Fanfic: Ver com o coração - Portiñon | Tema: Portiñon

Do outro lado do avião Marichelo observava a cena enquanto Iliana depois de ter passado o caminho inteiro falando resolveu se calar.

- O que acontece com essas duas? – Iliana disse no ouvido de Neni. 

- Não sei o quer dizer.

- Oh não... não se faça de tonta comigo. Eu mudei de assento com a Anahí para não ser ignorada por Dulce mais acontece que você também está me ignorando olhando para elas.

- Só as observo para ver como se comportam.

- Essas férias não é um maléfico plano seu para que essas duas terminem confessando o seu amor, não é?

Neni olhou para sua amiga com surpresa.

- E como você sabe disso?

- Vamos Neni! Não é porque eu não paro de falar que significa que não tenha olhos. Levo anos me perguntando por que nunca encontro as duas nas mesmas festas. Depois me dou conta que Dulce é capaz de ficar no seu mundo por tempo indeterminado e ignorar qualquer pessoa menos a sua irmã, ainda por cima sai amor pelos olhos dela quando ela olha para Anahí. E por ultimo Anahí, louca, festeira, divertida, que ultimamente andava mais séria, madura, tranquila. É só olhá-la, quando ela está perto da Dulce ela se converte em uma criança alegre e feliz que não faz mais que buscar o carinho da ruiva o tempo todo. Tem que estar cego para não perceber.

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- “Sobre o banco de pedra do rio eu sentei e chorei”? – Perguntou Anahi pegando o livro que Dulce tinha em sua perna – Faz mais de quatro anos que não leio esse livro... Você já deve ter lido um milhão de vezes.

- Que exagerada você é... – me queixei dando língua – Eu aposto que você leu mais vezes que eu.

 - É eu acho que você está certa. – Reconheceu sorrindo – É um dos nossos favoritos.

- Sim, esse livro me lembra muito você.

- Porque compramos juntas em uma de nossas relaxantes tardes de passeio no meio de uma estressante turnê por algum país?

 - Sim... – Recordei sorrindo – Mas não somente por isso. Há uma parte na qual não posso evitar pensar em você quando leio.

Ultimamente sinto que as palavras não estão passando pelo meu cérebro. Sai automaticamente sem me dar tempo de ser mais sutil. E isso conseguia que todo o sangue passasse para minhas bochechas, criando um tom avermelhado.

Por que ela me olha assim? – Pensei ficando nervosa – Só me dá mais vontade de saciar esse desejo que tenho de beijá-la.

- Leia... – interrompeu, me fazendo despertar. - A parte na qual você pensa em mim... Leia pra mim.

Nesse momento, sua cabeça já se encontrava apoiada em meu ombro esperando que o livro fosse aberto e eu começasse a ler uma de suas páginas. Mas de novo não posso evitar permanecer uns segundos a observando em essa posição, enquanto nossas mãos estava entrelaçadas e sua respiração golpeava meu ombro.

- “Às vezes nos invade uma sensação de tristeza que não podemos controlar – Comecei a ler – Percebemos que o instante mágico daquele dia passou e que nada fizemos, então a vida esconde sua magia e sua arte.

Temos que escutar a criança que fomos um dia e que ainda existe dentro de nós, essa criança que entende de momentos mágicos... Podemos reprimir seu choro mas não podemos calar sua voz.

Essa criança que fomos um dia continua presente (...). Se não nascemos de novo, se não voltamos a olhar a vida com inocência e entusiasmo da infância não tem sentido seguir vivendo.

 Prestamos atenção no que diz a criança que temos dentro do peito. Não sinta vergonha dela. Não deixe que sofra, que sinta medo, porque está só e quase nunca se escuta.

Permitimos que tome conta da nossa existência, essa criança sabe que um dia é diferente do outro. Devemos fazer com que volte a se sentir amado, fazer que se sinta bem, ainda que signifique que façamos de uma maneira que não estamos acostumados, ainda que pareça estupidez aos olhos dos demais, Se escutamos a criança que temos na alma, não perdemos o contato com a vida”.

Seus dedos acariciavam meu braço, sua respiração continua... dei um beijo em seus cabelos. E dessa forma o silêncio levou as palavras para desfrutar mais uma vez do seu corpo junto ao meu o resto da viagem.