Seu Sebastião, esposo de Dona Júlia, andava muito calado. Quando saia para o serviço, despedia-se dela com um simples aceno de mão. À hora das refeições mantinha-se taciturno. Dona Júlia conhecia bem o marido que tinha e sabia que alguma coisa séria estava acontecendo. O que estaria acontecendo com ele?
Um dia, ao colocar ordem em sua mesa de trabalho, ela deu com os olhos num papel de consultório médico. Os termos eram mais ou menos estes: “Atendendo ao seu pedido insistente, comunico que não encontrei uma saída para o seu caso. O senhor poderá Ter ainda uns dois anos de vida... Mas Deus pode mais que nossa medicina. Confie nele... Saudações...”.
Dona Júlia ficou estarrecida e ao mesmo tempo esclarecida. Agora sabia o porquê do semblante pesado do marido. Estava relendo ainda o papel, quando ele chegou. Não conseguiu disfarçar e perguntou logo:
_ Por que você não me contou tudo?
_ E por que você veio mexer nos meus papéis?
_ É porque nós prometemos diante do altar não Ter segredos e carregar juntos a cruz.
_ Sim, mas não estou disposto a carregar essa cruz durante dois anos. Vou por um ponto final em tudo.
_ Você não pode jogar fora esses dois anos que lhe restam.São um presente de Deus.
_ Que belo presente esse....
_ Sim, Ele está dando chance para você realizar seus planos e preparar-se para a última viagem. Não podemos prolongar a vida, mas podemos aprofundá-la.
Vamos, nós dois juntos, encher esses dois anos com coisas que valem a pena.
Ele aceitou o conselho da esposa. Após sua morte, ela podia dizer confortada: “ realmente foram os anos mais fecundos da nossa vida!!”
- Quando o amor é partilhado e vivido intensamente, os momentos de dor também se transformam em momentos de amor. Saibamos viver e partilhar, na presença do Senhor.
|