Fanfic: Ver com o coração - Portiñon | Tema: Portiñon

Senti seu corpo por cima do meu braço, a mão acariciando meu peito e a respiração que sempre me levou para um mundo de paz e tranquilidade, onde não havia nada, mas ela me refugiava. Mas hoje... depois do que aconteceu há poucos minutos, depois de ter a beijado e verificado que era ainda mais perfeito do que eu imaginava, eu me sinto completa. Meu coração, apesar do meu estado de calma, ainda está batendo galopante. Ele sempre fica assim perto dela... Mas eu não me importo, nada importa para mim... este é o meu lugar.

- Está ouvindo? - Ela perguntou me tirando dos meus pensamentos..

- O que?

Ela olhou para cima um pouco, e fez no meu peito algo como simular suas batidas. Repetindo o movimento. 

- Tum tum, tum tum.

- Isso que queria dizer? - Eu perguntei com um sorriso terno.

- Sim... E você sabe por que? Eu nunca fui capaz de ouvir um outro coração que não fosse o seu.

- Eu não entendo o que você quer dizer.

- Que eu nunca poderia deitar no peito de alguém e ouvir seus batimentos cardíacos ... isso me deixa nervosa. Mas com você sempre aconteceu o oposto. Eu posso passar a noite inteira ouvindo seu coração, apesar de sua velocidade... me acalma... e sua respiração se encaixa perfeitamente a ele, é como se... como se este fosse o meu lugar.

Eu acariciava seus cabelos e deixei um pequeno beijo em sua testa.

- Então fique em seu lugar para sempre.

- Oh sim. Eu não tenho nenhuma intenção de ficar longe. Posso perguntar uma coisa?

- Claro.

- O que você sentiu quando? Você sabe. Quando nós nos beijamos.

Suspirando ela colocou a mão no meu rosto, correndo os dedos sobre a área na fronteira com os meus olhos... o meu nariz... meus lábios... manteve os olhos sobre eles alguns segundos antes de subir de volta.

- Você sabe aquela sensação de formigueiro em seu estômago quando você está em uma montanha-russa ou qualquer atração extrema de um parque de diversões? Aquilo que apesar de um pânico terrível você não pode e nem quer controlar?

- Sim...

- Bem foi o que senti. Um formigamento que começava no estômago e subiu até que ele veio ao meu coração e eu pensei que o meu peito explodiria a qualquer momento, hoje eu olho para trás e sei que isso tinha que acontecer há muito tempo, mas eu não consigo lembrar quando um beijo se tornou a única coisa que preencheu meu coração. O que vai acontecer a partir de agora? 

- Quando seus braços não estiverem me acolhendo dessa forma mais? Minha vida vai ser ainda pior do que o caos que tem sido nos últimos dias.

- Então você vai me ter ao seu lado para manter a ordem.

- Não vai ser fácil... - Ela disse com medo em seus olhos. - Você sabe que nada vai ser fácil.

- Não! O que vai fazer?

- Eu não sei, a minha "caixinha" sempre me manteve longe de tudo... Eu sinto que minha vida só está começando a fazer sentindo agora. 

- E isso assusta você?

- Não ... Não, eu só ... Eu não posso entender como o mundo viu o que eu sinto... mesmo eu nunca sequer ter visto dessa forma.

- As vezes, o mundo vê o que os nossos olhos não aceitam ...

- E você? Quando você aceitou?

- Acho que eu não tive outra escolha ... Eu rapidamente percebi que você tinha se tornado o centro da minha vida.

- Por isso você e o Poncho terminaram?

- Quando terminamos ele não tinha certeza do que estava acontecendo, mesmo assim ele percebeu antes de mim. Eu só vi que não sentia o mesmo por ele... ou talvez sim, mas isso não era o suficiente, eu não era mais suficiente.

- Por que você nunca me disse nada?

- Por Medo ...

- Medo do que Dul...

- De perder você ... Não foi fácil para mim sair e fingir que não me importo, "ignorar" por quatro anos. Mas, ainda assim, eu sabia que se eu fizesse isso, talvez um dia nós poderíamos ser amigas, o amor não iria desaparecer quando você vai ficasse com raiva. No entanto, se eu dissesse a verdade... talvez eu fosse rejeitada... e então perderia você pra sempre.

- Eu nunca teria feito isso Dul ...

- Eu sei ... mas eu também estava em uma caixinha Any. E nela parecia completamente impossível que você se sentisse alguma coisa ... ainda que mínimo por mim, e eu pensei que você sairia correndo com medo.

- Eu te amo tanto...Dulce. - Ela disse depois de um suspiro. - Não sei como você...

- Não diga que eu a interrompi com medo por favor , eu sei o que seus olhos me dizem quando você olha para mim... ou os seus lábios quando você me beija... Mas eu não quero que me diga algo que muitos vezes você já disse para os outros homens. Sei como você se sente, porque eu sei que você me olha como eu nunca ví você olhar pra mais ninguém ... Mas não me diga que você me ama até que esteja completamente certa de que quer passar o resto da sua vida comigo.

Seus olhos estavam cheios de medo mas havia uma intensidade, que apesar de sempre estar lá, eu nunca soube decifrar. Até agora ao vê-la acariciando meu rosto tão doce, eu percebo que cintilam no azul profundo, não é nada além de amor. Mas é hora de esperar... Eu sei que quando ela disser essas palavras elas tem que sair do fundo do seu coração e para que isso aconteça, ela tem que ter tempo.

Um impulso me fez me posicionar sobre ela enquanto ela me olhava intrigada, mas sorrindo.

- Já chega de tristeza e preocupação para o resto do dia! Já faz mais de uma semana que eu não a vejo rir... Você sabe o que isso significa?

Nem esperei ela diz e eu comecei a fazer cócegas nela, ficando automaticamente uma risada atrás da outra. O riso que seu coração mostrava não tinha qualquer indício de dúvida ou medo, refletindo em seus lindos olhos que nunca me canso de olhar.

- Há algo em seus olhos que eu amo. Quando eles olham para mim"

- Você é uma palhaça! - Ela ria. 

- Que você ama ...

Então ela pegou meu rosto e eu me aproximei dela, ficando fora de equilíbrio caindo sobre seu corpo. Esquecendo completamente tudo quando seus lábios pegou o meu tão desesperadamente.

Ela me beijou apaixonadamente. Fazendo com que todo o meu corpo e que meu coração acelerasse como só ela fazia.

O beijo foi tão bom que apenas com o toque de sua língua brincalhona em busca da minha fez minha temperatura corporal subir dolorosamente, me deixando sem ar.

Ela sussurrou  um - "Eu te amo" -com um sorriso terno pegando meu rosto com determinação. - Eu preciso ir.

- Hum... isso soa como uma despedida.

- Não é um adeus... e embora eu fosse adorar passar o dia aqui com você, acabei de me lembrar que eu prometi Ana Paula que iria passar a tarde com ela, vendo filmes da Disney, você sabe como é.

- Tudo bem ... Por mais que eu não queria que você vá, você estar te imaginando o resto da tarde, assistindo a filmes da Disney com sua sobrinha e transformá-la em um bebê, como você sempre fez e como eu amo fazer.

- Venha comigo! Passe a tarde com a gente... já fizemos isso antes.. Nós atacaremos sorvete, pipoca e bobagens até doer o estômago, como sempre! Nós estaríamos juntas todo o dia e dormiremos lá. Vamos? - Implorando. Eu sorri estupidamente para o rosto caprichoso.

-  Não há necessidade de você tentar quebrar toda a minha resistência com esse sorriso e esse olhar.

- É que eu adoro ver como você não pode negar nada quando eu a olho assim...

- Não acredito!  Então você jogou sujo todos esses anos? - Abri os olhos espantada.

- Eu não joguei sujo meu amor... - Ela sorriu maliciosamente causando uma virada no meu coração. - Eu estava apenas usando as minhas armas. Então tente resistir..

- Não te ataco com cócegas novamente, só porque eu gostei de como essas palavras soaram...

- Qual? - Ela sorriu de novo com malícia .- Meu amor?

- Uhum... exatamente essas palavras.

- É o que você é... o meu amor. - Ela repetiu se aproximando de mim mais uma vez.

- Não, você não vai sair daqui o dia todo se você continuar assim. 

- Oh... - Dando-me um selinho. - Nesse caso é melhor eu... - Brincou me beijando de novo.

- Uhum.

Com um último beijo, seguido de um sorriso de amor completo, levantei de cima dela, permitindo que ela fizesse o mesmo.

- Preciso levar alguma coisa? - Perguntei ajudando-a levantar estendendo a mão.

- Não. Sua guitarra e a bolsinha que você deixou em Acapulco estão lá.

- É verdade! Eu tinha esquecido completamente das minhas coisas. Hum... Você viu o meu celular? Eu tenho que falar com Poncho.

- E o que você tem para falar com ele? - Ela cruzou os braços, eu parei a minha procura pelo celular e olhei com o cenho franzido. 

-Pedir desculpas por tê-lo feito esperar por tanto tempo? - Eu perguntei levantando uma sobrancelha e sorrindo. -  Isso por acaso é ciúmes?

- E se for... Teria problema?

- Não. Eu gosto de vê-la com ciúmes. Além disso se eu não morri vendo você beijar seus namorados em oito anos. Eu acho que você também não vai morrer.

Em milésimos de segundos, senti seu corpo junto ao meu e suas mãos agarrando meu rosto para me fazer olhá-la.

- Não se atreva a beijar o Poncho. - Sentenciou olhando para mim.

- Eu não disse que eu ia fazer isso. - Eu sorri abraçando a sua cintura. Seu olhar antes desafiador mudou radicalmente para o de uma estranha insegurança.

- Promete? - Ela perguntou fazendo beicinho.

- Eu estava apenas brincando. Você não confia em mim?

- Sim, sim eu confio em você... Eu não quero te perder Dul.

- A única pessoa neste mundo que pode me afastar de você é você mesma... Então, enquanto você quiser estar aqui eu estarei ao seu lado.

- Então eu  vou ter você para sempre... - Sorriu tímida.

- Para sempre ... eu confirmei dando um beijo. - Mas é melhor irmos agora, antes que a Ana Paula ache que você esqueceu. A propósito, como você veio?

- A Neni me trouxe! Por quê?

- Ah, por nada... Então nós vamos no meu carro.