Fanfic:  A Dança da Sedução {♥} AyA [ finalizada ] | Tema: hot, drama, ponny, AyA

— Nossa! Como está sensível! Pode ficar com Arthur aqui o quanto desejar!
Alfonso respirou fundo.
— Desculpe se fui um pouco rude. É que alguns clientes não gostam de ver uma criança no meio das obras.
— Não faço parte desse grupo.
— Herrera! Pode me emprestar esse rapazinho um pouco?

Alfonso ergueu o olhar e viu Arthur segurando a mão de Christopher.

— Bem...
— Temos um negócio para providenciar na casa de meus pais. Vou deixá-lo aqui na volta, a caminho do aeroporto. Daqui a meia hora.
— Por favor, papai! Posso?
— Eu...
— Meu irmão é um boboca — interrompeu Anny, sorrindo — Mas é responsável.

Não, o bobo ali era ele mesmo, pensou Alfonso. Ficava assustado cada vez que um estranho se aproximava do filho. Falou em voz alta:

— Tudo bem. Mas primeiro vá lavar as mãos no balde, Arthur.
— Certo! — O garoto voltou-se para Christopher, enquanto corria. — Espere um minuto! Só um minuto!

Christopher voltou-se para a irmã.
— Tentarei passar por aqui quando for fazer o treinamento da primavera.
Anny fazia força para não chorar.
— Fique longe das louras de corpo perfeito.
— De jeito nenhum. — Christopher ergueu-a do chão, em um abraço apertado, e murmurou: — Vou sentir saudade.
— Eu também. — Anny afundou o rosto no ombro do irmão e depois ergueu a cabeça, sorrindo. — Tome conta dessa perna, bobão.
— Ora! Está falando com o Homem de Aço! Tome conta de você mesma. — Pegou a mão muito mal lavada de Arthur, cumprimentou Alfonso e afastou-se.
— Até já, pai! — gritou o menino. — Volto logo!
— Seu irmão tem um problema na perna?
— Tendões. Ele teve uma queda. Bem, vou deixá-lo trabalhar.

Anny manteve o sorriso no rosto até dar a volta na casa. Então sentou-se nos degraus e chorou muito.
Dez minutos depois, quando Alfonso foi até a picape, ela estava lá. Havia lágrimas em seus olhos.

— O que aconteceu?
— Nada.
— Esteve chorando, Anny.
Ela fungou.
— E daí?
Alfonso desejou não replicar. Não era da sua conta, só fora buscar... o que mesmo? Não se lembrava. O problema era que não conseguia ficar insensível diante de lágrimas. Resignado, sentou-se ao lado de Anahí.

— O que houve?
— Odeio despedidas. Não teria que me despedir do meu irmão se ele não insistisse em morar a quilômetros de distância daqui, na Califórnia.

Estava falando de Christopher, pensou Alfonso com alívio. Tirou um lenço do bolso e estendeu-o para Anny.

— Bem, ele trabalha lá.
— Desculpe, mas não me sinto muito disposta a agir com lógica neste momento. — Anny aceitou o lenço. — Obrigada.

— De nada.

Enxugou as lágrimas e olhou para a rua.

— Você tem irmãos? — perguntou.
— Não.
— Quer um? Vendo barato. — Ela suspirou e recostou-se nos degraus. — Minha irmã mora em Nova York. Christopher em Los Angeles, e eu na Virgínia. Jamais pensei que terminaríamos tão separados.
Alfonso recordou-se do abraço dos irmãos, cheio de amor e carinho, e comentou:
— Não me parecem distantes, apesar de viverem longe um do outro.
Anny o observou e logo as lágrimas desapareceram.
— Tem razão. Foi a coisa certa a dizer. — Suspirou e devolveu-lhe o lenço. — Vamos esquecer um pouco este assunto. O que fez no Natal? A eterna festa em família, barulhenta e alegre?
— Arthur já faz barulho suficiente. Acordou-me às cinco horas da manhã. — Alfonso sorriu. — Estava elétrico.
— E resistiu até a hora da ceia?
Alfonso ficou sério.
— Mais ou menos. Fomos até a casa dos meus pais. Moramos na mesma cidade, mas no nosso caso pode-se dizer que estamos separados.

— Lamento ouvir isso.
— Mas eles adoram Arthur, e é isso que importa.

Por que contara aquelas coisas a Anny? Alfonso não entendia a própria atitude. Sentia liberdade com Anny para fazer confidencias, concluiu. Talvez porque o pai continuasse a desfazer de tudo que desejava e que fizera na vida. Tratou de falar:

— Estou mandando colocar terra do lado da casa. Talvez queira fazer um jardim, ou algo parecido, quando a primavera chegar.
— Boa idéia.
Alfonso levantou-se.
— Bem, preciso voltar a trabalhar, caso contrário não vou receber...
— Alfonso...

Anny não sabia muito bem o que pretendia dizer. Então o momento passou, e Christopher reapareceu, em seu carro alugado.
— Papai! — gritou Arthur, livrando-se do cinto de segurança. — Você não vai acreditar! Christopher me deu a luva de beisebol e uma bola com o nome dele gravado!

Alfonso segurou o menino que se atirava em seus braços.

— Vamos ver. — Examinou a luva e a bola. — São mesmo especiais, e precisa tomar conta delas direito.
— Vou tomar, papai, prometo! Obrigado, Christopher. Vou guardar para sempre. Posso mostrar para os rapazes, papai?
— Claro. — Alfonso pôs o menino nos ombros e gritou para Christopher: — Obrigado.
— Foi um prazer — retrucou o irmão de Anny, olhando para o garoto. — Lembre-se, Arthur! Mantenha os olhos na bola!
— Sim! Até logo!
— Faça uma boa viagem — despediu-se Alfonso, carregando o filho para exibir seus tesouros aos operários.