Fanfic:  A Dança da Sedução {♥} AyA [ finalizada ] | Tema: hot, drama, ponny, AyA

— Contratou-me para executar um trabalho, não foi? Uma tarefa grande e complicada, e deixou claro que pretendia supervisionar tudo, passo a passo. Entretanto, muita coisa foi feita na última semana, e você nem deu o ar da graça!

Anny tomou um grande gole de café, tentando controlar a irritação.

— Se teve problemas, meus pais poderiam ter-lhe dito onde encontrar-me. Por que não perguntou?
— Porque... — Precisava haver uma razão, pensou Alfonso, desesperado. — Meus clientes em geral são adultos o suficiente para deixar comigo o número de um telefone quando viajam, sem que eu tenha que recorrer a seus pais.
— Desculpa esfarrapada, Herrera. Entretanto, no futuro, deverá consultar minha família durante minha ausência. Fui clara?
— Certo. — Alfonso enfiou as mãos nos bolsos. — Mimada...
— Mas sensata — retrucou Anny.
Aquela era uma discussão tola, pensou. E embora gostasse de uma briga, tinha horror a se tornar ridícula.

— Tive de ir a Nova York — explicou, tentando acalmar-se. — Quando deixei a companhia de bale, dei minha palavra ao diretor que, caso precisassem de mim, eu iria. Cumpri a promessa. Vários dançarinos, inclusive os principais, estavam gripados e de cama. Dançamos machucados, doentes, mas há ocasiões em que não é possível levantar da cama. Dei-lhe uma semana. Fiz oito apresentações, enquanto as bailarinas doentes se recuperavam e outras adoeciam.
Encostou-se no balcão, tentando recuperar a serenidade.

— Meu parceiro de dança e eu não nos conhecíamos, por isso foram necessários longos e repetidos ensaios. Fazia meses que eu não dançava. Estava fora de forma e tive de redobrar os exercícios. Isso tudo não me deixou tempo e energia para me preocupar com um projeto que, achei, estava em boas mãos. Jamais me ocorreu que precisaria de mim nesse estágio da obra, quando tínhamos acabado de conversar a respeito. — Respirou fundo, tomando fôlego. — Espero ter esclarecido tudo.

— Sim. Posso pegar uma faca?
— Para quê?
— Cortar o pescoço por ter agido como um louco.
— Por que não espera até chegar em casa? — Anny tomou outro gole do café, sentindo-se mais tranqüila. — Minha mãe detesta sangue espalhado na cozinha.
— E é provável que seu pai também não aprecie vê-la fazer sexo em cima da mesa.
— Não sei. Nunca conversamos a esse respeito.
— Não tive a intenção de agarrá-la daquele jeito.
— E de que jeito queria me agarrar? — perguntou Anny, segurando a xícara.

— De nenhum jeito! — Alfonso arrancou-lhe a xícara da mão e tomou um gole. — Percebeu que isso já está se complicando? O trabalho, eu, você...
— Sou muito organizada e sei colocar tudo nos devidos lugares. Alguns consideram essa a minha maior virtude, e a mais entediante também.
— Aposto que sim. — Entregou-lhe a xícara de volta. — Anny...
Ela sorriu.
— Poncho...

Ele riu um pouco e, com as mãos de volta nos bolsos, começou a andar pela cozinha.

— Fiz muitas bobagens na vida. Com Livia, minha esposa, e com Arthur. Me esforcei muito para mudar isso. Meu filho tem apenas seis anos. Sou tudo que ele possui, e não posso ter outras prioridades.
— Se pensasse diferente, não o admiraria tanto.
Alfonso voltou-se e a encarou.

— Não entendo você.
— Que tal organizar sua agenda para pensar um pouco nesse problema?
— Que tal irmos a um motel à tarde e fingir que não existe nenhum problema?
Para surpresa dele, Anny riu.
— Bem, é uma alternativa. Por mim, podemos fazer as duas coisas. Mas vou deixar a decisão para você.
Alfonso relanceou o olhar para o relógio na parede.
— Preciso acordar Arthur. Talvez você possa ir até a obra amanhã na hora do almoço. Comprarei sanduíches e mostrarei o que fizemos até o momento.
— Certo. — Anny inclinou a cabeça de modo inocente. — Quer me dar um beijo de despedida?
Alfonso olhou para a mesa da cozinha e de volta para Anny.
— Melhor não. Seu pai pode ter uma arma em casa.