Fanfic: Ver com o coração - Portiñon | Tema: Portiñon

Mas ao invés de a amparar eu implorei.

- Diga-me que não é verdade.

Ela olhou para longe de mim, em silêncio. Minhas pernas estavam fracas... Seu silêncio me aterrorizava ao mesmo tempo eu não queria ouvir, eu não sei por que mas minha mente já estava antecipando tudo.

- Anahí.

- Eu sinto muito. - Ela falou por fim.

- Como você está se sentindo?

- Péssima... tudo virou de uma vez. Me desculpa.

Como por magia, as minhas pernas vieram à vida , eu já estava de joelhos na frente dela, levantando levemente a cabeça escondida entre as mãos.

-  Por favor, me diga que não é verdade. - Eu implorei, meus olhos cheios de sentimento se rendeu às lágrimas, não só por mim. Mas ao ver que nos olhos dela toda a felicidade de algumas horas atrás havia desaparecido.

- Eu tenho que fazer isso. - Ela disse com a voz sussurrada e cortada.

- Mas por quê? Meu amor o que mudou? O que aconteceu?

- Tudo Dul. - Ela fugiu de mim. - Quando eu estava com o Manuel eu voltei a realidade, o que estávamos fazendo era loucura... Eu estou noiva, eu dei a minha palavra de casamento a um grande homem e eu não posso simplesmente quebrá-la. Eu não posso lidar com isso, eu não posso destruir nossas vidas.

- Destruiu nossas vidas? - Perguntei começando a ficar com raiva. -  O que diabos você tem na sua cabeça para pensar assim? Você se arrependeu do que aconteceu?

- Não, eu nunca vou me arrepender. Tudo o que disse e o que aconteceu é verdade. Eu vou seguir amando...

- Não! - Interferi. - Não se atreva a dizer isso ... porque se você me amasse você não chegaria sequer pensar sobre a possibilidade de continuar com esta mentira.

- É só uma mentira... o que eu e o Manuel vamos fazer é simplesmente sobre a imagem e aparência Dulce. O que nós duas temos não tem que acabar... não, se você não quiser.

Minha mente parou, oprimido por tanta informação. Eu senti tristeza, medo, mas também sentia raiva. Raiva de ouvir essas palavras absurdas.

- Você está propondo que eu seja sua amante? - Eu perguntei, incrédula.

- Ele aceita. Manuel sabe sobre nós, ele sabe o que eu sinto por você e está disposto a aceitar. Nós apenas temos que ter cuidado e manter o meu casamento por um tempo, para manter a nossa imagem ...

- Isto é incrível.  - Eu sorri ironicamente. Imagem. - Nossa imagem? Sua imagem, Anahi? Ele se preocupa mais com uma campanha política dele que com sua vida e sua felicidade.

- Dul, eu não tenho força para enfrentar tudo isso, tudo o que está chegando. Eu dei a minha palavra, ele é um homem poderoso.

- Você deu sua palavra e ele é poderoso! Você acha que eu tenho medo? Você acha que eu estou disposto a aceitar esta situação? Porque se você pensa que, que eu vou aceitar, você realmente não me conhece.

- Se você me amasse...

- Não se atreva a terminar essa frase. A Anahí por quem eu me apaixonei e por quem eu esperei oito anos, foi uma lutadora, uma pessoa inocente e cheia de esperança, uma menina que acreditava em si mesma e não se importava com a opinião da sociedade, uma menina que lutou durante toda a sua vida, essa é a Anahí que eu amava, amo e sempre vou amar... Mas o que eu tenho na minha frente é apenas uma mulher adulta totalmente desorientada que está disposta a vender a sua felicidade em troca de manter uma imagem. Você está certa eu não te amo Anahí e é claro que eu jamais aceitaria ser sua amante. Porque ela, a garota, a Anahí dos meus sonhos nunca teria sido capaz de me perguntar uma coisa dessas.

Andei em direção a porta, com uma mistura de raiva, decepção e tristeza querendo sair o mais rápido possível de lá, definitivamente querendo ela longe da minha vista.

- Dulce! - Ela gritou para me parar. - Eu me caso em duas semanas.

Eu me virei para encará-la novamente, observando sua posição defensiva e me encontrei completamente perdida pela sua atitude. Definitivamente não é mesmo possível reconhecê-la. Ela sabia o que eu sentia e eu via com toda certeza a mistura de emoções nos olhos dela. Mas a raiva me consumia.

Saí da casa sem lhe dar tempo de dizer mais nada. Não entendia o que sentia...

Será que era raiva? Dor? Vontade de matar Manuel Velasco? Será que a tristeza?Será que a ansiedade?

Eu não sabia, mas eu cheguei ao meu carro, sentindo um calor permeando todo o meu corpo e ativou as minhas mãos. Eu pisei no acelerador com toda a minha força e deixei o local em um ritmo vertiginoso, ficando cada vez mais entre os carros. Segurando firmemente ao volante, tentando controlar essas lágrimas incessantes que desciam pelas minhas bochechas. Era impossível detê-las, tão impossível quanto eu parar agora o meu pé, liderada pela emoção que eu não controlo, aumentando a pressão sobre o acelerador ... Deixando a velocidade e o perigo desta terrível angústia se sentindo realizada. Este nó no peito não me deixa respirar e desejo com todas as minhas forças desaparecer.

Absolutamente não controlo nada em mim. Eu só quero correr e correr por algum tempo... até que a dor vá embora do meu coração para sempre.