Fanfic: Ver com o coração - Portiñon | Tema: Portiñon

O som irritante do meu alarme do telefone me despertou com um sobressalto. Sorte que eu estava prestes a parar antes que meus tímpanos sofressem as consequências. Uma vez que o som irritante parou, joguei o aparelho em algum lugar da sala, esperando para voltar à minha posição confortável e dormir de novo. Mas algo aconteceu entre mim e essa intenção.

Eu encontrei os braços da mulher mais bonita do mundo em torno do meu corpo, com o rosto ainda descansando no meu ombro, como se em vez de sua amiga eu fosse o mais confortável ursinho de pelúcia que ela tinha abraçado.

Essa imagem da minha mente apagou qualquer vestígio de sono que eu tinha, formando em meus lábios um sorriso de total idiota.

O que eu fiz para ser tão torturada, ainda mais desta forma nas duas últimas manhãs?

Por favor... alguém me diga que isso pode se repetir todos os dias.

Um ligeiro movimento de seus olhos fechados me fez sair desta hipnose absurda em que eu estava.

- Despertar dorminhoca... - Murmurei incapaz de controlar o desejo de beijá-la na testa.

- Uhm? Eu não quero... Um pouco mais...

- Vamos lá... cocê tem que ir para a escola.

Seus olhos se arregalaram um pouco, enquanto franzi o cenho e eu permanecia com um sorriso estúpido.

- Idiota... - sentenciou fechando os olhos novamente - Você me manteve acordada durante toda a noite e agora eu quero dormir.

- Ah eu? Eu não sei o que faço com você para sempre levar a culpa.

- Cale a boca e vem dormir... - Ordenando e empurrando meu corpo para baixo, ficando praticamente sobre ele.

Esta adrenalina pela manhã não deve ser boa. Eu senti meu coração acelerado novamente e sua respiração bater no meu pescoço.

- A... Any... Acredite, eu adoraria ficar assim... que dizer... ficar aqui toda a manhã. Mas se eu me atrasar eu vou dizer a Pedro que foi culpa sua.

- Assumo o risco - Respondeu como se não fosse nada.

- Está bem... já que você não quer acordar por bem vai por mal.

Sua risada começou no exato momento em que minhas mãos começaram a fazer cócegas nela sem parar. Ela ria, chutava, se contorcia... E nada ia parar minha tortura para alcançar meu objetivo. Embora por alguma estranha razão, a meta passou de querer acordá-la para aproveitar aquele riso contagiante que alegraria o dia de qualquer ser humano.

Parei meus movimentos lentamente, enquanto ela continuava rindo e tentando recuperar o fôlego.

- Eu estou velha para você fazer essas coisas. - Disse com dificuldade.

- Quem te fez acreditar nisso? - Perguntei séria.

- Bem... o tempo não passa em vão para ninguém.

- Isso é verdade... mas até cerca de quatro anos atrás, uma garota lutava contra o mundo para ninguém tirar a criança que existe nela... E essa é a mesma garota que acabei de ver gargalhando como se tivesse cinco anos.

- Você gosta dessa menina? - Perguntou com voz de bebê

- Eu... Eu adoro essa menina...

Depois de passar alguns momentos olhando para mim e sorrindo com cumplicidade e alívio, trouxe o meu corpo em direção a ela para me abraçar.

Eu podia sentir um suspiro escapou de dentro e como ela se agarrou com toda a sua força a mim.

E, apesar de que poderia ficar  nessa posição pelo resto da minha vida, eu sabia que não poderia ficar muito mais tempo sem meu coração dar um de louco e querer sair do meu corpo. Então, eu fui forçada a interromper o momento.

- É melhor eu me levantar... Eu realmente não quero chegar atrasada.

- Está bem... - Respondeu me olhando de forma estranha.

Um sorriso nervoso era a última coisa que a dediquei antes de abandonar essa posição e ir para o meu quarto para começar a me preparar.