Fanfic: Ver com o coração - Portiñon | Tema: Portiñon

O que você faz para ter um sono tão profundo? - Pensei deixando seu corpo na cama - Acho que se uma bomba explodisse perto de você, você ainda não iria abrir um olho.

Sorte que ainda tem o peso de uma pena e embora eu quase não conseguisse trazê-la para o quarto, nada parece ser suficiente para acordar esta pequena dorminhoca.

Eu não posso evitar ficar observando-a dormir por um momento, sentado na beira da cama, aproveitando este momento que pertence somente a mim... Alheio a qualquer problema.

Teria sido tão fácil de confessar a verdade ontem à noite, quando você me perguntou por que estava batendo tão forte o meu coração.

Teria sido tão fácil de responder, porque eu amo você, ao invés de permanecer em silêncio...

Mas que sentido faria Anahí? Por que eu iria atrapalhar o seu mundo, agora que é tão perfeito?

Por que eu tinha que me apaixonar por você hein? Por que não posso ser como Iliana, Maria ou algum de seus amigos?

- Você sabe o que é mais estranho? - Perguntei acariciando seu cabelo - Que, apesar da dor e lágrimas derramadas causando um amor impossível, esse sentimento preenche todos os espaços do meu coração, fazendo-me sentir completa... Você não sabe o quanto estou orgulhosa que a minha alma tenha escolhido uma pessoa como você, apesar das circunstâncias.

Que contraditória se torna a minha vida quando se trata de você, pequena.

Depois de permanecer alguns segundos observando-a dormindo profundamente, decidi encontrar algo em que eu possa escrever uma nota para sair de lá antes que ela acordasse.

Depois de olhar pela última vez e colocar um pequeno beijo na bochecha, finalmente abandono o seu quarto, sentindo-se em meu peito uma sensação de plenitude estranha, aquela sensação de que só sentia depois de ter passado a "noite" abraçando o corpo do amor de sua vida.

Minutos depois, eu estava batendo na porta da casa de Poncho, realmente esperando que ele estivesse em casa.

- Eu preciso saber quando isso aconteceu... - Eu disse enquanto ele abria a porta, despenteado, semi nu e com uma cara de sono - Acordei você?

- Ou isso ou eu estou tão traumatizado assim para sonhar com você... Mas eu acho que é a primeira opção.

- Desculpe, eu não sei que horas são... Foi uma noite longa.

- Uma noite, que eu estou morrendo de vontade de saber os detalhes. Então, espera que eu vou fazer um café.

Fui para a sala de estar e depois de alguns minutos ele apareceu novamente, desta vez vestido e com duas xícaras de café fumegante o acompanhando.

- Agora sim - Ele disse me oferecendo um e sentado em minha frente – Quando aconteceu o que?

- Quando foi que tudo mudou? Quando eu parei de vê-la como uma amiga? Eu não me lembro e eu preciso saber... Eu preciso lembrar por que a minha vida deu um giro como esse.

Ele hesitou por alguns segundos, fazendo-me entender que ele tentava lembrar.

- Eu não sei exatamente quando isso aconteceu Dul... Mas garanto que foi muito antes que você percebesse.

- Quando você percebeu?

- Digamos que rápido, mas não é tão fácil aceitar que sua namorada está apaixonada por outra pessoa.

- Por que você sabia Poncho? O que fez você perceber antes de mim? Eu mudei de atitude com você?

- Não, na verdade muito pelo contrário... Eu sempre pensei que você fosse fria, reservada, como você se comportou comigo e com o resto do mundo... Até que eu comecei a ver como você se comporta com ela. Com a Any era diferente, você estava sempre tão perto dela , olhando por ela, e ela sempre te segurando, te agarrando pela mão e você não só permitia isso o tempo todo mas eu também via algo em seus olhos, um brilho diferente, a maneira como você a olhava, o fato de você permitir que ela entrasse em seu mundo, um mundo que você sempre deixou fechado... E até um cego podia ver que você morria por ela.

- Eu juro que não me lembro de quando isso aconteceu.

- Mas por que tentar buscar sentido ou uma explicação, se você já aceitou?

- Porque eu não entendo Poncho! Eu estava feliz com você, eu estava feliz no grupo, eu estava confortável, tudo estava perfeito até que... de repente eu percebi que nada era como antes. Eu te queria, mas eu senti que não era o suficiente. Eu estava sempre cercada por pessoas em todo o mundo, shows, viagens... E tudo o que me fazia sentir completa era ela, só por vê-la sorrir, ou olhar-me nos olhos me causava calafrios... E o pior de tudo, é que tem passado mais de três anos e eu ainda sinto o mesmo... Ela não mudou, continua a mesma menina caprichosa, menina sonhadora que lhe dá vida... O que devo fazer Poncho? Estou com tanto medo que eu só queria correr novamente, mas desta vez ainda mais. Por outro lado, eu estou relutante em deixá-la sozinha, porque algo dentro de mim me diz que ela precisa de mim.