopher, vindo atrás dela e ainda segurando-a pela mão, também nota, mas só me olha, sem emoção. Isso me dá uma sensação estranha, mas logo deixo de pensar nisso quando Dulce aperta seu ombro contra o meu.
— O que você tá fazendo aqui? — pergunta, com um tom acusador na voz. Ela está sorrindo de orelha a orelha e seus olhos vêm e vão entre mim e Blake várias vezes, antes
que ela me dê toda a sua atenção.
— Tomando um drinque — explico. — Você veio aqui pedir uma bebida ou me
controlar?
— As duas coisas! — Dul exclama, soltando a mão de Christopher e batendo os dedos no
balcão, sorrindo para Blake. — Qualquer coisa com vodca.
Blake balança a cabeça e olha para Christopher.
— Cuba-libre pra mim — Christopher pede.
Dulce aperta os lábios do lado da minha cabeça e sinto o calor do seu hálito no meu
ouvido quando ela cochicha:
— Puta merda, Any! Você sabe quem é esse aí?
Noto a boca de Blake se abrindo num sorriso sutil por tê-la ouvido.
Sentindo meu rosto ficando quente pelo constrangimento, cochicho de volta:
— Sei, o nome dele é Blake.
— É o irmão do Rob! — ela diz entre os dentes; seu olhar volta para ele.
Olho para Christopher, esperando que ele entenda a deixa e a arraste para algum lugar, mas desta vez ele finge “não captar”. Onde está o Christopher que conheço, aquele que costumava me proteger de Dulce? Oh-oh, ele deve estar puto com ela de novo. Só age assim quando Dulce abre sua boca grande ou faz alguma coisa que ele não consegue deixar pra lá. Só estamos aqui há uns trinta minutos. O que ela pode ter feito em tão pouco tempo? E aí me dou conta de que essa é Dulce, e se há alguém que consegue deixar um namorado puto da vida em menos de uma hora, sem perceber, esse alguém é ela. Desço do banquinho e seguro minha amiga pelo braço, afastando-a do balcão. Christopher, provavelmente sacando o meu plano, fica conversando com Blake. A música parece ter ficado mais alta quando a banda que toca ao vivo terminou uma canção e começou outra.
— O que você fez? — pergunto, virando-a para que me encare.
— Como assim, o que eu fiz? — Ela mal está prestando atenção em mim; em vez disso, seu corpo balança sutilmente no ritmo da música.
— Dul, tô falando sério.
Finalmente ela para e me olha, procurando respostas no meu rosto.
— Pra deixar Christopher puto? — pergunto. — Ele tava ótimo quando chegamos.
Ela olha brevemente para Christopher, que está de pé perto do balcão, tomando seu drinque, e depois para mim, com uma expressão confusa.
— Não fiz nada... que eu saiba. — Ela olha para cima como se estivesse pensando, tentando lembrar o que poderia ter dito ou feito.
Ela põe as mãos na cintura.
— Por que você acha que ele tá puto?
— Ele tá com aquela cara — digo, olhando para ele e Blake —, e eu odeio quando vocês dois brigam, especialmente quando tô de carona com vocês e preciso ficar ouvindo os dois discutindo por idiotices que aconteceram um ano atrás.
A expressão confusa de Dulce se transforma num sorriso malicioso.
— Bem, acho que você tá paranoica, e talvez tentando me distrair pra eu não dizer
nada sobre você e Blake. — Ela está com aquele ar brincalhão de novo, e eu odeio isso.
Reviro os olhos.
— Não tem “eu e Blake” nenhum, só estamos conversando.
— Conversar é o primeiro passo. Sorrir pra ele — o sorriso dela se alarga —, como vi muito bem que você tava sorrindo quando cheguei, é o passo seguinte. — Ela cruza os braços e inclina o quadril. — Aposto que vocês até conversaram sem que ele precisasse arrancar respostas de você com um alicate. Caramba, você já sabe até o nome dele.
— Você quer tanto que eu me divirta e conheça um cara, mas você não sabe a hora de calar a boca quando os desejos parecem perto de virar realidade.
Dulce deixa a música embalar seus movimentos de novo, erguendo as mãos um pouco e mexendo os quadris de forma sedutora. Eu fico parada ali.
— Não vai acontecer nada — insisto, séria. — Você conseguiu o que queria, tô conversando com alguém, e não estou pensando em dizer que tenho corrimento, então pare de causar.
Ela cede com um suspiro longo e profundo e para de dançar o suficiente para dizer:
— Acho que você tem razão. Vou te deixar em paz, mas se ele te levar pro andar do
Rob, vou querer todos os detalhes. — Dul aponta para mim com firmeza, um olho
semicerrado e os lábios apertados.
— Tudo bem — digo, só para ela largar do meu pé —, mas é melhor esperar sentada, porque isso não vai acontecer.
_cpaes: Que bom que gostou! Já estou lendo a fanfic, adorei o primeiro cap. Continuando.
Autor(a): AvrilPuente
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Uma hora e dois drinques depois, vou para o “andar do Rob” no galpão com Blake. Estou só um pouquinho alta, andando e enxergando perfeitamente, por isso sei que não estou bêbada. Mas estou um pouco alegre demais, e isso meio que me incomoda. Quando Blake sugeriu que a gente “fugisse do barulho um pouquinho”, sirenes de ...
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