Fanfic: Ver com o coração - Portiñon | Tema: Portiñon

- Você tem todo o direito de fazer isso. - Dulce disse sendo sincera.

- Eu sei, mais acredito que essa não é a melhor forma pra descarregar o que eu sinto nesse momento. – Anahí disse se aproximando.

- E então..?

E antes que eu pudesse terminar de dizer, seus braços rodearam meu pescoço e em milésimos de segundos eu a tinha completamente agarrada no meu corpo. Abraçando-me como se fizesse séculos que não fazia isso, demonstrando que sua força havia crescido nesses anos. Não posso evitar que meus olhos cristalizem quando o contato da sua pele e o odor de seu perfume invadiu o espaço, me transportando diretamente ao passado. Ela me abraçava tão forte sem ter consciência do que provocava dentro de mim cada vez que fazia.

Meus braços e nenhuma parte do meu corpo eram controlados pelo meu cérebro. E dirigidos por um impulso, por um sentimento, mais forte que jamais sentí, meus braços agarraram sua cintura com desespero sentindo que quanto mais forte a abraçava, mais rápido o vazio que eu sentia de tê-la longe isso sendo coberto. 

- Sentí tantas saudades – Ela sussurrou no meu ouvido fazendo com que minha pele formigasse.

Meus olhos já não podiam aguentar e umas lágrimas começaram a baixar por minhas bochechas.

- Desculpa... – supliquei com a voz cortada – Eu não queria...

- Dul... – interrompeu separando-se um pouco para agarrar minhas bochechas – Que foi? Não fique assim, por favor.

- Desculpa – sorri e tratei de secar essas pequenas lágrimas – É só que... Não ligue para mim ok?

- Que? - direcionando meu rosto para os seus olhos, forçando-me a olhar.

A palavra "vulnerabilidade" cai muito curta para expressar como me sinto agora.

- Eu também sentí saudades Any.

Sua cara de preocupação se transformou em um sorriso de alívio completo, acariciando meu rosto com a ponta dos dedos.

-Temos muito que falar... Você não acha?

Eu apenas assenti com um sorriso, sem saber exatamente o que vai acontecer de agora em diante, que explicação lhe daria, mas tinha a certeza de que não queria me separar dela por muito tempo.

De repente, recebi um golpe no ombro, o que me fez rapidamente sair da minha hipnose para perceber que seu rosto tinha mudado um pouco para algo como um aborrecimento.

- Ai! – me queixei confusa. - Eu vejo que a sua bipolaridade é aparente ainda.

- Eu devia fazer muito mais. - acrescentou franzindo a testa - Mas, infelizmente para mim, o simples fato de que você está aqui já apaga a coragem e a raiva que eu tinha alguns minutos atrás. E antes que aconteça tudo eu tenho que te precaver, tinha que desabafar.

- Humm bom, me parece justo. Mais você também não vai me usar como saco de boxe né? Quando você começou a ser tão forte? Antes você era fraquinha.

- Fraquinha? - Ela perguntou, apertando os olhos, tornando-se a vítima - O que acontece é que eu sabia que um dia, mais cedo ou mais tarde você iria aparecer então decidi praticar pra te dar  alguns bons golpes.

- Embora pareça masoquista, há algo que me faz feliz - Encolhendo os ombros - Porque isso significa que estava presente em sua vida.

- Felizmente ou infelizmente, estava sim. - Ela aceitou um sorriso terno, que me deixou extasiada alguns segundos enquanto me observava atentamente - Por que não vamos para um lugar mais calmo para que possamos conversar?

- Mas... É a sua festa de aniversário... - Eu disse olhando ao redor duvidosa - Você tem muitos convidados.

- Eu não acho que eles percebam se eu escapar por um tempo... Além disso, você é mais importante do que isso.

No momento em que a frase atravessou minhas orelhas, meu estômago foi revolucionado no meu corpo, uma sensação muito semelhante à de milhares de borboletas esvoaçantes sem parar.